Nas pesquisas
cientificas como na vida é imprescindível fazer a pergunta certa. De fato, cada
questão contem pressuposições geralmente implícitas.
E se as
pressuposições são errôneas ou confusas, então a própria questão esta errada,
no sentido que tenta responder o que não tem significado, pelo menos o
significado que a questão esta objetivada. Sendo assim, a resposta será qualquer
coisa.
A resposta para a
questão inicial que o saber perguntar, ou de outra maneira, como fazer a
pergunta certa, encontra-se na reflexão do que é pretendido dizer analisando a
forma pensamento que você construiu, assim a primeira questão a ser formulada
seria perguntar a nos mesmos se sou capaz de formular a pergunta certa a partir
do que tenho como minha linguagem, o fruto de meu pensamento, em seguida, me
vem a mente a nossa tendência cultural de fragmentar para refletir e falar,
mais ou menos como pensar em frases curtas com sentido universalizante, o que
por si só é incoerente.
A exemplo do que
disse David Bohm, fílósofo e físico, a
estrutura da linguagem, sujeito-verbo-objeto, com sua visão do mundo, tende a
se impor de maneira muito forte na nossa fala, mesmo naqueles casos em que
alguma atenção revelaria a sua evidente inadequação. Por exemplo, considera-se
a frase: “Esta chovendo”. Onde esta a “coisa” que, de acordo com a frase, é “o
fazedor da chuva que esta fazendo chover?”, claramente, é mais apropriado
dizer: “A chuva esta prosseguindo”.
Dito isto, fica
claro e evidente que as pessoas na maioria das vezes não pensam corretamente
antes de transformar o pensamento em linguagem, permitam-me dizer que não é
somente a pergunta, as respostas também são construídas num atropelo de
palavras e expelidas num jato continuo de barbaridades, acadêmico ou não, para
os acadêmicos não há perdão.
Noutro exercício de
raciocínio, no exemplo de David Bohm, dentro de uma curta expressão, serve também
para um nível em grande escala. Logo, em vez de dizer: “Um observador olha para
um objeto”, poderemos dizer de forma mais apropriada: “Uma observação esta
acontecendo em um movimento continuo envolvendo aquelas abstrações geralmente
denominados de “ser humano” e “o objeto que ele esta olhando”.
Obviamente, a
manifestação do pensamento na linguagem se ajusta a visão geral do mundo.
O exercício reflexivo
tem por objetivo ampliar a ideia de formas pensamento, que a todo instante
formulando não de maneira inovadora, mas apenas na repetição quase irracional, responsável
pelos problemas de comunicação, quando alguém “diz uma coisa e faz outra”, fica
mais claro o que estou dizendo e, percebam isto ocorre o tempo todo, a isto denominamos
mal entendidos ou equívocos, exteriorizados em atos não intencionais, enfim, grande
confusão, grandes atrasos, conflitos e insatisfações, lembrando que a simples
manifestação do falar, é demonstração ação e reação.
Fica aqui minha
sugestão aos profissionais da linguagem, ou seja, todos nós que tentam se
comunicar, vamos trazer para todos os cursos a formas pensamento construídas na
filosofia, com isto podemos revolucionar a linguagem proporcionando um novo
olhar, cheio de novas possibilidades, estudando as velhas ideias, inovando aos
construir respostas diferentes a questões aparentemente solucionadas.
Lembro que Paulo
Freire também refletiu a respeito do que os burocratas de gabinete decidem
teoricamente o que será feito na pratica, resultando no distanciamento, ou
melhor o afastamento da teoria a pratica.
Acreditem a
situação ideal teorizada e decidida em gabinetes sem o devido estudo pratico,
não serve para nada.
Nossa linguagem é
resultado de muita teoria hipócrita, distante do que acontece no mundo real.
Saber fazer a
pergunta é antes de mais nada, refletir a respeito do que pensa saber, acredito
mais nas formas pensamento em Hobbes do que em Rousseau, para quem já leu um e
o outro sabe a diferença, porem quem ainda não leu, aqui fica o convite para
ler.
BOHM, David. Totalidade e a Ordem Implicada. São
Paulo: Madras, 2008.