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sábado, 13 de agosto de 2011

Scio me nescire


Scio me nescire
(Sei que nada sei; Sócrates 469-399 a.C)
Sapere aude!
(Ouse saber; Horácio 65-8 a.C )
Cogito, ergo sum
(Penso, logo existo; René Descartes 1596-1650)

              Os homens ao longo dos séculos, construíram a história e nela gravaram suas impressões que permanecem exercendo enorme efeito, debruçamo-nos sobre suas reflexões e delas extraímos múltiplas verdades, construímos teses sem deixar de sermos originais. Com o passar do tempo as sociedades construíram modos diferentes de viver, nessa convivência vivemos por dilemas recorrentes da construção dos modos, discutimos questões controversas que dominam o senso comum sob o ponto de vista da ética filosófica. Suscitamos perguntas e assim levantamos questões paradoxais, na tentativa de explicar e desvendar as contradições da moralidade na contemporaneidade, focamos cenários e extraímos pontos de vista discordantes, enfrentamos problemas que aparentemente são insolúveis, alguns por serem constantemente negligenciados.
              Quem já não perguntou se os presidiários tem direito de se queixar de condições injustas de detenção se eles foram responsáveis pela morte e sofrimento de pessoas que nos são caras? Quem não perguntou se deveríamos sentir pena das pessoas moralmente ruins?  Se o sistema prisional não recupera e apenas destrói, os indivíduos que dali forem libertados não estariam ainda piores do que entraram sendo devolvidos ao convívio da sociedade? Se a sociedade segue em sua jornada sem refletir acerca da liberdade que mesmo vigiada não consegue conter o crescente aumento de criminalidade e insatisfação, tentando recompensar o vazio existencial pelo incentivo no consumo, sabendo que o consumo é apenas um paliativo de prazer ilusório e passageiro? Se a moralidade na atualidade não estaria em seu sentido estrito sendo menos rígida no seio de seu sistema de restrições e obrigações referentes ao comportamento de um individuo em relação ao outro, e com isto dividindo e aumentando mais a distância na duas visões da moralidade, onde as opiniões num extremo valorizam a moralidade como base do comportamento moral louvável, enquanto no outro extremo a moralidade é depreciada por outros indivíduos?
              Dentre os indivíduos que refletem acerca destas e outras questões paradoxais oriundas dos problemas da convivência, sobressaem-se aqueles mesmo diferindo com os pontos de vistas expostos, analisam os problemas não só a partir de componentes subjetivos (como o agente que percebeu a sua situação), mas também por conseguir estabelecer padrões e premissas objetivas que caracterizam o individuo possuidor de valor moral, que age moralmente não apenas em situações em que esteja sob olhar dos outros, mas também age moralmente por fazer parte de sua natureza, ainda assim agindo sem que este agir seja motivado pelo sentimento de prazer que o ato moral possa lhe causar, ou ainda, mesmo que tenham de se sacrificar e arriscar lutando pelos interesses dos outros por julgar ser moralmente justo e correto.
              Nossa existência é bombardeada por emoções por tempo integral, como agimos com relação a nós e aos outros estabelecerão laços de amizade, afetos, desafetos, dependência e independência, modismos, identificação com ídolos, sermos aceitos pelas tribos, faremos uso de álcool, fumo e outras drogas, enfim os alicerces morais e éticos construídos a partir dos vínculos familiares, vínculos com a sociedade, farão revelar a potência existente dentro de cada semente. As emoções sempre existiram e exerceram influência nas questões existenciais. A existência ao longo do tempo foi discutida por inúmeros pensadores, e continua sendo, as idéias discutidas no passado permanecem vivas e são pontos de partida na tentativa de explicar e tentar resolver os problemas que a sociedade e o individuo estão mutuamente convivendo, o equilíbrio é encontrado no beneficio da moralidade quando impõe menos.
             Deparamo-nos com situações onde não sabemos como agir, aceitando que nada sabemos sobre o assunto, porem ousamos em saber e buscamos soluções, encontramos no fato de termos consciência de nossa existência razão para construir maneiras e assim opções, funcionam como um ritual de passagem para uma nova condição entre o saber e o não saber.
            

3 comentários:

  1. Caro Adão,

    é uma reflexão densa sobre a ética. Nela trabalhas as ligações entre os clássicos e o cotidiano com a preocupação voltada para a contemporaneidade e as consequências que advirão de uma existência irrefletida filosoficamente. Muito bom!

    Um abraço,

    Garin

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  2. Professor Garin

    Lhe felicito pelo Dia dos Pais, muita luz, que nosso mestre permaneça em seu coração.

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  3. Obrigado, Adão,

    Um forte abraço para ti também.

    Garin

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