Constelações Familiares
Você já parou para pensar que,
às vezes, a solução para os nossos problemas pode estar nas estrelas? Bem, pelo
menos é o que alguns entusiastas das constelações familiares acreditam. Imaginem
uma família com gerações de conflitos não resolvidos, onde padrões de
comportamento problemáticos parecem ser passados de pai para filho, como uma
herança misteriosa e perturbadora. É aqui que entra a constelação familiar, uma
técnica que propõe que nossos problemas atuais podem ter raízes nas histórias
não contadas de nossos antepassados.
A constelação familiar é uma
técnica desenvolvida por Bert Hellinger, que propõe que problemas e conflitos
familiares podem ser herdados ao longo das gerações e afetar o bem-estar de um
indivíduo. Durante uma sessão de constelação, o facilitador utiliza
representantes para membros da família do cliente e observa como as dinâmicas e
emoções se desdobram. Se alguém estiver interessado nesse tipo de abordagem, é
importante abordá-la com uma mente aberta, mas também crítica. Recomenda-se
que, ao buscar soluções para problemas pessoais ou familiares, as pessoas
consultem profissionais qualificados e confiáveis, como terapeutas licenciados,
que utilizem métodos baseados em evidências científicas.
O estudo das constelações
familiares, também conhecido como constelações sistêmicas ou constelações
familiares, foi desenvolvido por Bert Hellinger, um psicoterapeuta alemão.
Hellinger nasceu em 16 de dezembro de 1925, na Alemanha, e faleceu em 19 de
setembro de 2019. Ele começou sua carreira como padre católico e, mais tarde,
tornou-se psicoterapeuta, com formação em psicanálise, gestalt-terapia e
terapia primal.
A abordagem das constelações
familiares foi introduzida por Bert Hellinger na década de 1990. Hellinger
baseou seu trabalho em diversas influências, incluindo suas experiências como
missionário na África do Sul, onde teve contato com diferentes sistemas
culturais e suas tradições de cura. Além disso, ele incorporou elementos de
terapias sistêmicas, fenomenológicas e abordagens espirituais. A constelação
familiar proposta por Hellinger sugere que problemas emocionais e padrões de
comportamento podem ter raízes em dinâmicas familiares não resolvidas, muitas
vezes transmitidas ao longo das gerações. Durante uma sessão de constelação,
representantes são escolhidos para simbolizar membros da família do cliente, e
o terapeuta observa as interações entre essas figuras, buscando trazer à luz
padrões ocultos.
Há pessoas que buscam no estudo
das constelações, especialmente na astrologia sistêmica ou constelações
familiares, uma abordagem para compreender e resolver problemas pessoais e
familiares, mesmo cientes que a astrologia sistêmica não é considerada uma
prática científica, e muitos cientistas e profissionais da saúde mental não a
reconhecem como uma abordagem válida. Embora algumas pessoas relatem benefícios
e insights pessoais através dessa prática, é crucial manter uma abordagem
crítica. A ciência tradicionalmente não apoia as premissas subjacentes à
constelação familiar, e muitos profissionais de saúde mental preferem
abordagens baseadas em evidências, como a psicoterapia.
Para exemplificar, vamos
conhecer a fictícia família dos Silva. Joana, uma mulher de trinta e poucos anos,
está enfrentando desafios em seu relacionamento e uma série de problemas
emocionais inexplicáveis. Após tentar várias abordagens convencionais sem
sucesso, Joana decide se aventurar no mundo das constelações familiares. Ela
participa de uma sessão, onde representantes são escolhidos para simbolizar
membros de sua família, e o facilitador observa como as dinâmicas se
desenrolam. Durante essa representação viva, uma série de padrões e emoções
ocultas vêm à tona. Surpreendentemente, Joana percebe que muitos dos desafios
que ela enfrenta hoje têm raízes em eventos ocorridos nas gerações passadas.
No entanto, enquanto a
constelação familiar pode oferecer insights fascinantes, é importante abordar
essa prática com uma mistura de curiosidade e ceticismo. A ciência muitas vezes
levanta uma sobrancelha cética para essas ideias, preferindo métodos com bases
mais sólidas. Por outro lado, muitos que experimentam as constelações
familiares relatam uma sensação de clareza e compreensão que antes lhes
escapava. Parece que, mesmo que as constelações não tenham respaldo científico,
podem oferecer um tipo único de cura através da compreensão das complexidades
das relações familiares.
Penso que como método, seja
bastante interessante, mesmo que pareça um tanto estranho, mas são as
percepções produzidas que são mais impressionantes, e a maior delas é que a saúde
emocional das famílias é influenciada, de forma desequilibrada e conflituosa,
pelos membros que foram excluídos, esquecidos, preteridos ou renegados, ao
final na matemática emocional da família, os mortos contam tanto quanto os
vivos, pois os problemas podem ser carregados por gerações, dos avós para os
pais e deles para os filhos.
Ainda assim, a busca pela
verdade e por soluções para problemas pessoais e familiares deve ser abordada
com a mente aberta, mas também com cautela, não deixando de consultar
profissionais de saúde mental qualificados e confiáveis que poderão fornecer
uma perspectiva equilibrada, incorporando abordagens baseadas em evidências
científicas.
As constelações familiares podem
ser vistas como uma jornada fascinante e, talvez, uma oportunidade para lançar
luz sobre aspectos ocultos de nossas vidas familiares. Se as estrelas podem
realmente nos guiar para a resolução de conflitos e compreensão mais profunda,
ou se estamos apenas buscando padrões nas sombras, é uma questão que cada um de
nós deve explorar por conta própria. Afinal, quem sabe onde encontraremos a
resposta para nossas perguntas mais profundas - talvez até mesmo no céu
estrelado.
Críticas
- O
contraponto não pode ficar de fora, em se tratando de saúde mental não podemos
vacilar, pois fará toda diferença na vida de alguém, então vamos as criticas a título
de esclarecimento:
A constelação familiar, proposta por Bert
Hellinger, enfrenta críticas de diversos terapeutas profissionais e membros da
comunidade científica. Algumas das críticas mais comuns incluem: Falta de
Base Científica: A constelação familiar não possui uma base científica
sólida que a sustente. Muitos terapeutas e pesquisadores argumentam que as
dinâmicas propostas por Hellinger não são respaldadas por evidências
científicas robustas, tornando difícil validar a eficácia dessa abordagem. Ausência
de Fundamentação Teórica Clara: Críticos apontam que a constelação familiar
carece de uma fundamentação teórica clara e coerente. Os conceitos-chave, como
as "ordens do amor" e a ideia de que os problemas podem ser herdados
através de gerações, não são facilmente integrados aos modelos teóricos mais
estabelecidos na psicologia e na psicoterapia. Falta de Consistência nas
Sessões: As sessões de constelação familiar frequentemente variam
consideravelmente dependendo do facilitador. Isso levanta questões sobre a
consistência e a confiabilidade da abordagem, pois diferentes facilitadores
podem interpretar e conduzir as sessões de maneiras bastante distintas. Potencial
para Pseudoexplicações: Críticos alertam para o risco de oferecer
explicações simplistas e pseudocientíficas para problemas complexos. A ideia de
que problemas podem ser resolvidos simplesmente revelando padrões familiares
não resolvidos podem simplificar demais as complexidades da psicologia humana. Riscos
Éticos e Psicológicos: Há preocupações éticas relacionadas à invasão de
privacidade e ao potencial impacto psicológico nas pessoas envolvidas nas
constelações familiares. A representação de membros da família por estranhos
pode criar situações emocionalmente carregadas e desconfortáveis. Ênfase em
Soluções Rápidas: Algumas críticas apontam que a constelação familiar pode
promover a busca por soluções rápidas e superficiais para problemas complexos,
em vez de encorajar uma exploração mais profunda e a longo prazo das questões
emocionais.
Apesar dessas críticas, é importante reconhecer que
algumas pessoas relatam benefícios pessoais e insights através da participação
em sessões de constelação familiar. No entanto, a falta de validação científica
e as preocupações éticas fazem com que muitos terapeutas profissionais prefiram
abordagens mais tradicionais e baseadas em evidências na prática clínica. Em
suma, a constelação familiar é uma abordagem terapêutica intrigante, mas não
está livre de críticas e questionamentos. Enquanto alguns encontram clareza e
compreensão em suas vidas através dessa prática, muitos terapeutas
profissionais e cientistas permanecem céticos, apontando a falta de
fundamentação científica e teórica sólida. Como em muitas áreas da psicologia e
terapia, a abordagem é uma escolha pessoal.
Ao olhar para as constelações familiares sob a
lente da filosofia em geral, percebemos um fascinante entrelaçamento de
questões fundamentais sobre a existência e a natureza humana. A abordagem
fenomenológica dessas constelações, que busca compreender as experiências
vividas sem preconceitos teóricos, ressoa com a busca filosófica pela verdade e
significado. No âmago dessa prática, encontramos uma análise existencial
profunda que ecoa as indagações dos filósofos existencialistas sobre a
liberdade, a responsabilidade e a autenticidade. A ideia de "ordens do
amor" nas constelações familiares, embora possa parecer peculiar, abre
espaço para uma reflexão filosófica sobre as dinâmicas inter-relacionais e as
complexidades das relações familiares ao longo do tempo. Nessa convergência, a
filosofia e as constelações familiares se entrecruzam, proporcionando um
terreno fértil para a exploração das questões mais profundas que permeiam a
condição humana e suas interações sociais.
Se você estiver pensando em explorar as
constelações familiares, mantenha uma mente aberta, mas também crítica. Buscar
o aconselhamento de profissionais de saúde mental qualificados, que utilizam
métodos baseados em evidências, pode ser uma maneira equilibrada de abordar
questões pessoais e familiares. Lembre-se de que cada pessoa é única, e o que
funciona para alguns pode não funcionar para outros. A jornada em direção à
compreensão e resolução de problemas emocionais muitas vezes envolve uma
combinação de abordagens. No final das contas, a busca pela verdade e pelo
bem-estar é uma jornada pessoal, e as constelações familiares são apenas uma
das muitas estrelas no vasto céu da psicologia. Boa sorte em sua caminhada!
Leitura Indicada:
Duprée, Ulrich E. Ho'oponopono e as constelações familiares: para relacionamentos, amor e perdão. Tradução Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Pensamento, 2019