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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Vontade de Desejo: Uma Exploração da Motivação Humana

Você já se pegou em um daqueles dilemas difíceis em que parece impossível escolher entre o que você quer e o que realmente precisa? Bem, você não está sozinho. A motivação humana é como um quebra-cabeça complexo, e um dos pedaços mais intrigantes desse quebra-cabeça é a relação entre a vontade e o desejo. Então, vamos entrar no território da psicologia e da filosofia para explorar o conceito de "vontade de desejo" e como ele molda nossas vidas. E para dar vida a isso, vamos imaginar em uma situação hipotética que muitos de nós podem se relacionar - o dilema de Julia, uma jovem em busca de sucesso profissional, mas também anseia por uma vida pessoal significativa, quantos de nós já entrou nesta viagem pelo labirinto da motivação humana, onde desejos e vontade colidem em uma dança intrigante.

Antes vamos entender a diferença entre "vontade" e "desejo", embora esses termos frequentemente sejam usados de forma intercambiável em algumas situações. Aqui estão as principais distinções entre eles:

Vontade: A vontade se refere à capacidade de uma pessoa de tomar decisões conscientes e agir com base em escolhas racionais. Ela está relacionada à força de caráter e à determinação de uma pessoa para alcançar seus objetivos ou cumprir suas responsabilidades. A vontade muitas vezes envolve o autocontrole e a capacidade de resistir a impulsos ou tentações em prol de objetivos a longo prazo.

Desejo: O desejo é uma expressão de uma preferência ou anseio por algo. Pode ser uma emoção, um sentimento ou um impulso de querer algo específico, como comida, sucesso, amor, prazer, etc. Os desejos podem ser conscientes ou inconscientes e podem ser baseados em impulsos emocionais, instintos ou simples preferências pessoais. Os desejos nem sempre são racionais e podem mudar com o tempo.

A vontade está mais relacionada à tomada de decisões racionais e à capacidade de resistir a impulsos, enquanto o desejo refere-se a preferências e anseios pessoais. No entanto, esses conceitos podem se sobrepor em muitos casos, já que as decisões racionais também podem ser influenciadas pelos desejos pessoais, vivemos num mundo de muitas ilusões, embora ilusões em si não sejam desejos, em algumas situações, as ilusões podem criar a ilusão de que desejos estão sendo realizados ou que algo desejado está acontecendo. Por exemplo, alguém pode experimentar uma ilusão de que encontrou o parceiro perfeito, mas essa percepção distorcida da realidade pode não corresponder à verdade, e o desejo de um relacionamento idealizado pode ser temporariamente satisfeito, criando uma ilusão. Portanto, enquanto ilusões são distorções da percepção da realidade, os desejos são anseios pessoais e aspirações que podem influenciar a forma como percebemos o mundo ao nosso redor. No entanto, nem todas as ilusões estão necessariamente ligadas a desejos passageiros. Elas podem ocorrer devido a processos perceptuais complexos e não necessariamente refletem nossos desejos pessoais.

A motivação humana é um campo complexo e multifacetado, estudado por filósofos, psicólogos e cientistas sociais ao longo da história. Um aspecto intrigante desse tópico é a relação entre a vontade e o desejo. Neste artigo, exploraremos o conceito de "vontade de desejo" e como ele pode moldar nossas escolhas e ações. Para ilustrar essa ideia, apresentaremos uma situação hipotética que exemplifica a interação entre a vontade e o desejo.

A Vontade de Desejo

A vontade de desejo pode ser definida como a força motivadora que nos impulsiona a buscar a realização de nossos desejos e anseios. Ela representa a dimensão da motivação que está profundamente enraizada em nossa psicologia, influenciando nossas escolhas, comportamentos e ações. Enquanto alguns desejos podem ser conscientes e racionais, outros são mais profundos e muitas vezes operam em níveis subconscientes.

Uma abordagem contemporânea desse conceito reconhece que nossos desejos são multifacetados e podem incluir o desejo de prazer, sucesso, segurança, pertencimento, realização pessoal e muito mais. A vontade de desejo é o impulso que nos leva a buscar ativamente a satisfação desses desejos.

Vamos a uma situação hipotética, sempre é interessante levar a teoria até uma possível realidade, “possível” porque já aconteceu, acontece e poderá acontecer: O dilema de Julia

Para entender melhor a vontade de desejo, consideremos a situação hipotética de Julia, uma jovem profissional que enfrenta um dilema em sua vida, assim como ela muitos de nós já experimentamos esta encruzilhada.

Julia trabalha em uma empresa de consultoria de renome e se esforçou para chegar aonde está. Ela tem um desejo profundo de sucesso e reconhecimento profissional, o que a motiva a trabalhar duro e enfrentar desafios com determinação. No entanto, ao longo dos anos, Julia negligenciou sua vida pessoal. Seu desejo de sucesso a levou a sacrificar relacionamentos e momentos de lazer, deixando-a sentindo-se isolada e insatisfeita em sua vida pessoal.

Nesse cenário, a vontade de desejo de Julia é um conflito interno entre seu desejo de sucesso profissional e seu desejo de felicidade e relacionamentos pessoais. Ela se sente dividida entre seguir a rota que a trouxe até aqui e se permitir o tempo para cuidar de sua vida pessoal. Aqui, a vontade de desejo de Julia está em ação. Sua motivação para o sucesso a levou a priorizar sua carreira, mas agora, a satisfação de seus desejos pessoais se tornou uma força motriz igualmente poderosa. Julia está enfrentando o desafio de equilibrar esses desejos concorrentes e decidir como direcionar sua vontade para atender às duas áreas de sua vida.

A situação hipotética de Julia destaca a complexidade da vontade de desejo e sua influência sobre nossas escolhas e ações. O conflito entre desejos concorrentes é uma experiência comum na vida das pessoas e pode ser especialmente desafiador quando se trata de tomar decisões significativas.

Há pessoas que tem maior dificuldade em tomar decisões, sejam quais forem.  Penso que todo mundo conhece alguém que fica "travado" na hora de fazer escolhas. Aquele amigo que leva horas para decidir onde comer, ou a colega que nunca consegue escolher um filme para assistir. É super normal! Às vezes, a dificuldade em tomar decisões está ligada ao jeito de ser da pessoa, tipo os perfeccionistas que querem tudo perfeito. Outras vezes, é por causa de situações passadas ou a ansiedade que fica gritando na cabeça. Mas no final das contas, todo mundo tem seus momentos de incerteza. Eu mesmo já fiquei horas na frente do cardápio de um restaurante sem saber o que pedir. É a vida! Mas, precisamos seguir fazendo escolhas, isto ocorre o tempo todo.

Compreender a interação entre a vontade e o desejo é fundamental para navegar por esses dilemas e alcançar um equilíbrio satisfatório em nossa vida. A vontade de desejo pode ser uma força poderosa que nos leva a perseguir nossos objetivos, mas também é importante lembrar que, em última análise, somos os mestres de nossas escolhas e podemos direcionar nossa vontade para alcançar uma vida equilibrada e significativa. A exploração contínua desses conceitos pode nos ajudar a compreender melhor a motivação humana e aprimorar nossa capacidade de tomar decisões conscientes e satisfatórias.

A exploração do tema "vontade de desejo" envolve uma ampla gama de fundamentações teóricas provenientes da filosofia, da psicologia, da neurociência e de outras disciplinas, a leitura é muito importante em nossas vidas, o tema que abordamos está presente na vida de todos nós, então é relevante que cada um tenha o interesse ou a curiosidade de ler o que outros antes de nós já escreveram e pensaram muito sobre o tema, tais como:

Filosofia da Vontade: Arthur Schopenhauer: Schopenhauer, um filósofo alemão do século XIX, desenvolveu a filosofia da vontade, que enfatiza a importância da vontade na motivação humana. Sua obra "O Mundo como Vontade e Representação" explora a ideia de que a vontade é a força motriz por trás de todos os fenômenos, incluindo desejos e anseios.

Psicanálise: Sigmund Freud: Freud, o fundador da psicanálise, introduziu a ideia de que a motivação humana é impulsionada pelo desejo e pelo prazer. Suas teorias sobre o Id, Ego e Superego, bem como os estágios do desenvolvimento psicossexual, estão intrinsecamente ligadas aos desejos e à motivação.

Teoria da Autodeterminação: Edward L. Deci e Richard M. Ryan: Esses psicólogos desenvolveram a Teoria da Autodeterminação, que explora como as pessoas são motivadas a agir de maneira autônoma. A teoria considera fatores como a realização de desejos, a competência e a conexão social como componentes-chave da motivação.

Neurociência: Neurotransmissores e Circuitos de Recompensa: Pesquisas em neurociência têm identificado neurotransmissores e circuitos cerebrais que desempenham um papel importante na motivação, recompensa e satisfação de desejos. Por exemplo, a dopamina é frequentemente associada à sensação de recompensa.

Teoria da Autodeterminação e Necessidades Humanas Básicas: Richard M. Ryan e Edward L. Deci: Além da Teoria da Autodeterminação, os autores também desenvolveram a ideia de que as pessoas têm necessidades básicas psicológicas, incluindo autonomia, competência e relacionamentos, que influenciam a motivação e a busca de desejos.

Psicologia Positiva: Martin Seligman e Mihaly Csikszentmihalyi: A Psicologia Positiva explora conceitos como a busca da felicidade, a realização de potencial e a importância de experiências positivas na vida. Essa abordagem pode estar relacionada à satisfação de desejos e à busca de significado na vida.

Acredito que diante das teorias desenvolvidas por estes pensadores temos um belo caminho para escolher o que mais se adapta as nossas ideias, olha só a encruzilhada da escolha. Com certeza o que eles disseram e escreveram oferecem uma base sólida para a compreensão da relação entre a vontade e o desejo, bem como para a exploração das motivações humanas, entendo que seja uma abordagem interdisciplinar que combina elementos da filosofia, psicologia, neurociência e teorias contemporâneas da motivação, podem enriquecer ainda mais a análise desse tema complexo.

Quanto mais lemos e estudamos temos de reconhecer que não se sabe quase nada, há um mundo espetacular de conhecimentos a nossa disposição, interesse e curiosidade são importantes na vida de todos nós, cada livro que abrimos é como abrir uma nova janela para um novo vislumbrar de uma nova paisagem, as vezes é um novo vislumbrar de uma mesma paisagem, porem abrimos a possibilidade de uma nova forma de ver e interpretar.

Este mundão é complexo, vivemos numa sociedade terapeutizada. Aprender a gostar é possível, aprender a gostar a ler também é possível, aprender a gostar a ler nos permite aprendermos a nos interpretarmos e a interpretar o mundo, vivemos num mundo onde as terapias proliferam assustadoramente, as pessoas não pensam mais por si mesmas, precisam de intermediários para se interpretarem, abriram espaço para proliferação acentuada de pseudopsicologias e pseudoterapias, isto porque tem muita gente que não lê, e se lê não sabe interpretar ou se interpretar, não diferem vontade de desejo, em tudo há um intermediário, um atravessador, até para chegar a Deus precisam de humanos que se arvoram o poder de intermediação, muitos com seus engodos e fantasias iludindo por verem seu público seres humanos infantilizados, esta é a tal da “boa” democracia onde delegamos a terceiros nos representar.

Existe é claro aconselhamentos psicológicos e terapêuticos de alta qualidade oferecendo ajuda valiosa e soluções viáveis para todos os tipos de perturbações, porem precisamos saber até onde podemos ir e a partir de quando precisamos da ajuda de outro, por isto é importante aprendermos a nos “lermos”, a entender a diferença entre vontade e desejo.
 
#vontadededesejo
 

 

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