“Temos de nos tornar na mudança que queremos ver.”
Mahatma Gandhi
Vou mergulhar em um daqueles
tópicos filosóficos que fazem a cabeça da gente girar e os neurônios dançarem.
Vou falar sobre "A Mudança que Muda". Parece meio paradoxal à
primeira vista, né? Afinal, a mudança é a própria definição de, bem, mudança! A
mudança pode não ser apenas um agente de transformação, mas talvez até uma
entidade consciente que influencia nossas vidas de maneiras que nunca
imaginamos, então criatividade e imaginação é o que não faltam.
A frase "a mudança
muda" parece ser um paradoxo ou uma afirmação redundante, pois a palavra
"mudança" implica em uma alteração ou transformação em algo. Nesse
contexto, dizer que "a mudança muda" não adiciona informações claras,
já que a própria natureza da mudança é provocar uma diferença ou modificação em
uma situação ou estado anterior, no entanto, se estamos usando essa frase de
maneira mais filosófica ou metafórica, poderia estar me referindo à ideia de
que a própria ideia de mudança está sempre em evolução, ou que a mudança
contínua é uma característica intrínseca da natureza. Nesse caso, a frase
poderia ser interpretada como uma reflexão sobre a constante evolução das
coisas ao longo do tempo. Mas, em um sentido literal, a mudança é definida por
sua capacidade de causar transformações, logo, "a mudança muda"
parece não fazer muito sentido.
No Sentido Filosófico
Imaginei um mundo onde as
pessoas desenvolveram a capacidade de controlar o tempo de maneira única. Eles
podem, com sua vontade, acelerar ou retardar a passagem do tempo em suas vidas
pessoais. Essa habilidade os permite experimentar momentos significativos mais
lentamente, aproveitando ao máximo cada segundo, ou acelerar o tempo quando
enfrentam situações desagradáveis ou entediantes, tornando-as efêmeras, eis o
mundo ideal desejado pela maioria dos seres humanos.
Nesse mundo, a percepção do
tempo é profundamente moldada pela capacidade de controlar a mudança. As
pessoas começam a questionar a natureza do tempo e como ele se relaciona com a
mudança. Alguns filósofos argumentam que o tempo é uma construção subjetiva que
depende inteiramente da mudança de experiências e eventos. Em outras palavras,
a mudança é o que cria a noção de tempo.
Essa percepção leva a debates
filosóficos intensos. Alguns argumentam que, se a mudança é controlada e
manipulada, então o próprio tempo é subjetivo e pode ser moldado de acordo com
a vontade humana. Outros sustentam que, apesar de sua capacidade de controlar a
mudança, o tempo é uma força maior e universal que persiste independentemente
da intervenção humana.
Essa sociedade desenvolve uma
nova forma de filosofia do tempo, explorando questões profundas sobre a
natureza da mudança e sua relação com a experiência temporal. Eles se perguntam
se a mudança, ao ser controlada, redefine o significado do passado, presente e
futuro. Afinal, se você pode retroceder ou avançar no tempo conforme desejar,
como isso afeta a narrativa de sua vida?
Esse cenário hipotético ilustra
como a capacidade de controlar a mudança pode levar a reflexões filosóficas
profundas sobre a natureza do tempo e nossa compreensão do mesmo, destacando a
interconexão intrincada entre mudança e nossa percepção temporal.
Vamos avançar
com criatividade e imaginação
Agora imaginei um contexto em que "a
mudança" é personificada como uma
entidade ou força que não apenas
causa transformações nas coisas, mas também tem a capacidade de refletir sobre
si mesma. Nesse cenário, "a mudança" é uma entidade consciente que
está ciente de seu próprio poder e influência nas vidas das pessoas e no mundo
em geral.
A filosofia que surge desse conceito poderia
explorar questões profundas sobre a natureza da mudança, sua motivação e ética.
Filósofos poderiam especular se "a mudança" é uma força consciente
que toma decisões sobre como e quando afetar as coisas, ou se ela simplesmente
segue um padrão predestinado. Isso levantaria questões sobre livre arbítrio e
determinismo. As pessoas poderiam debater se "a mudança" tem uma
responsabilidade moral em relação às consequências de suas ações. Seria ético
ou não "a mudança" causar certas transformações, mesmo que sejam
prejudiciais a curto prazo, com a intenção de alcançar um bem maior a longo
prazo?
Poderia ser argumentado que, uma vez que "a
mudança" é consciente de si mesma, ela tem a capacidade de refletir sobre
seu próprio papel na evolução do universo. Isso poderia levar a questões
existenciais sobre o propósito da mudança e sua relação com a criação e a
destruição. As pessoas poderiam explorar como "a mudança" influencia
a jornada pessoal de cada indivíduo, e se essa entidade consciente está guiando
as pessoas em direção ao crescimento e à evolução.
Esta abordagem me parece ser singular e inovadora,
não recordo de ter lido alguma abordagem deste tipo, entendo que esta abordagem
permite uma exploração profunda da relação entre a mudança e a consciência, acredito
até que estaria abrindo um campo fértil para debates filosóficos sobre a
natureza da realidade e o papel da mudança em nossa existência.
Nada
é permanente, exceto a mudança.
Heráclito
Uma outra
interpretação: No Sentido de Não Falar
Às vezes, quando falamos sobre "a mudança
muda" no sentido de não falar, estamos nos referindo a mudanças sutis ou
não evidentes que ocorrem em nossas vidas ou em nossa perspectiva sem que haja
uma comunicação verbal explícita.
Por exemplo, podemos passar por uma experiência que
nos faz repensar nossas prioridades ou nos leva a adotar uma nova maneira de
ver o mundo. Essa mudança interna pode não ser expressa por palavras, mas ainda
assim tem um impacto significativo em nossas vidas e em nossa maneira de
interagir com o mundo.
Essa ideia também pode ser relacionada à
comunicação não verbal, onde a mudança na linguagem corporal, expressões
faciais e gestos podem transmitir mensagens importantes mesmo sem palavras, mesmo
quando não falamos, a mudança ainda pode estar ocorrendo, moldando nossas
experiências e influenciando nossas interações com os outros e com o mundo ao
nosso redor.
A ideia de "a mudança muda" no sentido
filosófico pode ser vista como uma reflexão sobre como as transformações sutis
e não evidentes em nossas vidas têm um impacto significativo em nossa
perspectiva e experiência do mundo. Enquanto a filosofia explora as implicações
mais profundas dessa ideia, também podemos considerar como essa filosofia se
aplica à nossa comunicação cotidiana.
Em nossas interações diárias, muitas vezes usamos
palavras e linguagem para comunicar nossos pensamentos e sentimentos, muitas
das nuances de nossa comunicação acontecem sem palavras, através de nossas
ações, tom de voz, linguagem corporal e expressões faciais. Essas mudanças
sutis na comunicação não verbal também podem "mudar" a dinâmica de
uma conversa ou de um relacionamento.
Assim, a relação entre os dois sentidos de "a
mudança muda" pode ser encontrada na ideia de que não apenas as palavras
que dizemos, mas também as mudanças não verbais em nossa comunicação têm o
poder de influenciar nossas interações e relações com os outros. A
conscientização dessas mudanças sutis e a compreensão de como elas afetam nossa
comunicação podem ser uma parte importante da melhoria de nossos
relacionamentos e da nossa compreensão mais profunda da dinâmica humana.
Uma
mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança.
Maquiavel
A mudança
muda é fonte de ansiedade
Agora, vou pensar nisso como um grande
quebra-cabeça da vida moderna. Todos nós estamos passando por mudanças o tempo
todo, algumas óbvias, outras nem tanto. Essas mudanças, pequenas ou grandes,
podem nos deixar meio ansiosos, certo? Mudanças x Expectativas!
Às vezes, a ansiedade surge porque não sabemos como
as coisas vão se desdobrar. E aí que entra a "mudança (que) muda".
Não só estamos lidando com mudanças óbvias, mas também com aquelas sutis, que
podem ser como um bichinho roendo nossa mente.
E tem mais, essa ansiedade às vezes se traduz em
nossa comunicação não verbal. Pensem em quando estamos nervosos ou preocupados;
talvez evitem olhar nos olhos de alguém ou fiquem inquietos. Essas pequenas
mudanças na forma como nos comunicamos não verbalmente podem afetar como os
outros nos percebem e como nos sentimos nas interações sociais.
A ansiedade, então, está meio que entrelaçada com
essa ideia de "mudança (que) muda", seja nas mudanças sociais e
tecnológicas que nos deixam inseguros, seja nas mudanças sutis em nosso
comportamento que refletem nossos sentimentos internos. Por isso, entender essa
relação pode nos ajudar a lidar melhor com a ansiedade na sociedade maluca em
que vivemos!
O
progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas
mentes não conseguem mudar nada.
George Bernard Shaw
Somos sobreviventes de uma pandemia, saímos de um
confinamento diferentes daquele quando entramos, alguns desejosos por mudar e
retornar para o que eram, assim como muitos não querem retornar aquele status
anterior, o sentimento que ficou foi de perdas, o mundo foi violado, não
voltará a ser como era, desnudou nossa fragilidade, convivemos com a ansiedade
individual e coletiva sob quatro paredes, logo, a vontade por mudanças é um
fato, varia de pessoa para pessoa, intensidade e de lugar para lugar. É claro,
não é possível generalizar completamente se todas as pessoas no mundo atual
desejam mudanças, já que as opiniões e os desejos das pessoas são influenciados
por uma variedade de fatores, incluindo cultura, política, economia,
experiências pessoais e coletivas, mas que a “mudança muda” nos levou de lado
para outro como pandorgas sem rabo também é fato.
O mundo detesta mudanças e, no
entanto, é a única coisa que traz progresso.
Charles F. Kettering
Algumas pessoas podem estar ansiosas por mudanças,
especialmente se estiverem insatisfeitas com o status quo, preocupadas com
questões urgentes, ou desejosas de melhorias em áreas como meio ambiente,
justiça social, saúde ou economia. Outras pessoas podem estar mais confortáveis
com a estabilidade e resistir a mudanças significativas. Além disso, a perspectiva
de mudança pode variar em diferentes regiões do mundo, em diferentes grupos
demográficos e em diferentes faixas etárias. Não é possível afirmar
categoricamente que todas as pessoas no mundo atual desejam mudanças. O desejo
por mudanças é uma questão complexa e multifacetada, até mesmo a palavra
mudança adquiriu personalidade e força, quase uma entidade que rege nossos
destinos, a palavra ganhou destaque e força, pode ser sutil, densa, abundante,
a mudança dá as cartas, temos de jogar seu jogo do devir por vontade própria ou
não, somos empurrados por ela até o derradeiro destino, isto é, se houver
destino.
A vida é uma jornada de mudanças constantes, desde
o nascimento até o final da vida. Ao longo desse percurso, somos frequentemente
desafiados por uma série de mudanças, escolhas e experiências que moldam nosso
desenvolvimento pessoal. A adaptação a essas mudanças e desafios é uma parte
fundamental da existência humana.
Muitas vezes, as mudanças que enfrentamos são
impulsionadas por fatores externos, como eventos da vida, avanços tecnológicos,
mudanças sociais e econômicas, entre outros, também temos a capacidade de fazer
escolhas e tomar ações que moldam o curso de nossas vidas. À medida que
envelhecemos, inevitavelmente enfrentamos desafios e mudanças significativas,
incluindo questões de saúde, relacionamentos e reflexões sobre o propósito e
significado da vida.
Nenhum homem pode banhar-se duas vezes
no mesmo rio...pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o
homem! Heráclito
A jornada da vida é caracterizada por um fluxo
constante de mudanças, algumas das quais são inevitáveis e outras que podem ser
influenciadas por nossas decisões. Como indivíduos, podemos escolher abraçar
essas mudanças, aprender com elas e buscar crescimento pessoal, buscando um
sentido mais profundo e significativo ao longo de nossa jornada até o
"derradeiro". A maneira como cada pessoa lida com essas mudanças e
como escolhe viver sua vida é única e pessoal, cada um com suas experiências e
sua história, sabemos que a “Mudança Muda” e isto ocorre a todo instante,
inclusive ao saímos do chuveiro já não somos mais os mesmos.
Quando
a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.
Luis Fernando Verissimo