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sexta-feira, 10 de maio de 2019

TROCANDO PALAVRAS – RECIPROCANDO II Ética Demonstrada a Maneira dos Geometras


Baruch de Espinoza (nascido Benedito Espinoza; 24 de novembro de 1632, Amsterdã — 21 de fevereiro de 1677, Haia) foi um dos grandes racionalistas e filósofos do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna, ao lado de René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, no seio de uma família judaica portuguesa, e é considerado o fundador da crítica bíblica moderna. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Baruch de Espinoza

Ele:  “Antecipou a secularização” – “Antecipou o estado liberal democrático”; “A ascenção das ciências naturais”, com tudo isto estava preparando terreno para o Iluminismo.

Spinoza pertencia a comunidade judaica de Amsterdã, foi excomungado por heresia, foi humilhado e perseguido por suas ideias, abandonado por seus familiares, inclusive sofreu uma tentativa de assassinato, tudo porque criticava a religião oficial. 



Ele achava que os dogmas rígidos e os rituais vazios, eram as únicas coisas que mantinham o cristianismo e o judaísmo vivos. Foi o primeiro a aplicar o que chamamos de interpretação “histórico crítica” da Bíblia, contestava o fato de que cada palavra da Bíblia fosse inspirada por Deus, que quando lemos a Bíblia temos de ter em mente a época em que ela foi escrita. Esta leitura “critica” nos permite reconhecer uma série de contradições entre os diferentes livros e evangelhos, Spinoza levantou algumas questões tais como:

a.   Relato bíblico de Adão e Eva era uma fabula, pois se Adão é o primeiro homem, com quem seu filho Caim teria se casado?
b.   Aquele que ama a Deus corretamente não deve desejar que Deus retribua a esse amor.
c.    Falsas ideias propiciam um consolo frágil e falso.
d.   A raiz do problema está num erro fundamental e maciço: o erro de partir do pressuposto que Deus é um ser vivente, pensante; um ser a mesma imagem e semelhança um ser que pensa como nós, um ser que pensa sobre nós. “Os gregos da antiguidade se deram conta deste erro. Dois mil anos atrás um sábio chamado Xenófanes escreveu que, se os bois, os leões, e os cavalos tivessem mãos para esculpir imagens, representariam Deus de acordo com suas próprias formas e lhes dariam corpos semelhantes aos seus”. Se os triângulos pudessem pensar, criariam um Deus com a aparência e os atributos de um triangulo, ou os círculos criariam...”
 

Sob a superfície do texto do Novo Testamento encontramos Jesus, que poderíamos chamar de porta-voz de Deus, Jesus em seus ensinamentos já significavam uma libertação da rigidez do judaísmo, pois Jesus anunciou uma “religião da razão”, para qual o amor era o principio maior, nesse sentido Spinoza estava pensando tanto no amor a Deus quanto no amor aos nossos semelhantes. Só que o cristianismo também acabou se enrijecendo, e rapidamente, em dogmas empedernidos e em rituais vazios.

Deus para Spinoza: Um Deus equivalente a natureza que inclui toda a substancia – Significa que tudo que acontece, sem exceção, segue as imperturbáveis leis da natureza.

Deus é todo poderoso, um ser perfeito e completo não tem qualquer necessidade, nem insuficiências, nem vontades, nem desejos. Portanto Deus não tem qualquer desejo quanto a como, ou até mesmo se, nós O glorificamos. Amar a Deus não exige rituais.

Spinoza era panteísta, pensava que tudo que existe é a natureza, via Deus em tudo que existe e tudo que existe em Deus. Deus não seria alguém que criou o mundo um dia e desde então uma entidade a parte de sua criação. Não. Deus é o mundo, o mundo é em Deus, aqui ele faz referência ao discurso do apóstolo Paulo no Areópago: “porque nele vivemos, nos movemos e existimos”.

Sua obra mais importante se chama A ética fundamentada pelo método geométrico, observando que para os filósofos entendem a ética por doutrina de como devemos viver para vivermos uma boa vida, diferente do entendimento atual em que a ética foi reduzida. Spinoza está se referindo tanto a arte de viver quanto á moral. Quando ele fala em método geométrico, está se referindo á linguagem ou a forma de representação, ou seja, ele está dentro de uma visão racionalista. Em sua ética Spinoza pretendeu mostrar que a vida do homem é governada pelas leis da natureza. Para ele, o homem precisa se libertar de seus sentimentos e sensações, para só então, poder encontrar a paz e ser feliz.

Quando Spinoza iguala Deus a natureza, ou Deus a Sua criação, é que ele se afasta consideravelmente das concepções judaicas e cristãs, pois neste caso a natureza é Deus. Quando se refere a natureza, ele não esta se referindo apenas na natureza material, física, pois por substancia, Deus ou natureza, ele entende tudo que existe, inclusive o que compõe de espirito, Deus, ou a natureza, manifesta-se, portanto, ou como pensamento, ou como alguma coisa que ocupa lugar no espaço. Deus governa o mundo através das leis da natureza.

Só um único ser é “causa completa e absoluta de si mesmo” e pode agir com liberdade plena. Somente Deus ou a natureza é expressão deste processo livre e “não casual”. Um homem pode aspirar á liberdade de viver sem pressões exteriores, mas ele nunca chegara a ter “livre-arbitrio”. Nós não determinamos tudo o que acontece como nosso próprio corpo, pois nosso corpo é um modus do atributo extensão. Tampouco “escolhemos” nossos pensamentos. Assim, o homem não possui uma mente livre, aprisionada num corpo mecânico.
Dentre seus pensamentos encontramos:

- Os pensamentos e os sentimentos são causados por experiências anteriores, que paixões podem ser estudadas de forma desapaixonada, que o entendimento leva a transcendência.

- Duelo entre razão e emoção, a primeira geralmente sai perdendo.

- Todos estão sempre em movimento, correndo de lá para cá, o dia inteiro, a vida inteira. E com que finalidade? Riqueza, fama? Satisfação de seus desejos? De seus apetites? Sem dúvida alguma, tais objetivos são geradores. Sempre que um deles é atingido, ele simplesmente gera necessidades adicionais. Portanto quanto mais se corre atrás mais se busca, ad infinitum. Deve ser porquê o verdadeiro caminho para a felicidade imperecível está em outro lugar qualquer.

- Sei que não está nos objetos perecíveis. Não está fora, mas dentro. Está na mente o que determina o que é assustador, o que não vale nada, o que é desejável ou valiosíssimo e, portanto, é na mente, e apenas nela, que isto pode ser modificado.


Spinoza achava que as paixões humanas, a ambição e o prazer, por exemplo, nos impedem de chegar a felicidade e á harmonia verdadeiras, mas quando reconhecemos que tudo acontece porque tem de acontecer, podemos chegar, então, a uma compreensão intuitiva da natureza como um todo. 

Podemos ser levados a experimentar, de forma pura e cristalina, o fato de que tudo esta relacionado; o fato de que tudo é um. Nosso objetivo é abarcar, num único golpe de vista, tudo que existe. Spinoza chamava isto de ver as coisas sub specie aeternitatis, significa ver as coisas sob a perspectiva da eternidade.



Citações celebres de Spinoza:

„O ódio é a tristeza acompanhada da ideia de uma causa exterior.“
— Spinoza De ódio, De tristeza

„Os homens são mais conduzidos pelo desejo cego do que pela razão.“
— Spinoza De homens

„Cada um tem tantos direitos, segundo o poder que tem“
— Spinoza

„Fiz um esforço incessante para não ridicularizar, não lamentar, não desprezar as ações humanas, mas para compreendê-las“
— Spinoza

„Se os homens tivessem no silêncio a mesma capacidade que têm no falar o mundo seria muito mais feliz.“ — Spinoza De homens, De mundo

„Só há um amor eterno: o amor intelectual.“
— Spinoza De amor

„Os homens enganam-se quando se acreditam livres; essa opinião consiste apenas em que eles estão conscientes das suas acções e ignorantes relativamente às causas pelas quais são determinadas.“
— Spinoza De homens, De livros

„Não é pelas armas, mas pelo amor e pela generosidade que se vencem as almas.“
— Spinoza De amor

„Não chore, não ria, mas compreenda.“
— Spinoza

„As coisas nos parecem absurdas ou más porque delas temos um conhecimento parcial, e somos completamente ignorantes quanto à ordem e à coerência da natureza como um todo.“
— Spinoza

„Quanto a mim, chamo de livre uma coisa que é e age apenas pela necessidade da sua natureza; de coagida, a que é determinada por uma outra a existir e a agir de uma determinada maneira.“
— Spinoza De livros

„Deixo cada um viver segundo a sua compleição, e aceito que os que assim o queiram morram pelo que acreditam ser o seu bem, contanto que me seja permitido, a mim, viver pela verdade.“
— Spinoza De verdade

„Paz não é a ausência de guerra; é uma virtude, um estado mental, uma disposição para a benevolência, confiança e justiça.“
— Spinoza De guerra, De paz, De justiça

„É aos escravos, e não aos homens livres, que se dá um prémio para os recompensar por se terem comportado bem.“
— Spinoza De homens, De livros

„É livre a pessoa se pode avançar abertamente sem ter de utilizar artimanhas.“
— Spinoza De pessoas, De livros

„O povo apenas transfere livremente para o rei o poder que não domina totalmente: nomeadamente o de arbitragem e de decisão rápida.“
— Spinoza De livros

Referências:

Gaardner, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia – tradução João Azenha Jr. - São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Spinoza, Benedictus de, 1632-1677. Pensamentos metafísicos; Tratado da correção do intelecto; Ética; Tratado politico; Correspondencia/Baruch de Espinosa; seleção de textos de Marilena de Souza Chaui; traduções de Marilena de Souza Chaui...(et al.) – 3. Ed. – São Paulo; abril Cultural, 1983. (Os pensadores)

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