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sábado, 7 de janeiro de 2012

Temos entre nós Homens Girassóis e Este foi chamado de Roberto



Vou iniciar minha fala, com uma história para reflexão, de maneira muito parecida com um momento a meses atrás quando em momento de tristeza pela despedida de um amigo, parei para refletir.
Este momento também é de tristeza, pois me despedi de mais um amigo, que dada sua idade avançada, nosso Deus Pai o chamou para trabalhar mais perto dele:
Havia um cego, sentado junto a uma estação de metrô, com um boné a seus pés e um pedaço de cartão, onde dizia :" Por favor, ajude-me, sou cego".
Mas passa um homem que ao ver aquilo, parou e colocou umas moedas no boné. E sem pedir licença ao cego, pegou no cartão virou-o, escreveu uma pequena frase e foi-se embora.
Pela tarde, o mesmo homem passa junto ao cego, e vê que o boné está cheio de dinheiro. O cego ao reconhecer suas pisadas, perguntou o que ele tinha escrito. O homem respondeu: "Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas por outras palavras". O homem sorriu e foi-se embora.
O cego não soube o que dizia no cartão, mas a frase era a seguinte: "Hoje é Primavera e está um lindo dia, mas eu não posso ver".
   Moral história,
Por vezes é preciso mudar de estratégia.
Precisamos sempre escolher a forma mais certa para comunicar com as pessoas.
É uma história instigante, porque nos faz, dar uma brecada, como esta muitas outras histórias, quando as conseguimos ouvir é porque estamos com o espírito mais apaziguado, longe das atribulações do cotidiano alienante.
Especialmente, nesta época do ano, tenho a impressão que os girassóis estão mais lindos, mais do que no resto do ano, é verão e os girassóis ficam mais belos, suas cores vibram.
Penso que seja o calor do verão, o brilho do sol que parece estar mais próximo, quando o sol é mais intenso, afastando o encolhimento do frio e do inverno. É a proximidade do sol que esta carregado de esperança, este período de proximidade é o mais belo, a primavera tem seus encantos, mas no verão há plenitude. Neste período vivemos com maior intensidade, por ser alimentado pelas expectativas do novo ano que inicia.
Gosto particularmente do Girassol, planta que recebe esse nome porque sua flor acompanha a trajetória do sol, do nascente ao poente, é uma planta anual que normalmente germina, floresce e morre no período de um ano. Estas plantas podem ainda viver mais de um ano, se não encontrarem as condições apropriadas para se reproduzirem. E, principalmente porque são gigantes belíssimos.
A flor pode ser considerada a planta-símbolo do Novo Milênio. O girassol é um símbolo da páscoa, apesar de poucas pessoas saberem. Girassol é um dos símbolos pascais menos conhecidos em algumas regiões. É, porém, muito rico em conteúdo: assim como para sobreviver a planta precisa ter sua corola voltada para o sol, do nascente ao poente, segundo os cristãos, os seres humanos devem estar voltados para o Sol-Cristo garantindo a luz e a felicidade.
O girassol, representa o homem em busca da luz que ilumine sua consciência, há quem procure as sombras fugindo da luz intensa das verdades, quem procura as sombras é um girassol cego, mas ainda é um girassol, e pode aprender a enxergar as verdades.
Temos entre nós homens girassóis que enxergam a luz do sol da sabedoria, e com sua consciência iluminada, nos dão o privilégio de conviver e aprender com eles. São homens visionários, filósofos na sua praticidade, teólogos praticantes iluminados por sua fé, trabalham com a razão e coração.
Digo Isto, porque quando nos é tirado do convívio, homens girassóis, ficamos como que perturbados, e quando se trata de um amigo, a sensação é mais intensa, a perda é irreparável.
Dia 03/01/2012, estive presente na solenidade de despedida, de um homem girassol, destes que convivem com a gente, e só nos damos conta de sua magnitude quando os perdemos.
Falo de um gigante por sua habilidade no convívio humano, sua impressionante tranqüilidade, aos 82 anos residia apenas ele e seus dois cães, independente, autônomo, seguro de suas decisões, de firme propósito, fez o que decidiu para si e para os outros, viveu pensando em não ocupar os outros, mas querendo se ocupar dos outros, sempre interessado como os filhos estavam e disponível para o trabalho ao lado dos mesmos.
Homem da cidade, mas com hábitos de homem do campo, cultivava para a família, os frutos da terra que colhia eram compartilhados com o prazer e satisfação de quem com suor extraiu da terra a recompensa. Com serenidade deu seu ultimo suspiro no dia 02/01/2012.
Este Homem Girassol, também nos ensinou a ver a vida de outra maneira, nos ensinou “uma” outra forma de comunicação que é a satisfação da presença, mesmo sem falas, apenas e por si só a satisfação da presença, e foi assim.
Caro Roberto Tassinari Sobrinho, “Homem Girassol”, obrigado por aqui existir, obrigado por seu belo exemplo, sentiremos sua falta. Agora que esta entre nossos irmãos na luz divina, e foi ao encontro de nosso Mestre Jesus, peça a Ele, que os girassóis que aqui ficaram tenham olhos e enxerguem e entendam as mensagens do Mestre.
A este amigo que foi o encontro da luz, tenho na lembrança um poema do poeta Fernando Pessoa, um poema que me fará lembrar sempre deste amigo que se despediu, deste amigo que via nos detalhes da vida um pasmo, um espanto essencial nesta arte de viver.
O poeta Fernando Pessoa chama esse espanto de pasmo essencial em seu poema O meu olhar:
O meu olhar é nítido como um girassol
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem
Sei ter o pasmo essencial
Que tem um a criança se, ao nascer,
Reparasse que nascesse deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo..[
Fernando Pessoa, Ficções do Interlúdio. p. 15.

Minha despedida é por hora, por ainda não possuir a visão do girassol que possa transcender este véu que nos separa, mas que acredito, em minha fé, que mais adiante nos encontraremos nesta caminhada ao encontro da luz divina.

“Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; para que sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).



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