Somos, estamos sendo, deixamos de ser, pretendemos ser, vejamos como somos complexos, cada um são tantos ao mesmo tempo tentando ser uma personalidade, é difícil, a vida muda de contexto o tempo todo, e nós seres humanos amamos contextualizar. Então, vamos contextualizar adentrando a complexidade da identidade humana, um tema que permeia nosso cotidiano de maneiras mais intricadas do que usualmente percebemos. Ao refletir sobre quem somos, os rótulos que carregamos e os papéis que desempenhamos, deparamo-nos com uma teia intrincada de características e atributos que definem nossa singularidade.
Ao invés de nos enxergarmos como entidades estáticas, podemos nos assemelhar a camaleões sociais, adaptando-nos às nuances dos diferentes contextos em que estamos inseridos. Somos, por vezes, artistas expressivos, liberando nossa criatividade, enquanto em outros momentos nos transformamos em torcedores fervorosos, vibrando pelas vitórias dos nossos times. Esses são apenas lampejos superficiais da vastidão da complexidade humana. Por que não pensarmos sobre a multiplicidade dos atributos que compõem a identidade?
A natureza humana é intrinsecamente complexa e multifacetada, e as identidades que moldam nossa existência são tão diversas quanto as cores de um arco-íris. Somos seres dotados de uma capacidade única de se expressar e se identificar de maneiras diversas em diferentes momentos. Nossa vida é uma dança constante entre papéis e atributos, moldando uma teia intrincada que define quem somos, quem estamos sendo e quem já fomos.
O ser humano é inerentemente dual. Somos, ao mesmo tempo, seres estáticos e em constante movimento. A dualidade entre "ser" e "estar" reflete a complexidade de nossas identidades, que não são fixas, mas sim fluidas e em evolução constante. O "ser" representa nossa essência interior, aquilo que nos define independentemente do contexto externo. Somos filhos, irmãos, artistas, torcedores, e essas identidades fundamentais permanecem conosco ao longo da vida. Elas constituem a base de quem somos, contribuindo para a formação de nossa identidade central. Por outro lado, o "estar" é a expressão contextual de nossas identidades. Em diferentes situações e momentos, nos colocamos em papéis específicos, moldando nossa identidade de acordo com o ambiente. Na intrincada tapeçaria da identidade, a dualidade entre "ser" e "não ser" revela-se como um elemento crucial. Em determinados momentos, Nos deparamos com a encruzilhada existencial, onde a possibilidade de questionar e redefinir nossa essência se apresenta. Esses instantes de introspecção permitem que se navegue entre as facetas de nossa personalidade, ressignificando e abandonando identidades que já não ecoam em nossa jornada evolutiva. Nesse jogo sutil entre ser e não ser, tecemos nossa própria narrativa de autenticidade, aceitando a complexidade inerente à construção constante daquilo que é e daquilo que opta por não ser.
Podemos ser um professor na sala de aula, um torcedor vibrante no estádio, um artista inspirado no palco. Essas identidades transitórias refletem a adaptabilidade inerente à condição humana. Muitos de nós abrigam um artista interior, seja ele um músico, escritor, pintor ou criador em qualquer forma de expressão artística. Essa faceta de nossa identidade é frequentemente uma fonte de autoexpressão profunda, permitindo-nos comunicar emoções e pensamentos de maneiras únicas. Ser um torcedor vai além de simplesmente apoiar um time. É uma identidade carregada de emoções, vínculos comunitários e um senso profundo de pertencimento. Ser parte de uma torcida é incorporar uma identidade coletiva, uma experiência compartilhada que transcende o campo esportivo. As convicções políticas moldam uma parte significativa de nossa identidade. Ser de esquerda não é apenas uma posição política, mas uma expressão de valores, ideais e um compromisso com a justiça social. Essa identidade influencia nossa visão de mundo e nosso papel na construção de uma sociedade mais justa.
A identidade de professor vai além do papel profissional. Ela reflete um compromisso com a disseminação do conhecimento, a orientação de mentes jovens e a influência positiva na formação de futuras gerações. Ser um professor é incorporar a responsabilidade de moldar o pensamento e inspirar o aprendizado.
A dinâmica entre "estamos sendo", "somos" e "não somos" é um reflexo da nossa capacidade de adaptação e evolução. Estamos em constante transformação, assimilando novas experiências, desafiando e expandindo nossas próprias fronteiras. "Estamos sendo" é o processo contínuo de transformação. Somos moldados por nossas interações, aprendizados e experiências diárias. A identidade que expressamos em um momento específico reflete a síntese constante de influências externas e internas.
A essência do "somos" permanece como uma base inabalável. É a soma total de nossas identidades fundamentais, aquelas que resistem às mudanças superficiais e mantêm a coesão interna. É a âncora que nos conecta à nossa verdadeira natureza. O "não somos" representa a capacidade de abandonar identidades que não servem mais ao nosso crescimento. É a habilidade de desapegar de rótulos obsoletos, crenças limitantes e papéis que não mais nos representam. É um ato corajoso de autenticidade e autodescoberta.
A complexidade dos atributos humanos é uma jornada fascinante de autodescoberta e autenticidade. Ser e estar em uma teia de identidades é uma expressão da riqueza da experiência humana. À medida que abraçamos as diversas facetas de quem somos, reconhecemos a beleza da evolução constante e a capacidade de redefinir nossa própria narrativa. Nossa identidade é uma obra-prima em constante criação, tecida com os fios da experiência, paixão e autenticidade.
Se eu tivesse que escolher um filósofo para bater um papo descontraído sobre a complexidade dos atributos humanos abordada, eu definitivamente chamaria a Judith Butler para a roda de conversa. O dela com a performatividade de gênero é muito a cara desse negócio todo de "ser" e "estar" que estamos refletindo. A ideia de que a gente não nasce com uma identidade fixa, mas vai construindo ela com as ações do dia a dia, é muito interessante. É tipo a dualidade entre ser um "eu" fundamental e, ao mesmo tempo, ser um "eu" que se adapta ao contexto.
E Butler também tem aquela vibe de fluidez nas identidades, algo bem "estamos sendo" na prática. A vida é uma constante transformação, e ela captou isso direitinho na teoria dela. Sem contar que ela é toda a favor de questionar rótulos e normas, o que bate certinho com aquela ideia de "não ser" e se livrar de identidades que não fazem mais sentido. Então, se quiséssemos tomar um café e jogar esse papo fora, eu chamaria a Judith Butler na hora. Acho que ela ia dar aquele toque informal e provocativo que a gente precisa para entender melhor essa bagunça bonita que é a identidade humana.
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