Vamos encarar a realidade: todos nós, em algum momento, caímos na armadilha da unilateralidade abstrata. É como aquele amigo que só consegue ver a própria perspectiva em uma discussão acalorada, ou o colega de trabalho que insiste em impor suas ideias sem nem ao menos considerar as opiniões dos outros. A unilateralidade abstrata está em toda parte, e muitas vezes nem percebemos que estamos presos nela.
Imagine
esta situação comum: você está em uma discussão política com um amigo. Vocês
têm opiniões divergentes sobre um determinado assunto, digamos, a legalização
da maconha. Você está firmemente convencido de que a maconha deveria ser
legalizada, argumentando sobre os benefícios medicinais e a liberdade
individual. Seu amigo, por outro lado, está igualmente convencido de que a
maconha deve permanecer ilegal, preocupado com os potenciais danos à saúde
pública e ao tecido social. A discussão esquenta, e logo vocês estão apenas
gritando um com o outro, cada um tentando impor sua visão de mundo. Aqui está a
unilateralidade abstrata em ação: ambos estão tão imersos em suas próprias
convicções que se recusam a considerar os argumentos do outro lado.
Como
observado pelo filósofo francês Albert Camus, "A intolerância é a primeira
manifestação de uma falta de fé no próprio ponto de vista que se defende".
Nesta discussão sobre a legalização da maconha, tanto você quanto seu amigo
estão demonstrando uma falta de fé na própria força de seus argumentos, optando
por ignorar qualquer perspectiva que não se alinhe com a sua própria.
Outro
exemplo comum de unilateralidade abstrata pode ser encontrado em
relacionamentos interpessoais. Quantas vezes nos pegamos culpando nosso
parceiro por problemas em nosso relacionamento sem sequer considerar nosso
próprio papel nesses problemas? Talvez estejamos tão focados em nossos próprios
sentimentos e necessidades que negligenciamos completamente as preocupações e
perspectivas da outra pessoa. Estamos tão obcecados com nossa própria narrativa
que não conseguimos ver além dela.
Como observado pelo psicólogo Carl Rogers, "Quando me aceito como eu sou, então posso mudar". Esta citação ressalta a importância de reconhecer e aceitar nossa própria unilateralidade abstrata antes de podermos começar a mudar nossas atitudes e comportamentos. Somente quando reconhecemos que estamos presos em nossas próprias perspectivas limitadas é que podemos começar a abrir nossas mentes para novas ideias e pontos de vista.
Em resumo, a unilateralidade abstrata é uma armadilha comum na qual todos nós caímos de vez em quando. Seja em discussões políticas acaloradas ou em relacionamentos interpessoais tensos, é fácil ficar preso em nossas próprias narrativas e ignorar o outro lado da moeda. No entanto, ao reconhecermos nossa própria unilateralidade e estarmos dispostos a considerar outras perspectivas, podemos começar a nos libertar dessa armadilha e a cultivar uma maior empatia e compreensão em nossas interações com os outros.
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