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sábado, 6 de janeiro de 2024

Constelações Familiares


Constelações Familiares

Você já parou para pensar que, às vezes, a solução para os nossos problemas pode estar nas estrelas? Bem, pelo menos é o que alguns entusiastas das constelações familiares acreditam. Imaginem uma família com gerações de conflitos não resolvidos, onde padrões de comportamento problemáticos parecem ser passados de pai para filho, como uma herança misteriosa e perturbadora. É aqui que entra a constelação familiar, uma técnica que propõe que nossos problemas atuais podem ter raízes nas histórias não contadas de nossos antepassados.

A constelação familiar é uma técnica desenvolvida por Bert Hellinger, que propõe que problemas e conflitos familiares podem ser herdados ao longo das gerações e afetar o bem-estar de um indivíduo. Durante uma sessão de constelação, o facilitador utiliza representantes para membros da família do cliente e observa como as dinâmicas e emoções se desdobram. Se alguém estiver interessado nesse tipo de abordagem, é importante abordá-la com uma mente aberta, mas também crítica. Recomenda-se que, ao buscar soluções para problemas pessoais ou familiares, as pessoas consultem profissionais qualificados e confiáveis, como terapeutas licenciados, que utilizem métodos baseados em evidências científicas.

O estudo das constelações familiares, também conhecido como constelações sistêmicas ou constelações familiares, foi desenvolvido por Bert Hellinger, um psicoterapeuta alemão. Hellinger nasceu em 16 de dezembro de 1925, na Alemanha, e faleceu em 19 de setembro de 2019. Ele começou sua carreira como padre católico e, mais tarde, tornou-se psicoterapeuta, com formação em psicanálise, gestalt-terapia e terapia primal.

A abordagem das constelações familiares foi introduzida por Bert Hellinger na década de 1990. Hellinger baseou seu trabalho em diversas influências, incluindo suas experiências como missionário na África do Sul, onde teve contato com diferentes sistemas culturais e suas tradições de cura. Além disso, ele incorporou elementos de terapias sistêmicas, fenomenológicas e abordagens espirituais. A constelação familiar proposta por Hellinger sugere que problemas emocionais e padrões de comportamento podem ter raízes em dinâmicas familiares não resolvidas, muitas vezes transmitidas ao longo das gerações. Durante uma sessão de constelação, representantes são escolhidos para simbolizar membros da família do cliente, e o terapeuta observa as interações entre essas figuras, buscando trazer à luz padrões ocultos.

Há pessoas que buscam no estudo das constelações, especialmente na astrologia sistêmica ou constelações familiares, uma abordagem para compreender e resolver problemas pessoais e familiares, mesmo cientes que a astrologia sistêmica não é considerada uma prática científica, e muitos cientistas e profissionais da saúde mental não a reconhecem como uma abordagem válida. Embora algumas pessoas relatem benefícios e insights pessoais através dessa prática, é crucial manter uma abordagem crítica. A ciência tradicionalmente não apoia as premissas subjacentes à constelação familiar, e muitos profissionais de saúde mental preferem abordagens baseadas em evidências, como a psicoterapia.

Para exemplificar, vamos conhecer a fictícia família dos Silva. Joana, uma mulher de trinta e poucos anos, está enfrentando desafios em seu relacionamento e uma série de problemas emocionais inexplicáveis. Após tentar várias abordagens convencionais sem sucesso, Joana decide se aventurar no mundo das constelações familiares. Ela participa de uma sessão, onde representantes são escolhidos para simbolizar membros de sua família, e o facilitador observa como as dinâmicas se desenrolam. Durante essa representação viva, uma série de padrões e emoções ocultas vêm à tona. Surpreendentemente, Joana percebe que muitos dos desafios que ela enfrenta hoje têm raízes em eventos ocorridos nas gerações passadas.

No entanto, enquanto a constelação familiar pode oferecer insights fascinantes, é importante abordar essa prática com uma mistura de curiosidade e ceticismo. A ciência muitas vezes levanta uma sobrancelha cética para essas ideias, preferindo métodos com bases mais sólidas. Por outro lado, muitos que experimentam as constelações familiares relatam uma sensação de clareza e compreensão que antes lhes escapava. Parece que, mesmo que as constelações não tenham respaldo científico, podem oferecer um tipo único de cura através da compreensão das complexidades das relações familiares.

Penso que como método, seja bastante interessante, mesmo que pareça um tanto estranho, mas são as percepções produzidas que são mais impressionantes, e a maior delas é que a saúde emocional das famílias é influenciada, de forma desequilibrada e conflituosa, pelos membros que foram excluídos, esquecidos, preteridos ou renegados, ao final na matemática emocional da família, os mortos contam tanto quanto os vivos, pois os problemas podem ser carregados por gerações, dos avós para os pais e deles para os filhos.

Ainda assim, a busca pela verdade e por soluções para problemas pessoais e familiares deve ser abordada com a mente aberta, mas também com cautela, não deixando de consultar profissionais de saúde mental qualificados e confiáveis que poderão fornecer uma perspectiva equilibrada, incorporando abordagens baseadas em evidências científicas.

As constelações familiares podem ser vistas como uma jornada fascinante e, talvez, uma oportunidade para lançar luz sobre aspectos ocultos de nossas vidas familiares. Se as estrelas podem realmente nos guiar para a resolução de conflitos e compreensão mais profunda, ou se estamos apenas buscando padrões nas sombras, é uma questão que cada um de nós deve explorar por conta própria. Afinal, quem sabe onde encontraremos a resposta para nossas perguntas mais profundas - talvez até mesmo no céu estrelado.

Críticas - O contraponto não pode ficar de fora, em se tratando de saúde mental não podemos vacilar, pois fará toda diferença na vida de alguém, então vamos as criticas a título de esclarecimento:

A constelação familiar, proposta por Bert Hellinger, enfrenta críticas de diversos terapeutas profissionais e membros da comunidade científica. Algumas das críticas mais comuns incluem: Falta de Base Científica: A constelação familiar não possui uma base científica sólida que a sustente. Muitos terapeutas e pesquisadores argumentam que as dinâmicas propostas por Hellinger não são respaldadas por evidências científicas robustas, tornando difícil validar a eficácia dessa abordagem. Ausência de Fundamentação Teórica Clara: Críticos apontam que a constelação familiar carece de uma fundamentação teórica clara e coerente. Os conceitos-chave, como as "ordens do amor" e a ideia de que os problemas podem ser herdados através de gerações, não são facilmente integrados aos modelos teóricos mais estabelecidos na psicologia e na psicoterapia. Falta de Consistência nas Sessões: As sessões de constelação familiar frequentemente variam consideravelmente dependendo do facilitador. Isso levanta questões sobre a consistência e a confiabilidade da abordagem, pois diferentes facilitadores podem interpretar e conduzir as sessões de maneiras bastante distintas. Potencial para Pseudoexplicações: Críticos alertam para o risco de oferecer explicações simplistas e pseudocientíficas para problemas complexos. A ideia de que problemas podem ser resolvidos simplesmente revelando padrões familiares não resolvidos podem simplificar demais as complexidades da psicologia humana. Riscos Éticos e Psicológicos: Há preocupações éticas relacionadas à invasão de privacidade e ao potencial impacto psicológico nas pessoas envolvidas nas constelações familiares. A representação de membros da família por estranhos pode criar situações emocionalmente carregadas e desconfortáveis. Ênfase em Soluções Rápidas: Algumas críticas apontam que a constelação familiar pode promover a busca por soluções rápidas e superficiais para problemas complexos, em vez de encorajar uma exploração mais profunda e a longo prazo das questões emocionais.

Apesar dessas críticas, é importante reconhecer que algumas pessoas relatam benefícios pessoais e insights através da participação em sessões de constelação familiar. No entanto, a falta de validação científica e as preocupações éticas fazem com que muitos terapeutas profissionais prefiram abordagens mais tradicionais e baseadas em evidências na prática clínica. Em suma, a constelação familiar é uma abordagem terapêutica intrigante, mas não está livre de críticas e questionamentos. Enquanto alguns encontram clareza e compreensão em suas vidas através dessa prática, muitos terapeutas profissionais e cientistas permanecem céticos, apontando a falta de fundamentação científica e teórica sólida. Como em muitas áreas da psicologia e terapia, a abordagem é uma escolha pessoal. 

Ao olhar para as constelações familiares sob a lente da filosofia em geral, percebemos um fascinante entrelaçamento de questões fundamentais sobre a existência e a natureza humana. A abordagem fenomenológica dessas constelações, que busca compreender as experiências vividas sem preconceitos teóricos, ressoa com a busca filosófica pela verdade e significado. No âmago dessa prática, encontramos uma análise existencial profunda que ecoa as indagações dos filósofos existencialistas sobre a liberdade, a responsabilidade e a autenticidade. A ideia de "ordens do amor" nas constelações familiares, embora possa parecer peculiar, abre espaço para uma reflexão filosófica sobre as dinâmicas inter-relacionais e as complexidades das relações familiares ao longo do tempo. Nessa convergência, a filosofia e as constelações familiares se entrecruzam, proporcionando um terreno fértil para a exploração das questões mais profundas que permeiam a condição humana e suas interações sociais.

Se você estiver pensando em explorar as constelações familiares, mantenha uma mente aberta, mas também crítica. Buscar o aconselhamento de profissionais de saúde mental qualificados, que utilizam métodos baseados em evidências, pode ser uma maneira equilibrada de abordar questões pessoais e familiares. Lembre-se de que cada pessoa é única, e o que funciona para alguns pode não funcionar para outros. A jornada em direção à compreensão e resolução de problemas emocionais muitas vezes envolve uma combinação de abordagens. No final das contas, a busca pela verdade e pelo bem-estar é uma jornada pessoal, e as constelações familiares são apenas uma das muitas estrelas no vasto céu da psicologia. Boa sorte em sua caminhada! 

Leitura Indicada: 

Duprée, Ulrich E. Ho'oponopono e as constelações familiares: para relacionamentos, amor e perdão. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Pensamento, 2019

 

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