Estamos iniciando o dia primeiro do mês de julho, segundo semestre deste ano, estamos iniciando nossa vivencia nesta segunda parte do calendário gregoriano que foi adotado pelo Brasil e demais países do ocidente. Se você achava que existia apenas nosso calendário gregoriano você está enganado, existe dezenas de outros calendários mundo afora (aproximadamente 40 calendários), inclusive no Brasil nossos indígenas também tem seu próprio calendário.
O tempo é fascinante, este fenômeno apreendido pelo ser humano parece ser de inesgotável curiosidade e grande criatividade que praticamente o veneram há milhares de anos, seja em diversas formas e representações, através dos mais variados calendários, rituais de mudanças, mitos e lendas, simbologias esotéricas, teses acadêmicas e etc.
Desde os primórdios do homem tornando-se sedentário e buscando seu sustento através da agricultura, do pastoreio e do convívio social, que o ser humano sentiu a necessidade de contar cronologicamente os dias, estabelecendo o tempo certo para o cultivo e a cobertura de seus animais, havendo o tempo certo de cada um, inclusive o tempo dos seres humanos desde seu nascimento até sua morte, afinal somos parte da natureza.
Os calendários que tiveram maior aceitação e são usados até hoje, combinam conhecimentos da ciência e religião, inclusive os maias utilizavam a combinação ciclo solar-deuses para marcar o tempo milênios antes da criação do Calendário Gregoriano, o que utilizamos até hoje.
A questão do tempo é tão importante que atualmente faz parte do conteúdo educacional trabalhado nas escolas, a intenção é possibilitar ao estudante identificar diferentes formas de compreensão da noção de tempo e de periodização dos processos históricos. Logo, o trabalho com diferentes calendários em uso no mundo atual permite ao estudante perceber como as sociedades contam o tempo, que critérios utilizam, que divisões estabelecem e a que resultado chegam nessa contagem de tempo que é diferente conforme o calendário.
O tema acerca do tempo é tão interessante que levantam questões que parecem não ter solução e respostas para todas elas: Os povos contam o tempo da mesma forma? Pode-se dizer que há calendários corretos e errados? Por que? Que critérios são usados para marcar o início de um calendário? A marcação do tempo é um fenômeno natural ou uma convenção? Realmente são muitas as perguntas, e a pergunta que não quer calar e demanda discussões acirradas até hoje é: O que é o Tempo?
Santo Agostinho em suas reflexões nos disse:
Que é, pois, o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei; mas se quiser explicar a quem indaga, já não sei. Contudo, afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente.
O passado não existe mais, o futuro ainda não chegou e o presente torna-se pretérito a cada instante. O que seria próprio do tempo é o não ser. ... Os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das coisas futuras e presente das coisas presentes.
A percepção consciente do tempo tem em si vários problemas ligados a ele, para nós seres humanos está consciência sabe da existência de um relógio biológico ligado a ele, como exemplo há estudos que já entenderam que algumas doenças revelaram ritmos diários, ou de 24 horas que normalmente não conseguem ser detectados. Além dos seres humanos as plantas e os animais têm ritmos diários e sazonais, e certos padrões de comportamento ocorrendo periodicamente, ou seja, percebeu-se que os seres vivos possuem uma capacidade interna de medir o tempo, um relógio interno biológico. Logo, a medição do tempo para nós seres humanos é um ato racional (consciente), instintivo e natural, e nos demais seres vivos seria um ato natural e instintivo.
A pluralidade no entendimento acerca do tempo e sua marcação é vasta, a compreensão humana depende da interpretação de diferentes versões de um mesmo fenômeno e em consequência o estabelecimento de convenções, as convenções são determinadas conforme o povo, religião, país que utiliza, o tipo de calendário (lunar, solar, lunissolar), inclusive se há algum fato histórico ou tradição que marca o início do calendário.
Estes são alguns dos calendários conhecidos:
Calendário Chinês
Calendário Tibetano
Calendário Baha’í (Bahaísmo)
Calendário Saka (Índia)
Calendário Iorubá
Calendário Etíope
Calendário Judaico
Calendário Islâmico
Calendário Joche (Coreia do Norte)
Calendário Gregoriano
Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/calendarios-do-mundo-todo-diferentes-formas-de-marcar-o-tempo/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues
Vamos falar de alguns calendários:
Calendário Gregoriano
O Calendário Gregoriano foi promulgado pelo Papa Gregório XIII, em fevereiro de 1582. O marco inicial é o nascimento de Jesus Cristo, no ano 0 a.C. O uso internacional deste calendário não tem motivações religiosas. Como a Europa era a maior exportadora de cultura na Idade Média, convencionou-se usar a marcação de dias estabelecida no Vaticano para facilitar o relacionamento entre as nações. É um calendário solar, ou seja, leva em consideração o ciclo solar. Como o ciclo solar tem 365 e 6 horas, estas horas que “sobram” são acumuladas por quatro anos até serem suficientes para acrescentar um dia num ano, o chamado ano bissexto, que tem 366 dias.
De acordo com o calendário Gregoriano, estamos no ano de 2021.
Calendário Juliano
O Calendário Juliano foi implementado pelo imperador romano Caio Júlio César, em 46 a.C. É basicamente o calendário romano, utilizado até então, com algumas alterações. O imperador pediu para que novo calendário fosse criado porque as festas em comemoração às flores, que deveria acontecer em março – primeiro mês do ano, à época –, contraditoriamente aconteciam no inverno. Assim, o astrônomo Sosígenes sugeriu que os meses Januarius e Februarius passassem a ser os primeiros do ano e que os meses Unodecembris e Decembris foram criados para encerrar o ano.
O calendário Juliano está sempre 13 dias atrás do Gregoriano e ainda é usado por alguns cristãos ortodoxos.
Calendário Chinês
O Calendário Chinês é lunissolar, ou seja, leva em consideração os ciclos do Sol e da Lua. É o mais antigo registro cronológico que se tem registro em toda a história, tendo começado nos primeiros anos de governo do imperador Huang Di, também chamado de Imperador Amarelo, que reinou na China entre 2697 a.C. a 2597 a.C. Além de contar o tempo em anos, o calendário também considera ciclos. Cada ciclo tem doze anos, que recebem os nomes dos animais do horóscopo chinês: Boi, Cão, Carneiro, Cavalo, Coelho, Dragão, Galo, Macaco, Porco, Rato, Serpente, Tigre.
Em 12 de fevereiro de 2021 iniciou o ano vigente, quando começou o Ano do Boi (Búfalo) de Metal, que corresponde ao ano 4719 do calendário chinês, cujo término acontecerá em 31 de janeiro de 2022.
Calendário Judaico
O Calendário Judaico foi estabelecido pelos hebreus na época do Êxodo, aproximadamente no ano 1447 a.C. Também é lunissolar, já que leva em consideração o ciclo lunar e o ciclo solar, fazendo com que os anos se alternem entre doze e treze meses. É usado pelo povo de Israel há mais de três milênios para a determinação de datas festivas, aniversários, mortes e serviços religiosos.
Em 2021, estamos no ano 5781 do calendário judaico que iniciou no dia 19 de setembro de 2020 e terminará em 6 de setembro de 2021.
Calendário Islâmico
O Calendário Islâmico também é conhecido como calendário hegírico, por ter seu marco inicial na Hégira, a fuga do profeta Maomé da cidade de Meca para Medina, no ano de 622 d.C. É um calendário lunar, composto por doze meses de 29 ou 30 dias, formando um ano de 354 ou 355 dias. Os muçulmanos ortodoxos celebram datas religiosas e festivas, como mês do Ramadã ou o Ano Novo Islâmico, de acordo com este calendário.
O atual ano islâmico é 1442 (correspondente, pelo calendário gregoriano, ao período de 20 de agosto de 2020 a 9 de agosto de 2021.
Calendário Juche
Este calendário é utilizado somente na Coréia do Norte, que segue a ideologia Juche, uma mistura de marxismo, leninismo e kimilsunismo (as ideias de Kim Il-sung, primeiro-comandante do país). Os meses, semanas e dias têm a mesma marcação do calendário Gregoriano. A contagem cronológica do Calendário Juche começou em 1912, ano do nascimento de Kim Il-Sung, cultuado quase como uma divindade no país. Os anos anteriores ao nascimento do ex-comandante são grafados com o número, precedido da expressão a.J.
Como o calendário é muito recente, atualmente, o calendário Juche está no ano 111.
Calendário Etíope
A Etiópia é um país no extremo leste africano, localizado na região conhecida como Chifre Africano. A nação também tem um calendário próprio, que começa no dia 11 de setembro do Calendário Gregoriano. O Calendário Etíope é uma variação do Calendário Juliano e tem doze meses de 30 dias e um mês com apenas seis dias. Outra curiosidade é que a primeira hora do dia, de acordo com o horário etíope, é o nascer do sol.
O Ano Novo etíope, chamado Enkutatash, começa na primavera, no dia 11 de setembro. No próximo Enkutatash (11 de setembro de 2021), os etíopes festejarão a chegada de 2013. Esse calendário é seguido pelas igrejas ortodoxas etíopes, copta (Egito) e católicas orientais.
Calendário Indígena Suya
Os povos indígenas têm uma maneira própria
de marcar a passagem do tempo. Para alguns desses povos, a passagem do tempo
está relacionada à agricultura e aos fenômenos naturais, como a chuva e o frio.
Observe um calendário criado por alguns professores indígenas. Ele mostra como
os povos que vivem no Parque Indígena do Xingu associam a passagem do tempo aos
fenômenos naturais e às atividades agrícolas por eles desenvolvidas.
http://ursasentada.blogspot.com/2006/03/calendrio-natural-fonte-professores-do.html
De
acordo com o calendário indígena, cada mês está associado ao acontecimento
correspondente, como por exemplo:
MÊS - ACONTECIMENTO
Janeiro: Época de colher milho
Fevereiro: Mês de chuva e rios cheios
Março: Tempo de abacaxi
Abril: Época de pescaria
Maio: Época derrubada da mata para plantio
Junho: Tempo de Gaivota/chegada inverno
Julho: Mês que as tartarugas botam ovos
Agosto: Festa do Kuarup (tronco de madeira, homenagem aos mortos da aldeia)
Setembro: Tempo de plantar mandioca
Outubro: Época em que o Pequi amadurece
Novembro: Chegada do Verão
Dezembro: Época de colher melancia
Em resumo para se falar de calendário é preciso pensar do que é o tempo, o calendário são convenções com fundamentação natural e intelectual, instintiva e racional. As datas do calendário são tão importantes que as registramos desde o nascimento até a morte, homenageamos pessoas, animais e fatos históricos, nossa vida é marcada literalmente pela ação do tempo.
Fontes:
Whritrow, G. J. O que é o Tempo? Uma visão clássica sobre a natureza do tempo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2005
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=37716
https://ensinarhistoria.com.br/calendarios-do-mundo-todo-diferentes-formas-de-marcar-o-tempo/