“O amor não conhece sua própria intensidade até a hora da separação”.
Khalil Gibran (1883-1931) foi um filósofo, escritor, poeta, ensaísta e pintor libanês. Nasceu em Bicharré, nas montanhas do Líbano, no dia 06 de dezembro de 1883. Vivia com seu pai, sua mãe, um irmão e duas irmãs. Suas obras refletem a espiritualidade e os princípios que levam a alma humana ao ponto mais elevado da beleza espiritual, o autor é conhecido por ter criado frases muito inspiradoras. Seu livro mais conhecido é “O Profeta”. Khalil Gibran faleceu, vítima de tuberculose, em Nova York, no dia 10 de abril de 1931.
O Profeta é seu livro mais conhecido mundo afora
Sinopse
Obra mais famosa de ficção espiritual do século XX, O profeta está enraizado na própria experiência de Khalil Gibran como um imigrante e serve de inspiração para qualquer um que se sinta a deriva em um mundo em fluxo.
O profeta Almustafa está prestes a embarcar em um navio para viajar de volta à sua terra natal depois de doze anos no exílio quando é parado por um grupo que pede a ele que compartilhe sua sabedoria antes de partir. Em vinte e oito ensaios poéticos, ele oferece insights profundos e atemporais sobre aspectos da vida como amor, dor, amizade, família, beleza, religião, alegria, tristeza e morte.
Sucesso imediato quando publicado pela primeira vez em 1923, O profeta é um clássico moderno, tendo sido traduzido para mais de quarenta idiomas. A mensagem que transmite continua a tocar corações através das gerações. Esta edição é ilustrada com doze das famosas pinturas visionárias de Gibran e conta com um prefácio de Rupi Kaur.
O livro é para ser lido com calma e reflexão, os temas do livro despertam o interesse humano por sua profundidade e leveza, como temas sobre o amor, o ensino, o casamento, a liberdade, a religião, os filhos, o trabalho, a morte e outros assuntos análogos e presentes em nosso cotidiano, a maneira que ele se refere aos temas é poético e leve, muito pertinente e atual.
O livro é de rara beleza, é tão bom que ficamos com vontade de ler novamente coisa que fiz mais de uma vez, as ideias do autor são transformadas em imagens, e essas imagens transformam-se em parábolas, escritos com habilidade profética, as palavras soam como verdadeiras melodias, a profundidade filosófica é sedutora e nos faz pensar como a vida pode ser mais simples se formos mais simplicíssimas e desapegados as coisas materiais dispensáveis e fúteis.
Escolhi dois capítulos por estarem ligados entre si: “Sobre o Amor” e “Sobre o Ensino”
Sobre o Amor (pg.6)
Então Almitra disse, fala-nos do Amor.
E ele ergueu a cabeça e olhou para o povo e caiu uma grande imobilidade sobre eles. E em voz poderosa ele disse:
Quando o amor vier ter convosco,
Seguros embora os seus caminhos sejam árduos e sinuosos.
E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o, embora a espada oculta sob as asas vos possa ferir.
E quando ele falar convosco, acreditai,
Embora a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte devasta o jardim.
Pois o amor, coroando-vos, também vos sacrificará. Assim como é para o vosso crescimento também é para a vossa decadência.
Mesmo que ele suba até vós e acaricie os mais ternos ramos que tremem ao sol,
Também até às raízes ele descerá e abaná-las-à
Enquanto elas se agarram à terra.
Como molhos de trigo ele vos junta a si.
Vos amanhã para vos pôr a nu.
Vos peneira para vos libertar das impurezas.
Vos mói até à alvura.
Vos amassa até vos tomardes moldáveis;
E depois entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos tomeis pão sagrado para a sagrada festa de Deus.
Toda estas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso coração, e, com esse conhecimento, vos tomeis um fragmento do coração da Vida.
Mas se, receosos, procurardes só a paz do amor e o prazer do amor,
Então é melhor que oculteis a vossa nudez e saiais do amor,
Para o mundo sem sentido onde rireis, mas não com todo o vosso riso, e chorareis mas não com todas as vossas lágrimas.
O amor só se dá a si e não tira nada senão de si.
O amor não possui nem é possuído;
Pois o amor basta-se a si próprio.
Quando amardes não deveis dizer "Deus está no meu coração", mas antes
"Eu estou no coração de Deus".
E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos achar dignos, dirigirá o seu curso.
O amor não tem outro desejo que o de se preencher a si próprio.
Mas se amardes e tiverdes desejos, que sejam esses os vossos desejos:
Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite.
Para conhecer a dor de tanta ternura.
Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor;
E sangrar com vontade e alegremente.
Despertar de madrugada com um coração alado e dar graças por mais um dia de amor;
Repousar ao fim da tarde e meditar sobre o êxtase do amor;
Regressar a casa à noite com gratidão;
E depois adormecer com uma prece para os amados do vosso coração e um cântico de louvor nos vossos lábios.
Sobre o Ensino (pg.44)
Depois um professor disse, Fala-nos do Ensino.
E ele respondeu:
Ninguém vos poderá revelar nada que já não esteja meio adormecido na aurora do vosso conhecimento.
O professor que caminha na sombra do templo, entre os seus discípulos, não dá a sua sabedoria, mas antes a sua fé e amor.
Se for realmente sábio, não vos convida a entrar na casa da sua sabedoria, mas antes vos conduz ao limiar do vosso próprio espírito.
O astrónomo pode falar-vos do seu entendimento do espaço, mas não vos pode dar o seu entendimento.
O músico pode cantar-vos o ritmo do espaço, mas não vos pode dar o ouvido que faz parar o ritmo, ou a voz que dele faz eco.
E aquele que é versado na ciência dos números, pode falar-vos de pesos e medidas, mas não pode levar-vos até lá.
Pois a visão de um homem não empresta as suas asas a outro homem.
E, mesmo que cada um de vós esteja sozinho no conhecimento de Deus, também cada um de vós deve estar sozinho no seu conhecimento de Deus e na sua compreensão da Terra.
Frases inspiradoras de Khalil Gibran
“A inconstância e o amor são incompatíveis. O amante que muda, não muda. Começa ou acaba de amar”.
“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da Vida por si mesma. Vem através de vós, mas não de vós, e embora vivam convosco não vos pertencem”.
“O amor nada á senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui e não deixa possuir, pois basta-se a si mesmo”.
“Há os que dão pouco do muito que possuem, e fazem-no para serem elogiados, e seu desejo secreto desvaloriza seus presentes. E há os que pouco têm e dão-no inteiramente”.
“Alguns dentre vós dizeis: A alegria é maior que a tristeza, e outros dizem: Não, a tristeza é maior. Porém, eu vos digo que elas são inseparáveis. Vão sempre juntas e, quando uma está sentada à vossa mesa, lembrai-vos de que a outra dorme em vossa cama”.
“É errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que está afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações”.
“Vossa alma é frequentemente um campo de batalha onde vossa razão e vosso juízo combatem contra vossa paixão e vosso apetite. Pudesse eu ser o pacificador de vossa alma, transformando a discórdia e a rivalidade entre vossos elementos em união e melodia”.
Fonte:
Gibran Khalil. O Profeta. http://www.clube-positivo.com
O Profeta. Texto Integral. Tradução Pietro Nassetti. Ed. Martin Claret. São Paulo-SP 2006