Dê valor ao seu tempo, valorize cada dia, pense que qualquer tempo que já passou pertence apenas ao que fomos, o presente é um presente do ser e do virá a ser.
Aproveitemos todas as horas, não deixe tudo para o futuro, o futuro é um tempo incerto, O tempo passa...e como passa, a vida se vai, todas as coisas são alheias, o cotidiano é muito exigente, nada é indispensável, só o tempo é nosso, o nosso tempo. Sempre que penso neste tema me lembro de Sêneca, quem não lembra?, afinal este grande filósofo é uma das portas de entrada para pensar o bem viver a boa vida.
Se acredita em simpatias, faça, cada simpatia um foco e um lance de luz no presente, faça de corpo e alma, sopre canela, pule ondinhas, tome banho de ervas, faça o presente ter significado, só não fique adiando, crendice para alguns, crença para outros, não queira saber demais da vida dos outros, saiba mais de sua própria vida, tome as rédeas da própria vida, isto é, se quiser ser verdadeiramente livre, a vida é longa se for plenamente vivida.
Não podemos confundir saber mais com saber demais, saber demais leva a curiosidade sobre a vida alheia e sobre coisas inúteis, isto é fetiche das redes sociais, nas redes sociais se encontra pouca verdade, lá se encontra o desejo do parecer.
Um bom modo de saber mais é debruçar-se sobre estudos de assuntos que são mais preciosos, para mim a filosofia e seus temas exercem um fascínio reiteradamente fomentados pelos pontos, contrapontos, teses, antíteses e sínteses que muitas vezes nos dão um nó no pensamento.
A medida que os estudos avançam, vão aguçando nosso olhar e nossos ouvidos, assuntos que antes passavam sem qualquer reflexão como palavras ao vento, como pandorga sem rabo, agora são retidos e analisados, muitas vezes ficamos contrariados com a indiferença e descaso das palavras soltas, o tempo perdido do proferir das palavras sem o sentido adequado ferem os ouvidos, tornamo-nos chatos e até inconvenientes, porque as vezes nos damos ao direito de tentar corrigir, afinal de que serviria a palavra se ela não tiver sentido, Wittigenstein já nos alertava sobre isto, o que se pode dizer pode ser dito claramente; e aquilo de que não se pode falar tem de ficar no silêncio.
Nossos passos, tornam-se passadas, o presente torna-se passado, certas coisas só se mostram para quem está no presente, nossa arena é o cotidiano, nele percebemos apenas parte do todo que vivemos, a maioria das pessoas não deliberam antes das ações, vivem no automático, as palavras ditas são também como passos nos conduzindo ao futuro de consequências, as palavras certas e com sentido terão um resultado próximo ao esperado, as palavras soltas sem domínio, serão como pandorga sem rabo, sem direção, sem domínio e as consequências geralmente inesperadas.
O tempo em nossas vidas é elemento crucial, nele foram escritas experiências e hábitos as quais carregamos e herdamos geneticamente de nossos antepassados, nossas famílias são como constelações, deles trazemos as maneiras de vermos a vida, de sentirmos o presente, replicamos quase que automaticamente hábitos indesejados.
Nosso olhar procura e encontra semelhanças que nos encorajam a replicar situações desconfortáveis, neste caso viver o presente talvez precise da análise do passado ancestral para poder nos libertar de hábitos indesejados, as palavras bem ditas e mal ditas fazem parte desta construção, nossos filhos e netos também dependerão em parte da herança genética que estaremos deixando, então alguns ciclos de maus hábitos deverão ser quebrados, quem sabe aprimorando os estudos não estejamos construindo novas formas de pensamento?
Já pensou que ninguém sai desta vida como entrou? Nós seres humanos vamos despertando da ignorância a medida que o conhecimento vai nos envolvendo, chegamos num ponto que devemos fazer escolhas entre deixar a vida me levar ou decidir em tomar as rédeas dela, o conhecimento que nos ilumina é como nossos pais que nos conduzem pela vida quando ainda somos jovens, com eles tivemos os primeiros ensinamentos de como funciona a linguagem, este jogo de palavras, a comunicação oral ligada a comunicação corporal são nossos primeiros contatos com o conhecimento, assim vamos aprendendo como funciona o código das palavras e gestos. Bem ou mal vamos aprendendo a falar e a nos comunicar e é a partir do conhecimento familiar que é replicado ano após ano, de geração para geração, isto até chegar o momento em que procuramos decodificar o verdadeiro conceito das palavras e seus sentidos, para isto escolhemos nossas profissões e interesses de estudos, obviamente a caminhada que iniciamos com o primeiro passo nos transformou e determinou que não sairemos desta vida como entramos.
Nosso tempo muitas vezes é desprezado, o desprezo se dá pela falsa ideia que a morte é algo muito distante, quase inatingível, optamos muitas vezes pelo desperdício de tempo ampliado e vivido por nossa inconstância e falta de foco, isto retarda nosso crescimento nesta breve vida, cada excitação nos obriga a recomeçar constantemente, sem darmo-nos conta vamos vivendo a vida em pedacinhos e módulos, viver uma breve vida fracionada é viver uma vida sem reflexão, filosofar nesta hora é importante pelas revelações do que realmente importa ser vivido, nossa emancipação das supostas necessidades criadas pela modernidade meritocracia é uma escolha pelo domínio sobre nós mesmos e sem pensamentos vagos e agitados que fomentam a inconstância.
A natureza já se encarregou sabiamente de proporcionar aos seres humanos seu desenvolvimento psicodinâmico em ciclos, ciclos da vida humana identificados por Erikson e Eizirik como estágios, que vão desde a infância (criança), latência, puberdade, adolescência, adultos jovens, meia-idade, velhice e a morte, neste universo existem uma imensa complexidade de crises psicossociais, cada fase carrega sua própria consciência e desejos conforme a maturidade, o olhar muda conforme a fase, as ideias a respeito das coisas e do tempo também, certamente na velhice não temos mais os desejos de criança e vice-versa, a ideia de tempo na velhice é diferente da ideia de tempo vivido na juventude, na velhice cada dia é vivido como a vida toda, sem que deixemo-nos apegar a ele como se fosse o último, mas o contemplamos como se pudesse também ser o último.
O tempo é importante, nele nos aquietamos e nos entregamos aos nossos pensamentos e meditamos sobre alguma coisa útil, ensinar aos jovens a aquietar a mente, contemplar, meditar, é importante no seu desenvolvimento, a dispersão é um mal verificado nos jovens, muitos são diagnosticados com algum tipo de TDAH, levados a tomar medicamentos na tentativa de lhes proporcionar atenção e foco, filosofar sobre coisas do cotidiano pode ser uma boa formula para os jovens focarem nas situações que vivem, muitas emoções e sentimentos são responsáveis por seu comportamento responsável consigo mesmo e a sociedade, faz toda diferença no presente e em suas fases da vida, suas passadas nesta caminhada poderá ser mais saudavel.
Uma boa escolha nestas passadas é o estudo de Filosofia, penso que todos deveriam dar uma passada neste mundo de reflexão, nela podemos encontrar todo o tipo de discussão e orientações daqueles que já estiveram aqui antes de nós, os autores são como parentes que deixaram por escrito formulas e experiências muito profundas. Ler é sempre um bom hábito, nele o tempo presente é bem aproveitado.
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