Queiramos ou não, boa parte de nosso modo de pensar esta condicionado pela situação concreta, assim a medida que as condições materiais do homem mudam, também o modo de pensar mudará, este breve ensaio é um esforço de reflexão do pensamento no exercício de atividades concretas, pois quando falamos em custo e sustentabilidade, estamos falando em condições materiais que determinam a sobrevivência.
As condições do mundo concreto também são em parte responsáveis pelas idéias que condicionam o mundo em que vivemos e o inverso também, refletindo acerca da junção das palavras custo e sustentabilidade, chegando a questão proposta que é refletir acerca do custo da sustentabilidade, é refletir sobre das idéias que cercam o tema a partir do mundo concreto que habitamos, não se pode negar que ora com inspiração de nosso velho conhecido Marx, perguntamos se é realmente possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental, no contexto de uma economia capitalista de mercado, esta questão e outras foram também foco de questionamento de Lima[1].
Não tenho a intenção de que com isto, sugerir ser esta a questão mais importante, mas apenas uma escolha dentre tantas outras que formam o feixe de questões que abundam o tema. Penso ainda que, pelo fato de aqui trazer a baila tal questão, o mero exercício da leitura da já por si só, é injetada em nossa consciência e já despertam alguma tentativa de resposta, pois assim é o ser humano, com vocação natural para dar solução a todas as questões, como a mais difícil, que é tentar responder: o que é a vida?
Reduzir Custos e Aumentar a Produção
A necessidade de reduzir custos e ao mesmo tempo aumentar a produção reduzindo prazos, é a meta de qualquer ramo de atividade de produção, e cada vez mais as empresas investem em sistemas de gerenciamento com inovações tecnologicas geralmente com foco na redução de custos.
Recentemente ganhou força a questão ambiental, aumentando mais ainda a problematica.
O consumo de recursos, a transformação, a necessidade de muitas vezes transportar os recursos de longas distâncias, importam também no consumo de mais recursos, impactando ainda mais no meio ambiente.
Praticamente todas as atividades de produção demandam da utilização de recursos naturais, como água, areia, pedra, madeira, petróleo, e também em contrapartida são grandes geradores de poluentes, fazendo uma troca desleal com a natureza.
Em muitos casos gerando a produção de CO2 contribuindo para elevar ainda mais o efeito estufa, foco de tantos debates.
Produzir com sustentabilidade custa mais caro? Lembro, que ao iniciar meus estudos para auto implantação da gestão da qualidade (ISO 9001:2000 e PBQP-H), me fiz esta pergunta. E, como é típico em qualquer novo empreendimento iniciamos a discussão pelo “EVE - Estudo de Viabilidade Econômica”, neste inicio que podemos também chamar de primeira etapa, existem ainda mais três etapas, que são ambiental, política e social, entendo seja a primeira a mais importante, pois se um empreendimento não é viável ele não vai em frente, e portanto, soluções que não são economicamente viáveis não são sustentáveis.
A problemática da questão ambiental veio para amplificar a questão da viabilidade.
Como viabilizar um empreendimento sustentável
Sabemos que o grande desafio é encontrar formas sustentáveis, ambiental, política e social e econômica, trata-se de habilidades que exigem conhecimento, criatividade e expertise no que diz respeito ao ultimo item, e expertise encontramos junto a profissionais aptos a construir soluções que sejam incorporadas desde as etapas iniciais a cada tipo de negócio, empreendimento, e requer planejamento.
O mercado em geral esta oferecendo os mais diversos tipos de soluções, para os mais variados problemas e estágios, há empresas voltadas exclusivamente para soluções ambientais, já é um novo e atraente nicho de mercado.
Outra medida impactante esta no controle de desperdícios, a perda de recursos por falta de planejamento, as sobras devem ser mínimas, a boa aplicação dos recursos, implica em amplo treinamento, constante e eficaz, isto é fundamental para sustentabilidade.
Pensar na utilização e aplicação de resíduos sólidos pode ser um bom aliado na redução dos custos.
A conscientização dos colaboradores na aplicação dos recursos, esta alem do treinamento, pois o comprometimento proporciona a instituição a continuidade e longevidade dos resultados esperados.
A certificação de empresas que pensam em empreendimento sustentáveis é outra medida diferenciadora, podendo incentivar o aumento de interessados em certificar motivados também pela menor tributação e taxas de financiamento diferenciadas para empreendimentos sustentáveis.
Acreditar que naturalmente, por motivação moral sejamos capazes de pensar no meio ambiente é antinatural, vivemos numa sociedade capitalista, e o interesse econômico é movido por resultados, e resultados são os propulsores de nossa sociedade.
Interpretações: rupturas e continuidades
Apesar das discordâncias de opiniões acerca de como se posicionar perante os problemas contemporâneos, a verdade é que tais problemas são conseqüências de concepções que não mais se fazem sustentáveis, tais como a concepção segundo a qual os recursos naturais são ilimitados, bem como a concepção segundo a qual o homem é o proprietário da natureza, o que o leva a usar como bem entende.
Em substituição a tais concepções, há que se conceber que é preciso empreender uma exploração equilibrada dos recursos ambientais, assim como é preciso repensar e posicionar o ser humano como parte da natureza, à qual deve sua própria existência, e a continuidade da vida no planeta azul.
Tais mudanças não são fáceis e constituem desafios para atual e futuras gerações, pois as rupturas nas formas de pensar e de agir em relação à natureza dizem respeito a modificações no modo de viver das mesmas, o que requer transformações não somente individuais, mais também coletivas, ou seja, econômica, ambiental, política, e social.
Transformações que vão desde ao fato de, utilizar mais materiais reciclados, economizar energia elétrica, reduzir o fluxo de veículos automotores com combustíveis fósseis etc., e a substituição por novas formas de desenvolvimento ecologicamente validos, como a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis biodegradáveis.
Pensar efetivamente na continuidade da vida no planeta é romper com velhos hábitos e culturas exploradoras.
Bibliografia
CHALITA, Gabriel; Vivendo a Filosofia. 2ª. Edição – ampliada: Ed. Ática, 2005.
FILOSOFIA, Revista; Karl Marx, Contribuições Filosóficas do Pai do Comunismo. Ed. Especial nº 06. Ed. Escala Educacional.
Fontes
[1] Política e Trabalho 13 - Setembro / 1997 - pp. 201-222 O DEBATE DA SUSTENTABILIDADE NA SOCIEDADE INSUSTENTÁVEL Gustavo F. da Costa Lima.