A 8ª Bienal do Mercosul esta inspirada nas tensões entre territórios locais e transnacionais, entre construções políticas e circunstancias geográficas, nas rotas de circulação e intercâmbio de capital simbólico. O titulo se refere ás diversas formas que os artistas propõem para definir o território, a partir das perspectivas geográfica, política e cultural. (folder de divulgação)
Esta semana estive visitando o MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul, e também o Santander Cultural, fui até lá com intenção de observar a exposição da 8ª Bienal do Mercosul, ainda não consegui visitar as demais mostras, o que na próxima semana o farei aos poucos.
No MARGS esta em exposição obras intituladas “Alem Fronteiras”, que apresenta uma visão critica da paisagem do Rio Grande do sul mostrada através de obras inéditas de nove artistas e peças de acervos de museus do Estado.
Aracy Amaral, curadora convidada, informa que sendo a territorialidade o tema desta 8ª Bienal do Mercosul, três rotas dentro do espaço do Rio Grande do Sul, a nosso ver, propiciam visões diferenciadas.
A idéia seria de que delimitações políticas entre nações, no caso do Brasil e de seus vizinhos, nem sempre correspondem a uma autonomia cultural encerrada dentro desses limites. O Estado hospeda de maneira exemplar duas realidades político-culturais análogas: a região dos pampas e a das missões. Percorrendo os pampas – rio-grandense, uruguaio ou argentino –, percebe-se com clareza que se trata da mesma realidade, independente do nome que o país assume em cada rincão. Sobretudo a partir da paisagem, a planura a perder de vista, com suas ondulações suaves, coxilhas, céu amplo, o gado como cultura e base da economia, o comportamento do homem do campo nessa região. Exemplo similar é oferecido pelos territórios que retêm um clima peculiar por seu passado, que no período colonial foi o das missões jesuíticas; ou pelo maravilhamento da região dos canyons do Rio Grande do Sul, ímpar pela beleza que emudece o visitante.
Ao pensar nesses territórios Além Fronteiras, nos indagamos: não seriam os limites político-geográficos senão artifícios criados pelo homem para reafirmar um idioma, plantar uma bandeira, desenhar um escudo, compor um hino, estabelecer uma forma de governo e exigir documentação para se cruzar uma fronteira por ele mesmo demarcada?
Percorrendo quilômetros de estradas e cidades do território do múltiplo e belo Rio Grande do Sul, percebemos a relatividade do termo “fronteira” ou “limite” no sentido de circunscrição que usualmente o termo abarca.
Foram convidados nove artistas, quatro do Rio Grande do Sul (Lucia Koch, Carlos Vergara, Marina Camargo e Carlos Pasquetti), um de Belo Horizonte (Cao Guimarães), um de São Paulo (Felipe Cohen), uma da Argentina (Irene Kopelman), um da Colômbia (José Alejandro Restrepo) e um de Israel (Gal Weinstein), deliberadamente de gerações bem distintas, para conferir, através de seus trabalhos, as leituras sensíveis da realidade cultural e paisagística do Rio Grande do Sul.
Assim, a exposição será uma conversação entre a produção contemporânea dos artistas convidados e, como contraponto, no mesmo espaço do MARGS, a presença de obras/documentos de outros momentos/tempos.
Já no Santander Cultural, a mostra é do artista Chileno Eugenio Dittborn, apresentando Pinturas Aeropostais”.
Eugenio Dittborn é um artista referencial da América Latina. Sua obra é baseada na transterritorialidade, no nomadismo e nas estratégias para subverter fronteiras e penetrar nos centros sem se deixar neutralizar por eles.
Pinturas Aeropostais - obras de ampla riqueza iconográfica que o artista desenvolve desde os anos 80, misturando desenho, costura, pintura e colagem. As obras chegam a Porto Alegre por via postal, dobradas e colocadas em um envelope. A pintura é aberta, desdobrada e pendurada, e o envelope é exibido ao lado, pois traz o registro do itinerário de viagem, os lugares para onde aquela pintura foi enviada anteriormente e o lugar onde está exposta. Uma destas obras é inédita e está sendo produzida especialmente para ser mostrada nas cidades de Caxias do Sul, Pelotas e Bagé, durante o período da Bienal. Intitulada “OB.IT”,a peça é resultado de uma viagem que o artista realizou durante o mês de março, quando visitou as três cidades. Cada bloco da obra resgata a memória da viagem realizada pelo artista e relaciona-se com seu local de exposição, seja através de referências coletadas na cidade, ou pelo conteúdo do trabalho. Esse processo ressalta o caráter literalmente transitório da obra de Dittborn.
Quem for visitar uma Bienal, deve se despir das expectativas tradicionais que esta acostumado, quando admira uma pintura ou uma escultura, pois o que irá encontrar lá, é um apelo de um tipo de arte que é menos para os sentidos e mais para imaginação, o que encontrara lá, foge ao tradicional e ao habitual, exigindo um esforço de mediação diferente, para perceber, que se trata de uma arte visual.
Penso que talvez uma grande parte de nosso publico culto, apreciador de arte também não esteja preparado, talvez o que encontremos lá, caso não apreciemos com o devido prazer, aqui não me refiro ao sentido, porque o sentido é expressão individual, seja porque, talvez não sejamos o expectador adequado.
E, se formos, podemos tecer comentários numa posição também diferente do que a maioria das pessoas estão acostumadas, e a critica por sua vez entendida apenas pelo próprio grupo do especifico expectador, neste sentido fará...”sentido”.
Penso que talvez uma grande parte de nosso publico culto, apreciador de arte também não esteja preparado, talvez o que encontremos lá, caso não apreciemos com o devido prazer, aqui não me refiro ao sentido, porque o sentido é expressão individual, seja porque, talvez não sejamos o expectador adequado.
E, se formos, podemos tecer comentários numa posição também diferente do que a maioria das pessoas estão acostumadas, e a critica por sua vez entendida apenas pelo próprio grupo do especifico expectador, neste sentido fará...”sentido”.
Esta exposição me remeteu, aos preciosos momentos de discussão e reflexão acerca do estudo da estética com Professor Dr. Julio Bernardes, lembro de sua menção ao artista plástico Marcel Duchamp, conhecido para alguns, desconhecido para outros, acredito que num primeiro contato com obras de Marcel Duchamp, temos uma visão diferente do que também possa ser “arte”, e assim objeto de significação estética.
Para quem não conhece, Marcel Duchamp (1889-1968), foi um inovador, alguém que estava a frente de seu tempo, como se diz: na vanguarda da arte, um dos precursores da arte conceitual, quem introduziu a idéia de ready made como objeto de arte.
A idéia ready made refere-se ao uso de objetos industrializados no âmbito da arte, desprezando noções comuns à arte histórica como estilo ou manufatura do objeto de arte, e referindo sua produção primariamente à ideia.
Critico Luiz Camillo Osorio, afirma que as obras de Duchamp estão para além do desconforto que suscita, Duchamp é o artista que mais radicalmente redefiniu o fazer artístico desde Leonardo da Vinci. Em um mundo dominado pela lógica da eficácia e da produção, ele re-inventou o ócio, separando inspiração de transpiração, valor de trabalho. Sua poética singularíssima leva adiante a definição de Leonardo de que a arte é coisa mental.(http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html)
Algumas obras de Duchamp se tornaram famosas e estão em exposição no Museu da Filadélfia, como “A Fonte”, O Grande Vidro ou a Noiva despida por seus Celibatários”, dêem uma olhada e entenderão:
A fonte de Marcel Duchamp (1889-1968)
MARCEL DUCHAMP Roda de bicicleta, 1913
ready-made, madeira e metal altura 126 cm
Quem se interessar pelas obras do artista poderá visitar o seguinte blog e conhecer um pouco mais:
Dois trabalhos de Duchamp que merecem destaque. Primeiro, O Grande Vidro ou a Noiva Despida por seus Celibatários, mesmo, iniciado em 1915 e definitivamente inacabado em 1925, quando, por acidente, um pedaço do vidro fica rachado. A fragilidade e transparência do suporte, o aspecto mecânico das imagens, o tema erótico-delirante, e a incorporação do acaso na (ir)realização do trabalho, dão-lhe uma importância ímpar.
O jogo com as palavras no título das obras também começa a entrar em cena. A sonoridade na lingua francesa de 'mesmo' (même) confunde-se com 'me ama' (m'aime). Como observou Octavio Paz, no seu livro sobre o artista intitulado “Marcel Duchamp ou o Castelo da Pureza” o Grande Vidro "é um enigma e, como todos os enigmas, não é algo que se contempla mas sim que se decifra". Outro trabalho, ou melhor, outra idéia estética que será introduzida por Duchamp e marcará sua obra e posteridade, é o ready-made. Transferindo objetos corriqueiros para os museus e designando-os objetos de arte, ele realiza o gesto mais radical e banalizante da arte em nosso século.
O jogo com as palavras no título das obras também começa a entrar em cena. A sonoridade na lingua francesa de 'mesmo' (même) confunde-se com 'me ama' (m'aime). Como observou Octavio Paz, no seu livro sobre o artista intitulado “Marcel Duchamp ou o Castelo da Pureza” o Grande Vidro "é um enigma e, como todos os enigmas, não é algo que se contempla mas sim que se decifra". Outro trabalho, ou melhor, outra idéia estética que será introduzida por Duchamp e marcará sua obra e posteridade, é o ready-made. Transferindo objetos corriqueiros para os museus e designando-os objetos de arte, ele realiza o gesto mais radical e banalizante da arte em nosso século.
Até bem pouco tempo, a discussão do legado duchampiano vinha associada à morte das formas tradicionais de arte, fala que a pintura morreu, que não há mais sentido algum em se pegar um pincel para se fazer arte; mas não é essa a questão. Não interessa a disjuntiva - ou objeto ou pintura - como não interessam as separações cristalizadas entre forma e vida, olho e espírito. A importância de Duchamp não exclui Pollock, Stella ou Amilcar de Castro. Ela apenas inclui a possibilidade de existirem John Cage, Hélio Oiticica, Andy Warhol ou Gary Hill.
É claro que não digo com isso que não haja imaginação no ato perceptivo, nem que um quadro de Rembrandt ou de Cézanne falem apenas à nossa sensibilidade. O ponto é apenas que Duchamp cria uma outra coisa que foge das categorias tradicionais e dos hábitos arraigados.
Ele inventa um outro tipo de arte e simultaneamente um outro tipo de espectador. Do Renascimento até Picasso as transformações artísticas se deram no interior de uma linguagem pictórica, de uma concepção histórica da forma e do objeto artístico. Foi Duchamp e o dadaismo, que para o bem e para o mal, tomaram um outro caminho.
Ele inventa um outro tipo de arte e simultaneamente um outro tipo de espectador. Do Renascimento até Picasso as transformações artísticas se deram no interior de uma linguagem pictórica, de uma concepção histórica da forma e do objeto artístico. Foi Duchamp e o dadaismo, que para o bem e para o mal, tomaram um outro caminho.
Dadaismo: O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi um movimento artístico da chamada vanguarda artística moderna iniciado em Zurique, em 1915 durante a Primeira Guerra Mundial, no chamado Cabaret Voltaire. Formado por um grupo de escritores, poetas e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão, liderados por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp. Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de madeira, sua utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). Para reforçar esta ideia foi estabelecido o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente, desta forma, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre ela. Isso foi feito para simbolizar o caráter anti-racional do movimento, claramente contrário à Primeira Guerra Mundial e aos padrões da arte estabelecida na época. Em poucos anos o movimento alcançou, além de Zurique, as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris. Muitos de seus seguidores deram início posteriormente ao surrealismo e seus parâmetros influenciam a arte até hoje. (Wikipedia)
Esta comparação entre Picasso e Duchamp é pertinente. O primeiro transformou tudo em arte, enquanto Duchamp, sem transformar nada, fez com que tudo pudesse ser arte. O fato de tudo poder ser arte, não implica em que qualquer coisa seja arte. Na verdade a 'coisa' pouco importa, o artístico não quer se fixar no gesto criativo liberado por Duchamp.
Porque falei tanto de Duchamp?, ora, a Bienal é uma exposição onde encontramos justamente isto, “tudo pode ser arte”. Será que é isto mesmo? O exemplo de Sócrates, que sem jamais escrever uma única linha é considerado o pai da filosofia grega e da ética ocidental, sempre me vem à cabeça quando olho a obra de Duchamp. Sócrates ficou na história através de Platão e outros discípulos.
Da mesma forma, a obra de Duchamp deve ser vista não apenas nela mesma, mas na variada descendência germinada na sua atitude anti-artística, na sua anti-obra. Neste aspecto, visitar o Museu da Filadélfia onde se encontra a maioria de seus trabalhos, é algo paradoxal. Está tudo lá, mas não há muito o que ver, não ficamos boquiabertos, não se realiza o maravilhamento a que estamos habituados diante das grandes obras da história.
Sua obra exige que o espectador se desfaça das expectativas habituais diante da pintura ou escultura. Não é pelo embate puramente estético que lidamos com seus trabalhos. Eles não apelam aos nossos sentidos, mas à nossa imaginação, exigindo mediações incomuns em se tratando de artes visuais.
Da mesma forma, a obra de Duchamp deve ser vista não apenas nela mesma, mas na variada descendência germinada na sua atitude anti-artística, na sua anti-obra. Neste aspecto, visitar o Museu da Filadélfia onde se encontra a maioria de seus trabalhos, é algo paradoxal. Está tudo lá, mas não há muito o que ver, não ficamos boquiabertos, não se realiza o maravilhamento a que estamos habituados diante das grandes obras da história.
Sua obra exige que o espectador se desfaça das expectativas habituais diante da pintura ou escultura. Não é pelo embate puramente estético que lidamos com seus trabalhos. Eles não apelam aos nossos sentidos, mas à nossa imaginação, exigindo mediações incomuns em se tratando de artes visuais.
Como experiência, se forem a Bienal apreciar as obras, no primeiro momento o façam sozinhos, depois peçam a colaboração dos mediadores que estão a disposição para maior esclarecimento acerca da obra, então façam um balanço mental daquilo que inicialmente entenderam e depois com ajuda dos mediadores, se façam a pergunta de qual o sentido da obra pensado pelo artista, e qual o sentido da obra apreendido por você, a obra de arte traz uma significação individual, troque impressões com outras pessoas, alimente o pensamento com outras perspectivas, é bastante interessante, é uma forma de se abstrair do senso comum.
Pensar em obras como as de Duchamp, esta relacionado com o apelo a modernidade, a modernidade na minha maneira mais ou menos analítica de refletir, é pensar que se tudo que é sólido com passar do tempo se desmancha no ar, a modernidade não pode remeter-se a um passado que já não mais existe como fonte para os critérios que a orientam.
Tampouco pode buscá-los na tradição que a precedeu e contra a qual se rebelou, não lhe restando alternativa senão extrair tais critérios de si própria. Duchamp trouxe a questão como um dos problemas de uma fundamentação da modernidade a partir de si própria que não passou despercebido pela crítica estética. Era preciso que a modernidade abandonasse qualquer referência à tradição que aprisionara a arte em padrões rígidos, como se os cânones do que caracteriza uma obra de arte fossem absolutos e impermeáveis às mudanças históricas.
Tampouco pode buscá-los na tradição que a precedeu e contra a qual se rebelou, não lhe restando alternativa senão extrair tais critérios de si própria. Duchamp trouxe a questão como um dos problemas de uma fundamentação da modernidade a partir de si própria que não passou despercebido pela crítica estética. Era preciso que a modernidade abandonasse qualquer referência à tradição que aprisionara a arte em padrões rígidos, como se os cânones do que caracteriza uma obra de arte fossem absolutos e impermeáveis às mudanças históricas.
Outras questão relacionada a arte me sugerem pensar, que questão como consumo, me remete ao imortal Karl Marx (1818-1883), que viu o consumo como o impulso permanente de inovação uma necessidade da nova sociedade burguesa em sua busca de ampliar ao máximo o consumo de mercadorias.
Diz Marx no "Manifesto Comunista": "A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais. (...) Essa revolução contínua da produção, esse abalo constante de todo sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes (...). Tudo o que era sólido se desmancha no ar...".
Agora uma virada no pensamento, vou até o pensamento de do poeta francês, Charles Baudelaire (1821-1867), o primeiro contato que tive com ele, foi quando li uma de suas obras, “As Flores do Mal”, uma publicação de 1964, gosto de publicações antigas, Baudelaire, poeta e crítico de arte, propôs que a arte, em cada época, deve buscar sua própria forma, ao invés de imitar os padrões de épocas precedentes. A arte situa-se entre o eterno e o atual e pode ser considerada como filha legítima dos tempos atuais, pois "a modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável". O talento do artista revela-se ao extrair o eterno do transitório, pois, de outra forma, o eterno não poderia ser apreendido, pelo seu caráter intangível. Como observa Baudelaire: "O belo é constituído por um elemento eterno, invariável, cuja qualidade é excessivamente difícil de determinar, e de um elemento relativo, circunstancial (...) sem esse segundo elemento, que é como a cobertura brilhante e atraente que abre o apetite para o divino manjar, o primeiro elemento seria indigerível, (...) para a natureza humana".
Conforme pensamento do poeta e critico, a beleza eterna desvela-se apenas no traje da época, daí a afinidade da arte com a moda, ambas buscam algo de eterno no atual e momentâneo, mesmo reconhecendo a impossibilidade de retê-lo. Toda arte, assim como toda moda, é inevitavelmente datada como o retrato de uma época. Assim, moda e consumo estão diretamente ligados, quanto mais a moda for especifica, mais a cada ano, o antigo deixa de ser moderno, ficando fora de moda no ano seguinte, o consumo ditado na forma de pensar de Marx, é alimentado sem parar, efeitos da modernidade.
O pensamento artístico é assim: O artista precisa estar integrado em seu tempo; não pode ficar preso às formas do passado sob o risco de ser considerado um mero imitador. Ele precisa experimentar novas formas que melhor traduzam a sensibilidade de seu tempo, o que o dispõe a correr o risco de não ser compreendido por seus contemporâneos.
As pessoas são educadas e compreendem mais facilmente o que já foi digerido pela crítica e consagrado pelos acadêmicos. Por isso, é mais fácil repetir fórmulas consagradas e se arriscar menos se quiser ter o sucesso garantido.
Os filmes, as músicas, a literatura e a moda, voltadas para o grande público, preferem repetir fórmulas consagradas a promoverem uma revolução na estética, há raríssimas exceções.
Encontramos revolução em Duchamp, a figura do revolucionário, aquele que rompeu com as fórmulas consagradas, não se conformou com a repetição das receitas tradicionais, mesmo correndo o risco de ser incompreendido e ser considerado produtor de um arte “marginal”, arriscando não ser reconhecido em seu próprio tempo, por isto penso que ele estava adiante de seu tempo.
Entendo, ainda, que Duchamp, nos trouxe a mensagem que a arte não esta predestinada a ser incompreendida ou que se dirige a uma minoria. Mesmo a arte erudita pode ser uma repetição de fórmulas de sucesso diferenciando-se apenas pelo poder aquisitivo de seus consumidores.
A arte diferencia-se da moda, já que no caso da moda, o sucesso não pode servir como critério para definir se uma obra é realmente boa ou não, há críticos que pensam que arte e moda sejam a mesma coisa, mas não é, a arte vem para ficar e a moda passa.
Encerro minha fala com um poema do critico e poeta Baudelaire, extraido de sua obra "As Flores do Mal":
Os Cegos
Contemplai-os minha alma, eis que são pavorosos!
São como os manequins, ridiculos noctâmbulos,
E de sinistro horror como os sonâmbulos;
e quem sabe aonde vão seus globos tenebrosos?
Seus olhos, donde a chama eternal é partida,
Como se olhassem longe estão no firmamento;
E não se os vê jamais, por sobre o pavimento,
Inclinar vagamente a fronte sucumbida.
Atravessam assim a infinda escuridade,
Esta irmã do silêncio imutavel, cidade!
enquanto em torno a nós é um lamento o teu canto
Que é tão atroz que chega a perder-se no orgasmo,
Vê que eu errp também e mais do que eles pasmo,
Digo: "O que pelos céus eles procuram tanto?".
Encerro minha fala com um poema do critico e poeta Baudelaire, extraido de sua obra "As Flores do Mal":
Os Cegos
Contemplai-os minha alma, eis que são pavorosos!
São como os manequins, ridiculos noctâmbulos,
E de sinistro horror como os sonâmbulos;
e quem sabe aonde vão seus globos tenebrosos?
Seus olhos, donde a chama eternal é partida,
Como se olhassem longe estão no firmamento;
E não se os vê jamais, por sobre o pavimento,
Inclinar vagamente a fronte sucumbida.
Atravessam assim a infinda escuridade,
Esta irmã do silêncio imutavel, cidade!
enquanto em torno a nós é um lamento o teu canto
Que é tão atroz que chega a perder-se no orgasmo,
Vê que eu errp também e mais do que eles pasmo,
Digo: "O que pelos céus eles procuram tanto?".