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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Monólogo de Hamlet da primeira cena do terceiro ato na peça homônima.

 



Hamlet

Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer… dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir… é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir… Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.
(…)

William Shakespeare

 

A frase de abertura do monólogo é "Ser ou não ser, eis a questão", trata-se de existir ou não existir, ou seja, viver ou morrer, Shakespeare explora profundamente a condição humana. Trata de temas muito polêmicos e relevantes em todas as épocas e sociedades como: justiça, corrupção, traição, incesto, vingança, ética e moralidade, a peça em seu conteúdo faz uma longa análise filosófica e psicológica do comportamento humano, expondo cada sentimento e pensamento do protagonista, muitas vezes seu tempo de meditação em prol da prudência lhe tira o tempo certo de agir, e as consequências lhe foram desastrosas. Hamlet é uma obra para ser lida mais de uma vez, devagar e analisando os diálogos, com certeza que a cada leitura serão extraídas impressões e pontos de vista diferentes e intrigantes.

Se pensarmos bem, cá entre meditações, podemos pensar que nossa realidade esta além do ser ou não ser, isto é, "se" conseguirmos despertar da falsa realidade, conseguiremos perder a identidade criada pelos nossos condicionamentos, isto acontece quando abandonamos ideias e conceitos sobre o que seja o bem e o mal, muito daquilo que entendemos por bem ou mal esta carregado com nossas expectativas e emoções, afinal nós somos seres humanos limitados, então como poderemos compreender o ilimitado, o ilimitado pode estar além do ser ou não ser, além até de nossas cogitações, me perdoem os cartesianos, pois estes estariam em desvantagem se utilizassem apenas a razão iluminista do "Penso, logo existo".


quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Resenha do livro “Hamlet” de Shakespeare

É uma obra incrível, interessante e instigante, trata-se de uma peça e obra prima de Shakespeare, encenada pela primeira vez no início do século XVII, ela é baseada numa lenda escandinava medieval.

Hamlet, nosso protagonista, jovem príncipe dinamarquês que toma conhecimento da morte do pai causada supostamente pelo tio que toma o trono, neste caso o irmão do rei, com medo de ter o mesmo desfecho de seu pai, Hamlet se faz de louco e assim parece ser inofensivo (será que se faz de louco, ou ele enlouqueceu?), ele cresce e pega a espada do pai e mata o tio, é uma peça que parece ter um final feliz em razão de um círculo que se fecha com uma sucessão de justiças pelas diversas mortes.

Hamlet é um brilhante estudante universitário que volta para casa por conta da morte do pai, daí a pouco tempo sua mãe se casa com o cunhado, irmão do pai o rei, daí o irmão chamado Claudio se torna o rei da Dinamarca, no entanto na lista de sucessão esta Hamlet, e ele Hamlet é muito mais carismático, era o preferido a suceder o pai pelo fato dele ser muito amado pelo seu povo e o próximo na sucessão, então como ele não sucedeu o pai no trono da Dinamarca?, ele também entende que o casamento da mãe com o cunhado se trata de um incesto, além do mais Hamlet se enche de raiva pelo fato dele não estar no lugar de Claudio, aqui trata-se de uma relação freudiana edipiana, realmente há muito o que se pensar a respeito dos acontecimentos.

Hamlet fala muito consigo mesmo, ele entra num processo de descobrimento e entendimento do que está acontecendo.

Alguns solilóquios e elucubrações de Hamlet:

“Ser ou não ser, eis a questão”;

“O descanso é silêncio”

A peça inicia com um diálogo entre soldados que estão na ronda do castelo, soldados que contam  que todos os dias à meia noite aparece um fantasma, eles contam o fato para Horácio, amigo de Hamlet, Horácio conta para Hamlet e ele resolve ver se é verdade, os soldados e Hamlet avistam o fantasma, Hamlet inicia uma conversa com o fantasma reconhecido como o fantasma de seu pai, os soldados presenciam a conversa entre o fantasma do pai e Hamlet, Hamlet jura ao pai que se vingara e os soldados juram que nada dirão a respeito da conversa entre pai e filho, tudo dentro de uma seriedade enorme, juram sobre a espada de Hamlet.

Personagens de Hamlet:

  • Cláudio é Rei da Dinamarca, eleito ao trono após a morte de seu irmão, o Rei Hamlet. Cláudio casou-se então com Gertrudes, esposa do seu falecido irmão.
  • Gertrudes é a Rainha da Dinamarca, e esposa do falecido Rei Hamlet, agora casada com Cláudio, e mãe de Hamlet.
  • O Fantasma do pai de Hamlet, que lhe aparece para falar que, na realidade, foi envenenado por seu irmão Cláudio.
  • Polônio é o primeiro-ministro, conselheiro do Rei Cláudio.
  • Laertes é o filho de Polônio, e está retornando de Paris para Elsinore.
  • Ofélia é a filha de Polônio, e irmã de Laertes, que vive com seu pai em Elsinore. Ela é apaixonada pelo príncipe Hamlet. E podemos dizer que por fim morreu de amor.
  • Horácio é um grande amigo de Hamlet, que se moveu a Elsinore com o intuito de presenciar o funeral do Rei seu pai.
  • Rosencrantz e Guildenstern são amigos de infância e de escola do príncipe Hamlet. Foram chamados por Cláudio e Gertrudes, que desejavam alegrar o príncipe com a presença dos amigos, já que ele se encontrava melancólico pela morte do pai.
  • Fórtimbras é sobrinho do antigo Rei da Noruega, e atual Rei desse país. Ele também é filho do sênior Fórtimbras, que morreu num combate com o pai de Hamlet.

A partir daí ele se faz de louco, só Horácio sabe desta estratégia de Hamlet, ele se finge de louco para parecer inofensivo, ele também age assim para ganhar tempo e confirmar o que o fantasma contou para ele, se Claudio teria envenenado seu pai, tudo isto dentro de sua ética pessoal, ele não queria ser injusto, dentre vários outros atos de indecisão, ele passa a passar uma imagem de indeciso e procrastinador.

Ler o livro é ler fala a fala, cena a cena, é ler o dialogo dos atores, é vibrar no papel de cada um dos personagens, é muito interessante porque faz o leitor incorporar alguns dos personagens pela simpatia ou pela antipatia, é uma peça com teor psicológico, como se fossem várias peças, uma dentro da outra, realmente se trata de uma brilhante construção do pensamento humano racionais e irracionais, carregado de muitas emoções e sentimentos com suas justificativas, levando a atitudes que nem sempre tem suas consequências bem avaliadas, e assim é a vida humana.

 

Fonte digital: www.jahr.org – “A trágica história de Hamlet – Principe da Dinamarca” por William Shakespeare. Edição Ridendo Castigat Moraes. Versão para eBook

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

A Liberdade esta no Presente

 

 

Flor de Lótus Branca

 

A tarefa do homem é se libertar do presente e não do passado ou do futuro, o presente é a gaiola se assim quisermos, assim como o presente pode ser libertador!

 

As raízes da amargura estão fixadas na alma daquele que não sabe que:

A raiz da felicidade está na mente.

E a raiz do sofrimento está no desejo.

O ser humano é um ser desejante, assim foi no passado, é no presente e assim será no futuro.

A liberdade esta no presente, conjugar o verbo amar é estar amando, assim o passado e futuro foram e serão sempre amor, amor liberta-nos das prisões do tempo.