Há pessoas que nascem com a mente livre, pois mesmo submetidos a imposição dos dogmas eles não os aceitam e lutam contra as amarras dos preconceitos, Einstein é uma destas pessoas, sua originalidade e genialidade muito contribui para a expansão do conhecimento, sua curiosidade e imaginação lhe levaram por caminhos além dos limites das normas revelando sua rebeldia avesso a qualquer tipo de dogma. No livro “Einstein - Sua vida, seu universo ", foi apresentada a biografia de Albert Einstein, desenvolvido com base em uma coleção de cartas publicada em 2006, vinte anos após a morte de sua enteada, como ela havia determinado em seu testamento escrito pelo jornalista Walter Isaacson, autor do livro.
Desde jovem sempre foi muito curioso, estudante insolente e atrevido, olhos arregalados e cabelo arrepiado, lhe davam uma aparência de um ser genial, sua criatividade incomum se manifestava através do pensamento visual, ou seja, através de imagens mentais, que funcionavam como experimentos mentais onde a física era colorida com cálculos matemáticos geniais, o traço de sua personalidade rebelde lhe conduziu ao livre pensamento superando os dogmas científicos da época.
Einstein apreciava muito as conversas que tinha com seus amigos que fluíam noite a dentro nos cafés, lá ele discutia temas como filosofia, ele tinha conhecimentos de filosofia que eram muito bem utilizados por ele, tal como:
Arrancando Princípios da Natureza.
Em seus tempos mais radicais, Einstein não
enfatizara esse credo. Firmara-se como empirista ou positivista. Noutras
palavras, tomara as obras de Mach e Hume como textos sagrados, o que o levou a
rejeitar conceitos, como o éter ou o espaço absoluto, que não fossem passíveis
de conhecimento por observação direta. Mas, conforme sua oposição ao conceito do
éter se tornou mais sutil e seu desconforto com a mecânica quântica aumentou,
ele se afastou dessa ortodoxia. “O que me desagrada nesse tipo de
argumentação”, refletiu o Einstein mais velho, “é a atitude positivista básica,
que em meu ponto de vista é insustentável e que me parece chegar à mesma coisa
que o princípio de Berkeley, Esse est percipi.”{********} {913} A filosofia da
ciência de Einstein teve bastante continuidade, portanto seria um
equívoco insistir que houve uma mudança drástica do empirismo para o realismo no
pensamento dele.{914} Mesmo assim, dá para dizer que, à medida que ele lutava
contra a mecânica quântica nos anos 20, tornou-se menos fiel ao dogma de Mach e
mais realista, alguém que acreditava, como disse no tributo a Maxwell, na realidade
subjacente que existe independentemente de nossas observações. Isso foi
discutido numa conferência que Einstein fez em Oxford, em junho de
1933, intitulada “Sobre o método da física teórica”, a qual delineou sua
filosofia da ciência. {915} Ela começava com uma advertência. Para entender verdadeiramente
os métodos e a filosofia dos físicos, disse ele, “não ouça o que eles dizem,
preste atenção em seus atos”. Pgs. (361, 362)
Graças ao espírito rebelde de Einstein lhe permitiu o nascimento da teoria da relatividade que revolucionou a física, a partir de suas teorias puderam ser entendidos fenômenos até então envoltos por mistérios e equívocos, algumas destas teorias só foram ser confirmadas após sua morte como por exemplo as ondas gravitacionais que faziam parte de sua Teoria Geral da Relatividade, e da primeira foto de um buraco negro divulgada recentemente veio demonstrar que a Teoria da Relatividade Geral mais uma vez acertou. Einstein é considerado um dos pais da mecânica quântica e ao mesmo tempo um crítico, ao lado de Planck, ele representa um dos principais físicos teóricos na área da teoria quântica
Os conteúdos das cartas revelaram a vida íntima de uma mente curiosa e de muita imaginação, gostava de tocar violino, fumar charutos, gostava de ficar sozinho com seus pensamentos, não dava importância para os aspectos financeiros, era afeito aos movimentos humanistas, ele era um homem simples e amigável, porem também era firme quando lhe eram impostas regras reagia com impertinência dificultando até suas relações pessoais, viveu num período difícil em que o mundo enfrentava a guerra e a crueldade nazista contra judeus, desprezava a guerra, pois era um homem ativista da paz.
Quando menino, ele fugia dos desfiles prussianos e da rigidez germânica. (Pg. 195)
O estudante insolente se apaixona e casa com sua colega de curso Mileva Maric, a relação do casal não foi bem recebida pela família de Einstein, sua família tinha em mente um outro ideal de mulher para sua esposa. Mileva foi muito importante em sua vida, além do relacionamento amoroso, havia uma cumplicidade de pensamentos intelectuais, através das cartas surgiram indícios que ela poderia ter contribuído muito para as teorias de Einstein, o que não seria de se estranhar, pois ambos tinham muita paixão pelos estudos e este era forte ponto em comum. No entanto teve um casamento infeliz com Mileva, ela engravidou antes do casamento, ambos não contaram o fato a ninguém, que só veio a ser descoberto depois da morte de ambos, casaram em 1903, acabaram se separando e divorciando em 1919. Teve três filhos com Mileva, porem seu relacionamento com os filhos não era dos melhores, mesmo que ele tenha sido um pai afetuoso, e tanto quanto suas obrigações profissionais o permitiram, também foi um pai presente. No entanto, naqueles dois primeiros anos de separação foram de grande amargura, e numa separação onde há filhos as consequências para a família são imensas e terríveis.
Em 1919, logo depois do divórcio com Mileva, ainda na Europa, Einstein se casou com sua prima em primeiro grau, e ambos foram juntos aos Estados Unidos, no entanto tanto na Europa quanto nos Estados Unidos Einstein manteve diversos relacionamentos extraconjugais.
O contraste com a mulher de Einstein era total. Mileva Maric era exótica, intelectualizada e complicada. Elsa, não. Tinha uma beleza convencional e se dedicava ao lar. Adorava comida caseira alemã pesada e chocolate, o que lhe dava uma aparência de robusta matrona. Seu rosto era parecido com o do primo, e a semelhança aumentaria assustadoramente com o tempo. (p.188, 189)
Ao longo dos anos adquiriu fama em virtude de suas descobertas no ramo da física, se tornou muito popular, mesmo se incomodando com este fato, ele procurou aproveitar a onda celebre, exerceu muita influência como pensador e suas opiniões eram levadas em consideração como temas políticos caros ao seu sistema de valores. Mesmo não sendo judeu praticante, acreditava num Deus como uma força maior que regia as coisas no universo, chegou até a ser convidado para ser presidente de Israel assim que o Estado foi criado, mas recusou, já que reconhecia que não tinha habilidades políticas.
Sua fama lhe permitiu travar contatos com algumas das maiores personalidades do século XX, tais como Max Born, Charles Chaplin, Franklin Delano Roosevelt, Winston Churchill, Sigmund Freud, Bertrand Russell, Austen Chamberlain, dentre outros.
O que Einstein pensava acerca da fama:
“Com a fama, fiquei cada vez mais
burro, o que obviamente é um fenómeno
muito comum”, disse
Einstein a Zangger.{697} Mas logo desenvolveu a teoria de que sua fama,
apesar de todos os aborrecimentos, era ao menos um bom sinal da proeminência
que a sociedade dava a pessoas como ele:
O culto
a personalidades individuais é
sempre, em minha opinião,
injustificado. Parece-me injusto, e até de mau gosto, escolher uns poucos
para uma admiração ilimitada, atribuindo-lhes poderes sobre-humanos de mente
e caráter. Tem sido esse meu destino, e o contraste entre a estima popular
por minhas realizações e a realidade é simplesmente grotesco. Essa
situação extraordinária seria insuportável, não fosse um pensamento muito
consolador: é um sintoma bem-vindo, numera comumente acusada de materialismo, transformar em heróis homens cujas ambições se
encontram completamente na esfera intelectual e moral. (pg.286)
Em 1921, ele recebeu o Prêmio Nobel de Física não por sua teoria da relatividade geral, mas sim pela teoria do efeito fotoelétrico menos conhecido. O valor do prêmio foi entregue para Mileva, sua primeira esposa, compromisso firmado como condição dos termos do divórcio.
A vida de Einstein foi repleta de momentos e episódios que marcaram a maneira como a humanidade ao olhar um pouco de sua vida se inspiraram pelo ser humano genial, carismático e singular que foi, sua maneira de ver a beleza do universo criado por Deus o tornou um religioso sem ser religioso praticante, o entendimento extraordinário sob uma aura quase mística revelou sua proximidade com nosso Criador.
Fonte:
Isaacson, Walter. Einstein: sua vida, seu universo. Tradução de Celso Nogueira...(et.al), São Paulo. Companhia das Letras, 2007.
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