Setembro chegou e está na finaleira, e com ele, o Setembro Amarelo, uma campanha que nos lembra da importância de falar sobre um tema muitas vezes silenciado: o suicídio. É curioso como algo tão sério e presente na vida de muitas pessoas ainda é envolto em tanto tabu, como se a simples menção da palavra fosse um risco. Mas a verdade é que conversar sobre isso é um ato de cuidado e acolhimento. Suicídio não é um sinal de fraqueza, nem de egoísmo; é um grito de socorro, muitas vezes invisível, que pede por escuta, compreensão e, acima de tudo, empatia. Vamos falar sobre isso? Então, vou trazer um personagem muito conhecido por abordar o tema Lev Tolstói.
Lev Tolstói, conhecido por obras monumentais como Guerra
e Paz e Anna Karenina, abordou profundamente a questão do suicídio em seus
escritos e reflexões pessoais. O tema, para ele, não era meramente filosófico
ou teórico; tinha uma relevância existencial, nascida de suas próprias crises
espirituais e questionamentos sobre o sentido da vida.
A Crise Espiritual de Tolstói
Tolstói passou por uma crise existencial severa na
metade de sua vida, que ele descreve em detalhes em sua obra Confissão (Ispoved',
1882). Aos cinquenta anos, ele se encontrava no auge de sua fama literária,
cercado por uma família amorosa e um vasto círculo de admiradores. No entanto,
sentia-se vazio e angustiado. A questão do suicídio surgiu para Tolstói como
uma saída lógica para a falta de sentido que ele percebia na vida. Ele conta
que se via frequentemente considerando métodos para acabar com sua vida, como o
enforcamento ou o disparo de uma arma de fogo. A vida, para ele, parecia
desprovida de propósito.
Essa crise de sentido se alicerçava em uma visão
mecanicista do universo, influenciada pela ciência e pela racionalidade que
dominava o século XIX. A ideia de que tudo é governado por leis impessoais e
inevitáveis parecia reduzir a vida humana a algo fútil. Para Tolstói, a morte
se apresentava como uma sombra que eclipsava qualquer significado que ele
pudesse extrair das realizações terrenas, do prazer ou da família.
A Busca pelo Sentido e o Reencontro com a Fé
No auge dessa crise, Tolstói começou a explorar o
cristianismo, buscando nele respostas que a razão e a ciência não lhe davam. A
reflexão sobre o suicídio levou-o a uma investigação mais ampla sobre a
condição humana e o propósito da existência. Ele concluiu que, sem fé, a vida
era de fato insuportável, mas que com a fé, a vida ganhava um novo sentido.
Tolstói não encontrou uma resposta simples ou
confortável. Pelo contrário, ele chegou a acreditar que a sociedade estava
fundamentalmente corrompida, afastada dos ensinamentos genuínos de Cristo. Ele
abraçou uma forma de cristianismo radical, que rejeitava a propriedade privada,
a violência, e os confortos materiais. Para ele, a vida deveria ser vivida de
acordo com os preceitos da simplicidade, do trabalho honesto e do amor ao
próximo.
O Suicídio como Reflexo de uma Sociedade
Desconectada
Ao abordar o tema do suicídio, Tolstói não via a
questão apenas como um problema individual, mas como um sintoma de uma
sociedade doente, desconectada de valores espirituais profundos. Para ele, o
suicídio muitas vezes era o resultado da falta de propósito e de conexão com
algo maior do que o ego humano. O colapso moral da sociedade – com sua ênfase
no materialismo, na competição, e na busca incessante por status – empurrava as
pessoas para um abismo existencial.
Tolstói criticava a elite russa, e por extensão, a
sociedade europeia como um todo, por terem se afastado dos valores simples e
autênticos da vida. O suicídio, segundo ele, era um eco dessa desconexão, um
grito silencioso contra a falta de sentido que permeava as vidas
"bem-sucedidas" de sua época.
Reflexão Sobre o Suicídio no Cotidiano
Se trouxermos essa reflexão para o cotidiano,
notamos que muitos dos dilemas que Tolstói enfrentava continuam presentes. A
pressão por sucesso, a alienação gerada por um estilo de vida centrado no
consumo, e a falta de conexões humanas significativas muitas vezes levam as
pessoas a um estado de desespero silencioso. Tolstói via o suicídio como uma
resposta radical a esse vazio, mas acreditava que a verdadeira solução estava
em uma mudança de perspectiva – na reconexão com a espiritualidade e na busca
de um propósito que transcenda as limitações do ego.
Nos dias de hoje, a questão do suicídio ainda
assombra muitos, e a sociedade moderna muitas vezes oferece soluções paliativas
– desde entretenimento até medicações – sem tocar nas raízes profundas da
alienação. A jornada de Tolstói em busca de sentido, seu reencontro com a fé e
sua crítica à sociedade de seu tempo oferecem um ponto de reflexão valioso para
qualquer um que se veja confrontado com a pergunta: "Por que continuar
vivendo?"
Tolstói, no fim, não escolheu o suicídio. Ele escolheu a vida – mas uma vida transformada, uma vida que buscava transcender os valores superficiais e encontrar algo de eterno. Ele nos deixa a lição de que a questão do suicídio não é apenas sobre a morte, mas sobre como escolhemos viver e o que consideramos importante.
Em suas palavras, ele nos convida a refletir sobre como podemos nos reconectar com aquilo que dá significado à vida, talvez encontrando na simplicidade e na espiritualidade a resposta para o vazio existencial que tantos enfrentam em silêncio. Para mim que sou espirita e acredito na doutrina, procuro encorajar as pessoas a lutarem pela vida, a vida não cessa com o suicídio, apenas o corpo físico morre, o suicídio só aumenta nosso sofrimento, espíritos imortais que somos precisamos acreditar na vida e sempre seguir em frente lutando junto com ela por momentos melhores, eles estão lá é só seguir em frente. Força e Fé meus irmãos!