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domingo, 21 de agosto de 2011

Arte de Habitar

              Hoje, 21 de agosto é comemorado o dia da habitação, neste dia as pessoas que possuem habitação comemoram. Habitação quer dizer o lugar onde moramos, porém, nem todos possuem um lugar para morar, são as pessoas chamadas sem-teto. Muitos improvisam lugares em vias públicas, ou até mesmo em construções, barracas, trailers e carroças, para terem ao menos um lugar para dormir. Heidegger em seu ensaio Construir, Habitar, Pensar, publicado em 1954, inicia o ensaio com duas perguntas: “Que é Habitar”; “Em que medida o construir pertence ao habitar?” (M. Heidegger, E, p. 127). Inicialmente afirma que, a primeira vista, só chegamos ao habitar pelo meio de construir, já que o habitar é a meta do construir.    Contudo nem todas as construções são moradas, existem rodovias, pontes, usinas, aeroportos, viadutos. Porem todas elas pertencem ao habitar, por exemplo: um caminhoneiro mora na estrada, um operário na fabrica, na construção, no escritório. E essas construções abrigam o homem e, embora o home não more nelas, esses abrigos servem ao habitar; a maioria dos caminhoneiros sentem-se em casa na estrada; o operários sentem-se em casa na industria, na obra, no escritório. Essas construções oferecem abrigo ao homem, e nelas de certo modo o homem habita e não habita, pois se por habitar entende-se que por habitar simplesmente possuir uma residência. Considerando-se a atual crise habitacional, possuir uma habitação é sem duvida tranqüilizador, a tranqüilidade é maior quando quem financiou conseguiu quitar. Aqueles que não possuem renda suficiente para financiar, ou moram de aluguel, ou moram sob condições sub-humanas, aqui há uma diferença radical, que não é pela citação que existe a similaridade, existe sim, a  radicalidade (há quem prefira um carro zero na garagem do que uma parcela da casa própria, isto é, para alguns, mas há muitos, tudo uma questão de valores).
            Tenho em casa alguns cactos, dentre eles o vulgarmente chamado fantasmagórico, que plantei há mais ou menos 3 anos, e lá sucessivamente, entre ele, há dois anos um pequeno pássaro constrói um ninho de boca para baixo (entrada) onde cria seus filhotes em numero de três, após a cria os filhotes vão ao mundo, seu habitat e sua morada, independente de qualquer de nossas convenções, constrói e ali habitam até o limite de sua vida útil, depois descartam sem receio aos desprendimento, vivem felizes.
           Há harmonia naquilo que mais precisam, necessitam, não há comprometimento alem do necessário conforme a sua natureza, podemos a partir destas premissas ajuizar o que para nós o que pode ser mais importante, sem tanta esnobação, perdemo-nos na falta de noção, pois é nos extremos que nos perdemos.
            Falamos bastante em conforto e nisto comprometemos valores, valores que são outros, alienígenas a nossa verdadeira mas contemporaneamente irreal maneira de viver e ver a vida. Não é preciso falar, escrever, desenhar para entender que estamos longe das origens, e óbviamente distantes do caminho acertado da melhor maneira de viver, tudo isto derivado de nossa angustia e insatisfação, vale o acentuado e continuo consumo como forma de compensar o vazio que nos assola, esta necessidade de correr  a moda do adolescente que corre sem destino a procura de razão de experimentar emoções sabem o quê, mesmo e principalmente os de classe média pensam encontrar na adrenalina a razão da existência, pois a satisfação pelo consumo são combustíveis para o corpo funcionar, corpo e só corpo, e encontram a morte física prematuramente.
           Morada, habitat, romântico para alguns ou não é o local onde estou vivendo com harmonia, plenitude, completude, com ou sem luxo, o fim e o meio compactos em toda extensão, do principio ao fim, coesos, unidos, próximos dos valores que importam, o que importa para nós humanos nesse tempo rápido de viver, a maioria infelizes, alienados, precisam aqui retornar muitas vezes até perder o torpor das ilusões terrenas.
           Morada terrana passageira como nós, a moda de Platão que entendo em sua sabedoria foi assistido por amigos no mundo ideal e real, disse e sou plenamente aliado, estamos vivendo na cópia do melhor, aqui mundo terra em sua concretude, é apenas uma cópia do mundo real e ideal, estamos morando e habitando temporariamente, precisamos aproveitar o aprendizado no aqui e agora para prepararmos para o depois, na linha do tempo, que não é uma linha reta, há uma circularidade divina, carregando nosso fardo ao longo da eternidade.
           Viver seja onde for, que seja vivido com consciência, a consciência é a sabedoria do que se passa imediatamente dentro e fora do sujeito, onde a filosofia mais sofre na busca da certeza do que se passa dentro ou fora do sujeito, do que é real e irreal.