A maioria das pessoas associa a frase ao trecho da música Índios, grande sucesso do Legião Urbana eternizada na voz do compositor, vocalista e poeta Renato Russo, no entanto a autoria desta frase é do poeta e filósofo francês Paul Valery, que a escreveu na década de 20.
Paul Valéry nos anos 1920, o grande poeta e pensador lançou a frase irônica e profética: “O problema do nosso tempo é que o futuro não é o que costumava ser”, se antes vivíamos na incerteza, atualmente estamos ainda mais confusos e a frase que atravessou o tempo encontrou na realidade seu ajuste com perfeição.
Diante da atual realidade nos encontramos num enfrentamento contra o avanço da pandemia, os estragos causados na saúde, na economia, na política, nos empregos e na sociedade como um todo, limitam nossa capacidade de pensar no que será de nós nos próximos anos e antecipar quaisquer futuros possíveis, qualquer previsibilidade transformou o mundo num lugar caótico cheio de incertezas e insegurança.
O que estamos vivenciando é a maior capacidade tecnológica que alguns países tem em desenvolver vacinas em tempo célere na tentativa em salvar vidas, ficou muito claro que investir em pesquisas é algo a levar muito a sério. Dentro do possível neste futuro incerto, precisamos ter pelo menos a certeza que o investimento que fizermos será revertido pelo benefício da sociedade no presente e no futuro, proporcionando maior autonomia na solução de problemas como este pelo qual estamos vivendo, onde há grande probabilidade de acontecer novamente.
A crise atual ainda está longe de acabar, temos pela frente muitas perdas e traumas, a história irá contar os fatos atuais daquilo que vier a tona e possa ser registrado, no entanto as dores de cada um com sua realidade e seus dramas em sua maioria ficarão de fora da história geral, os fatos estarão apenas em nossa memória, as marcas não se apagarão tão cedo, marcas ficarão duvidando do futuro, e saber que agora tal insegurança não consegue calibrar nossa bússola dando um norte de um futuro como aquele no qual antes podíamos vislumbrar.
Diariamente é feita uma contagem de contaminados, recuperados e mortos, as estatísticas são frias e impessoais, corpos sem vida são como objetos contados num estoque mundial de seres humanos que se foram, temos a sensação de que tudo fugiu ao controle, reflexo de uma sociedade capitalista onde tudo está “coisificado”, como escreveu Marx: “O capital cria não apenas objetos para o sujeito, mas também o sujeito para os objetos”.
E, como coisa, estamos confinados e isolados em nossas propriedades, as relações entre os sujeitos se transformaram em relações entre coisas; cada um é indiferente ao outro, estamos separados dos demais, o que está levando o sujeito a um completo isolamento social, a uma ausência de sociabilidade extremamente necessária para a humanização das pessoas, a ausência do convívio social afetou as emoções, trouxe insegurança, medo e angustia, marcas e traumas que deverão ser tratados por psicólogos e psiquiatras, nada será como era antes.
Antes da pandemia ainda podíamos olhar para o futuro e enxergar a conclusão educacional em tanto tempo, tínhamos a impressão (ilusão) que podíamos de certa forma controlar um pouco do futuro, falar disto atualmente se tornou um problema existencial, não sabemos se nós (inclui-se professores, empresas, governos) estaremos por aqui, quando muito olhamos para a semana que vem, o futuro virou um conceito abstrato demais, nosso emocional alterou nosso entendimento do tempo, estamos vivendo um presente com muito do repetitivo.
Vivemos num presente pesado, inchado e carregado de ideologias, fake News, manipulação, vivemos tempos de um poder viral extraordinário, os mais afetados são pessoas de baixa escolaridade que dependem das redes sociais para obterem notícias e informações, no entanto mesmo as pessoas mais escolarizadas podem ser alcançadas pelas fake News, em razão da grande parte das notícias terem viés político, um viés ideológico que rotula a ciência, rotula os meios de comunicação, criando confusão através de divisões para melhor manipular o presente de olho na opinião de um futuro que já não é como era antigamente, atualmente grandes forças agem na construção de um futuro onde as pessoas pensam ter controle de sua vida e vivem num mundo onde qualquer coisa, dentro dos limites da razão, seja possível, porem apenas “acham”, não pensam.
Viver é uma arte de “viver” no tempo real, viver o presente exige um potencial de viver o absurdo é, tal como Albert Camus sugere: a constatação primeira que possibilita ao homem o ato da criação ao informar que é ele o responsável por sua própria história. O homem deve enfrentar o absurdo por meio de uma postura filosófica de revolta contra os rumos que querem nos impor.
“Quando você sente que o tempo está muito curto, ou você está agitado ou em consciência expandida. Quando você sente que o tempo está longo demais, ou você está em sofrimento ou está com a mente afiada. Quando você está feliz e ama o que está fazendo, simplesmente não sente o tempo. Da mesma forma, no sono, você não sente o tempo.
Quando você está à frente do tempo, ele se arrasta e fica enfadonho. Quando o tempo está à sua frente, você fica surpreso e chocado, e não consegue digerir os fatos.
Em meditação profunda, você é o tempo e tudo está acontecendo em você. Os fatos estão acontecendo em você como nuvens que vão e vêm no céu. Quando você está com tempo, você fica sábio e em paz”.
Sri Sri Ravi Shankar
O ser humano precisa enxergar um futuro onde haja segurança, onde se possa e se queira viver, longe dos absurdos do enclausuramento que vivemos hoje, vivemos sem autonomia e privados da liberdade de ir e vir, embora saibamos que a existência de liberdade é mais uma premissa do que uma verdade, antes ainda podíamos dentro do possível driblar os condicionamentos que nos limitavam, antes o muito era pouco, agora o pouco é muito, quem me dera ao menos uma vez...olhar para o futuro como olhava antigamente.
Para quem aprecia a música Índios do Legião Urbana segue o Link: https://www.youtube.com/watch?v=nM_gEzvhsM0
Musica Índios – Legião Urbana
Letra
Quem
me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha
Quem
me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano de chão
De linho nobre e pura seda
Quem
me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era
antigamente
Quem
me dera ao menos uma vez
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
Fala demais por não ter nada a dizer
Quem
me dera ao menos uma vez
Que o mais simples fosse visto
Como o mais importante
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente
Quem
me dera ao menos uma vez
Entender como um só Deus ao mesmo tempo é três
E esse mesmo Deus foi morto por vocês
Sua maldade, então, deixaram Deus tão triste
Eu
quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E
é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi
Quem
me dera ao menos uma vez
Acreditar por um instante em tudo que existe
E acreditar que o mundo é perfeito
E que todas as pessoas são felizes
Quem
me dera ao menos uma vez
Fazer com que o mundo saiba que seu nome
Está em tudo e mesmo assim
Ninguém lhe diz ao menos obrigado
Quem
me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo
Dos mais belos índios
Não ser atacado por ser inocente
Eu
quis o perigo e até sangrei sozinho, entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E
é só você que tem a cura pro meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi
Nos
deram espelhos e vimos um mundo doente
Tentei chorar e não consegui
Fonte: LyricFind
Compositores: Renato Junior Manfredini
Letra de Índios © Sony/ATV Music Publishing LLC
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