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terça-feira, 6 de abril de 2021

Ir, Indo não é pouca coisa

 


Estranha esta forma de dizer como se está indo, “Ir Indo” é uma expressão muito comum, coloquialmente nos dá a impressão conformista, mas penso que nela contenha um sentido bem maior, além de uma simples maneira de se falar da passagem do tempo, principalmente em momentos de dificuldades onde a cotidianidade foi severamente alterada, o exercício cotidiano do exercício da liberdade se foi.

As pessoas mais velhas como eu que usam o termo “Ir Indo”, costumam se referir ao cotidiano sem menosprezo, pensamos que “só se pode ir indo, o que já é muito e não é pouco”, o hábito de fazer as coisas que está incorporado na cotidianidade é ponto de referência para todas as pessoas e principalmente para os mais velhos, a repetição saudável está na sabedoria de saber que o dia a dia não é totalmente previsível, não há um tempo fechado nele mesmo, há aberturas onde flui o diferente, imprevisível e do não normal por ser intempestivo.

Não podemos mais correr tanto atrás do futuro, nossos passos se tornaram lentos, curtos e meditativos, sincronizados ao bater do coração, rumo ao futuro incerto, estamos re-aprendendo a caminhar, um passo de cada vez, a vida permanece pulsante e enquanto houver vida há liberdade de fazer no cotidiano.

Aqui me refiro a uma cotidianidade que nos ajude a viver e nos ajude a superar apertos inesperados que possam nos causar algum dano, penso numa cotidianidade como o ritmo de uma boa música, assim como na música não cansamos de ouvir e repetir sua letra, seu refrão com a melodia repetindo em nossa mente, penso na repetição de uma boa caminhada, do dar e receber um bom dia, no cuidar do jardim, no cheirinho do pão assando, dos encontros com os amigos, familiares e da pessoa amada.


Sentir a vida é sentir a liberdade fluindo no cotidiano, por ser duradoura a vida se modifica assim como nós mudamos com ela, a liberdade que neste momento está muito limitada nos remete a pensar na importância do novo cotidiano, revelando que atualmente o “Ir Indo” já é uma espécie de milagre, comparamos o hoje ao ontem, encontramos agora uma normalidade noutra medida exata e pertinente ao momento, o que não mudou é sabermos que hoje “só se pode ir indo, o que já é muito e não é pouco”.

Vivemos tempos de prece, gratidão e perdão! O cotidiano nos ensinou que a repetição é benéfica, benéfica quando a rotina e a repetição não se sejam um círculo cego, árido e vicioso, quando olhado por olhos que veem e enxergam, escutam, ouvem e sentem a boas vibrações da vida em mim e nos outros.

O tempo de nossa vida vai passando, queiramos ou não, e ocorre na repetição cotidiana onde expressamos que o tempo passa enquanto tornamos a pedir, a agradecer pelo dia de hoje e aprendemos a esperar pelo dia de amanhã.

Não é em vão que a repetição do agradecimento e da suplica tenha acompanhado e acompanhe o presente do dia a dia, lembrando que a base da felicidade se encontra na repetição do perdão.

Se me perguntarem como estou indo vou dizer: Vou Indo! Porque “só se pode ir indo, o que já é muito e não é pouco”

Gosto muito da musica Sinal Fechado de Paulinho da Viola, por isto compartilho o link da interpretação e a letra logo abaixo:

 

https://www.youtube.com/watch?v=wl4K_vlAD3c

 

Letra

 

Olá, como vai?
Eu vou indo, e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe?

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
Pô, não tem de quê
Eu também só ando a cem

Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo
Talvez nos vejamos, quem sabe?

Quanto tempo, pois é, quanto tempo

Tanto coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge à lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa rapidamente

Pra semana, o sinal
Eu procuro você, vai abrir, vai abrir
Prometo, não esqueço
Por favor não esqueça, não esqueça
Não esqueço, adeus

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