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quinta-feira, 14 de julho de 2022

Resenha do livro “Portões de Fogo” de Steven Pressfield

 

 "- Comam um bom desjejum, homens – Leônidas sorriu largo – pois estaremos todos partilhando o jantar no inferno.”

 

Sinopse - O rei Xerxes comanda 2 milhões de homens do império persa para invadir e escravizar a Grécia. Em uma ação desesperada, uma pequena tropa de 300 espartanos segue para o desfiladeiro das Termópilas para impedir o avanço inimigo. Eles conseguiram conter, durante sete dias, dois milhões de homens, até que, com suas armas estraçalhadas, arruinadas na matança, lutaram “com mãos vazias e dentes” até finalmente serem mortos. A narrativa envolvente de Steven Pressfield recria a épica batalha de Termópilas, unindo com habilidade História e ficção.

 

"Portões de Fogo" é um livro com 431 páginas e composto por oito capítulos: Livro I - Xerxes; Livro II - Alexandros; Livro III - Galo; Livro IV - Arete; Livro V - Polynikes; Livro VI - Dienekes; Livro VII - Leônidas e Livro VIII - Termópilas. É um livro bem escrito, a leitura flui e estimula a ler sem parar, o autor soube reunir história, romance e ficção, ingredientes que a maioria dos leitores gosta por estimular a imaginação e por aproximar a história a narrativa de vivencias.

 

Pressfield se baseou nos textos de Heródoto, principal historiador da época, portanto a formação dos soldados desde sua infância, suas características e a forma como aconteceu a guerra pode-se imaginar que foram exatamente do jeito como relata. A história é cheia de altos e baixos, exatamente como é nossa vida, com muitas emoções vividas no dia a dia com suas tramas conhecidas e outras desconhecidas até que um dia nos sãos revelados, nos levando a entender melhor os acontecimentos passados e onde chegamos por nossa escolha ou nem bem assim.

 

"Trezentos espartanos e seus aliados conseguiram conter, durante sete dias, dois milhões de homens até que, com suas armas estraçalhadas, arruinadas na matança, lutaram "com mãos vazias e dentes" (como registrado pelo historiador Herótodo) até, finalmente, serem dominados". (p. 13)

 

O livro é narrado em primeira pessoa por Xeones, um soldado espartano sobrevivente da Batalha de Termópilas, a pedido do rei Xerxes. Xerxes, apesar de ter ganho a batalha, fica intrigado com o treinamento dos soldados inimigos, por conta de sua resiliência, a questão era como poucos soldados espartanos puderam matar vinte mil de seus soldados e segurar dois milhões de soldados inimigos por sete dias, e por isso, através da rica narrativa e do ponto de vista e detalhes da própria vida de Xeones começa a entender e aprender com detalhes espetaculares sobre os seus hábitos, cultura e treinamento.

 

Por ser um livro relativamente longo, o escritor não deixa a história solta e sem conexão, pois em cada capítulo, surge um historiador do séquito de Xerxes que vai nos situando historicamente nos acontecimentos, desta forma vai criando uma cronologia e nos auxiliando o entendimento em meio a todo o processo. O livro traz um importante auxilio para entendimento e imaginação donde aconteceram os fatos, é complementado com nota histórica, mapas e pequenas imagens no início do capítulo dando-nos uma ideia geográfica dos acontecimentos.

 

A história precisa de seus fantasmas para nos trazer os acontecimentos passados, com suas emoções, magoas, dores, tristezas e alegrias, precisamos deles para entender o passado e podermos seguir em frente, em uma narrativa do livro que achei interessante nos conta:

 

"Dizem que, às vezes, os fantasmas, aqueles que não conseguem se desvincular dos vivos, custam a desaparecer, assombrando as cenas dos nossos dias na terra, pairando feito aves de rapina incorpóreas, desobedecendo à ordem de Hades para se retirar para debaixo da terra." (p. 45)

 

É um romance de ficção com sua essência histórica e real, consegue prender nossa atenção do início ao fim, mesmo sabendo do final aterrorizante dos trezentos de Esparta, torcemos para que o final da história seja diferente, no entanto a vida é assim mesmo, o final feliz fica para mais adiante ou até mesmo nunca chega, a história é um longo processo sem fim, a cada dia construímos mais algumas páginas de histórias cheias de emoções.

 

Fonte:

Pressfield, Steven. Portões de Fogo: um romance épico sobre Leônidas e os 300 de Esparta. Tradução de Ana Luiza Dantas Borges – 2ª ed. – São Paulo: Contexto, 2017.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Resenha do Livro O Espirito do Guerreiro de Steven Pressfield

 

Sinopse: As guerras existem desde o princípio dos tempos. Mas o que há em comum entre os bravos guerreiros espartanos e os soldados contemporâneos? O que define o Espírito do Guerreiro? Como transportar esse espírito para as batalhas internas que atingem todos nós? Neste livro, o escritor de tantas guerras Steven Pressfield fala de honra, coletividade, bravura, dignidade, abnegação. E, claro, desejo de vitória.

O autor Steven Pressfield é um escritor estadunidense, roteirista de cinema, foi fuzileiro naval um mariner, escritor que através de suas obras literárias retratam principalmente a ficção histórica militar em ambientes da antiguidade clássica com alto valor de pesquisa histórica, como ficção e dramatização pode alterar detalhes e também a sequência de eventos, tentando capturar a essência do “espirito dos tempos”. Escreveu diversos livros, um dos livros mais conhecidos e se tornou um best-seller é o livro “Os Portões de Fogo” que procura retratar a Batalha das Termópilas” com o Rei Leônidas e seus 300 de Esparta juntamente com seus aliados lutam contra dois milhões de soldados Persas comandados por Xerxes.

O Espírito do Guerreiro é um livro pequeno com muitas reflexões, traz o conceito e o código de honra de um guerreiro para a batalha e para a vida, nos mostra como lutar com dignidade e honra sem se deixar humanizar, quem é afinal este ser humano que ao longo da história luta e como tudo está ligado as suas escolhas e modos de ver os inimigos.

Ele começa logo no pórtico do livro com uma citação de Plutarco:

 

“Os espartanos não perguntam quantos são os inimigos, mas onde eles estão”

 Rei Leônidas - Rei de Esparta

O livro traz episódios do Portões de Fogo, também faz menção as guerras travadas por Alexandre “O Grande” e as lutas pelos romanos representado por Júlio Cesar, procura trazer o código de sobrevivência como ser humano em tempos de guerra e em tempos de paz, cita o sacrifício de seres humanos focados na honra, as mulheres tem uma das maiores doações de amor que é o desapego da vida física de seus filhos em nome da honra, preferiam ver seus filhos retornando com seu escudo ou sobre ele e isto lhes exigia muita coragem. Uma citação do livro relata a razão da escolha de Leônidas por seus 300 soldados que o acompanharam para lutar em Termópilas, ele fez a escolha mais por razão da grandiosidade de suas mães e esposas, elas é que ficariam em sua cidade dando exemplo de amor e força para aquela sociedade, sempre prensando na sobrevivência do grupo.

O autor faz uma distinção de guerras com honra e sem honra, fala da versão sombria sem honra, posicionando-nos atualmente as chamadas guerras de tribos, gangues de drogas, terroristas, violências, vulgaridades, alimentados pelo ódio, interesses, ideologias, selvageria e aos diversos tipos de intolerâncias, hostis aos outros, vingativos e resistentes as mudanças eternamente dogmatizados em seus pontos de vistas, sejam políticos, religiosos, demonizando os inimigos, perdendo toda humanidade e qualquer tipo de honra e dignidade, vulgarizando a ética do guerreiro, vivem numa mentalidade tribal.

Em sua citação a Alexandre “O Grande”, ao invadir a Índia ele tinha em seu exército a maioria de soldados não mais de macedônios, mas dos antes inimigos agora amigos compondo seu exército, ele reconhecia nos inimigos sua honra e dignidade, convertia o inimigo em amigo, pois não via o inimigo como monstro, considerava o inimigo como potencial amigo no futuro.

O livro é rico em citações valorosas que nos faz refletir sobre a forma de ver a história, nos permite fazer uma avaliação do pensamento tribal vivido dentro de nossa sociedade, da falta de dignidade quando vemos a intolerância entre seres que se dizem ser humanos.

Vivemos diariamente a guerra em nosso íntimo, em um capitulo nos traz Bhagavad Gita o mais famoso épico guerreiro da Índia a nos ensinar como ver a verdade no código de ética do guerreiro, elevando o Ethos do guerreiro ao patamar superior e mais nobre: ao plano da vida interior do indivíduo, a luta para se alinhar com sua própria e mais elevada natureza.

 

Fonte:

Pressfield, Steven. O Espírito do Guerreiro, tradução de Mirna Pinsky. São Paulo: Contexto, 2020