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domingo, 8 de maio de 2022

Resenha do Livro a Voz do Silêncio de H. P. Blavatsky

 

O livro a Voz do silencio foi escrito por Helena Blavatsky (1831 – 1891), filósofa russa, fundadora da Sociedade Teosófica, ela passou algum tempo dentro de um mosteiro isolado no Tibet e no sec. XIX era dificílimo chegar ao Tibet, sua determinação e ajuda de seu Mestre (Irmão mais velho ou adepto) e protetor lhe permitiu viver inúmeras experiências místicas pelo mundo, no Tibet teve contato aprendendo lá nos livros sagrados tibetanos, ela aprendeu, memorizou e transcreveu trinta e nove pequenos tratados ou versos de cerca de noventa, para os demais versos a autora tinha em mãos enorme quantidade de papeis e apontamentos que nunca foram colocados em ordem, foram colecionados ao longo de vinte anos, os documentos originais que deram origem eram documentos internos e não poderiam sair do mosteiro de forma alguma, sequer poderiam ser copiados, eram os preceitos de ouro, algo de grande sabedoria que não existia em outro lugar fora do Tibet. A autora não se sentiu motivada a organizar os papeis e apontamentos para levar ao conhecimento do ocidente por este ser conforme sua interpretação um mundo demasiado egoísta e apegado a objetos sensórios para estar de alguma maneira preparado para receber devidamente a ética tão exaltada.

A autora sofreu calunias, injurias e foi chamada de mentirosa por muitos anos, pois ninguém acreditava que aquilo que ela falava, ela foi alvo de preconceitos causados pela ignorância e do materialismo que afasta as pessoas a sua transcendência, ela enfrentou uma perseguição e foi injustiçada por muito tempo, fundadora do movimento teosófico, uma filosofa de primeira linha. Como escreveu no Prefácio do livro “A DOUTRINA SECRETA”: "Está acostumada às injúrias, e em contato diário com a calúnia; e encara a maledicência com um sorriso de silencioso desdém."

Sua vida foi cheia de tribulações, desde seu nascimento foi vivida por acontecimentos singulares, jovem não aceitava passivamente os dogmas estabelecidos pela sociedade, ciente de sua potencialidade sabia que tinha vindo ao mundo para uma missão, sentiu-se sugestionada pela espiritualidade, pois estava fortemente impregnada de uma inata capacidade psíquica, de tal modo que constituía sua característica predominante. Ela se dizia (e o demonstrava) dotada da faculdade de comunicar-se com os habitantes de outras esferas ou mundos invisíveis e sutis, entende-se que para aquela época as dificuldades de comunicar descobertas místicas e esotéricas eram verdadeiros tabus, mais difícil ainda por se tratar de uma mulher à frente de seu tempo e disposta a realizar uma revolução cultural e religiosa.

Os preceitos originais estão gravados sobre lâminas oblongas delgadas; as cópias, muitas vezes, sobre discos. Estes discos ou chapas são geralmente conservados nos altares dos templos ligados aos centros onde estão estabelecidas as chamadas escolas "contemplativas" ou Mahayana (Yogacharya). Estão escritos de diversas maneiras, às vezes no idioma tibetano, mas principalmente em idéografos. A língua sacerdotal (senzar), além de por um alfabeto seu, pode ser traduzida em várias maneiras de escrita em caracteres cifrados, que têm mais de ideogramas do que de sílabas. Um outro método (lug, em tibetano) é o de empregar os números e as cores, cada um dos quais corresponde a uma letra do alfabeto tibetano (trinta letras simples e setenta e quatro compostas), formando assim um alfabeto criptográfico completo. Quando se empregam os idéografos há uma maneira certa de ler o texto, pois, neste caso, os símbolos e os sinais usados na astrologia, isto é, os doze animais zodíacos e as sete cores primárias, cada uma tripla em seu matiz (claro, primário e escuro), representam as trinta e três letras do alfabeto simples, formando palavras e orações. Porque, neste método, os doze animais, cinco vezes repetidos e juntos aos cinco elementos e às sete cores, compõem um alfabeto completo de setenta letras sagradas e doze signos. Um signo posto no princípio de um parágrafo indica se o leitor tem de soletrar segundo o modo índio (em que cada palavra é apenas uma adaptação, sânscrita), ou segundo o princípio chinês de ler os ideógrafos. O método mais fácil é, porém, aquele que não deixa o leitor empregar qualquer língua especial, ou o que quiser, visto que os sinais e os símbolos eram, como os números ou algarismos arábicos, propriedade comum e internacional entre os místicos iniciados e os seus seguidores. A mesma peculiaridade é característica de uma das maneiras chinesas de escrever, que pode ser lida com igual facilidade por qualquer pessoa conhecedora dos caracteres: por exemplo, um japonês pode lê-la na sua língua tão prontamente como um chinês na sua.

A pessoa que procura mudanças profundas precisa ler este livro, esta pequena obra em principio parece difícil o entendimento, o mundo manifestado é uma ilusão, o mundo material nos ilude a todo momento, desde que passamos os olhos sobre as coisas percebemos a mesmice superficial e a previsibilidade dos acontecimentos, quando descobrimos isto entendemos que precisamos mudar nosso foco, devemos nos voltar para nosso interior, precisamos encontrar em nossa vida interior o eu, o caminho esta no silencio do divino, os olhos carnais tornados cegos a toda a ilusão, assim preparamos nossos olhos para encarar a realidade, a harmonia interior para que a alma possa ver e enxergar as coisas como realmente são, pois nada aqui é real.

4. A mente é o grande Assassino do Real. Pg. 62

O não desejar é respeitar as coisas pelo que são e não pelo podem nos servir, aquele que sabe ver as coisas divinas por trás das coisas materiais é um grande passo, evitamos desperdícios e descartes, materialmente não as desejo mais, sabemos que por trás dos desejos estão a fontes de todo o sofrimento.

63. Mata o desejo; mas se o matares, acautela-te bem, para que não
ressuscite depois de morto. (Fragmento I Pg.70)

Então, foram expostos os pensamentos iniciais deste inspirador caminho para sair da caverna da escuridão: Fragmento I Pg. 64 a 68

 

Três salas, ó cansado peregrino, conduzem ao fim dos trabalhos. Três salas, ó conquistador de Mara, te trarão através de três estados (14) até ao quarto (15), e daí até aos sete mundos (16), os mundos do descanso eterno.

Se queres saber os seus nomes, escuta-os e aprende-os.

O nome da primeira sala é Ignorância - Avidya. É a sala em que viste a luz, em que vives e hás de morrer (17).

O nome da segunda sala é a Sala da Aprendizagem (18). Nela a tua Alma encontrará as flores da vida, mas debaixo de cada flor uma serpente enrolada (19).

O nome da terceira sala é Sabedoria, para além da qual se estende o mar sem praias de Akshara, a fonte indestrutível da onisciência (20).

Se queres atravessar seguramente a primeira sala, que o teu espírito não tome os fogos da luxúria que ali ardem pela luz do sol da vida.

Se queres atravessar seguramente a segunda, não pares a aspirar o perfume das suas flores embriagantes. Se queres ver-te livre das peias cármicas, não procures o teu Guru nessas regiões mayávicas.

Os sábios não se demoram nas regiões de prazer dos sentidos.

Os sábios não dão ouvidos às vozes musicais da ilusão.

Procura aquele, que te dará o ser (21), na Sala da Sabedoria, a sala que está para além, onde todas as sombras são desconhecidas e onde a luz da verdade brilha como uma glória imorredoura.

(...)

Se, passando pela Sala da Sabedoria, queres chegar ao vale da felicidade, fecha, discípulo, os teus sentidos à grande e cruel heresia da separação, que te afasta dos outros. Que aquilo que em ti é de origem divina não se separe, engolfando-se no mar de Maya (24), do Pai Universal (a Alma), mas que o Poder de Fogo (25) se retire para a câmara interior, a câmara do coração (26), e o domicílio da Mãe do Mundo (27).

Então do coração esse poder subirá até à sexta região, à região média, ao lugar entre os teus olhos, quando se toma a respiração da Alma-Única, a voz que enche tudo, a voz do seu Mestre.

É só então que te podes tornar um “que anda nos céus” (28), que pisa os ventos por cima das ondas, cujo passo não toca nas águas.

Antes que ponhas o pé sobre o degrau superior da escada, da escada dos sons
místicos, tens de ouvir de sete maneiras a voz do teu Deus interior (29).

 

A passagem através das salas depende da evolução de cada uma, é preciso passar por cada uma destas salas, sem ficar para em nenhuma delas, a primeira sala busca simplesmente a luta pela sobrevivência instintiva, a segunda é meramente mental e começamos a nos interessar pelo conhecimento é onde encontramos a vaidade, o orgulho, a medida que mais conhecemos pode-se tornar mais prisioneiros e a terceira sala a da sabedoria onde nos comprometemos com a humanidade, encontramos a compaixão, é quando começamos a pensar pelo sentido da unidade, ficou para trás a individualidade.

 

“Sê humilde, se queres adquirir a Sabedoria.”

“Sê mais humilde ainda, quando houveres te assenhoreado da
Sabedoria.”

 

Que não seja nosso corpo a determinar o caminho de nossa vida, os prazeres passaram a ser os governantes da vida, não é possível viver com harmonia enquanto corpo e mente estejam no mesmo comando, não podemos a ter dois senhores a governar, a dor que sentimos não é ruim, a dor nos torna humanos, talvez seja ela a única esperança da sociedade se transformar para melhor, se não aprendemos quando a vida nos da a chance e fugimos sempre em busca de apenas prazer, quando surgirem as dificuldades não saberemos lidar, a vida é dual, prazer e dor, bem e mal, alegria e tristeza, vivemos numa sociedade do máximo prazer, fugimos a todo tipo de desconforto, falta atualmente um sentido verdadeiro da vida, a sociedade aparece nas redes sociais sempre ostentando o gozo constante quando sabemos o imenso vazio por trás dos sorrisos, vivendo iludidos e querendo iludir pelo eterno prazer, o vazio após o gozo é uma concessão aos vícios que não vão passar, pois aprisionados na ilusão buscam incessantemente o que não encontrarão nas relações horizontalizantes, não há profundidade nestas relações por serem superficiais, as relações precisam verticalizar, um sinal da fragilidade destas relações é a fugacidade e o vai e vem pelo like e na quantidade de seguidores que jamais terão qualquer tipo de retorno. As respostas estão no interior de cada um, os quase vivos ou mortos-vivos são as ovelhas seguindo a mesma procissão de adesão, coisas estas que estão fora de si, os eus que vagam pelo mundo exterior foge do eu interior quando este se manifesta, sequer querem pensar ser esta a grande oportunidade dada por Deus para cada um de nós chamado vida terrena, a vida é uma caminhada para a luz na vida eterna. Vislumbramos o elemento noético ou espiritual cada vez mais adormecido, a excessiva busca pelo prazer constante não permite nos virarmos em direção a luz, admiramos as sombras dos objetos e acreditamos ser a realidade verdadeira, caminhamos em direção ao metaverso onde não existem mais aflições ou dores que poderiam nos resgatar através de sua pedagogia de viver intensamente e com sabedoria.

 

“Os sábios não se afligem nem pelos vivos nem pelos mortos. Jamais deixei de existir, nem tu, nem estes condutores de homens; nenhum de nós deixará jamais de existir no futuro” (Bhagavad-Gitâ II, 11 e 12). Pg. 57

 

Crescer como seres humanos, é começar lutando contra os pensamentos impuros oriundos da mente que não é vigilante, o universo é mental, as raízes estão dentro de nossa mente, dominando a mente nos tornamos coerentes e dominamos as causas e suas consequências. Nos destacamos na natureza a partir do momento que a sabedoria da alma rege nossos movimentos, passamos de criação para criador da história, deixamos de ser exploradores para criadores de ações de libertação através de atos amorosos e voltados para a pluralidade na unicidade, saímos dos prazeres da singularidade, abandonamos o viver pelo prazer, saímos do servilismo do egoísmo e da sensação de inflação do ego, não é preciso esperar acontecimentos mirabolantes para dar o rumo certo, quem sabe começar lendo literaturas mais edificantes, pedagogicamente a vida está ai para nos ensinar e a natureza pronta para nos abrir as portas secretas as quais os não iniciados imaginam que poderiam existir.

 

E agora o teu Eu está perdido no EU;

tu mesmo em TI MESMO,

imerso n’AQUELE EU,

do qual primitivamente irradiaste. (Pg. 28)

A sabedoria expressa neste pequeno livro, nos faz perceber um novo sentido, para melhor cada vez que lemos novamente, a medida que vamos envelhecendo e amadurecendo vamos obtendo melhores condições de entendimento, este é um livro para ser estudado e dentro da possibilidade de cada um serve como manual para mudanças de pensamento, atitudes e comportamento, a cada passo dado no sentido de evoluir espiritualmente abrira outras portas para a espiritualidade, a vida se tornará mais leve e autentica, vivenciar as palavras escritas nele pela sabedoria dos monges budistas é uma oportunidade valiosíssima, vale meditar a respeito de tudo o que esta escrito no livro.

A autora faleceu em oito de maio de 1891, suas obras que são verdadeiras joias, serão eternas por trazerem para os seres humanos portais de crescimento, funcionam como um chamado para a bela arte de viver.

 

Fonte:

Blavatsky, H. P., 1831-1891. A voz do silêncio. Introdução. Notas e Indice remissivo de A. J. Hamerster. Traduzido por Joaquim Gervásio de Figueiredo – São Paulo: Pensamento, 2010

terça-feira, 3 de maio de 2022

Resenha do Livro “Einstein, Sua Vida, Seu Universo” de Walter Isaacson

 


Há pessoas que nascem com a mente livre, pois mesmo submetidos a imposição dos dogmas eles não os aceitam e lutam contra as amarras dos preconceitos, Einstein é uma destas pessoas, sua originalidade e genialidade muito contribui para a expansão do conhecimento, sua curiosidade e imaginação lhe levaram por caminhos além dos limites das normas revelando sua rebeldia avesso a qualquer tipo de dogma. No livro “Einstein - Sua vida, seu universo ", foi apresentada a biografia de Albert Einstein, desenvolvido com base em uma coleção de cartas publicada em 2006, vinte anos após a morte de sua enteada, como ela havia determinado em seu testamento escrito pelo jornalista Walter Isaacson, autor do livro.

Desde jovem sempre foi muito curioso, estudante insolente e atrevido, olhos arregalados e cabelo arrepiado, lhe davam uma aparência de um ser genial, sua criatividade incomum se manifestava através do pensamento visual, ou seja, através de imagens mentais, que funcionavam como experimentos mentais onde a física era colorida com cálculos matemáticos geniais, o traço de sua personalidade rebelde lhe conduziu ao livre pensamento superando os dogmas científicos da época.

Einstein apreciava muito as conversas que tinha com seus amigos que fluíam noite a dentro nos cafés, lá ele discutia temas como filosofia, ele tinha conhecimentos de filosofia que eram muito bem utilizados por ele, tal como:

 

Arrancando Princípios da Natureza.

Em seus tempos mais radicais, Einstein não enfatizara esse credo. Firmara-se como empirista ou positivista. Noutras palavras, tomara as obras de Mach e Hume como textos sagrados, o que o levou a rejeitar conceitos, como o éter ou o espaço absoluto, que não fossem passíveis de conhecimento por observação direta. Mas, conforme sua oposição ao conceito do éter se tornou mais sutil e seu desconforto com a mecânica quântica aumentou, ele se afastou dessa ortodoxia. “O que me desagrada nesse tipo de argumentação”, refletiu o Einstein mais velho, “é a atitude positivista básica, que em meu ponto de vista é insustentável e que me parece chegar à mesma coisa que o princípio de Berkeley, Esse est percipi.”{********} {913} A filosofia da ciência de Einstein teve bastante continuidade, portanto seria um
equívoco insistir que houve uma mudança drástica do empirismo para o realismo no pensamento dele.{914} Mesmo assim, dá para dizer que, à medida que ele lutava contra a mecânica quântica nos anos 20, tornou-se menos fiel ao dogma de Mach e mais realista, alguém que acreditava, como disse no tributo a Maxwell, na realidade subjacente que existe independentemente de nossas observações. Isso foi discutido numa conferência que Einstein fez em Oxford, em junho de
1933, intitulada “Sobre o método da física teórica”, a qual delineou sua filosofia da ciência. {915} Ela começava com uma advertência. Para entender verdadeiramente os métodos e a filosofia dos físicos, disse ele, “não ouça o que eles dizem, preste atenção em seus atos”. Pgs. (361, 362)

 

Graças ao espírito rebelde de Einstein lhe permitiu o nascimento da teoria da relatividade que revolucionou a física, a partir de suas teorias puderam ser entendidos fenômenos até então envoltos por mistérios e equívocos, algumas destas teorias só foram ser confirmadas após sua morte como por exemplo as ondas gravitacionais que faziam parte de sua Teoria Geral da Relatividade, e da primeira foto de um buraco negro divulgada recentemente veio demonstrar que a Teoria da Relatividade Geral mais uma vez acertou. Einstein é considerado um dos pais da mecânica quântica e ao mesmo tempo um crítico, ao lado de Planck, ele representa um dos principais físicos teóricos na área da teoria quântica

 Os conteúdos das cartas revelaram a vida íntima de uma mente curiosa e de muita imaginação, gostava de tocar violino, fumar charutos, gostava de ficar sozinho com seus pensamentos, não dava importância para os aspectos financeiros, era afeito aos movimentos humanistas, ele era um homem simples e amigável, porem também era firme quando lhe eram impostas regras reagia com impertinência dificultando até suas relações pessoais, viveu num período difícil em que o mundo enfrentava a guerra e a crueldade nazista contra judeus, desprezava a guerra, pois era um homem ativista da paz.

 

Quando menino, ele fugia dos desfiles prussianos e da rigidez germânica. (Pg. 195)

 

O estudante insolente se apaixona e casa com sua colega de curso Mileva Maric, a relação do casal não foi bem recebida pela família de Einstein, sua família tinha em mente um outro ideal de mulher para sua esposa. Mileva foi muito importante em sua vida, além do relacionamento amoroso, havia uma cumplicidade de pensamentos intelectuais, através das cartas surgiram indícios que ela poderia ter contribuído muito para as teorias de Einstein, o que não seria de se estranhar, pois ambos tinham muita paixão pelos estudos e este era forte ponto em comum. No entanto teve um casamento infeliz com Mileva, ela engravidou antes do casamento, ambos não contaram o fato a ninguém, que só veio a ser descoberto depois da morte de ambos, casaram em 1903, acabaram se separando e divorciando em 1919. Teve três filhos com Mileva, porem seu relacionamento com os filhos não era dos melhores, mesmo que ele tenha sido um pai afetuoso, e tanto quanto suas obrigações profissionais o permitiram, também foi um pai presente. No entanto, naqueles dois primeiros anos de separação foram de grande amargura, e numa separação onde há filhos as consequências para a família são imensas e terríveis.

Em 1919, logo depois do divórcio com Mileva, ainda na Europa, Einstein se casou com sua prima em primeiro grau, e ambos foram juntos aos Estados Unidos, no entanto tanto na Europa quanto nos Estados Unidos Einstein manteve diversos relacionamentos extraconjugais.

 

O contraste com a mulher de Einstein era total. Mileva Maric era exótica, intelectualizada e complicada. Elsa, não. Tinha uma beleza convencional e se dedicava ao lar. Adorava comida caseira alemã pesada e chocolate, o que lhe dava uma aparência de robusta matrona. Seu rosto era parecido com o do primo, e a semelhança aumentaria assustadoramente com o tempo. (p.188, 189)

 

Ao longo dos anos adquiriu fama em virtude de suas descobertas no ramo da física, se tornou muito popular, mesmo se incomodando com este fato, ele procurou aproveitar a onda celebre, exerceu muita influência como pensador e suas opiniões eram levadas em consideração como temas políticos caros ao seu sistema de valores. Mesmo não sendo judeu praticante, acreditava num Deus como uma força maior que regia as coisas no universo, chegou até a ser convidado para ser presidente de Israel assim que o Estado foi criado, mas recusou, já que reconhecia que não tinha habilidades políticas.

Sua fama lhe permitiu travar contatos com algumas das maiores personalidades do século XX, tais como Max Born, Charles Chaplin, Franklin Delano Roosevelt, Winston Churchill, Sigmund Freud, Bertrand Russell, Austen Chamberlain, dentre outros.

O que Einstein pensava acerca da fama:

 

“Com a fama, fiquei cada vez mais burro, o que obviamente é um fenómeno
muito comum”, disse Einstein a Zangger.{697} Mas logo desenvolveu a teoria de que sua fama, apesar de todos os aborrecimentos, era ao menos um bom sinal da proeminência que a sociedade dava a pessoas como ele:


O culto a personalidades individuais é sempre, em minha opinião, injustificado. Parece-me injusto, e até de mau gosto, escolher uns poucos
para uma admiração ilimitada, atribuindo-lhes poderes sobre-humanos de mente e caráter. Tem sido esse meu destino, e o contraste entre a estima popular por minhas realizações e a realidade é simplesmente grotesco. Essa situação extraordinária seria insuportável, não fosse um pensamento muito consolador: é um sintoma bem-vindo, numera comumente acusada de materialismo, transformar em heróis homens cujas ambições se encontram completamente na esfera intelectual e moral. (pg.286)

 

Em 1921, ele recebeu o Prêmio Nobel de Física não por sua teoria da relatividade geral, mas sim pela teoria do efeito fotoelétrico menos conhecido. O valor do prêmio foi entregue para Mileva, sua primeira esposa, compromisso firmado como condição dos termos do divórcio.

A vida de Einstein foi repleta de momentos e episódios que marcaram a maneira como a humanidade ao olhar um pouco de sua vida se inspiraram pelo ser humano genial, carismático e singular que foi, sua maneira de ver a beleza do universo criado por Deus o tornou um religioso sem ser religioso praticante, o entendimento extraordinário sob uma aura quase mística revelou sua proximidade com nosso Criador.

 

Fonte:

Isaacson, Walter. Einstein: sua vida, seu universo. Tradução de Celso Nogueira...(et.al), São Paulo. Companhia das Letras, 2007.