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domingo, 20 de novembro de 2011

UMA REFLEXÃO SOBRE O CUSTO DA SUSTENTABILIDADE NOS VÁRIOS RAMOS DE ATIVIDADES DE PRODUÇÃO

Queiramos ou não, boa parte de nosso modo de pensar esta condicionado pela situação concreta, assim a medida que as condições materiais do homem mudam, também o modo de pensar mudará, este breve ensaio é um esforço de reflexão do pensamento no exercício de atividades concretas, pois quando falamos em custo e sustentabilidade, estamos falando em condições materiais que determinam a sobrevivência.
As condições do mundo concreto também são em parte responsáveis pelas idéias que condicionam o mundo em que vivemos e o inverso também, refletindo acerca da junção das palavras custo e sustentabilidade, chegando a questão proposta que é refletir acerca do custo da sustentabilidade, é refletir sobre das idéias que cercam o tema a partir do mundo concreto que habitamos, não se pode negar que ora com inspiração de nosso velho conhecido Marx, perguntamos se é realmente possível conciliar crescimento econômico e preservação ambiental, no contexto de uma economia capitalista de mercado, esta questão e outras foram também foco de questionamento de Lima[1]. 
Não tenho a intenção de que com isto, sugerir ser esta a questão mais importante, mas apenas uma escolha dentre tantas outras que formam o feixe de questões que abundam o tema. Penso ainda que, pelo fato de aqui trazer a baila tal questão, o mero exercício da leitura da já por si só, é injetada em nossa consciência e já despertam alguma tentativa de resposta, pois assim é o ser humano, com vocação natural para dar solução a todas as questões, como a mais difícil, que é tentar responder: o que é a vida?
Reduzir Custos e Aumentar a Produção
A necessidade de reduzir custos e ao mesmo tempo aumentar a produção reduzindo prazos, é a meta de qualquer ramo de atividade de produção, e cada vez mais as empresas investem em sistemas de gerenciamento com inovações tecnologicas geralmente com foco na redução de custos.
Recentemente ganhou força a questão ambiental, aumentando mais ainda a problematica.
O consumo de recursos, a transformação, a necessidade de muitas vezes transportar os recursos de longas distâncias, importam também no consumo de mais recursos, impactando ainda mais no meio ambiente.
Praticamente todas as atividades de produção demandam da utilização de recursos naturais, como água, areia, pedra, madeira, petróleo, e também em contrapartida são grandes geradores de poluentes, fazendo uma troca desleal com a natureza.
Em muitos casos gerando a produção de CO2 contribuindo para elevar ainda mais o efeito estufa, foco de tantos debates.
Produzir com sustentabilidade custa mais caro? Lembro, que ao iniciar meus estudos para auto implantação da gestão da qualidade (ISO 9001:2000 e PBQP-H), me fiz esta pergunta. E, como é típico em qualquer novo empreendimento iniciamos a discussão pelo “EVE - Estudo de Viabilidade Econômica”, neste inicio que podemos também chamar de primeira etapa, existem ainda mais três etapas, que são ambiental, política e social, entendo seja a primeira a mais importante, pois se um empreendimento não é viável ele não vai em frente, e portanto, soluções que não são economicamente viáveis não são sustentáveis.
A problemática da questão ambiental veio para amplificar a questão da viabilidade.
Como viabilizar um empreendimento sustentável
Sabemos que o grande desafio é encontrar formas sustentáveis, ambiental, política e social e econômica, trata-se de habilidades que exigem conhecimento, criatividade e expertise no que diz respeito ao ultimo item, e expertise encontramos junto a profissionais aptos a construir soluções que sejam incorporadas desde as etapas iniciais a cada tipo de negócio, empreendimento, e requer planejamento.
O mercado em geral esta oferecendo os mais diversos tipos de soluções, para os mais variados problemas e estágios, há empresas voltadas exclusivamente para soluções ambientais, já é um novo e atraente nicho de mercado.
Outra medida impactante esta no controle de desperdícios, a perda de recursos por falta de planejamento, as sobras devem ser mínimas, a boa aplicação dos recursos, implica em amplo treinamento, constante e eficaz, isto é fundamental para sustentabilidade.
Pensar na utilização e aplicação de resíduos sólidos pode ser um bom aliado na redução dos custos.
A conscientização dos colaboradores na aplicação dos recursos, esta alem do treinamento, pois o comprometimento proporciona a instituição a continuidade e longevidade dos resultados esperados.
A certificação de empresas que pensam em empreendimento sustentáveis é outra medida diferenciadora, podendo incentivar o aumento de interessados em certificar motivados também pela menor tributação e taxas de financiamento diferenciadas para empreendimentos sustentáveis.
Acreditar que naturalmente, por motivação moral sejamos capazes de pensar no meio ambiente é antinatural, vivemos numa sociedade capitalista, e o interesse econômico é movido por resultados, e resultados são os propulsores de nossa sociedade.
Interpretações: rupturas e continuidades
Apesar das discordâncias de opiniões acerca de como se posicionar perante os problemas contemporâneos, a verdade é que tais problemas são conseqüências de concepções que não mais se fazem sustentáveis, tais como a concepção segundo a qual os recursos naturais são ilimitados, bem como a concepção segundo a qual o homem é o proprietário da natureza, o que o leva a usar como bem entende.
Em substituição a tais concepções, há que se conceber que é preciso empreender uma exploração equilibrada dos recursos ambientais, assim como é preciso repensar e posicionar o ser humano como parte da natureza, à qual deve sua própria existência, e a continuidade da vida no planeta azul.
Tais mudanças não são fáceis e constituem desafios para atual e futuras gerações, pois as rupturas nas formas de pensar e de agir em relação à natureza dizem respeito a modificações no modo de viver das mesmas, o que requer transformações não somente individuais, mais também coletivas, ou seja, econômica, ambiental, política, e social.
Transformações que vão desde ao fato de, utilizar mais materiais reciclados, economizar energia elétrica, reduzir o fluxo de veículos automotores com combustíveis fósseis etc., e a substituição por novas formas de desenvolvimento ecologicamente validos, como a substituição de combustíveis fósseis por combustíveis biodegradáveis.
Pensar efetivamente na continuidade da vida no planeta é romper com velhos hábitos e culturas exploradoras.

Bibliografia
CHALITA, Gabriel; Vivendo a Filosofia. 2ª. Edição – ampliada: Ed. Ática, 2005.
FILOSOFIA, Revista; Karl Marx, Contribuições Filosóficas do Pai do Comunismo. Ed. Especial nº 06. Ed. Escala Educacional.
Fontes



[1] Política e Trabalho 13 - Setembro / 1997 - pp. 201-222 O DEBATE DA SUSTENTABILIDADE NA SOCIEDADE INSUSTENTÁVEL Gustavo F. da Costa Lima.

sábado, 19 de novembro de 2011

O Ambiente é “Meio” ou “Fim”?




Tanto se fala em preservação do meio ambiente, tantos falam tantas coisas acerca do tema, com tanta propriedade, que até conseguem convencer uma grande parcela da população, cidadãos éticos, melhor dizendo: cidadãos “bioéticos”, agem a partir do principio de para cada um, de acordo com as regras de livre mercado, mercado dominado por poucos, agem em beneficio próprio, como únicos proprietários dos bens naturais, utilizando os meios com fins lucrativos.
Bioéticos, seriam cidadãos que refletem a relação do homem com o homem e com a natureza, porem os resultados dizem outra coisa.
A relação causa e consequência, contrariam “Hume”, quando a fala e discurso apontam numa direção, os atos em outra e as conseqüências que ocupam nossa realidade, confirmam que para cada ato injusto uma conseqüência justa.
A cada ato uma conseqüência, a repetição dos atos e conseqüências, fornecem fortes indicativos do que começa errado ou torto, não pode acabar bem.
O senso comum com sua vasta experiência já atesta, que é assim, isto de longa data, desde que o homem começou a andar sobre os membros inferiores.
Pergunto o que o futuro ao julgar o presente, que passado um dia será!, penalizará a quem ainda aqui estiver conjugando o verbo viver ou o verbo sobreviver?
O homem, com suas teorias normativas, defende a idéia de que as escolhas são moralmente necessárias, proibidas ou permitidas, teoria moral que orienta nossas escolhas sobre o que deve ser feito.
Sendo livre, age movido por uma vontade livre, almejando, por sua vez, a perfeição moral. Então sendo livre, porque age contra o que mais almeja? Porque nada contra a correnteza? A felicidade que é o objetivo comum e universal, esta em outra extremidade, no entanto as atitudes o levam a outro extremo, por que?
Em 610 a.C, Anaximandro, filósofo pré-socrático, desempenhou seu papel nas atividades práticas de Mileto, dizem que foi o “primeiro homem a desenhar o mundo habitado num quadro”, para a época dele, a representação do mundo habitado num quadro foi fruto de um posicionamento especial com relação ao meio, onde ele assumiu uma posição de quem olha de fora, mas estando dentro.
Este filósofo, buscou na natureza explicações para os acontecimentos, isto é fora da mitologia, pensou que a natureza das coisas nenhum oposto isolado consegue obter ascendência permanente, pois tal domínio destruiria o equilíbrio do universo. Sendo assim, o processo do mundo é auto-regulador, mantendo seu ritmo graças a oscilações alternadas na direção de um extremo a outro.
As coisas outorgam a devida retribuição umas as outras por sua injustiça de acordo com o esquema feito pelo tempo. Há uma justiça inerente a justiça das coisas que refaz o equilíbrio após o decurso de um certo período de tempo.

Como afirma Prof. Luís Antônio Vieira, Para explicar o nascimento e o desaparecimento das coisas, o filósofo grego transferiu para o mundo natural a idéia de direito que se aplicava antes apenas à vida social. Para Anaximandro, os elementos da natureza pagam pelas injustiças que são cometidas no mundo. E foi assim que teve origem a idéia filosófica de cosmos palavra que designava anteriormente apenas a justa ordem da comunidade e do Estado. A crença na idéia de lei e de direito como fundamento da existência levou o pensamento grego a projetar, no próprio universo, a imagem do cosmos sócio-político. A ordem cósmica foi pensada, assim, a partir da ordem política. Não só na vida humana, mas também na natureza, devia prevalecer a isonomia, ou seja, o princípio da igualdade de todos perante a lei.
Dois mil e quinhentos anos mais tarde, as idéias de Anaximandro cobrem-se de sentido ante as evidências da crise ecológica contemporânea. O tipo de ordem estabelecido na sociedade está hoje, sem dúvida, gerando desordem na natureza. A desorganização das leis da natureza parece estar refletindo as injustiças da vida social. A crise ambiental coloca, portanto em questão o próprio modo de organização da sociedade e as leis que regem sua reprodução, isto é, sua continuidade.
Ha uma atividade constante dentro do meio ambiente e um equilíbrio que possibilitam a continuidade da vida, neste momento a continuidade depende de organização racional da utilização do meio ambiente de forma sustentável, ou a palavra continuidade deixará de ter sentido, pelo menos para o homem, ser que tem consciência de seus atos. Será que tem consciência?
Ainda Vieira: Somos então levados a nos perguntar: como a antiga intuição do filósofo grego se materializa nos dias de hoje? Como se relacionam os fatos sociais e os fenômenos de natureza? Que relação existiria entre o efeito estufa e a desigualdade social, entre a destruição da camada de ozônio e os direitos humanos, entre o meio ambiente e a democracia? Seguindo a pista de Anaximandro, tentaremos investigar na presente crise ambiental os elementos que refletem processos de destruição de direitos e de produção de desigualdades. Assim fazendo, estaremos também identificando nas lutas ambientais os caminhos que levam, ao mesmo tempo, ao restabelecimento do equilíbrio na natureza e à construção da democracia na sociedade.
Anaximandro, com sua inteligência especulativa, pode ser visto como o criador da física teórica, sendo este filósofo observador da natureza, entendeu que a cada movimento há uma reação contraria, como forma de equilíbrio e auto-regulação, aplicados a vida social, associando-se a idéia como articulação das lutas democráticas.
O movimento social contra a degradação do meio ambiente vem se articulando crescentemente com as lutas democráticas pela implantação de um novo modelo de cidadania. A defesa dos direitos ambientais das populações unifica lutas sociais com distintos objetivos específicos: o acesso a bens coletivos como a água e o ar, em níveis e qualidade compatíveis com condições adequadas de existência; o acesso a recursos naturais de uso comum necessário à existência de grupos sócio-culturais específicos como seringueiros, apanhadores de castanha e comunidade indígenas; a garantia de uso público do patrimônio natural constituído por áreas verdes, cursos d.água e nascentes, freqüentemente degradados pelo uso privado incompatível com os interesses coletivos da sociedade.


Essas lutas têm por objetivo geral introduzir princípios democráticos nas relações sociais mediadas pela natureza: a igualdade no usufruto dos recursos naturais e na distribuição dos custos ambientais do desenvolvimento; a liberdade de acesso aos recursos naturais, respeitados os limites físicos e biológicos da capacidade de suporte da natureza; a solidariedade entre as populações que compartilham o meio ambiente comum; o respeito à diversidade da natureza e os diferentes tipos de relação que as populações com ela estabeleçam; a participação da sociedade no controle das relações entre os homens e a natureza.
A solução possível, dentro da organização social, é conciliar progresso e Natureza, viver com conforto, mas preservar o meio ambiente, não há outra opção para a continuidade da vida, pois é preciso que se faça imediatamente uma parceria psicológica entre – O homem e o meio. Levamos muito tempo para concluir que é a partir do entendimento, é a partir da iniciativa e boa vontade, mas para isto primeiro precisamos levar a sério a questão ambiental, e que nesta luta todos perdem. O homem é parte da natureza, ele não é melhor, mas pode tornar-se o pior.
Ainda Vieira, tais lutas exprimem a busca de democratização do controle sobre os recursos naturais. Pois, como o meio ambiente é o suporte natural da vida e do trabalho das populações, a luta contra a degradação ambiental tem por objetivo a preservação dos direitos dos cidadãos à vida e ao trabalho. Como as relações das populações com o meio ambiente constituem formas culturais específicas de existência dos grupos sociais, a degradação do meio ambiente é, via de regra, um processo de destruição de modos de vida e do direito à diversidade cultural de relacionamento das comunidades com a natureza. A crise ambiental exprime, assim, um duplo processo de expropriação das condições materiais e culturais de existência e de trabalho das populações. A superação desta crise passa, portanto, pela restauração e consolidação dos direitos ambientais das populações atingidas por agressões ao meio ambiente.



A destruição da natureza e sua exploração desenfreada e injusta, é tão prejudicial, que as culturas terminam por ser modificadas, destituídas, destruídas e tendem a desaparecer, juntamente com o pretenso personagem principal, o homem como assim se vê, e assim em sua pretensão explora a natureza, sob alegação de que tem direito de explorar se for para o bem da humanidade.

Fontes:
LUCE, J.V. Curso de Filosofia Grega. Jorge Zahar Editor. 1992. Rio de Janeiro/RJ
http://www.defendebrasil.org.br/mat_colaboradores.php?Codigo=412