Numa outra conversa entre mim e o Gato Filósofo, soube de outra de suas extraordinárias estórias, fiquei sabendo que ele foi amigo do gato Simonsen.
Simonsen era o gato companheiro de Bohr, o físico dinamarquês associado a física (mecânica) quântica. Foi amigo, porque somente o Gato Filósofo é um gato ancião, por ser único ainda sobrevive aos ditames do tempo.
Esclarecendo: Niels Bohr (1885-1962), foi o tutor do Gato Simonsen, Bohr teve uma influência significativa no desenvolvimento do pensamento filosófico sobre a natureza da realidade quântica, e sua visão continua a ser objeto de debate e reflexão entre filósofos da física até os dias atuais.
O Gato Filósofo resgatou em sua memória uma de suas conversas que havia tido com o amigo Simonsen:
O Gato Filósofo com surpresa perguntou se o físico tinha um gato?! Sim, Niels Bohr tinha um gato. Eu sou o gato de Bohr, sou o animal de estimação e frequento o Instituto de Física Teórica em Copenhague, onde Bohr trabalha. Sou bem conhecido entre os colegas de Bohr e costumo passear pelo instituto, inclusive durante reuniões científicas.
O Gato Filósofo lembrou também que há histórias interessantes sobre como Bohr, um cientista sério e respeitado, apreciava a presença de Simonsen em seu ambiente de trabalho. O gato, muitas vezes, encontrava-se em lugares inusitados, como em cima dos quadros-negros ou deitado sobre os livros e papéis de pesquisa. Sua presença peculiar adicionava um toque de leveza e camaradagem ao ambiente acadêmico. É verdade caro amigo, lembrei de suas estórias com seu tutor Bohr.
Imaginando a cena hipotética da conversa entre os dois gatos, poderemos perceber a profundidade e complexidade da conversa entre os ilustres amigos felinos:
Gato Filósofo: Simonsen, você convive com um dos maiores físicos ligados a mecânica quântica e poderia por favor me falar sobre o paradoxo do gato de Schrödinger.
Simonsen: Claro, vamos lá. O paradoxo do gato de Schrödinger envolve um experimento mental hipotético em que um gato é colocado em uma caixa fechada junto com uma fonte radioativa, um contador Geiger e um frasco de veneno. O experimento é projetado de tal forma que, se um átomo radioativo decair, o contador Geiger será ativado, e o frasco de veneno será quebrado, matando o gato. No entanto, a mecânica quântica sugere que, antes de a caixa ser aberta para fazer a observação, o gato está em um estado de superposição, ou seja, uma combinação de estar vivo e morto ao mesmo tempo. O uso da figura do gato no paradoxo de Schrödinger tem suas raízes em uma analogia criada pelo próprio físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935. Ele criou esse paradoxo para ilustrar a estranheza e as consequências aparentemente absurdas da teoria quântica. A escolha do gato como elemento central do paradoxo foi, em parte, uma maneira de destacar a estranheza da teoria quântica. Os gatos são animais familiares para as pessoas e, em geral, percebidos como vivos ou mortos em estados claramente distintos. No entanto, o experimento de Schrödinger, em um nível subatômico, sugere que a realidade quântica não se encaixa facilmente em nossas intuições cotidianas.
Simonsen: Então, a explicação foi longa, porem importante, daqui podemos estabelecer um diálogo a respeito e filosofarmos, vamos colocar a funcionar nossa imaginação e argumentação, topa? Mas daqui para frente serei chamado de o Gato Schrödinger!
Imaginemos a cena: O Gato Filósofo e o Gato de Schrödinger estão sentados em frente um ao outro, em uma sala iluminada por uma única lâmpada, com uma caixa fechada ao lado deles.
Gato Filósofo: Olá, meu caro amigo, o Gato de Schrödinger! Que prazer é encontrá-lo aqui, ou devo dizer, talvez seja um prazer encontrá-lo?
Gato de Schrödinger: (com um sorriso enigmático) Olá, Gato Filósofo. É sempre um encontro intrigante, não é mesmo? Estamos simultaneamente vivos e mortos até que alguém abra esta caixa.
Gato Filósofo: Interessante! Nós, gatos, temos muitas questões existenciais. Dizem que Eu é um exemplo clássico da superposição quântica. Como lida com essa dualidade peculiar?
Gato de Schrödinger: Bem, meu caro amigo, eu me vejo como um paradoxo ambulante. Enquanto estou na caixa, sou uma combinação indefinida de estados. É uma experiência única, pois sinto como se estivesse em vários lugares ao mesmo tempo.
Gato Filósofo: Fascinante! Isso me leva a refletir sobre a natureza da realidade e da observação. Será que o simples ato de alguém abrir a caixa determina nosso destino e colapsa essa superposição?
Gato de Schrödinger: Essa é a pergunta central do meu experimento mental! O que é realidade? O que é mera possibilidade? A observação de um evento quântico parece ser a chave para resolver essa ambiguidade. Mas a verdade é que até que a caixa seja aberta, estamos em um estado nebuloso.
Gato Filósofo: Isso me leva a ponderar sobre o livre-arbítrio. Se nossos destinos estão ligados à observação externa, onde fica nossa autonomia?
Gato de Schrödinger: É um dilema profundo, Gato Filósofo. Ainda não temos uma resposta definitiva para essa questão. Alguns argumentam que nossa existência depende apenas da consciência do observador, enquanto outros acreditam que nossa realidade é determinada por eventos independentes.
Gato Filósofo: (acariciando o bigode) Que conundrum! Às vezes, penso que nossa existência é um emaranhado de incertezas e possibilidades, sempre flutuando entre escolhas e consequências.
Gato de Schrödinger: Concordo plenamente. Vivemos em um universo estranho, com muitas perguntas sem respostas definitivas. No entanto, talvez a busca pela compreensão seja tão importante quanto a própria resposta.
Gato Filósofo: Eu está certo, meu amigo. A busca pelo conhecimento e pela verdade é o que impulsiona nossa curiosidade felina. E, quem sabe, talvez um dia desvendemos os mistérios que nos cercam.
Gato de Schrödinger: Enquanto isso, continuaremos a ser uma mistura intrigante de possibilidades, uma síntese do real e do imaginado.
Gato Filósofo: Com certeza! E, nesse eterno ciclo de questionamento, encontramos o verdadeiro significado da nossa existência. Afinal, como disse Descartes: "Cogito, ergo sum" - penso, logo existo.
Gato de Schrödinger: (com um olhar misterioso) Ou talvez seja "Cogito, ergo sum et non sum" - penso, logo existo e não existo, ao mesmo tempo.
Gato Filósofo: Ah, meu amigo, Eu sempre tem uma forma única de ver as coisas. Um brinde aos enigmas da vida, e que nossa jornada filosófica nunca chegue ao fim!
Gato de Schrödinger: Concordo plenamente! Um brinde ao desconhecido! E quem sabe, talvez possamos estar vivos e mortos ao mesmo tempo até lá.
Neste dialogo, podemos ver o quanto nossa imaginação é fértil e o quanto podemos brincar com o conhecimento que nossa amada Filosofia nos proporciona, a brincadeira da conversa com o Gato Filósofo é uma faceta normal da experiência humana, no que tange a teoria cognitiva, o diálogo interno é considerado como reflexão e processamento mental dos pensamentos, sentimentos e informações.
Nos diálogos a figura do Gato Filósofo é uma parte do afeto com meu PET manifestando-se como parte de mim mesmo, como uma voz interna significativa de minha vida, e essa voz se torna uma parte do diálogo interno, que poderia ser imaginado num jogo de xadrez, na falta de parceiro para jogar, jogo comigo mesmo, hora num lado, hora noutro, no final sempre ganho e perco, ao final não importa se ganho ou perco, o importante mesmo, é a harmonia de jogar e saber jogar, o conhecimento assim como o jogo de xadrez precisam ser passados a frente e ensinado para outros também participarem, e é claro, além de “eu” e “mim mesmo”.
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