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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Dom Quixote

E se eu te dissesse que Dom Quixote, o cavaleiro andante louco por aventuras e honra, poderia muito bem ser um personagem contemporâneo? Sim, você ouviu direito. No meio do caos dos dias atuais, onde a linha entre a realidade e a fantasia muitas vezes se confunde, Don Quixote encontraria um terreno fértil para suas peripécias. Miguel de Cervantes, o escritor de Don Quixote, com certeza encontraria neste mundo tão diferente daquele em que viveu, razões para entender que sua obra tem muito a ver com o século XXI, afinal ainda vivemos momentos de heroísmo, loucura, idealismo, amor e amizade.

Imagine só: lá está ele, nosso herói, pedalando numa bicicleta velha em vez de montar em Rocinante, seu fiel corcel. Ele não veste armadura, mas talvez um colete cheio de broches de super-heróis ou algum traje esquisito comprado numa loja de fantasias. As estradas poeirentas da Espanha medieval dariam lugar às ruas movimentadas de uma cidade grande, onde carros buzinam e pedestres apressados olham para ele com desdém.

E o que seria de Dom Quixote sem seu fiel escudeiro, Sancho Pança? Hoje em dia, Sancho poderia ser aquele amigo de infância que segue Dom Quixote em suas aventuras, meio cético, mas sempre pronto para ajudar e, é claro, para compartilhar das peripécias loucas do companheiro.

Mas vamos ao que interessa: as aventuras! Dom Quixote provavelmente se lançaria em batalhas épicas contra moinhos de vento modernos, que ele confundiria com monstros terríveis. E ao invés de duelar com cavaleiros, talvez se envolvesse em debates acalorados nas redes sociais, lutando contra injustiças e defendendo seus ideais com uma paixão que beira a loucura.

E o amor? Ah, o amor! Dom Quixote, o romântico incorrigível, poderia se apaixonar perdidamente por uma influenciadora digital ou por uma colega de trabalho inalcançável, transformando sua paixão em uma busca obsessiva por perfeição e idealização.

O amor de Dom Quixote tem muitas semelhanças com o conceito de amor platônico, proposto pelo filósofo grego Platão. Ambos os tipos de amor envolvem uma busca por perfeição e idealização, muitas vezes desvinculada da realidade tangível.

No caso de Dom Quixote, seu amor idealizado frequentemente recai sobre Dulcineia del Toboso, uma dama da qual ele fala incessantemente, mas que provavelmente nunca conheceu de verdade. Ele a idealiza como a perfeição feminina, atribuindo-lhe características e virtudes que podem nem mesmo corresponder à realidade. Essa idealização se encaixa perfeitamente no conceito de amor platônico, onde a pessoa amada é colocada em um pedestal, muitas vezes sem que haja uma conexão real ou mesmo um relacionamento físico.

Assim como o amor platônico, o amor de Dom Quixote por Dulcineia é mais uma projeção de seus próprios desejos e idealizações do que um relacionamento baseado na realidade. Ele a vê como uma musa inspiradora, uma fonte de beleza e virtude que o motiva em suas aventuras e o faz aspirar a um ideal inatingível.

Podemos dizer que o amor de Dom Quixote compartilha muitos elementos com o amor platônico, ambos refletindo uma busca pela perfeição e transcendência que muitas vezes só pode ser encontrada na imaginação.

Mas o que torna Dom Quixote tão relevante nos dias de hoje não são apenas suas aventuras absurdas, mas sim a sua luta incansável contra as injustiças do mundo, por mais improváveis que pareçam. Em um mundo onde tantos se resignam à apatia, ele nos lembra da importância de sonhar e lutar por aquilo em que acreditamos, mesmo que isso signifique parecer louco aos olhos dos outros.

Então, quando você se deparar com alguém que parece estar vivendo em um mundo de fantasia, não julgue tão rápido. Quem sabe, talvez seja apenas um Dom Quixote moderno, lutando contra seus próprios moinhos de vento.