Pesquisar este blog

domingo, 30 de outubro de 2022

Breve Resenha/Resumo do livro O Vermelho e o Negro de Stendhal

 


Resumo

O belo e ambicioso Julien Sorel está determinado a superar sua origem provinciana assim que percebe que o sucesso só pode ser alcançado se adotar o sutil código da hipocrisia, pelo qual a sociedade é regida. A carreira triunfante de Julien o leva ao coração da glamorosa sociedade parisiense, mas ele acaba traído pelas próprias paixões. O vermelho e o negro é um retrato vivo e satírico da sociedade francesa depois da Batalha de Waterloo, crivado de corrupção, ganância e tédio, com um dos personagens mais intrigantes da literatura europeia.

Sobre o autor: Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal foi um escritor francês. Seus romances de formação O Vermelho e o Negro, A Cartuxa de Parma e Lucien Leuwen fizeram dele, ao lado de Flaubert, Victor Hugo, Balzac e Zola, um dos grandes romancistas franceses do século XIX. Wikipédia

É um livro maravilhoso escrito por Stendhal que era um liberal, a edição que li é a 1ª edição da Penguin Classics, o livro foi publicado em 1830, trata-se de um romance histórico e psicológico que se passa na França num período de restauração, no ano da chamada revolução dos liberais.

Trata-se de um romance de ação, uma narração em ordem cronológica de acontecimentos interligados como causas e seus efeitos, movidos pela ambição de nosso protagonista, nem tudo saindo a seu contento devido a reação da lei social da hierarquia de classes, sendo esta ultima a ambição de Julien em alcançar nível superior ao da sua casta de trabalhador. 

É um romance que trata das lutas de classes no período pós 1815, antes da revolução de 1830, pelo menos penso que seja o primeiro romance deste tipo, nosso personagem principal Julien Sorel, é um rapaz bonito, franzino, delicado, filho de um carpinteiro bruto, a figura do filho destoava daquele mundo que viviam, não era pobre nem rico, tinham uma certa condição financeira melhorada, ele se destaca do pai e dos irmãos por seu interesse pelos estudos e pela leitura, por esta característica o padre local vê em Julien um jovem promissor, o padre lhe ensina latim, história da religião dentre outros conhecimentos, a oferta do padre para lhe ensinar é uma forma de escapismo daquela situação que vivia, dentro de Julien havia uma ambição por conhecimento e reconhecimento pelas classes sócias mais elevadas.

Atualmente, assim como no século XIX, a luta de classes ainda é uma luta presente, a medida que o tempo passou e passa vai transformando as pessoas e o espirito, a luta de classes é anterior a Marx, o romance retrata justamente este fato que é anterior ao pensamento do filosofo e pensador, a luta de classe foi criada pelos liberais franceses do século XIX. Atualmente percebemos que a luta de classes é bem conceituada como uma dilatação dos conflitos de classes, por aquilo que Nicos Polantzas sintetizou como uma dinâmica de alianças entre vários grupos sociais que, de um lado, dominam e dirigem a vida econômica e social, de outro, aqueles que são subordinados e dirigidos, no entanto Marx sabiamente conseguiu dar vida ao pensamento das necessárias mudanças sociais, a relevância do pensamento de Marx são extremamente importantes para a leitura de infinitos temas que ainda hoje estão presentes na política e economia mundiais.

O livro também é uma visualização do pensamento de Julien, o pensamento dele é de muita ironia, esta ironia é fruto deste sentimento de baixa estima e carência, muito disto transparece quando ao receber algum gesto de acolhimento, sente-se valorizado sensibilizando-se esquecendo seu orgulho chegando a se ajoelhar e ira as lagrimas, Julien é um personagem surpreendente.

A crítica do social está muito presente, Stendhal não perdoa ninguém, fala abertamente, ele critica, burguesia, classe média, trabalhadores braçais, clero, os ricos e endinheirados, ninguém escapa.

Deixa evidente nos diálogos dos personagens, o medo que a nobreza tem de uma nova revolução, porque o sentimento geral governo não representa a fachada que não mais ilude as expectativas da revolução.

A estória flui e os acontecimentos vão moldando as reações e o pensamento dos personagens frente a cada nova situação, as complexidades psicológicas dos personagens trazem uma vestimenta própria como reações individuais com vistas as normas e regras culturais.

Como dito anteriormente nosso personagem principal não tem ambições de riqueza, mas de conquistar a moldes militares, conquistar e dominar, usando suas artimanhas para externalizar através de sua força interior, manipular para obter acolhimento e reconhecimento de classe social que percebe ser superior a sua, há decepção no convívio nesta dita superior classe social, o que encontra na nobreza são conversas vazias que o decepcionam, sua mente mais acurada superava e surpreendia as pessoas por terem pensamentos limitados.

Julien consegue ser admirado por sua inteligência, conhecimento e sua bela aparência, conquista uma belas mulheres, inteligentes, idealistas e ricas, através destas conquistas ele obtém títulos, o que atrapalha sua trajetória é um envolvimento teve com uma mulher casada, seu final é trágico, ele é preso ao tentar matar esta mulher que ele amou e foi amado, muito da estória rola dentro das paredes da prisão, o romance continua mesmo preso, encontra resignadamente sua sentença de morte, acabando por perder a cabeça literalmente.

Julien não tem um final feliz, ou uma morte heroica, sequer consegue conquistar seu objetivo, no entanto ele ao final dá-se conta que o importante em viver é o amor, a vida ideal, isto não fazia parte de seu projeto original mesmo tendo ao seu alcance, esta verdade é simples, porem para chegar até ela a vida se torna complexa devido as escolhas, ações e reações do processo de amadurecimento.

O final é ainda mais trágico quando Matilde recolhe a cabeça de Julien e a enterra numa gruta onde Julien gostava de meditar, a gruta é ornamentada e é transformada num lugar de visitação.

O livro é longo, são 649 páginas, passou a ser um de meus favoritos, os personagens são interessantes por sua complexidade e movimentos que fazem diante dos acontecimentos, muitas vezes surpreendentes, foi muito bem escrito valendo a pena ler mais de uma vez.

 

Fontes:

Stendhal, 1783-1842 O Vermelho e o negro: crônica de 1830/Stendhal; tradução de Raquel de Almeida Prado; posfácio de Leyla Perrone – Moisés e Henrich Mann – 1ª ed. – São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2018

 

https://www.unicamp.br/cemarx/anais_v_coloquio_arquivos/arquivos/comunicacoes/gt7/sessao1/Angela_Lazagna.pdf

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Charmosa escadaria da 24 de Maio


Foram muitas as vezes que visitei a charmosa escadaria que liga as ruas Duque de Caxias e a Desembargador André da Rocha, foram muitas as vezes que subi e desci aqueles degraus da 24 de Maio, tudo por puro prazer, a cada ida e vinda não canso de observar os detalhes da escadaria e das antigas residências que ali estão a décadas, testemunhas da história dos visitantes, transeuntes e moradores.

As escadarias nem sempre tiveram aquele charme artístico com seus 3 mil azulejos coloridos repletos de poesia, sequer se pensaria tornarem-se ponto turístico, nem o nome era 24 de Maio:

“A Rua 24 de Maio, que na origem se chamava Beco da Fonte, no fim do Centro de Porto Alegre, divisa com a Cidade Baixa para quem desce "por aqui", começa na rua Formosa, que os políticos larápios, bandidos e ignorantes (redundância, né?, bastaria dizer políticos), mudaram o nome para rua Duque de Caxias (sobrinho da Rua da Olaria, que virou outro Lima e Silva), inicia com um lançante de famosas escadarias. Mal afamadas desde antanho, muito ruim a descida, um tropeço e adiós, e pelos muitos crimes ali cometidos, na escuridão, com os desavisados que a descessem tarde da noite..Ao acabar a descida das escadarias, o vivente cai no Beco do Oitavo, que os políticos (idem...), rebatizaram como Rua André da Rocha.”

A escadaria sofreu grande transformação, há mais de 10 anos saiu daquela condição de simples acesso e lugar perigoso aos desprevenidos até se transformar neste local tão admirado, coisa que nos atina a pensar ser possível mudar as coisas que desagradam para coisas com uma alma e espirito de superação graças a boa vontade. 


 

A transformação para esta charmosa atração se deu pelo trabalho realizado em dezembro de 2011, pela artista plástica Clarissa Motta Nunes e sete pedreiros, colaram 3,3 mil azulejos coloridos nos degraus que ligam a Rua Duque de Caxias a André da Rocha, no centro de Porto Alegre. Era para ser uma intervenção temporária, mas a autora com seu olhar acurado e sensível percebeu ali um encanto, decidindo não deixar arrancar, após os três meses do circuito de arte urbana Artemosfera. 

O primeiro reconhecimento foi validade pelos moradores, pois junto com moradores, ficaram apaixonados pelo resultado, Clarissa se comprometeu a manter a obra. E foi assim que a Escadaria 24 de Maio virou um ponto turístico da Capital — e um xodó dos porto-alegrenses.  

Ainda bem, ganhamos todos por sua bela sacada!

Graças a pessoas como a Clarissa a cidade vai se humanizando, saindo da frieza do concreto cinza para a leveza e o colorido que muda os humores de todos que tem contato com o ambiente transformado:

“O que ela sempre quis foi levar um pouco de leveza e poesia a quem diminuísse o passo para ler as mensagens gravadas nos azulejos.”

“Além de desenhos que ela fez no seu ateliê, as peças têm trechos de poemas ou músicas, de Chico Buarque (“Eu semeio o vento na minha cidade, Vou pra rua e bebo a tempestade”) a Fernando Pessoa (“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”).” 

Fica aqui um recado para prefeitura, lembrem que a comunidade está atenta aos descasos na manutenção de ambientes como estes, a comunidade sozinha não consegue dar conta da manutenção, além disto a segurança é outro ponto que precisa estar na pauta, se faltam recursos públicos que busquem parceria com empresas, não irão faltar interessados em ter sua marca associada a esta “artemosfera”. 

 

Criatividade e iniciativa a formula do sucesso, Clarissa é um exemplo de que as coisas podem ser transformadas para melhor.

 

Fontes

http://aindaespantado.blogspot.com/2012/01/escadaria-da-24-de-maio.html?m=1

Visitado em 20/10/2022

https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2021/12/a-historia-por-tras-da-escadaria-com-3-mil-azulejos-coloridos-que-virou-ponto-turistico-de-porto-alegre-ckx9h08b900d70188sx3c0dpd.html

Visitado em 20/10/2022