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domingo, 20 de setembro de 2015

A PROFISSÃO DO SOCIÓLOGO





Com base no capítulo “A Profissão de Sociológo: Preliminares epistemológicas” da 3ª edição do livro de Bourdieu, Chamboredon e Passeron, foi realizada leitura não na forma simples e corrida, mas foi realizada leitura reflexiva, na forma de um passo de cada vez, num indo e vindo, dialogando com o texto, como em toda discussão conceitual e interpretativa, me dando o direito de explorar invadindo um novo espaço levando comigo toda uma carga de conhecimentos conquistados, assimilada ao longo de minhas experiências e estudos das outras ciências, olhando inicialmente com olhar de iniciante de quem entra na nova casa, mas não casa tão nova denominada por sociologia.
A leitura leva-nos a refletir acerca das práticas de vigilância focadas nas operações conceptuais e metodológicas voltados a tentar sanar os entraves epistemológicos que acabam criando dificuldades na construção cientifica.
Dentre paradigmas da sociologia como em geral, há contrariedades e diferenças entre as correntes na pluralidade e singularidades e, ainda mais se tratando da Sociologia uma nova ciência abrindo espaço dentro do mundo cientifico, enfrentados novos desafios pertinentes a sociologia contemporânea e como jovem ciência enfrentando os desafios inerentes do que é novo a princípio é rejeitado, principalmente quando há questionamento dos velhos paradigmas, paradigmas que procuram explicar a realidade a seu tempo com o conhecimento valido na sua época.
A realidade estudada e explicada pela visão da sociologia, com seus respectivos instrumentos reconfiguram o conhecimento sociológico a partir de instrumentos que darão validade capazes de conferir credibilidade a jovem ciência, com objetividade reduzindo e superando os obstáculos epistemológicos, isto é construído a partir de reflexão e vigilância sobre as verdades universais e os relativismos.
A conquista do espaço no mundo das ciências e, seu relevo junto a sociedade contemporânea ocorre e ocorreu gradualmente, a conquista deste espaço vai além dela própria, pois é a conquista da própria consciência que se da sua importância e, assim o reconhecimento se torna necessária, assim resultando num maior reconhecimento.
 Um ponto muito importante levantado a partir da reflexão é que as pessoas falam palavras muitas vezes sem o nexo devido, na fala esta carregada de intenção e imagens, porem o sentido epistemológico é outro, a lógica da fala interpretada antes de falada tenta extrair de expressões típicas e muitas vezes até banais, os paradigmas construídos na linguagem comum, e a verdade não é coisa isolada, única e individual, a comunicação se valida através daquilo que é entendido pelo outro a partir daquilo que é dito.
Na linguagem comum e em geral em suas ações as pessoas desconhecem que são motivadas inconscientemente, quando a consciência surge os argumentos aparentemente racionais tentam justificar de maneira lógica decisões tomadas por impulso sem maneira lógica, como por exemplo um empresário pode contratar funcionários levando em conta aspectos irracionais ou até numa relação pessoal podemos ter afinidade ou antipatia gratuita por alguém, sem aparentemente ter qualquer motivo, é o inconsciente funcionando.
Somos alvo constante da mídia, os comerciais de TV manipulam a vontade a partir de objetos de desejo universal ou dirigida a persuasão de um grupo especifico, no entanto o verdadeiro objeto são aqueles desejantes ou não, que inconscientemente despertarão interesse ou alimentará mais ainda a intenção de adquirir, e do poder ter.
Sabemos que somos seres desejantes e sabemos que somos manipulados, mesmo assim a sociedade age inconscientemente, temos as pesquisas que são ferramentas da sociologia analisam resultados como por exemplo: “Num comercial de TV, a venda é realizada ou não nos três ou quatros segundos iniciais, assim como num anuncio impresso, 75% das decisões acontecem na leitura do cabeçalho. Numa demonstração promocional, a venda é feita ou não nos três minutos iniciais”. Estes dados são resultados de estudos feito por John Caples, “Tested advertising methods, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-HALL.Inc.,1974 “, citados no livro  “O Mito do Empreendedor”, (Editora Saraiva, 1986), de Michael E. Gerber. Estes são exemplos de decisões que tomamos diariamente sem termos consciência  disto.
Outro exemplo é nos anos 70, a Pepsi lançou um ataque competitivo contra a Coca-Cola, na famosa campanha dos testes cegos. Foram veiculados pela TV, comerciais em que varias pessoas eram testadas, com vendas nos olhos, para escolherem o melhor refrigerante entre os dois. Apesar de a Coca-Cola ser a preferida do público, nos testes com venda nos olhos as pessoas preferiram, numa proporção de 3 a 2, a Pepsi. Isto é o que se pode chamar de uma decisão inconsciente.
Outro exemplo muito presente no dia a dia são as entrevistas de empregos que muitas vezes o recrutador comete erros por se deixar influenciar excessivamente pela aparência das pessoas e deixar de lado aspectos relevantes de sua competência profissional. Ele defende que as entrevistas de empregos deveriam acontecer inicialmente por telefone ou na leitura de currículos e só na reta final, quando houver apenas dois ou três concorrentes aptos a assumir o cargo, é que deveria haver a entrevista pessoal.
O sociólogo entende que se estamos inclinados a cometer erros irracionalmente, a maneira de agirmos desta forma não é apenas o resultado da determinação do acumulado das teorias passadas, sabendo disto o sociólogo rompe com os paradigmas do discurso epistemológico, que oferecem a todo tempo o risco de incorrer em modelos prontos. Essa atitude é a forma científica de agir e implica na submissão dos procedimentos metodológicos à uma razão epistemológica cética, questionadora e vigilante.
É questionando a pratica que rompemos com o saber imediato, aquele saber inconsciente e banal, rompendo com as relações aparentes e independente das opiniões e intenções do sujeito que o objeto da investigação, cujos pressupostos foram assimilados inconscientemente.
A tarefa da sociologia é desvendar as modalidades de atuação das diferentes formas de dominação escondidas nos diversos mundos sociais, trazendo á tona fatos que estão escondidos sob o manto da ilusão e das aparências. É necessário, ainda, voltar-se contra a teoria tradicional, posto que estas, pretensamente universais, tiram da lógica do senso-comum seu projeto fundamental. Bourdieu propõe uma teoria do conhecimento sociológico capaz de superar as armadilhas do objetivismo, determinismo sociológico, do subjetivismo e voluntarismo individualista.
A sociologia é uma ciência que acaba incomodando, pois rompe com a tradição, tira o véu do senso comum, criticando muitas vezes de forma feroz, colocando problemas e trazendo à baila recalques que são ocultados e escondidos propositadamente, as vezes o sociólogo é acusado de querer destruir o sistema onde ele mesmo está inserido com suas particularidades e interesses.
O texto é uma introdução aos conceitos da sociologia, suas reflexões aproximam o leitor ao mundo critico, elevando a capacidade de melhor enxergar o mundo e os fatos que estão escondidos nas mais simples ações cotidianas, extraindo o sujeito da posição que ocupa como apenas um mero reprodutor de informações.