O político e 16º presidente estadunidense Abraham
Lincoln (1809-1865), afirmou que, “os dogmas do passado tranquilo são
inadequados para o turbulento presente. Devemos renovar nossas ideias”. De fato, precisamos desenvolver em nossos
estudantes não apenas uma nova mentalidade, mas também desenvolver habilidades
cognitivas que conduzam ao melhor raciocínio e ao desenvolvimento do nosso
pensamento de forma organizada.
Contrariando ao senso comum que pensam e supõem que a
Filosofia serve para ensinar a pensar, acredito que não se ensine a pensar,
pois pensar seja um atributo atávico da nossa espécie, logo pensar, não é
ensinado, no entanto entendo que o ensino de Filosofia por suas peculiaridades estimula
a curiosidade e a personalidade a ser questionadora, a personalidade por ser questionadora
aumenta o repertório e sua capacidade de raciocínio e analise. A Filosofia é a
“atitude metódica, disciplinada, estruturada e intencional de indagação” acerca
das razões de ser das coisas e fatos, de maneira a produzir consciência e inovação.
Sendo a curiosidade o estimulo para o olhar além do
muro da ignorância, a curiosidade encontra na Filosofia o caminho e
campo fértil na mente humana, principalmente dos jovens para o desenvolvimento
das habilidades cognitivas que poderão ser adequadamente trabalhadas. Através
da pratica do raciocínio de forma estruturada e disciplinada teremos mais êxito
na utilização, aquisição do conhecimento, será possível sair da acomodação,
afinal o mundo passa por mudanças velozes; acomodar-se é perecer ou ficar
ultrapassados, como dito por Abraham Lincoln, precisamos renovar nossas ideias.
Com intuito de responder à questão formulada
inicialmente, inclusive questão que é objeto de questionamentos da importância
da Filosofia no currículo de disciplinas do ensino médio, será realizada breve
análise crítica de cada uma das unidades estudadas na disciplina de Filosofia e
Outras Áreas de Conhecimento do curso de Pós-Graduação do Ensino de Filosofia
da UFPEL, o conteúdo apresentado pela disciplina
contribuiu significativamente para a argumentação da resposta ao problema título do presente ensaio.
Vejamos:
Educação
para o século XXI: Foi realizada abordagem do conflito de
gerações e a exigência dos jovens das novas gerações que estão cada vez mais demandando
das escolas, novas posturas e metodologias de ensino. O modelo de ensino
tradicional não dá conta de suprir as necessidades de um aluno, os professores
devem incitar e estimular os estudantes a buscarem sua própria criatividade. A
criatividade e a aprendizagem dependem do trabalhar com emoção; a emoção por
sua vez libera a dopamina que estimula o aprendizado. São realizadas críticas
ao modelo tradicional de ensino, onde verificou-se um esvaziamento das salas de
aulas e um notório declínio da eficácia de aprendizagem. É preciso rever como a
escola precisa se preparar para entender e se adaptar a esta nova realidade,
trazendo para discussão a intensidade do impacto que a tecnologia está gerando
sobre o ensino e a ideia de convergência do fluxo de conteúdos e informações por
meio de múltiplas plataformas. Há um novo comportamento migratório de
estudantes da lousa para o mundo virtual, onde os professores precisarão se
adaptar e criar a mágica do encantamento, despertando o interesse dos alunos
neste mundo tecnológico já vivenciados neste século XXI.
O
que são habilidades e competências? Afinal o que são habilidades
cognitivas e competências?; são um conjunto de habilidades que são aprendidas
em diferentes graus, conforme um indivíduo cresce e se desenvolve mentalmente,
são habilidades usadas para aprender, compreender e integrar as informações
de uma forma significativa. Mayer e Salovey (1998) fazem uma distinção
importante entre habilidade (referindo-as como aptidões) e competência. Os
autores argumentam que habilidade representa o potencial que se expressa,
concretamente, em realizações ou desempenhos, envolvendo a apresentação de
respostas corretas para problemas e conhecimento de determinado conteúdo etc. A
competência, nesta concepção, indicaria um nível padronizado de realização, o
que implicaria em dizer que a realização atingiu um determinado nível. Penso
que tal distinção esteja melhor formulada, por ser abrangente, pois relaciona
os conceitos: habilidade, conteúdo e nível de realização. Na unidade 3 - BNCC,
observaremos a proposta do MEC das 10 competências gerais norteadoras para o
ensino fundamental e médio.
BNCC
e as habilidades e competências: O que é o BNCC?, O
BNCC - Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo que
define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos
os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação
Básica. Conforme
definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996),
a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades
Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas
e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o
Brasil.
A Base estabelece conhecimentos,
competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao
longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e
estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica,
a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a
formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
Elas definem a base
educacional, norteando os caminhos pedagógicos a se seguir. Segundo o MEC, as
10 competências gerais são mobilizações de conhecimentos de acordo com os
princípios éticos, estéticos e políticos, que visam a formação humana em suas
múltiplas dimensões. O objetivo é perpetuar no ensino uma comunicação integral,
mobilização de conhecimentos, atitudes, valores e habilidades para suprir as
demandas do cotidiano, a fim de garantir o crescimento do aluno como cidadão e
qualificá-lo para o mercado de trabalho. São elas: 1. Conhecimento, 2.
Pensamento científico, crítico e criativo, 3. Repertório cultural, 4.
Comunicação, 5. Cultura Digital, 6. Trabalho e Projeto de Vida, 7.
Argumentação, 8. Autoconhecimento e autocuidado, 9. Empatia e cooperação
10. Responsabilidade e cidadania.
10. Responsabilidade e cidadania.
As competências gerais deverão
ser trabalhadas em cada uma das áreas de conhecimento – Linguagens, Matemática,
Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Ensino religioso – e construídas
por habilidades desenvolvidas a partir de atividades em sala de aula. A mudança
na filosofia trará o foco para o desenvolvimento humano, profissional e
educacional.
A Filosofia que é
disciplina integrante das Ciências Humanas, muito tem a colaborar com todas as
áreas do conhecimento, ela é a origem das reflexões sobre relação entre o homem
e a natureza, que se traduziram em fórmulas matemáticas e físicas, são antes de
tudo, questionamentos filosóficos, sendo a Filosofia a grande estrutura basilar
de todas as ciências, afinal é na Filosofia que se estudam os valores éticos,
estéticos e políticos, são temas muitos caros e preciosos.
Trabalhando
as habilidades e competências: Analisando as
metodologias de aprendizagem, conforme Profª Rosa Malena, deveriam levar em
conta itens como princípio da aprendizagem de adultos, autonomia dos
estudantes, contexto do aprendizado e trabalho em equipe. Para trabalhar as
habilidades e competências é preciso despertar
o interesse dos estudantes pelo conhecimento o qual é o papel dos educadores e
educadoras e muitas são as formas de incentivá-los ao aprendizado, de maneira
que eles se sintam proprietários do conteúdo. Estratégias para inovar em sala,
como dinâmicas, aulas práticas levando em conta o contexto do aprendizado, podem
reduzir nos estudantes a sensação de estranhamento à disciplina, o que
desenvolve uma maior autonomia, compreensão e um gosto pelo conteúdo da matéria,
apreciando também o trabalho em equipe, aqui vislumbramos a integração das
diversas áreas do conhecimento.
As habilidades cognitivas
são informações que são devidamente entendidas, assimiladas e compreendidas.
Essas habilidades são aprendidas conforme o crescimento e o desenvolvimento
mental do ser humano, devendo ser ensinadas já na educação infantil. Além
disso, elas ocorrem em diferentes graus, o que significa que podem ser
treinadas e melhoradas.
A Filosofia é expert na
apresentação de problemas, problemas onde podem ser tratados assuntos
pertinentes a cada grau de maturidade, cientes que as crianças são um campo fértil
para o desenvolvimento do pensamento filosófico, pois estão livres de
preconceitos e o porquê de as “coisas
serem assim” e não sejam questionadas a razão de “serem assim”.
Aliás, características
como solução de problemas, a inibição e a flexibilidade fazem parte das
funções executivas, que são muito importantes para o aprendizado e também para
desenvolver outras habilidades. Entre as principais habilidades
cognitivas que podem ser treinadas pela Filosofia, a fim de deixar o cérebro
mais saudável, estão: o foco; a inibição; a divisão da atenção; o planejamento;
o reconhecimento; a percepção auditiva; a memória (contextual, auditiva ou
visual de curto prazo); o tempo necessário para responder a um estímulo; a
velocidade de processamento daquilo que é fácil ou já foi aprendido.
As competências
cognitivas possuem, em suas estruturas, as habilidades cognitivas, ou seja:
para ser competente em algo é necessário ter um conjunto de habilidades.
Entretanto, vale mencionar que nem todo
mundo que tem habilidades é competente. Como exemplo, lembre-se da
faculdade ou da escola. Há diversos estudantes brilhantes que ficam
completamente deslocados no mercado de trabalho. Eles possuem habilidades, mas
não conseguem agrupar os conhecimentos para atingir a competência. Assim, o
primeiro passo dado pela Filosofia para se tornar mais eficiente no que se faz,
é treinar as habilidades cognitivas necessárias, inclusive de formas e em
situações não usuais.
Penso que não podemos desenvolver
apenas uma ou outra habilidade e competência, mas todas as habilidades e
competências juntas, pois ao pensarmos, fazemos uso de todas as habilidades e
competências para formularmos bem o nosso raciocínio, ou seja, todas
habilidades ficam muito interligadas no momento em que pensamos.
A Filosofia por si só tem
por princípio básico a formulação de questionamentos que levam a reflexão em
busca da solução de problemas da vida real, e a partir da articulação de
tarefas cognitivas, justamente dando sentido do porquê estudar. A
metodologia das aulas de Filosofia são meios de contribuição ao desenvolvimento
das habilidades cognitivas, com o domínio das habilidades cognitivas e o uso
competente do “melhor pensar”, entendo que seja a melhor forma de vencer a
irracionalidade ou até de prevenir as crianças e adultos disso. Podemos dizer
que as habilidades de pensamento são trabalhadas de uma forma humanista em que
há a valorização do educando.
Como exemplo de um método que sai
do método tradicional e contribui para o desenvolvimento das habilidades e
competências, através do método de filosofar proposto por Matthew Lipman, é
possível trabalhar os valores éticos, a arte, a história, a linguagem, a
estética, a politica, onde através de diálogos e exercícios de raciocínio
desenvolvidos entre alunos e professores, mostram a diferença de uma educação
tradicional e da educação proposta pelo programa tradicional, deixando claro
que é possível filosofar com simples questões da vida real na sala de aula,
também colaborando de forma efetiva no desenvolvimento de um processo de
consciência crítica nos educadores de que a filosofia pode ser usada desde a
educação fundamental. Aqui os estudantes do ensino fundamental podem filosofar abrindo
a mente para propor uma solução aos problemas, afinal o
pensamento é um processo cognitivo que ocorre quando um indivíduo utiliza o seu
raciocínio (ver/pensar/perguntar), geralmente para a resolução de um problema,
seja no mundo real ou no mundo digital.
Devemos também levar em conta que
os estudantes de hoje são a primeira geração a crescer com essa nova,
abundante, opulenta e farta tecnologia digital. As gerações Y e Z, são os
ocupantes dos bancos das instituições de ensino e por sua vez são alunos da
geração X, (que são os nascidos entre 1960 e 1983 - geração baby boomer), isso
significa que os professores emigrantes do mundo não digital estão se
esforçando para ensinar estudantes que utilizam linguagens completamente novas
e uma comunicação com ênfase no digital. Sabemos também, que as novidades tecnológicas
são objetos de testes entre nós, e que ainda não atingiu às gerações por
inteiro, havendo um visível conflito de expectativas. O conflito é importante,
pois é uma divergência de ideias, e a intenção do conflito é a geração do
consenso onde sabemos que a Filosofia é exigida com muita intensidade.
A Filosofia desde os gregos se
fez a partir das praças, dos encontros, das conversas, de conflitos de ideias,
novas descobertas e novos paradigmas, a ágora
passou para outro tipo de praça, criando o que, agora, chamamos de “redes
sociais”. A influência que as redes sociais digitais exercem sobre
os indivíduos é imensa, com impactos na sociedade e educação decorrentes dessa
nova expressão da sociedade contemporânea.
As ferramentas de comunicação das
redes sociais representam no âmbito educacional a maneira como se dão as
políticas educacionais em voga, que buscam cada vez mais permear os espaços
escolares com as tecnologias de informação e comunicação, que somado à presença
dessas materialidades na vida cotidiana da maior parte da população, configura
uma nova problemática que os profissionais da educação precisam se debruçar, se
dela quiserem extrair bons êxitos. Nos dias atuais, é notório que as redes
digitais, possibilitadas pelos diversos objetos
comunicacionais (computadores, celulares com acesso à internet etc.), permite
às pessoas criar em novos espaços sociais de relacionamento, e desenvolvam habilidades
cognitivas muito voltadas para imagens com velocidade gigantesca no
fornecimento de informações.
A Filosofia está atenta as
exigências do século XXI, ciente que as pessoas desenvolveram o habito de ao clicar
quase inconscientemente na busca de informações, obtém todo o tipo de
informação, muitas vezes sequer sabem o que fazer com isto ou aquilo, uma coisa
leva a outra, ficando horas fissurado na tela brilhante, aparentemente voltando
a caverna de Platão.
Sempre atual, a Filosofia
colabora com a reflexão do uso adequado das novas tecnologias de comunicação, e
ao uso competente das fontes de informação em prol da construção de um
pensamento mais bem elaborado sugerindo saídas do uso inconsciente nas redes
sociais, na direção de formas de pensamento conscientes com objetivos voltados
para o mundo real.
As formas de pensamento por serem
atributos dos seres humanos, estão inseridas no inconsciente, consciente ou
subconsciente, o autoconhecimento buscado através do ensino de Filosofia, faz despertar
e faz agir em nossa mente o antivírus contra o uso alienado automatizado pelo
deslumbramento deste novo mundo virtual, onde algumas de nossas habilidades
cognitivas são mais trabalhadas em detrimento de outras.
O autoconhecimento ocorre
ao longo do estudo da diversidade de temas propostos nas obras de pensadores, a
leitura, analise e reflexão de tais obras traz um novo olhar de
você sobre si mesmo e sobre o mundo, permitindo analisar um único cenário com
mais de um ponto de vista.
De maneira a entender
melhor como os atributos agem em nossa mente é necessário entender melhor o que
sejam:
a) O
Inconsciente,
conforme o filósofo e psicanalista alemão Friedrich Schelling
(1775-1854), por exemplo, criou o termo “mente inconsciente” em 1815. Segundo
ele, essa parte do indivíduo era uma fonte de criatividade e poderia servir até
como uma ponte entre a natureza e o espírito.
b) O
Consciente: conforme o filósofo inglês Manfred Frank (nascido em 1945) afirma
que a consciência representa a autoconsciência, pois é preciso compreender que
se está ciente de algo. E a autoconsciência é anterior à reflexão. Já o
autoconhecimento, segundo ele, funciona como uma consciência reflexiva.
c) E
finalmente o Subconsciente: A palavra subconsciente é usada no ramo da
psicologia para definir o que está fora da consciência. O conceito de
subconsciente é famoso nas palavras de Freud, mas saiba que alguns dos conceitos
usados pelo austríaco foram primeiro pensados pelo psiquiatra francês Pierre
Janet (1859-1947) em uma tese de 1889. O estudioso francês ainda desenvolveu
pensamentos a respeito do trauma subconsciente, que é quando alguns eventos são
tão estressantes que podem causar dissociação, uma desconexão com a realidade.
Nossa mente é complexa, muitas
vezes não entendemos porque agimos de um jeito e não de outro, surpreendemo-nos
com nossas próprias atitudes, lembranças ressurgem como um gatilho pronto a ser
apertado, a medida que trabalhamos o autoconhecimento as
respostas vão surgindo, e isto ocorre através do exercício e uso competente de
nossas habilidades cognitivas, o exercício constante em ver/pensar/perguntar é
a formula proposta pela Filosofia desde os Gregos ao mundo virtual, utilizando
a razão e a inteligência emocional na construção da história humana.
A Filosofia pode SIM,
contribuir como já vem contribuindo no desenvolvimento de habilidades
cognitivas e no uso competente de tais habilidades, a construção na diversidade
do acervo magnifico de obras de Filosofia presentes em todas as áreas do
conhecimento são milhares de respostas consistentes presentes ao longo da trajetória
humana, lá estão presentes as evidencias do uso competente das habilidades
humanas.
Bibliografia:
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– Petrópolis, RJ: Vozes, 2019
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LIPMAN,
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Emocional como zeitgeist, comopersonalidade
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Alegre: Artmed, 1998.
Veen,
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Wim Veen, Bem Vrakking; tradução Vinícius Figueira. - Porto Alegre:
Arrmed,2009.
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