Foram muitas as vezes que visitei a charmosa escadaria que liga as ruas Duque de Caxias e a Desembargador André da Rocha, foram muitas as vezes que subi e desci aqueles degraus da 24 de Maio, tudo por puro prazer, a cada ida e vinda não canso de observar os detalhes da escadaria e das antigas residências que ali estão a décadas, testemunhas da história dos visitantes, transeuntes e moradores.
As escadarias nem sempre tiveram aquele charme artístico com seus 3 mil azulejos coloridos repletos de poesia, sequer se pensaria tornarem-se ponto turístico, nem o nome era 24 de Maio:
“A Rua 24 de Maio, que na origem se chamava Beco da Fonte, no fim do Centro de Porto Alegre, divisa com a Cidade Baixa para quem desce "por aqui", começa na rua Formosa, que os políticos larápios, bandidos e ignorantes (redundância, né?, bastaria dizer políticos), mudaram o nome para rua Duque de Caxias (sobrinho da Rua da Olaria, que virou outro Lima e Silva), inicia com um lançante de famosas escadarias. Mal afamadas desde antanho, muito ruim a descida, um tropeço e adiós, e pelos muitos crimes ali cometidos, na escuridão, com os desavisados que a descessem tarde da noite..Ao acabar a descida das escadarias, o vivente cai no Beco do Oitavo, que os políticos (idem...), rebatizaram como Rua André da Rocha.”
A escadaria sofreu grande transformação, há mais de 10 anos saiu daquela condição de simples acesso e lugar perigoso aos desprevenidos até se transformar neste local tão admirado, coisa que nos atina a pensar ser possível mudar as coisas que desagradam para coisas com uma alma e espirito de superação graças a boa vontade.
A transformação para esta charmosa atração se deu pelo trabalho realizado em dezembro de 2011, pela artista plástica Clarissa Motta Nunes e sete pedreiros, colaram 3,3 mil azulejos coloridos nos degraus que ligam a Rua Duque de Caxias a André da Rocha, no centro de Porto Alegre. Era para ser uma intervenção temporária, mas a autora com seu olhar acurado e sensível percebeu ali um encanto, decidindo não deixar arrancar, após os três meses do circuito de arte urbana Artemosfera.
O primeiro reconhecimento foi validade pelos moradores, pois junto com moradores, ficaram apaixonados pelo resultado, Clarissa se comprometeu a manter a obra. E foi assim que a Escadaria 24 de Maio virou um ponto turístico da Capital — e um xodó dos porto-alegrenses.
Ainda bem, ganhamos todos por sua bela sacada!
Graças a pessoas como a Clarissa a cidade vai se humanizando, saindo da frieza do concreto cinza para a leveza e o colorido que muda os humores de todos que tem contato com o ambiente transformado:
“O que ela sempre quis foi levar um pouco de leveza e poesia a quem diminuísse o passo para ler as mensagens gravadas nos azulejos.”
“Além de desenhos que ela fez no seu ateliê, as peças têm trechos de poemas ou músicas, de Chico Buarque (“Eu semeio o vento na minha cidade, Vou pra rua e bebo a tempestade”) a Fernando Pessoa (“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido”).”
Fica aqui um recado para prefeitura, lembrem que a comunidade está atenta aos descasos na manutenção de ambientes como estes, a comunidade sozinha não consegue dar conta da manutenção, além disto a segurança é outro ponto que precisa estar na pauta, se faltam recursos públicos que busquem parceria com empresas, não irão faltar interessados em ter sua marca associada a esta “artemosfera”.
Criatividade e iniciativa a formula do sucesso, Clarissa é um exemplo de que as coisas podem ser transformadas para melhor.
Fontes
http://aindaespantado.blogspot.com/2012/01/escadaria-da-24-de-maio.html?m=1
Visitado em 20/10/2022
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