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sábado, 17 de dezembro de 2022

Resenha do livro “Ilusões Perdidas” de Honoré de Balzac

 


Por volta de 1830, aos trinta e poucos anos de idade, Honoré de Balzac elegeu seu projeto de vida: escrever uma série de romances, novelas e contos que retratasse a sociedade de sua época em todos os seus aspectos, um retrato abrangente da vida francesa que, segundo o autor, realizaria pela pena o que “Napoleão não conseguiu concluir pela espada”. E, caso esse ambicioso panorama tenha um centro, este necessariamente deve ser Ilusões perdidas, o mais extenso dos romances escritos por Balzac. Publicado em três partes entre 1837 e 1843, Ilusões perdidas explora com maestria três aspectos fundamentais para compreender a sociedade francesa do século XIX: os jogos de poder e intriga das classes aristocráticas, o contraste entre a vida na capital e na província e o lado sujo - cínico e politiqueiro - da atividade jornalística. Tudo isso através da história do poeta Lucien de Rubempré, que sai da pequena cidade de Angoulême para buscar fortuna e consagração literária em Paris apenas para ver, um a um, seus sonhos caírem por terra.

 

É uma obra clássica extremamente detalhada, sua riqueza em detalhes aos olhos de alguns leitores torna-se monótona, principalmente por alongar demasiadamente a leitura, o inicio do livro é até monótono por ser arrastado, porem nem por isto deixa de ser interessante e belo, à medida que a leitura flui para os demais capítulos vai se tornando cada vez mais interessante, a riqueza dos personagens e a descrição das pessoas são a tradução de uma alma atenta as diferenças e semelhanças físicas e sociais, trata-se de uma grande obra do gênero e de grande sucesso, está dividida em três partes que são: Os Dois Poetas, Um Grande Homem de província em Paris e Os Sofrimentos do Inventor.

 

Este tipo de literatura demonstra a capacidade do autor em descrever detalhes devido à presença de espírito nos momentos que compõem a realidade, o olhar acurado do autor consegue traduzir detalhes em que o olhar do poeta e escritor desnuda completamente uma cena que aos olhos dos simples mortais não enxergariam a beleza de cada flash de um olhar, a vida é assim, bela até num simples suspiro, um toque, um odor que remete a memórias além do tempo, colocando-nos a prova sem que saibamos que estamos sendo devorados por nossas emoções.

 

É também uma obra muito atual, a educação é o lastro que fará muita diferença nos destinos, escolhas e consequências, estamos cada vez mais mimando nossos filhos ao ponto de criar em seu entorno redomas ilusórias onde o mundo se encarregará de quebrar, o mundo ensinará que os filhos criados como reizinhos terão de trilhar caminhos de um plebeu na luta pela sobrevivência neste mundo cada vez mais competitivo e meritocrático.

 

A ética é outro dilema que apimentará a vida colocando em prova a autonomia moral de cada indivíduo, seja qual for a profissão são muitos os momentos para exercitar seus conceitos éticos, se por acaso escolher o mundo jornalístico, então será colocado numa fogueira que é alimentada a todo momento por informações, interesses, vaidades, na falta de bases solidas a ética demonstrará a irresponsabilidade em que criamos os reizinhos, a sociedade depende de cada personagem atuando em seus papeis, as decisões certas ou erradas trarão consequências para todos.

 

Fonte:

Balzac, Honoré de, 1799-1850. Ilusões perdidas; tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São

Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2011

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