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sábado, 27 de junho de 2015

OS ELEMENTOS HISTÓRICOS E INTELECTUAIS QUE CARACTERIZAM O DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA ESTADUNIDENSE


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Thorstein Veblen (1857 - 1929)
Economista e Sociólogo Estadunidense



A sociologia norte-americana, desenvolveu-se de modo diferente que na França e na Alemanha, o pensamento social desenvolveu-se concomitantemente. O pensamento social estadunidense ocorreu em momento histórico propicio a partir da idéia de vários pensadores como Mertom, Parsons, Willian Thomas, Veblen, Mills, Willian Graham Sumner, Lester Frank Ward, Franklin Henry Giddings, Charles Horton Cooley, Edward Allworth Ross, Albion Woodbury Small, Robert Park entre outros, com suas correntes caracterizadas pelo empirismo positivista, tratava-se de um movimento reformista conservador preocupado com os problemas dos “desajustes e desigualdades sociais”, postura antimarxista, e da adoção de uma ética positivista que separava os julgamentos de fato e os julgamentos de valor, o pensamento da sociologia estadunidense se firmou como uma ciência prática conservadora, voltada para a ação e para as reformas sociais e como uma ciência sistemática voltada para a explicação da realidade social global através de categorias gerais.
A titulo de informação o primeiro estadunidense a organizar um material sociológico foi Robert Hamilton Bishop (1777-1855) ao dar, de 1834 a 1836, um curso na Universidade de Miami chamado “A Filosofia das Relações Sociais”.
O primeiro fundador foi William Graham Sumner (1840-1910) que foi influenciado pelas idéias de Herbert Spencer e que desenvolveu importante trabalho na Universidade de Yale, combinando o evolucionismo de Darwin, o “laissez-faire” e o pessimismo malthusiano com o ardor puritano, já que foi educado originalmente para o sacerdócio.
Os sociólogos americanos Mertom e Parsons foram os responsáveis pelo desenvolvimento do funcionalismo moderno e pela contribuição que deram ao pensamento sociológico contemporâneo.
Parsons (1902-1979) foi um dos mais destacados representantes da teoria denominada Estrutural-Funcionalismo, em consequência da sua reformulação do conceito de sistema social, que se tornou o centro das interpretações fundamentalista, sendo considerado um dos maiores sociólogos dos Estados Unidos, criando um sistema teórico chamado de “Funcionalismo Estrutural”, construiu suas idéias num mundo social marcado pelo empirismo, pela dispersão e pela superficialidade.
Willian Thomas, sua idéia foi acerca do impacto da urbanização sobre os homens, análise da mudança das formas tradicionais de controle social.
Decidi discorrer mais sobre Veblen e Mills, por seu magistral e original pensamentos, que ainda hoje exercem grande influencia na interpretação econômica e social, sem perder de vista os elementos históricos e intelectuais que caracterizam o desenvolvimento da Sociologia americana.
Veblen é considerado o fundador da escola institucionalista de economia, e um dos maiores críticos da economia liberal. A economia institucionalista (em razão da grande ênfase que o autor de A Teoria da Classe Ociosa coloca sobre o que ele chamou de instituições) nasceu na virada do século XIX para o século XX, com a idéia de oferecer uma teoria alternativa às escolas de economia que a precederam, nomeadamente as baseadas nas doutrinas clássicas. O que pode ser destacado como âmago da abordagem institucionalista de Veblen é a proposição de uma abordagem evolucionária da economia, fruto da influência direta do trabalho de Charles Darwin, propondo um sistema de ciência econômica que teria por mote uma análise não-teleológica, o que ele considerava o principal problema da ciência econômica como praticada no seu tempo. Para tal ele buscou conceitos tanto na biologia evolutiva de Darwin, como na psicologia dos instintos de William James, esta última uma teoria muito em voga no final do século XIX.
Na economia vebleniana, instituições são hábitos, rotinas de conduta bastante arraigadas num determinado momento histórico. Assim, por exemplo, a existência de uma classe de indivíduos que se abstêm do trabalho produtivo, a "classe ociosa", é uma instituição. Outros exemplos de instituições são a propriedade absenteísta, ou seja, o hábito, bastante presente na economia capitalista, de o dono do negócio não ser exatamente quem cuida pessoalmente dele; a financeirização da riqueza, isto é, a representação do equipamento produtivo da sociedade através de "papéis"; e a emulação, que talvez seja o mais importante no livro A Teoria da Classe Ociosa, que diz respeito ao hábito dos indivíduos de se compararem uns com os outros invejosamente, ou melhor, o desejo das pessoas de serem reconhecidas como melhores que os outros indivíduos, há necessidade do reconhecimento e aceitação pelo outro, assim o ter representa poder, respeito e reconhecimento.
Veblen partiu das posições neoclássicas mais centrais e da atmosfera acadêmica e empresarial, na qual elas eram aceitas, para tecer suas argumentações na contramão de tudo isso, a economia somente encontraria um novo padrão científico com a compreensão das instituições sociais, daí a insistência nas alianças com a história, a sociologia, a antropologia e demais saberes que pudessem reforçar a interpretação institucional – a “fé nas vantagens da abordagem interdisciplinar”, diante de tal abordagem entendo que este de fato foi um dos maiores sociólogos estadunidense, há encadeamento entre as varias ciências, numa cumplicidade e complementaridade que procuram respostas e justificativas plausíveis e sistemáticas.
“A instituição de uma classe do ócio é encontrada em seu melhor desenvolvimento nos estágios mais elevados da cultura bárbara”. Tal conjectura estava baseada nas atividades econômicas exibidas pela sociedade estadunidense opulenta da época. Os ricos estavam convencidos que eram diferentes dos demais. As riquezas que ostentavam, não eram simplesmente um “acidente da existência, e sim um reflexo de sua superioridade biológica”. A classe a qual pertenciam estavam livres de atividades servis. “Enquanto outras formas de vida inferiores trabalhavam, eles viviam sem esforço, nada fazendo”. Nesse caso, o ócio era sua definição qualitativa, que deveria ser exposto como forma de poder e superioridade. Não apenas como um fator de diferenciação, senão que esta qualidade devia ser demonstrada através “da viva e infatigável capacidade de pagar”.
Veblen explicava este comportamento na análise dos setores mais privilegiados da sociedade: “Todo sentido de gastar dinheiro estava em impressionar os outros” – e acrescentava – “ Despertar a inveja dos vizinhos só aumenta a sensação de importância que se tinha”, assim para haver realização deveria haver reconhecimento pelo outro. A classe ociosa não gastava dinheiro de forma ostentatória em coisas úteis – isso era para os que precisavam de dinheiro, não para os que estavam acima dele. O estudo da relação íntima entre um modelo econômico e o comportamento social dos seus executores, possibilita enquadrar as manifestações ideológicas destes na manutenção e perpetuação do sistema.
Mills ("A imaginação sociológica"): Na década de 60, Mills, sociólogo da tradição crítica norte-americana, desenvolveu o conceito de "imaginação sociológica", que ajudou muitos de seus alunos na época a engajarem-se nos mais diversos movimentos sociais que emergiram naquele contexto agitado, além de questionarem as razões para uma Guerra com o Vietnã, por muito questionado e uma das vergonhas estadunidenses.  Mills (1969) descreve o pensamento sociológico como uma prática criativa, que define como “imaginação sociológica”. Essa prática criativa seria a tomada de consciência sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade mais ampla. Trata-se da capacidade de conectar situações da realidade, como os interesses em disputa, percebendo que a sociedade não se apresenta de determinada forma por acaso.
Essa conscientização derivada do conhecimento sociológico permite que todos (não apenas os sociólogos por formação) compreendam as ligações existentes entre o ambiente social pessoal imediato e o mundo social impessoal que circunda e que colabora para moldar as pessoas. Resgatando elementos específicos elaborados pelos pensadores sociais mais clássicos, Mills (1969) aponta como um elemento-chave dessa “imaginação sociológica” a capacidade de poder visualizar a sociedade com um certo sentido de distanciamento, em vez de fazê-lo apenas da perspectiva das experiências pessoais e das pré-concepções culturais.
A “imaginação sociológica” é um ato que permite ir além das experiências e observações pessoais para compreender temas públicos de maior amplitude. O divórcio, por exemplo, é um fato pessoal inquestionavelmente difícil para o marido e para a esposa que se separam, bem como para os filhos. Entretanto, o uso da “imaginação sociológica” permite compreender o divórcio não apenas como problema pessoal individual, mas também como uma preocupação social.
Diante da retrospectiva elaborada, a partir dos estudos junto ao pensamento social construído por brilhantes pensadores franceses, alemães e estadunidenses, analisando o capitalismo na sua evolução até chegar ao status atual, á idéia que podemos ter é que ao observar as ações e movimentos coletivos cada vez mais intensos e até mesmo aos contínuos atos individuais, o resultado de tais movimentos são os impactos decisivos sobre o destino de toda a humanidade, o capitalismo que aparentemente seria o caminho e solução esta entrando em contradição nos seus conceitos básicos, entrando em choque com os blocos populares, esta ações e movimentos chocam-se com a ordem e a lógica da sociedade capitalista, ocorre que desde a demanda por terra, por emprego e condições de vida, até a luta das mulheres, as lutas ambientais, contra o preconceito de etnia ou regionalidade e outras, todos esses movimentos já se chocam com a ordem do capital e os interesses da burguesia monopolista.
Os resultados dos movimentos sociais estão cada vez mais intensos, já demonstraram que nossas escolhas é o que realmente importa, assim o que parecia estar estável agora é colocado em check, estamos diante de uma crise estrutural, o capitalismo deverá levar em conta que as pessoas podem e estão escolhendo caminhos que lhe são mais convenientes, os interesses capitalistas estão se modificando de maneira que para sobreviver é preciso ouvir e depois manipular os interesses, há muita informação no mercado, temos a filosofia e a sociologia a trabalhar na conscientização, assim quem estiver melhor informado e municiado tecnologicamente dominará a sociedade e os mercados, criando novas necessidades inclusive aparentes de consumo, muito semelhante as afirmações do pensamento Vebleniano e de Mills.

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