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segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

  O Coração do Homem Moderno

Sempre gostei das coisas que só acontecem dentro de mim, como por exemplo tecer fatos na minha imaginação, vivendo seus detalhes por um tempo e dando-lhes fim quando eu quiser, esta é uma forma que se tem para nos resguardarmos dos acontecimentos do exterior, assim é com a maioria das pessoas, penso eu, no entanto esta formula está mudando, a satisfação dos desejos mundanos do homem moderno não está mais em seu coração, ele procura sua satisfação no ambiente externo, lá no lado de fora garantias de uma constante satisfação e felicidades, seja na sua lógica de trabalho, produtividade e consumo, infelizmente estamos aderindo a ideia de satisfação pelo consumo e seu fim descartável, com menor culpa se possível biodegradável, se possível reutilizável, reciclável, no entanto quando as coisas do coração acontecem percebe que a fragilidade de suas decisões o deixaram inapto a entender a lógica da vivencia das emoções e sentimentos, enfim, despreparado para enfrentar quaisquer decisões humanas, pois elas têm um componente emocional e lógico, maturidade nas emoções e sentimentos nas decisões não estão à disposição em prateleiras, muito menos ao alcance do cartão do banco, quando muito o cartão do banco será usado para pagar sessões de terapias e analises.

O grande desafio do homem moderno está em saber dominar o fluxo de emoções, não é fácil, estamos diante de tantos itens com apelos persuasivos, tudo desenvolvido e pensado para nos envolver, iludir e convencer a consumir, porem quando conseguimos evitar este mar de tentações é porque assumimos estamos num estágio de maior amadurecimento, o ano novo esta ai, quem sabe fazemos diferente e façamos a diferença, sabemos que a responsabilidade de ter olhos e coração no presente é um bom sinal, ainda mais quando percebemos que os outros perderam a visão e o comando do coração, como disse não é fácil chegar a este estágio, Hume já havia nos alertado, sua frase resume como os seres humanos pensam e agem: “a razão é escrava das emoções”.

 

O homem moderno vive numa sociedade que procura oferecer todo o tipo de vantagem e conforto, claro que tudo tem um preço, ai entra o cartão do banco, quanto mais gordo for o saldo do cartão maiores serão as mordomias, o homem flutua entre classes sociais de acordo com o tamanho do número positivo deste saldo, porem trabalhador é trabalhador, trabalhador é a classe social que trabalha para pagar o aluguel, a prestação da casa e do carro, saber exatamente a que classe social pertencemos faz toda a diferença entre o deslocado que pensa ser superior por estar com algum cargo um pouquinho melhor na escala de hierarquia, porem a ilusão desvanece quando come feijão e quer arrotar caviar, veio a decepção, ilusões são produzidas para envolver os seres humanos, é importante saber a diferença entre o real e a ilusão, praticamente não há diferença, vivenciar internamente coisas ilusórias como reais já tornam a ilusão realidade, não demorará muito para passarmos mais tempo enfiados no mundo virtual, vivenciando personagens que no mundo real seria praticamente impossível.

O despertar deste sonho ilusório que a sociedade está se encaminhando ficará muito mais difícil, sair da caverna de Platão será um desafio maior, porque estamos vivendo dentro de uma caverna dentro de outras cavernas, para se chegar a luz do sol, será preciso sair de várias cavernas que estão uma dentro da outra. A humanidade precisará de um guia muito mais convincente, afinal ninguém quer despertar de um sonho que lhe proporciona uma suposta felicidade, dar ouvidos ao guia é um desafio, quem dá ouvidos ao desconhecido? quem os levara para além do cálculo das ciências, o desconhecido que já vislumbrou a verdade da luz do sol já desenvolveu uma linguagem própria, com palavras em sua natureza mental mais pura em idioma próprio, idioma estranho para os cegos sem criatividade e frio nas emoções, quando os olhos já são inúteis porque a mente é cega para o entendimento, cegos vendo, mas não veem, porque não sentem, porque não tem dentro, mas sentem falta pelo vazio no oco de seus corações, este retornar ao interior destas cavernas é doloroso, porque deverá usar uma linguagem dos iludidos.

 


Quem já lecionou, educou, sabe muito bem que o juntar de letras não faz o menor sentido quando a mente não entende e não decifra os códigos formatados e sentidos pela emoção, quem vive nas cavernas não tem mais acesso aos algoritmos humanos, agora voltaram a ser os segredos que a humanidade escondeu de si mesmo, o código ficou secreto, os códigos que nos permitem entender e decifrar as emoções básicas humanas sendo o medo, a tristeza, a alegria, a raiva e o nojo, são os unicos códigos vigentes, não são entendidos e não conseguem encontrar respostas, muito menos remédio interior, o consumo e a ilusão da satisfação passageira enburreceu o ser humano, se fala muito em autoajuda, mas de que adianta mostrar o código se não sabe ler?

 


Um exemplo deste enburrecimento é que atualmente o homem moderno fala muito de amor sem saber exatamente do que se trata, a banalização envolve o pensamento do homem que não sabe mais o sentido, certamente procurara sentido, precisará de coragem para enfrentar a violência da razão da ciência que é o que ele sabe usar, ao invés de usar as razões das emoções que é o que não sabe, o amor este é o sentimento mais forte, é ele que engloba todas as emoções positivas, ele é quem consegue unir sonhos, realidades, ideais e só ele consegue combater outras emoções que solapam o desejo de viver sua liberdade em decidir fora dos padrões do coração, precisará reaprender o códigos das emoções positivas, uma a uma, o caminho de saída das cavernas exigirá que primeiro acredite que existe um mundo melhor com menos coisas, mais conteúdo, mais simplicidade, maior qualidade nas relações pessoais e de trabalho.  

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