Este pequeno livro para ser entendido e
decifrado deve ser lido e relido com intuição, através da intuição poderemos
ter acesso a sabedoria astral, os véus serão retirados a medida que superamos nossos
aprisionamentos terrenos externos e artificiais, é preciso cortar as amarras
que nos prendem a ilusão daquilo que entendemos por realidade, o olho que irá
retirar os véus, um a um, é olho da intuição, a luz do caminho são as regras
internas reveladas pela intuição e inspiração para a sabedoria da vida real.
O livro é pequeno, porem de grande profundidade,
exige do leitor muita atenção e desapego a conceitos materialistas, o leitor a
medida que lê e procura interpretar as regras, vai se aprofundando e ao final
da leitura, mesmo sendo a primeira vez, sairá do outro lado diferente ou pelo
menos intrigado, na releitura passará novamente por uma imersão proporcionando
uma nova leitura de significados e intuição mais apurados, por estas razões a
leitura e releituras fazem com que os portais vão se abrindo um a um, a
evolução do entendimento dependerá obviamente da maturidade, crescimento e expansão
da consciência de cada um, o caminho vai se tornando mais nítido e os véus vão
se desvanecendo, porem os desafios são maiores, pois a sabedoria cobra um preço
proporcional a evolução, como vencer hábitos, paixões, desejos, destes muito
será cobrado a quem muito foi conquistando, a cobrança é nossa a nós mesmos,
somos aprendizes trabalhando para descobrir o mestre dentro de nós.
Estas regras são para TODOS os que
seguem o Caminho, para estes foram escritas e não há melhores.
Elas nos foram dadas por aqueles que
SABEM.
“Antes que os olhos
possam ver, devem ser incapazes de lágrimas”.
“Antes que o ouvido possa
ouvir, deve ter perdido a sensibilidade”.
“Antes que a voz possa
falar em presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade de ferir”.
“Antes que a alma possa
erguer-se na presença dos Mestres, é necessário que seus pés tenham sido
lavados no sangue do coração”.
Os sentidos de que se fala nestas
quatro declarações são os sentidos astrais ou interiores.
Todas as obras realmente espirituais
são veladas. Os Adeptos fazem isso sistematicamente e dando a sua mais profunda
sabedoria, ocultam o verdadeiro mistério nas próprias palavras que o constituem.
Há uma lei na natureza que exige que
o homem decifre por si mesmo seus significados.
“O homem que quer viver e
agir na vida superior não pode ser alimentado tal qual uma criança, é preciso
alimentar-se por si mesmo”.
As
quatro verdades acima escritas referem-se à prova de iniciação do aspirante a
ocultista. Enquanto não as houver passado por estas etapas, galgado os degraus,
não poderá nem sequer chegar ao guardião da Porta que dá entrada ao
conhecimento.
A autora, Mabel Collins (1851 – 1927),
escritora mística inglesa, nasceu em um lar onde seus pais não tinham uma vida
feliz, sua infância foi de altos e baixos, sua vida com muitas fases de altos e
baixos, é uma autora misteriosa e controversa, teve uma vida cheia de mistérios
e contradições, escreveu 46 livros, em 1885 ela redige a Luz do Caminho sendo esta
obra a mais importante, escrito no momento em que ela fazia parte da Sociedade Teosófica
de Londres o qual ela foi grande colaboradora. (1881/1885).
Esta pequena obra, provavelmente tenha mesma
origem da Voz do Silencio de H. Blavatsky, Collins afirmou que a obra não seria
de sua autoria, a obra trazida para o ocidente foi ditada para a autora por
algum mestre oriental, como uma forma de comunicar estas ideias orientais para
o ocidente, teria sido ditada por um mestre oriental.
Este livro relata o caminho do homem em
sua iluminação, o próprio nome indica ser a sabedoria na expansão de nossa consciência
em direção ao desconhecido, pelo simples fato do ser humano esta constante
construção, cada ser humano tem sua própria caminhada. A luz é a sabedoria e o
caminho é a consciência o caminho é a ida em direção ao desconhecido, primeiro
precisamos perceber o caminho e depois caminhar, pisar no caminho e trilhar é
algo bastante difícil, pois a vida exige que experimentemos e vivamos o
presente intensamente.
É uma obra que nos revela mistérios
diferentemente a cada momento que lemos em nossa vida, até parece um livro
diferente a cada vez que lemos, os significados são outros a cada momento, isto
quer dizer que nossa maturidade faz toda a diferença, os paradoxos expressos na
literatura são importantes e serão entendidos como um bem maior, não é mal e
nem ruim, foram pensados para demonstrar como a vida nos ensina de muitas
maneiras que aparentemente são conflitantes.
É um livro extremamente simbólico, um
livro que todos deveriam ler por sua importância para o autoconhecimento, a
medida que se lê refletimos acerca de nós mesmos.
Trata-se de um clássico da filosofia esotérica
oriental, ele mexe com a cabeça das pessoas, exigindo dedicação para leitura,
sua proposta é simples, funciona com um guia para despertar nossa consciência,
quando foi publicado tentou aproximar as tradições ocidentais e orientais,
trouxe ensinamentos para a plenitude interna, traz os mistérios do ocultismo,
traz preceitos positivos, o oculto é uma crença interna por ser um estudo do
eu, oculto porque está em nosso interior, é preciso entender a teosofia que é a
sabedoria de Deus.
É um entendimento entre religião com
filosofia, por esta razão se torna ainda mais interessante, com o uso da razão
conversamos com Deus, quem conversa é nosso Eu profundo e despido das amarras
do tempo e das coisas.
O livro é divido em partes, inicialmente
são regras para os discípulos devem seguir, atitudes altruístas, a segunda
parte fala das regras do que se espera que se faça do que se espera aqui, o discípulo
para a autora é o leitor, que vê na leitura a luz do caminho.
São duas series de leis apresentada em
duas partes, na primeira parte são apresentadas 21 leis voltadas para o exotérico
(externo) serve para conquistar como premissa para pisar no caminho como um
portal e na segunda parte outras 21 leis esotéricas (Interno) voltadas para interno
como trilhar e se deslocar neste caminho e chegar a sabedoria.
As 21 leis ou degraus da etapa exotérica (externo),
são regras que funcionam como um portal para acessar o caminho, degraus são a
luz preparatórios para a busca da sabedoria, a caminhada que vamos desenvolver na
medida que o homem vai se construindo ele também vai construindo o caminho,
nunca é tarde para dar início a caminhada em direção a sabedoria, a luz que
ilumina nossa consciência e nossa melhor forma de viver depende apenas do
começar.
O primeiro degrau trata em matar a
ambição, ele afirma que se vivemos no uno não tem como querer parte daquilo que
eu também faço parte, assim seguem as leis ou degraus:
1.
Mata a ambição.
A
ambição a ser morta, é aquela emoção que incita o homem a agir por motivos de
vaidade e egoísmo, impele-o a esmagar tudo que encontra no seu caminho. O homem
ambicioso torna-se insano pelo sucesso, porque o instinto original foi
pervertido e fez-se anormal. Ele imagina que as coisas pelas quais luta lhe
trarão felicidade, mas se engana, elas se convertem em cinzas. Ele se torna
escravo delas.
2.
Mata o desejo de viver
É
necessário que o homem cresça até que sinta que viverá sempre, seja no corpo ou
fora dele, e que esta particular vida física é apenas uma coisa de que faz uso
o Eu Real, que não pode morrer.
Mate
esse desejo de viver que te causa o medo da morte e que faz com que dê importância
indevida à existência corporal.
3.
Mata o desejo de conforto (o desejo é mal, porem o conforto não o é)
4.
Trabalha como trabalham os que são ambiciosos. Respeite a vida como fazem os
que a desejam. Sê tão feliz como os que vivem para a felicidade.
5.
Mata todo sentimento de separatividade.
6.
Mata o desejo de sensação.
Os
prazeres dos sentidos pertencem ao plano relativo. Começamos sentindo prazer no
que agrada aos sentidos grosseiros, e gradualmente passamos aos prazeres que
vêm pelos sentidos mais altos.
Passamos
da sensualidade à sensibilidade. As coisas de que nos agradavam ontem, hoje não
agradam mais. Prazeres mais sutis aguardam a alma.
7.
Mata a sede de crescimento.
A
distinção entre o "desejo de crescer" e o desenvolvimento que vem à
alma adiantada, está no motivo.
Desejo
ou sede de crescimento para glorificação própria é uma sutil forma de vaidade.
E
este desejo aplicado ao espiritual, leva à "magia negra", que
consiste em desejo de poder espiritual para usá-lo em fins egoístas ou para a
mera sensação de poder que tal desenvolvimento traz.
8.
- Entretanto, mantém-te só e isolado, porque nada de quanto tem consciência da
separação, nada de quanto não seja eterno, pode vir em teu auxílio. Estuda a
sensação e observa-a, porque unicamente, assim podes começara ciência do
conhecimento próprio e colocar o pé no primeiro degrau da escada.
9.
Deseja unicamente o que está em ti.
10.
Deseja unicamente o que está fora de teu alcance.
11.
Deseja unicamente o que é inatingível.
12.
Porque em ti está a luz do mundo, a única luz que pode der projetada sobre o
caminho. Se és incapaz de percebê-la dentro de ti, é inútil que a procures
noutra parte. Está fora do teu alcance, porque, quando chegares a ela, já não
te encontrarás a ti mesmo. É inatingível, porque retrocede sempre. Estarás no
seio da luz, mas nunca tocarás a chama.
13.
Deseja ardentemente o poder.
O
poder egoísta é a maior maldição do homem que o possui. O poder do Espírito, (o
poder a que deve aspirar o discípulo), pode fazê-lo aparecer como nada aos
olhos dos homens que lutam pelo poder material.
Porque
é o poder consciente do qual o homem ordinário nada sabe, e é muito propenso a
considerar como um louco o homem que possui esse poder ou quem procura
alcançá-lo.
14.
Deseja ardentemente a paz.
15.
Deseja as possessões acima de tudo.
Estas
possessões devem pertencer à alma pura e devem ser possuídas igualmente por
todas as almas puras, sendo assim a propriedade especial do todo que unidas o
constituem.
Deseje
as possessões próprias da alma pura, a fim de que possa acumular riquezas para
aquele espírito comum de vida, que é o teu único ser verdadeiro.
16.
Mas estas possessões devem pertencer à alma pura e, consequentemente, devem ser
possuídas
igualmente por todas as almas puras sendo, assim, a propriedade especial do
todo que, unidas o constituem. Anela as possessões próprias da alma pura, a fim
de que possas acumular riquezas para aquele espírito comum de vida, que é o teu
único ser verdadeiro. A paz que deves desejar é aquela paz sagrada que nada
pode perturbar, e no seio da qual a alma cresce como a flor santa no seio das
lagoas imóveis. É esse o poder que devem aspirar o discípulo, o poder que o
fará aparecer como nada aos olhos do homem comum.
17.
Procura o caminho.
18.
Busca o caminho, retirando-te para o interior.
19.
Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior.
20.
Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via
que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho,
nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo
laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida.
21.
Busca a flor que desabrocha durante o silêncio que segue à tormenta, e não
antes.A planta crescerá e se desenvolverá, lançará ramos e folhas, e formará
botões enquanto prossegue a tempestade e perdura a batalha.
Há
Três Verdades que são absolutas e não podem ficar perdidas, mas podem
permanecer em silêncio por falta de quem as proclame:
1.
A alma do homem é imortal e o seu futuro é o de algo cujo crescimento e
esplendor não têm limites.
2.
O princípio que dá a vida mora em nós e fora de nós, é imortal e eternamente
benéfico, não é ouvido, nem visto, nem apreendido pelo olfato, mas pode ser
percebido pelo homem desejoso de percebê-lo.
3.
Cada homem é o seu absoluto legislador, o dispensador da glória ou das trevas para
si próprio, é o decretador de sua vida, recompensa e punição.
Estas
Verdades, grandes como a própria vida, são simples como a mente do mais simples
dos homens. Alimentai com elas os famintos.
A segunda parte da Luz no Caminho
começa assim:
Do
seio do Silêncio, que é a paz, uma voz ressoante se elevará. E esta voz dirá:
Faz falta alguma coisa mais, tu colheste, agora tens que semear. E sabendo que
esta voz é o silêncio mesmo, obedecerás.
Tu
que és agora um discípulo capaz de manter-te firme, capaz de ouvir, capaz de
ver, capaz de falar, que venceste o desejo e obteve o conhecimento de si mesmo,
tu que viste a tua alma em sua flor e a reconheceste e que ouviste a voz do
silêncio, encaminha-te ao Templo do Saber e lê o que ali está escrito para ti.
1.Mantém-te
alheio à batalha que começa, e ainda que combatas, não seja o guerreiro.
2.
Procura o guerreiro e deixa-o combater em ti.
3.
Recebe as suas ordens para a batalha, e obedece-as.
4.
Obedece-o não como se ele fosse um general, porém como se ele fosse tu mesmo, e
como se suas palavras fossem a expressão de teus secretos desejos, pois ele é
tu mesmo, ainda que infinitamente mais sábio e forte do que tu.
5. Escuta o canto da vida.
6.
Conserva em tua memória a melodia que ouvires.
7. Aprende dela a lição de harmonia.
8.
Tu podes então manter-te firme como uma rocha no meio do tumulto, obedecendo ao
guerreiro que é tu mesmo e teu rei. Indiferente ao combate e sem preocupar-te
com o resultado da batalha, porque uma coisa única é importante, que o
guerreiro vença.
9.
Observa atentamente toda a vida que te rodeia.
Refere-se ao saber que o homem adquire,
observando a natureza pela luz do Espírito.
10.
Aprende a perscrutar de maneira inteligente o coração dos homens.
A
fim de poder conhecer o que é o mundo humano, que é uma parte do grande mundo.
Conhecendo os homens, serás capaz de ajudá-los e também aprenderás muitas
lições que te ajudarão em vossa viagem pelo Caminho.
11. Considera ansiosamente o teu próprio
coração.
12.
Porque através do teu próprio coração vem a única luz que pode iluminar a vida
e torná-la clara a teus olhos.
Estuda
o coração dos homens, a fim de poderes conhecer o que é o mundo em que vives e
do qual queres ser parte.
Observa
a vida que te rodeia em transformação incessante, pois é formada pelos corações
dos homens, e, à proporção que forem aprendendo a conhecer a sua significação,
irás sendo capaz de ler a palavra maior da vida.
13.
A palavra só vem com o conhecimento.
Alcança
o conhecimento e alcançarás a palavra. É impossível que ajude os outros
enquanto não tiveres adquirido a certeza de ti mesmo.
14.
Tendo adquirido o uso dos sentidos internos, tendo dominado os desejos dos
sentidos
externos,
havendo subjugado os desejos da alma individual e tendo obtido o conhecimento, prepara-te
para entrar realmente no caminho. O caminho foi encontrado, apressa-te para percorrê-lo.
15.
Peça a terra, ao ar e à água, os segredos que guardam para ti. O
desenvolvimento dos teus sentidos internos te permitirá fazê-lo.
16.
Pede aos santos da terra os segredos que guardam para ti. O domínio dos desejos
de teus sentidos externos te dará direito a fazê-lo.
17.
Indaga do mais íntimo, do Uno, o segredo final que Ele guarda para ti, no
decorrer das idades.
A
grande e difícil vitória, o domínio dos desejos da alma individual, é obra de
idades, por tanto, não esperes receber a recompensa antes que idades e idades
de experiências se hajam acumulado.
Quando
tiver soado a hora de aprender esta regra 17, o homem estará próximo de se
tornar mais que um homem.
18.
O conhecimento que agora possuis, só é teu porque a tua alma se tornou una com
todas as almas puras e com o mais íntimo. É um depósito que o Altíssimo te
confiou. Abusa dele, emprega mal o teu conhecimento ou descuida-o, e ainda é
possível que caias do estado elevado a que chegaste.
Há
almas grandes que retrocedem, achando-se já nos umbrais, por não poderem suster
o peso da sua responsabilidade, por serem incapazes de seguir adiante.
Portanto, considera sempre esse momento do futuro com temeroso respeito, e
prepara-te para a batalha.
19.
Está escrito que, para aquele que se acha nos umbrais da divindade, não se pode
idear lei alguma, nem tampouco pode existir guia.
Contudo,
para que o discípulo compreenda a luta final, pode-se expressá-la nestes
termos:
Aferra-te
ao que não tem substância nem existência.
20.
Não ouças senão a voz que é insonora.
21. Não olhes senão o que é invisível,
tanto ao sentido interno como ao externo.
Estas regras são para TODOS os que seguem
o Caminho, para estes foram escritas e não há melhores. Elas nos foram dadas
por aqueles que SABEM. Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de
lágrimas. Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade. Antes
que a voz possa falar em presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade
de ferir. Antes que a alma possa erguer-se na presença dos Mestres, é
necessário que seus pés tenham sido lavados no sangue do coração.
Quando o coração conhece a paz, a verdade
é percebida com poucas palavras fundamentais. É por isso que Luz no Caminho, um
dos clássicos mais importantes da literatura teosófica, parece resumir toda a
sabedoria esotérica em cada uma de suas frases. “Dentro de ti está a luz do mundo”
– diz o texto – “a única luz que pode ser projetada sobre o Caminho”. Um livro
para quem deseja compreender a vida.
Fonte:
Collins, Mabel. A Luz do Caminho. Ed.
Teosófica, Brasília-DF, 2000