Quando vou passear
ou meditar a beira mar gosto de empilhar pedras, procuro com calma e paciência as
pedras certas, com mais paciência passo a exercitar a arte do equilíbrio, esta
arte é tão antiga que é preciso viajar no tempo até o neolítico onde
encontraremos o homem já construindo suas obras primas, algumas discretas,
outras em tamanhos descomunais, algumas quase eternas que estão empilhadas há milênios
vistas e admiradas por nossos ancestrais e ficarão para serem admiradas por
nossos filhos, netos e mais além.
Naturalmente
procuramos sentido em tudo, a razão quer uma resposta, na verdade são muitas as
respostas, muitos os sentidos, alguns muito pessoais, religiosos, até mesmo
como brincadeiras que aliviam nosso estresse, para muitos outros parece ser
apenas uma modinha para postar no Instagram, outros não empilham e rejeitam a ideia
por estarem interferindo na natureza, obviamente é preciso estar atento para
não causar nenhum impacto no ambiente, porem independente de suas razões,
sempre tem alguém empilhando pedras e desafiando a gravidade.
Uma alternativa
consciente para meditação é realizar o empilhamento de pedras em seu jardim
externo de maneira que favoreça a construção e reconstrução de si mesmo ao
mesmo tempo que a escultura eleva os fundamentos estéticos e simbólicos no seu
jardim.
Na simplicidade está
a beleza, nos olhos e no coração do poeta está a energia da criação, como num
Haikai, sua singeleza expressa grande sensibilidade, gosto muito de Basho,
gosto muito deste haikai:
“O
velho laguinho.
Uma
rã dá um
salto.
Plop.”
Este
velho mundo, este velho laguinho...sua existência é apenas um plop, um pequeno
barulhinho no silêncio, nós vamos e o que fica é apenas o silêncio, o mundo é
todo efêmero, nossas pequenas pedras empilhadas logo estarão espalhadas ao
chão, reconstruiremos e com criatividade vamos dando novos sentidos, vamos
ao mundo espiritual e retornamos aqui
para empilhar outras pedras.
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