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sexta-feira, 9 de abril de 2021

Filosofia da matemática de grandezas inversamente proporcionais


A filosofia mãe de todas as ciências, inclusive mãe da poderosa matemática, sofreu a influência da divisão presente no pensamento cartesiano, antes o que era apenas a filosofia, foi dividida de maneira a facilitar a compreensão de cada uma, no entanto há pontos de contato, permanecem ligadas e integradas, parece contraditório, mas não é.


Com aumento da complexidade e conteúdo de cada uma, optou-se em fazer a divisão com visão na especialização e melhor entendimento, ambas mantem vínculos inter-transdisciplinares, por haver algo comum entre elas dialogam fazendo entender o saber como um todo, não havendo fronteiras entre elas promovemos a interação máxima, respeitando suas singularidades, diferenças e especificidades, se complementando construindo conceitos físicos e metafísicos do conhecimento e da evolução humana.


Duas grandezas são chamadas inversamente proporcionais quando o aumento na medida de uma das grandezas causa uma redução na medida da outra, e vice-versa. Temos como exemplo as grandezas velocidade e tempo são inversamente proporcionais, pois, aumentando a velocidade de um objeto, ele gastará menos tempo para percorrer determinado percurso, sempre ocorrendo na mesma proporção. No entanto existem outras grandezas que nos permitirão nos apropriarmos deste conceito construindo uma filosofia de vida, evitando gastarmos muita energia imprimindo velocidade e tempo em ocupações vazias de conteúdo prático e necessário para uma boa vida.

 

Sócrates no advertiu com relação a vida ocupada demais, ocupada com “coisas” sem grandeza para uma boa vida, ele disse: "Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais". e "Uma vida não examinada não vale ser vivida".

 

A partir do conhecimento da filosofia e matemática aprendemos a refletir e construir conceitos, tal qual o inicialmente apresentado sobre “grandezas inversamente proporcionais”, seja pela observação, meditação e comprovação física, etc. temos leis da física que regem os movimentos e sua harmonia. Segundo Heráclito, filósofo grego do século V aC, o mundo e a natureza são constantes movimentos. Tudo muda o tempo todo, e o fluxo perpétuo (movimento constante), estão na base da dialética de Heráclito, por seu ponto de vista a existência do mundo é devido a dialética da oposição de contrários, do conflito, é esse movimento de um lado a outro que gera a realidade e sua harmonia.

 

Vivemos em tempos de busca pela harmonia na simplicidade, neste sentido há uma filosofia de vida que cresce na atualidade, estou falando do minimalismo, tem por lema resumindo em poucas palavras: “menos é mais”, e porque não? Afinal quando decidimos abraçar a vida precisamos estar harmonizados conosco e com a natureza, nesta busca geralmente mudamos o estilo de vida, diminuímos e velocidade e ganhamos mais tempo para “coisas” com grandezas que representam mais qualidade de vida.

 

Constatamos que viver com menos nos trará mais flexibilidade, maior liberdade e desapego das coisas materiais, coisas materiais pelas quais corremos tanto e ao final não teremos tempo de vida para usufruir e na maioria das vezes chegamos à conclusão que para quê ceder as tentações de consumo irresponsável, a matemática e a filosofia em sua abstração nos ajudam a construir o pensamento lógico da harmonia dando sentido da vida.

 

 

O movimento em sua dialética harmônica, é como processo criador com seu próprio tempo de idas e vindas, nos proporciona sensibilidade para saborearmos a vida em suas múltiplas faces avivando emoções e sentimentos como alegria, tristeza, facilidades e dificuldades, com a solidez de um ser bem resolvido frente ao mundo, à revelia das circunstâncias, é sem dúvida somos também heraclitianos, nos colocando conscientes de nossos papéis partícipes da criação e realidade mais simples, fazendo o que é necessário, não apenas fazendo aquilo que gostamos, mas fazendo aquilo que é necessário, nossa vida fica mais fácil e descomplicada.

 

A fonte de geração dos conflitos des-harmonizantes, são aqueles conflitos que contrariam a lógica do bem viver minimalista, está na divisão entre fazer e não fazer só o que gosto e não gosto, amo e odeio, quando você vive nesta dualidade e não faz o que precisa ser feito você des-harmoniza, quando fazemos o que precisa ser feito, gostemos ou não, transcendemos e interrompemos a geração dos conflitos des-harmonizantes. 

 

Façamos o que precisa ser feito incluindo isto na rotina estaremos bem encaminhados física e espiritual! Vamos prestar atenção nas pequenas coisas e pequenos detalhes, grandes coisas estão dentro de pequenas coisas, as pequenas grandes coisas estão na simplicidade, e no menos há mais do que imaginamos, esta é uma verdade inversamente proporcional, a mola está no desapego, nele se encontra parte da construção da felicidade, ter só aquilo que gostamos e não é necessário é ter o que não precisamos, seremos apenas acumuladores.

 

Estar resolvido na vida é não dar importância aos apelos dos tempos nos quais somos amplamente cobrados a ter, esquecendo o ser, como se o ser dependesse do ter, ter sempre mais e ostentar - principalmente nas redes sociais; o minimalismo tem crescido pregando exatamente o contrário: uma vida sem excessos. O minimalismo surgiu nas artes, atualmente se estendeu e é considerado uma filosofia de vida que tem como lema “menos é mais”. O ideal é “melhor ser do que ter”, ou até mesmo um lema como “ame pessoas e use coisas”, estas são grandezas inversamente proporcionais, a matemática da boa vida contraria a matemática da vantagem sobre tudo e todos, usando pessoas para ter as coisas.

 

A ideia e aplicabilidade do minimalismo esta em reduzir os excessos e viver com aquilo que seja apenas essencial, esse estilo de vida pode ser aplicado no vestuário, na alimentação, na decoração, entre outros aspectos do dia a dia presentes nas exigências culturais de consumo, é importante saber que podemos romper com o padrão de consumo exacerbado e parar de sofrermos pela a falta da condição financeira de não podermos comprar tudo que vemos na frente, “se comprar sei que estarei comprometendo a harmonia da vida econômica e financeira”, a matemática é cruel quando não adotamos uma filosofia de vida que seja compatível com nossos recursos.

 

Cada um de nós sabe onde o sapato aperta, portanto dentro do conceito minimalista cada um sabe o que é realmente importante, talvez tenha de apenas estabelecer prioridades para sua vida e talvez não estaja relacionado a privação ou abstinência. A ideia é que possamos viver com conforto que consideramos importante na nossa vida, mas que cada uma dessas coisas que possuímos tenha um valor concreto e significante. Grande parte dos nossos desejos de consumo não são verdadeiramente nossos, são coisas que em algum momento foram enfiadas na nossa cabeça, e acatamos por ser legal e porque todos tem ou usam.

 

Nos tempos atuais este estilo de vida vem ganhando força, não apenas como opção de bem viver, mas como consequência da crise econômica que o mundo está vivendo, neste caso a privação é consequência de não haver condição econômica, causada pelo desemprego e imensa pobreza, somos forçados a nos adaptarmos e dentro do possível economizar para não faltar no futuro. Ser frugal é a ordem do tempo atual, ou seja, aproveitar bem cada recurso, sem desperdícios, com moderação, sem ostentações.

 

Inevitavelmente todos os dias somos desafiados a fazer mais com menos e menos com mais, agora as pequenas grandes coisas da vida nos convidam a colocar nossa atenção no que realmente importa e, reencontrar a luz dentro de nós, e acima de tudo, acreditar que todos os dias podem ser um bom dia, priorizando o que realmente precisamos, precisamos menos do que pensamos.

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