AMPULHETA, nosso conhecidíssimo relógio de areia é o número oito e o infinito presentes na vida de todo ser humano, o monge de Charters, Luitprand que viveu no século VIII, este monge foi responsável por esta brilhante invenção inicialmente criada para a medição do tempo, o nome ampulheta tem origem na língua romana, de onde vinha o vocábulo ampulla, que quer dizer redoma, até hoje este objeto é alvo de admiração e com o passar do tempo lhe foram atribuídos muitos sentidos e metáforas bastante utilizadas em nosso cotidiano.
A ampulheta é objeto da criatividade humana adquirindo em sua abstração as mais variadas significações e com o tempo muitas convenções foram criadas como por exemplo a representação abstrata do número oito que na tradição judaica representa a conclusão da criação e o início de um novo ciclo, na cabala africana representada pelo jogo de búzios trata-se da luta para se chegar ao topo em busca de poder e prestigio, podendo ser um caminho tempestuoso e até incontrolável.
Já a ampulheta deitada está associada ao símbolo do infinito, representando o ilimitado num fluxo sem início e sem fim, sem nascimento e morte envolvendo a dualidade física-espiritual, terrena-divina, aos ciclos a que nossas vidas estão sujeitas, entre erros e acertos nada é definitivo, ou seja, “Não há bem que sempre dure e nem mal que nunca se acabe...”, nesta analogia dos erros e acertos a ampulheta com seu compartimento duplo, mostra os estágios entre alto e o baixo, assim como a necessidade de que o fluxo ocorra constantemente.
Em nossas abstrações poderíamos olhar a ampulheta e associa-la ao símbolo Yn e Yang, de certa maneira o corpo duplo da ampulheta poderiam ser o Yin Yang como o princípio das dualidades presentes na natureza, onde o positivo não vive sem o negativo e vice e versa, em sua dualidade percebemos que a vida também é esta composição de forças opostas necessitando uma da outra para existir, o mundo é composto por essas forças opostas e achar o equilíbrio entre elas é essencial, a ampulheta com seu gargalo cuida de refinar a passagem das energias ora de um lado ora do outro, o movimento do girar da ampulheta dá a vida a energia como um pulsar de um coração nos empurrando sempre em direção de mais vida.
Neste processo de renovação da vida é regida pela experiência do viver sem perder de vista o tempo de kairós, o tempo da oportunidade, a oportunidade é como cavalo encilhado que não pode ser simplesmente ignorado, como cada granulo de areia passando de um lado a outro que só retornará como o escoar de toda a areia, então mesmo sabendo que algumas oportunidades exigirão luta e muito trabalho é importante estar atento as oportunidades.
A Vida acontece em nós no intervalo de tempo entre o primeiro e o último grão de areia, não deixe de amar mesmo quando a relação parecer sem sentido ou monótona, a vida não é monótona ela é como a areia fluindo lado a outro dos cones de vidro, a vida está em constante movimento e transferências de momento a outro, e naturalmente recebe a ação da gravidade que empurra a areia para baixo, cabe a nós virarmos a ampulheta num movimento de renascimento e renovação, uma nova oportunidade, a oportunidade que nos damos quando mudamos nossa maneira de ver as coisas e o mundo, através de nossas atitudes do dia a dia de vida é que darão a sinfonia para esta orquestra maravilhosa tocar em harmonia, não deixe de amar, nosso tempo aqui é breve e o intervalo de tempo aqui é desconhecido.