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sábado, 26 de setembro de 2015

Raciocinio Dialético





O raciocínio dialético é um exercício que nossa mente faz com sequencia de perguntas, respostas, refutações, relacionando, organizando, comparando e criando sistemas mentais, resultando em reflexões, o grau de conhecimento, experiências e maturidade biológica e psicológica proporcionarão ao indivíduo uma leitura especifica a sua realidade, provavelmente os indivíduos que estão cursando o ensino médio poderão ter algum grau de conhecimento onde tenham estabelecidos alguns conceitos fundamentais, tais conceitos lhe permitirão compreender o contexto histórico e sociológico dos fenômenos sociais contemporâneos, a amplitude e alcance dos conceitos deverão ser despertados num jogo de raciocínio a partir do incentivo e ensinamento de técnicas que lhe serão apresentados pelo professor de sociologia.
A transmissão e entendimento dos conceitos previamente definidos apresentados pelos professores de sociologia, proporcionarão aos alunos a construção de possibilidades abstratas, porem com coerência e significado com a realidade exemplificado através de experiências empírico-concretas e, ninguém melhor que a sociologia para transmitir e fazer entender quais são os conceitos.
Os conceitos quando então entendidos pelos alunos lhes terão significado apropriado, introduzindo-os a um mundo próprio de sinais, linguagem e códigos, a interação entre os elementos proporciona uma idéia e noção de processo, sendo útil para o estabelecimento das relações, provido deste ferramental já é possível posicionar-se com maior segurança diante da riqueza múltipla da realidade, culminando no movimento dialético ensino e aprendizagem, realidade passada, realidade presente e possível realidade futura, um mundo rico de possibilidades de ressignificações.
Comparativamente o aluno deixa de ser o índio incauto, com armas da sociologia observarão o horizonte sabendo que as embarcações portuguesas que se aproximam da margem desde o primeiro contato e seguido da aproximação com o novo lhes proporcionar revolução significativa em suas vidas.
Naturalmente os jovens tem curiosidade pelo que é novo, isto é resultado da educação, se são ensinados a questionar não se submetendo ao mundo das aparências, ensinados a não ficarem amedrontados ou refratários as novidades que são sadias, a motivação é que da força a vontade, como o ser humano é um ser desejante, a motivação transforma o simples desejo em vontade, no entanto esta motivação precisa ter contaminado o aluno, dando-lhe a sensação de sede que poderá ser saciada, pelo menos amenizada pela sensação de adaptação, preparo e domínio das situações que para muitos ainda são incompreendidas julgando-se muitas vezes vitimas quando deveriam estar conscientes que eles também são os autores de seus próprios infortúnios, a escola tem parcela importante no processo de dar conhecimento da complexidade da realidade e prepará-los com autonomia e espírito critico com o mundo e com eles mesmos, valendo a máxima “primeiro entenda a si mesmo e o mundo, nesta ordem”.
Podemos aplicar em sala de aula atividades que poderão desenvolver a capacidade de argumentação, interpretação, julgamento e reavaliação do status a que se chegou ao final da atividade. A atividade inicia com a divisão da turma em grupos, permitindo o revezamento, possibilitando a experimentação das diferentes posições. Democraticamente permitimos aos grupos, que deverão ser em numero de três, escolher que será o “orador”, “secretario” e “Juiz”. Cada um tem uma função especifica, o “orador” tem a função de escolher o tema, de preferência um tema atual, sobre o tema é realizado um comentário; Ao grupo que assumiu o status de secretario, caberá os apontamentos e registros do que esta sendo dito pelo orador e, ao grupo que coube o status de “juiz”, caberá a função de julgar se o que o secretario registrou coerentemente o que foi dito pelo orador, ao juiz cabe registrar sua posição quanto ao que foi escrito.
Esta atividade permitira que todos os membros experimentem os três papeis, que culminará no registro com as opiniões dos três grupos e seus respectivos julgamentos sobre o que foi escrito, sabemos que a opinião de cada um varia conforme a posição que ocupam, as reações poderão ser uniformes ou não, dependerá da disposição de cada um em revelar com sinceridade seu entendimento das responsabilidades e limites que cabe a cada uma das situações.
Os temas poderão ser escolhidos conforme o objetivo que estiver sendo buscado, para questões éticas podemos sugerir que se trabalhe questões como falta de dinheiro no caixa causado por engano ao dar o troco ao um cliente, procurar saber o que cada um faria na posição daquele que recebeu o troco a mais, este assunto é polêmico e por experiência o resultado apontou para quarenta por cento dos participantes disseram que não devolveriam o dinheiro recebido a maior, porem quando na posição do cobrador do caixa acharam ruim terem ao final do mês ao receber o salário ter sido descontado o valor que faltou, em geral a turma polemiza.
Poderão ser sugeridos outros temas como por exemplo: Redução da idade penal, porque dizer sim ou não?; Pena de morte para crimes hediondos; Uso de drogas, liberar uso da maconha, sim ou não, porque?; Matrimônio homossexual;
Independente do tema abordado, ao final o grupo deverá refletir respondendo a questões como quais dificuldades cada um enfrentou ao desempenhar os diferentes papeis? Qual a dificuldade ao realizar o registro daquilo que havia sido dito e transformado em linguagem escrita?; finalizando os grupos deverão se posicionar quanto as dificuldades identificadas na comunicação entre os papeis e o comportamentos nas relações interpessoais? Aqui deverá ficar claro que diante das dificuldades de comunicação são criadas dificuldades e tais dificuldades poderiam tornar o mundo como um todo muito melhor se as pessoas conseguissem se comunicar com maior coerência. Sem perceber, muitos dos problemas comuns que ocorrem nas relações interpessoais acontecem justamente por problemas de comunicação, disto podemos tirar uma reflexão sobre uma premissa básica no processo da comunicação: A comunicação não é o que eu falo; é aquilo que chega.
O ser humano é exímio interpretador de tudo o que ocorre, faz parte de nossa natureza, tanto que avaliamos, ponderamos, julgamos, comparamos com a nossa escala de valores tudo o que percebemos, vemos e ouvimos. Gostamos ou não gostamos, achamos simpático ou antipático, consideramos agradável ou desagradável, interessante ou indiferente. Fazemos isso o tempo todo.
Por essa razão, se desejamos, de fato, nos comunicar com outras pessoas, precisamos, constantemente, exercitar a arte da empatia, que é a capacidade de nos colocarmos no lugar da outra pessoa, entendermos o seu estado de espírito, seu momento psicológico, seu nível cultural, suas crenças, seus apelos emocionais. Além disso, precisamos resolver os nossos problemas de comunicação e, posso afirmar com segurança, que são muitos.
A reflexão da atividade proposta proporcionara uma reflexão acerca do que devemos falar, porem antes de falar devemos ponderar do que será falado, aprenderemos que devemos também aprender a perguntar, questionar, criticar, para só depois disto estabelecer algum conceito.

domingo, 20 de setembro de 2015

A PROFISSÃO DO SOCIÓLOGO





Com base no capítulo “A Profissão de Sociológo: Preliminares epistemológicas” da 3ª edição do livro de Bourdieu, Chamboredon e Passeron, foi realizada leitura não na forma simples e corrida, mas foi realizada leitura reflexiva, na forma de um passo de cada vez, num indo e vindo, dialogando com o texto, como em toda discussão conceitual e interpretativa, me dando o direito de explorar invadindo um novo espaço levando comigo toda uma carga de conhecimentos conquistados, assimilada ao longo de minhas experiências e estudos das outras ciências, olhando inicialmente com olhar de iniciante de quem entra na nova casa, mas não casa tão nova denominada por sociologia.
A leitura leva-nos a refletir acerca das práticas de vigilância focadas nas operações conceptuais e metodológicas voltados a tentar sanar os entraves epistemológicos que acabam criando dificuldades na construção cientifica.
Dentre paradigmas da sociologia como em geral, há contrariedades e diferenças entre as correntes na pluralidade e singularidades e, ainda mais se tratando da Sociologia uma nova ciência abrindo espaço dentro do mundo cientifico, enfrentados novos desafios pertinentes a sociologia contemporânea e como jovem ciência enfrentando os desafios inerentes do que é novo a princípio é rejeitado, principalmente quando há questionamento dos velhos paradigmas, paradigmas que procuram explicar a realidade a seu tempo com o conhecimento valido na sua época.
A realidade estudada e explicada pela visão da sociologia, com seus respectivos instrumentos reconfiguram o conhecimento sociológico a partir de instrumentos que darão validade capazes de conferir credibilidade a jovem ciência, com objetividade reduzindo e superando os obstáculos epistemológicos, isto é construído a partir de reflexão e vigilância sobre as verdades universais e os relativismos.
A conquista do espaço no mundo das ciências e, seu relevo junto a sociedade contemporânea ocorre e ocorreu gradualmente, a conquista deste espaço vai além dela própria, pois é a conquista da própria consciência que se da sua importância e, assim o reconhecimento se torna necessária, assim resultando num maior reconhecimento.
 Um ponto muito importante levantado a partir da reflexão é que as pessoas falam palavras muitas vezes sem o nexo devido, na fala esta carregada de intenção e imagens, porem o sentido epistemológico é outro, a lógica da fala interpretada antes de falada tenta extrair de expressões típicas e muitas vezes até banais, os paradigmas construídos na linguagem comum, e a verdade não é coisa isolada, única e individual, a comunicação se valida através daquilo que é entendido pelo outro a partir daquilo que é dito.
Na linguagem comum e em geral em suas ações as pessoas desconhecem que são motivadas inconscientemente, quando a consciência surge os argumentos aparentemente racionais tentam justificar de maneira lógica decisões tomadas por impulso sem maneira lógica, como por exemplo um empresário pode contratar funcionários levando em conta aspectos irracionais ou até numa relação pessoal podemos ter afinidade ou antipatia gratuita por alguém, sem aparentemente ter qualquer motivo, é o inconsciente funcionando.
Somos alvo constante da mídia, os comerciais de TV manipulam a vontade a partir de objetos de desejo universal ou dirigida a persuasão de um grupo especifico, no entanto o verdadeiro objeto são aqueles desejantes ou não, que inconscientemente despertarão interesse ou alimentará mais ainda a intenção de adquirir, e do poder ter.
Sabemos que somos seres desejantes e sabemos que somos manipulados, mesmo assim a sociedade age inconscientemente, temos as pesquisas que são ferramentas da sociologia analisam resultados como por exemplo: “Num comercial de TV, a venda é realizada ou não nos três ou quatros segundos iniciais, assim como num anuncio impresso, 75% das decisões acontecem na leitura do cabeçalho. Numa demonstração promocional, a venda é feita ou não nos três minutos iniciais”. Estes dados são resultados de estudos feito por John Caples, “Tested advertising methods, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-HALL.Inc.,1974 “, citados no livro  “O Mito do Empreendedor”, (Editora Saraiva, 1986), de Michael E. Gerber. Estes são exemplos de decisões que tomamos diariamente sem termos consciência  disto.
Outro exemplo é nos anos 70, a Pepsi lançou um ataque competitivo contra a Coca-Cola, na famosa campanha dos testes cegos. Foram veiculados pela TV, comerciais em que varias pessoas eram testadas, com vendas nos olhos, para escolherem o melhor refrigerante entre os dois. Apesar de a Coca-Cola ser a preferida do público, nos testes com venda nos olhos as pessoas preferiram, numa proporção de 3 a 2, a Pepsi. Isto é o que se pode chamar de uma decisão inconsciente.
Outro exemplo muito presente no dia a dia são as entrevistas de empregos que muitas vezes o recrutador comete erros por se deixar influenciar excessivamente pela aparência das pessoas e deixar de lado aspectos relevantes de sua competência profissional. Ele defende que as entrevistas de empregos deveriam acontecer inicialmente por telefone ou na leitura de currículos e só na reta final, quando houver apenas dois ou três concorrentes aptos a assumir o cargo, é que deveria haver a entrevista pessoal.
O sociólogo entende que se estamos inclinados a cometer erros irracionalmente, a maneira de agirmos desta forma não é apenas o resultado da determinação do acumulado das teorias passadas, sabendo disto o sociólogo rompe com os paradigmas do discurso epistemológico, que oferecem a todo tempo o risco de incorrer em modelos prontos. Essa atitude é a forma científica de agir e implica na submissão dos procedimentos metodológicos à uma razão epistemológica cética, questionadora e vigilante.
É questionando a pratica que rompemos com o saber imediato, aquele saber inconsciente e banal, rompendo com as relações aparentes e independente das opiniões e intenções do sujeito que o objeto da investigação, cujos pressupostos foram assimilados inconscientemente.
A tarefa da sociologia é desvendar as modalidades de atuação das diferentes formas de dominação escondidas nos diversos mundos sociais, trazendo á tona fatos que estão escondidos sob o manto da ilusão e das aparências. É necessário, ainda, voltar-se contra a teoria tradicional, posto que estas, pretensamente universais, tiram da lógica do senso-comum seu projeto fundamental. Bourdieu propõe uma teoria do conhecimento sociológico capaz de superar as armadilhas do objetivismo, determinismo sociológico, do subjetivismo e voluntarismo individualista.
A sociologia é uma ciência que acaba incomodando, pois rompe com a tradição, tira o véu do senso comum, criticando muitas vezes de forma feroz, colocando problemas e trazendo à baila recalques que são ocultados e escondidos propositadamente, as vezes o sociólogo é acusado de querer destruir o sistema onde ele mesmo está inserido com suas particularidades e interesses.
O texto é uma introdução aos conceitos da sociologia, suas reflexões aproximam o leitor ao mundo critico, elevando a capacidade de melhor enxergar o mundo e os fatos que estão escondidos nas mais simples ações cotidianas, extraindo o sujeito da posição que ocupa como apenas um mero reprodutor de informações.