Dante foi um político
representante de Florença, na época Florença era um polo cultural e econômico
muito importante, era uma época em que a Itália que conhecemos hoje não era
unificada, nem a língua era a mesma, o processo de unificação da Itália como
estado-nação só se deu no século XIX e Dante viveu no século XIV.
Dante passou por muitas
dificuldades em sua vida, ele foi exilado em 1301, quando segundo os críticos
ele começa a escrever a Divina Comédia em Florentino.
Ele dá o título de
comedia para contrapor a tragédia, a comédia tem um começo ruim e um fim bom,
pois começa no inferno, passa pelo purgatório e chega ao céu, é um poema
religioso e político.
Importante falar que a
partir desta forma de escrever, se passou a escrever em florentino que passou a
ser a língua italiana.
A obra divide o universo
medieval em várias partes, a obra escrita tem 100 cantos, por sua vez dividiu em
33 cantos para cada etapa, introdução, 33 para o inferno, 33 para o purgatório
e 33 para o céu.
Ele escreve esta obra por
se ver extraviado do caminho certo, num contexto medieval cristão, imagina-se numa
selva escura a noite, impedido de seguir cercado por três animais selvagens,
seres naturais e imaginários com significado muito forte, do ponto de vista histórico
ele se encontrava angustiado, de fato exilado, perseguido e pobre não era nada fácil,
em sua caminhada pelos dois primeiros reinos inferno e purgatório ele recebe
uma ajuda inusitada de Virgílio o poeta romano auxilia este homem angustiado,
recebe uma ajuda sobrenatural, que havia sido enviado por sua musa inspiradora
Beatrice desde sua tenra juventude quando a viu prela primeira vez, ela na obra
representa a força libertadora das agruras da vida, um sentido para viver e porque
não o amor platônico.
Em seu ingresso no primeiro reino, no portão do inferno de Dante tem a
famosa inscrição "abandone toda esperança aquele que por aqui
entrar", no entanto ele também não deixa sem solução, pois sabemos que
sempre há uma solução para qualquer dificuldade, saindo do inferno através da
cloaca inicia um processo de subida que é a montanha do purgatório a própria experiência
de redenção por pior que estejamos, angustiados ou desesperados sempre há uma
esperança de redenção, passado pelo purgatório Virgílio já não pode seguir a
caminha ao terceiro e último patamar que é o paraíso, pois ele era pagão, o céu
onde encontra-se Beatrice, local de imensa amplitude onde os seres humanos tem
maior dificuldade de penetrar.
Ler é sempre uma porta que abrimos para um mundo onde a literatura nos
conduz a riquezas e ao pote de ouro da felicidade, este é um livro que faz
parte do cânone ocidental, a obra é importante por sua riqueza e imaginação,
sendo um livro que inspirou outros autores e obras.
Dante foi arrojado e bastante corajoso ao propor uma viagem ao mundo subterrâneo
do inferno, passando pela purificação do purgatório e mostrando que é possível se
chegar ao mundo místico do paraíso.
Trecho do
Paraíso de Dante (Canto I)
À glória de quem tudo,
aos seus acenos,
Move, o mundo penetra e resplandece,
Em umas partes mais em outras menos.
No céu onde sua luz
mais aparece,
Portentos vi que referir, tornando,
Não sabe ou pode quem à terra desce;
Pois, ao excelso
desejo se acercando,
A mente humana se aprofunda tanto
Que a memória se esvai, lembrar tentando.
Os tesouros, porém, do
reino santo,
Que arrecadar-me pôde o entendimento,
Serão matéria agora de meu canto.
Ele de certa forma nos auxilia na busca de sentido dos sofrimentos e
purificações que passamos nesta vida, com sua visão religiosa mostra o caminho,
os erros e desenganos dos seres humanos, nos convida para um exame de consciência,
ele trata das mazelas dos seres humanos como exemplo a traição e a desilusão imensa
para aqueles que sofrem com ela.
Fonte:
Alighieri, Dante.
1265-1321. A divina comédia.
Tradução de Fábio M. Alberti. Porto Alegre: L&PM, 2004