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quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A Angustia Aprisionada no Livro Fechado



Há muita beleza na literatura, cabe a cada um de nós buscar esta beleza, melhor falando “resgatar esta beleza aprisionada” ao encontra-la é importante tentar mantê-la próxima de nossa mente. Na pré-história no tempo em que vivíamos em cavernas antes mesmo das inscrições rupestres e das escritas cuneiformes, ela já existia em sua forma oral, era em seu princípio o conhecimento era transmitido através da palavra falada a impressão ficava e era transmitido carregado de emoções. Ora e na palavra escrita também está carregada de emoções, quem já não se espantou com as diferentes formas de ver a vida?
Conforme Edival Lourenço, o registro literário desde a escrita rupestre, passando pela escrita cuneiforme, pelo papiro, pelo pergaminho, pelos incunábulos dos escribas dos mosteiros medievais, sempre permeou a vida da humanidade. Mas só o suporte de papel, em um chumaço impresso e encadernado, numa técnica desenvolvida por Gutenberg, no século 15, vulgarmente conhecido como livro, permitiu a disseminação massiva dos conteúdos literários.
Querem sentir uma angustia? Visitem um sebo e analisem as prateleiras, encontrarão cada livro velho e surrado, comprimido entre tantos outros livros, tanta coisa escrita, tanto trabalho impresso, tanto conhecimento oprimido e deixado nas prateleiras do esquecimento, a beleza e o espanto ainda estão presentes em cada livro, resgatar um deles é trazer a vida um moribundo, extraindo da caverna onde foram enclausurados.
Para quem é apaixonado pela literatura, lêr desde os castelos da imaginação de Santo Agostinho, a Filosofia dos Toltecas com sua filosofia da Magia Negra e Branca e digam quem não a praticou ou pratica a Magia Negra e Branca? A Flores do Mal de Baudelaire, As cartas de um poeta de Rilke, A Filosofia da Matemática de Russell, Lógica Booleana de Boole, A Republica de Platão, A Paideia de Jaeger, A liquidez de Baumann, O Príncipe de Maquiavel, A Crítica da Razão Pura de Kant, Para Alem do Bem e do Mal de Nietzche, A Angustia da Influência de Harold Bloom, Ser e Tempo de Heidegger, O Mundo Como Vontade e Representação de Schopenhauer, Tratado Sobre a Tolerância de Voltaire, A Tabula Rasa de Locke, Leviatã de Hobbes, Emilio de Rousseau, Discurso sobre o Método de Descartes, Novum Organum de Bacon, O argumento cético de Hume, o existencialismo sartriano,  enfim, me perdoem os demais pensadores se não os menciono, pois é quase um número infinito de pensamentos e obras. Tais obras foram desenvolvidas ao longo dos séculos, os pensamentos que o ser humano procurou registrar a sua maneira de ver o mundo, seu pensamento na sua medida permeados pelas experiências do convívio, pela abstração do possivel e do impossivel, o conhecimento é poder que ninguém nos tira, é a alteridade, ler a todos é impossível, mas inevitável manter um contato com eles, pelos menos com alguns deles.
O resgate da literatura é extrai-la do submundo a que foi relegada quando do abandono da maioria das pessoas do hábito da leitura, que dizem ter preguiça de ler, que tem preguiça de pensar, que tem preguiça de escrever corretamente, que tem preguiça de falar de forma correta, logo resgatar a literatura é resgatar o ser humano do abandono a que se entregou, preferindo a alegria do consumo, a satisfação da ilusão do ter em detrimento da completude do ser, o abandono da ideia da inutilidade do que é e sempre será útil, respondendo a pergunta de para que serve mesmo a literatura? Afinal inventamos a literatura, resultado do desenvolvimento cultural no processo civilizatório.
Seja como for, valendo-me inclusive de um ensaio de Umberto Eco, aí vão alguns exemplos de utilidade da Literatura que consegui elencar:
1º — A Literatura contribui para a formação, estabilização e desenvolvimento de uma língua, como patrimônio coletivo. O que seria da língua portuguesa sem Luís de Camões? O que seria do Italiano sem Dante Alighieri? O que seria do Espanhol sem Cervantes? O que seria do Inglês sem Shakespeare? O que seria da Civilização e da língua grega sem Homero? O que seria da língua russa sem Puchkin? É bom lembrar que impérios que não tiveram uma Literatura que sobressaísse entraram em decadência sem alcançar o apogeu, como o vasto império Mongol de Genghis Khan, o maior em extensão territorial da história.
2º — A Literatura mantém o exercício, o arejamento, o frescor da língua, que é o principal fator de criação de identidade, de noção de comunidade, do sentimento de pátria e pertencimento a uma placenta cultural que nos acolhe e nos dá sentido à vida tanto individual quanto coletivamente.
3º — A Literatura proporciona o aprendizado, de uma forma lúdica e segura, ao mesmo tempo em que permite o acesso das novas gerações aos valores acumulados pelo processo civilizatório e universalmente aceitos como válidos, como a honestidade, o respeito ao próximo, a importância da cultura, enfim a transmissão de valores morais, bons ou ruins e o senso crítico de escolha dentre eles ou até de rejeitá-los.
4º — A Literatura expande a rede neural do leitor, possibilitando a diversidade das ideias, a capacidade de reflexão, a noção de flexibilidade e a tolerância para com o diferente, proporciona a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro — pré-condição para a existência da ética na sociedade), prevenindo as pessoas contra o sectarismo político, ao fanatismo, à submissão cega a líderes maliciosos, a ideologias e a religiões.
5º — A Literatura enseja o surgimento e a disseminação de valores estéticos, aguça a sensibilidade, introduzindo na vida das pessoas o verdadeiro sentido do belo, distinguindo-nos da fauna geral, onde gosto não se discute.
6º — A confabulação da literatura nem sempre segue o caminho retilíneo desejado pelo leitor, possibilitando a ele entrar em contado com a frustração ficcional, como exercício de amadurecimento para o enfrentamento das frustrações reais impostas pela vida de fato, às quais é bom que resista e supere.
7º — A Literatura, como toda arte, estimula o cruzamento de informações, possibilita a sinergia do pensamento, amplia a visão da realidade e até cria realidade nova.
8° — Pelo que foi listado, a Literatura não é uma panaceia — remédio para todos os males —, mas a base, a plataforma de lançamento de cidadãos melhores, numa sociedade portadora de um clima onde pessoas de boa vontade possam ver implantados seus ideais de paz, respeito, leveza, cordialidade, lisura, honestidade, preservação e desenvolvimento sustentado.
Certamente o leitor verá na Literatura “utilidades” diferentes ou mesmo complementares a estas.
A literatura também traz a sensação de fuga do para a frente, quem sabe é quem lê, estes usufruem de breves momentos do tempo que não passa, de sensações que ficarão e quem sabe no futuro retornarão à lembrança do que foi vivido através das linhas escritas por algum escritor em seus momentos de devaneio e solidão ou conforme “Fite”, enquanto momento de pura visão não passaria de um evanescente “flash” intuitivo que depois se transformaria em linguagem, uma forma petrificada, e por ser uma visão do sublime não possuiria nenhum tipo de referente, senão o seu desejo de ser algo mais. (FITE, 1985, p.17).
Então, vão desperdiçar a oportunidade de resgatar o conhecimento? Abrir um livro é sair da caverna, a sensação é de estar saindo aos poucos, tateando como alguém que ficou muito tempo na escuridão e agora cego pela claridade do sol, com o tempo os olhos acostumam, sabemos disso quando desenvolvemos o hábito de ler, a princípio não seja crítico e quando mais maduro não seja tão crítico, liberte-se do preconceito deste ou daquele autor ou daquele assunto, afinal a literatura também carrega seu aspecto socializante.
A literatura exerce o que se chama de “influere”, fluir para dentro a influência da literatura nas nossas emoções, a “influere” em sua origem assenta -se no sentido utilizado pelos astrólogos medievais, isto é, a ação dos astros sobre as emoções humanas.
Com o tempo desenvolveremos a capacidade de perceber o influxo, a fusão de conhecimentos e conexões da ideia de um escritor influenciando outro em uma linha causal de dependências, assim como influenciarão em nossa forma de pensar e quiçá de agir, influenciando na formação do indivíduo.
Quanto ao significado, conforme Castro o leitor não deve buscar um significado escondido, uma compreensão das relações ocultas na literatura, porque estas não existem. A linguagem é uma construção arbitrária, e segundo Bloom, dependente da imaginação do ser humano.
A imaginação é a força autoritária e prioritária sobre a linguagem. Não há uma gramática capaz de explicar os escritores, são estes que com suas obras estabelecem as gramáticas.
Assim, cabe ao leitor produzir o sentido com seu poder imaginativo. Como ele mesmo argumenta no livro “Como e Porque ler?” citando o filósofo transcendentalista Ralph Waldo Emerson: Recorro, novamente, a Emerson para definir o quarto princípio da leitura: Para ler bem é preciso ser inventor. O que, para Emerson, seria “leitura criativa” foi por mim chamado de “leitura equivocada”, Expressão que levou meus adversários a crer que eu sofresse de dislexia. O fracasso, ou o branco, que tais indivíduos veem quando se deparam com um poema está em seus próprios olhos. Autoconfiança não é dom, mas o Renascimento da mente, o que só ocorre após anos de muita leitura. (BLOOM, 1998, p. 21)
Ainda Castro, o poder da desleitura é ao mesmo tempo fonte de liberdade e exigência criativa. As análises do crítico podem ir muito além das barreiras da poesia. Entrar no jogo da angústia da influência é travar uma luta entre anterioridade e posteridade. O leitor deseja afastar-se do que lê, mesmo que esteja enredado pelo passado. A angústia da influência é uma teoria da leitura, metacrítica literária, estratégia de literatura comparada, filosofia estética, intertextualidade poética, psicologia e sociologia da arte. Sua complexidade aparece na sua capacidade de estabelecer relações. Talvez seja importante constar que Harold Bloom não defende uma leitura relativista independente de autores. São os autores, com seu poder retórico -cognitivo-estético que provocam as leituras criativas, entre textos e autores.
Castro afirma que Bloom defende que são sempre relações hierárquicas, mas não que sejam estáveis ou caducas. Sua visão permite uma metamorfose constante, contanto que não se perca de vista a luta necessária para a transformação. A literatura é vontade de potência e criatividade. Onde houver imaginação haverá luta, haverá complexidade, haverá influência.
O sentido que o leitor encontra no texto não é o mesmo sentido que o texto quer transmitir, o sentido para o leitor é aquele de fluência da desleitura que este fez e procurou o encaixe no seu quebra-cabeças emocional, no seu sentido próprio, tal como ferramentas que agem na metamorfose do indivíduo, a imaginação alimenta a luta, a influência e inevitável, a leitura requer muitas o distanciamento necessário para analisar os vários vieses.
Enfim, a literatura é apaixonante e bela, vamos abrir nossos olhos, abrir um livro e se deixar contagiar pela magia das palavras, vamos dar sentido e vibrar com a angustia de chegar ao final de um livro, quem sabe não relemos e relemos, sempre querendo ficar com o gostinho na boca.

Fontes:
http://www.revistabula.com/4209-a-literatura-e-o-unico-instrumento-realmente-capaz-de-mudar-o-homem/
BLOOM, Harold. Um mapa da desleitura. Rio de Janeiro:Imago,1995.
_____________.
A angústia da influência: uma teoria da poesia. Rio de Janeiro:Imago,1991.
_____________.
Cabala e crítica. Rio de Janeiro:Imago,1991.

CASTRO, Daniel Fraga de. A complexidade da angústia da influência de harold bloom, Paper

FITE, David. Harold Bloom: The rhetoric of romantic vision. Boston: The University of Massachussets press, 1985.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Educação + Ensino + Ead




A EAD aparentemente surgiu como uma resposta da sociedade para alguns dos problemas e necessidades, historicamente iniciou com os cursos profissionalizantes um pouco antes do ano de 1900 com cursos por correspondência divulgados nos jornais, e atualmente estendendo-se a todos os níveis de escolaridade, contribuindo na integração nacional e internacional.
Uma primeira impressão, é de que a EAD ainda precisa se inserir filosoficamente, para então encontrarmos o modelo próprio que vá alem dos interesses econômicos em nosso contexto pós moderno, no aspecto de vivermos em tempos de grandes mudanças devido às descobertas tecnológicas, sociais, artísticas, científicas e arquitetônicas. Para contribuir na análise, muitos dos comentários a seguir serão baseados em referências teóricas pertinentes ao assunto de pensadores que já se debruçaram sobre o tema. Espero também proporcionar um panorama geral do entendimento acerca das vantagens e desvantagens do EAD, como por exemplo esta é uma forma que não é engessada como o ensino tradicional que é voltado para as massas.
Contextualização do Cenário da Educação no Brasil
O cenário da educação tradicional no Brasil é de uma realidade preocupante, tal afirmação tem seu fundamento nos indicadores apresentados pelo IBGE, no Senso 2010, tais indicadores, por exemplo, apontam para uma população de pessoas de 25 anos ou mais de idade com 49,3% sem instrução e fundamental incompleto e 14,7% com fundamental completo e médio incompleto, realmente são indicadores expressivos e demonstram a parcela imensa da população que ainda não conseguiu sair da precariedade educacional. No entanto, ainda conforme o Senso 2010, relatam que o aumento da escolarização ao longo do tempo é um fator importante que vem impulsionando o crescimento do nível de instrução da população. Isso pode ser percebido pelo confronto da distribuição do nível de instrução por grupos etários. Os resultados mostraram que, com a elevação da idade, houve aumento na participação do grupo de nível de instrução mais baixo e consequente redução nos seguintes. A participação das pessoas sem instrução e com fundamental incompleto foi de 28,2%, no grupo etário de 25 a 29 anos, e alcançou 80,1%, no de 70 anos ou mais.
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE).
É grande o número de pessoas sem instrução escolar, embora tenhamos observado um crescimento da quantidade de pessoas que vem buscando instrução com a elevação da idade, ainda estamos longe de atingirmos 100% da população e também longe de se dar a devida qualidade ao conteúdo, neste aspecto percebido é que o abandono dos estudos muitas vezes é motivado pelo desinteresse do aluno pelo conteúdo já que não consegue “linkar” com a vida prática e na maioria dos casos o abandono pelos estudos ocorre pela necessidade econômico-financeira familiar obrigando muitos jovens a escolher entre o trabalho em detrimento dos estudos.
A grande maioria que não estuda, trabalha, o tempo que sobra após o trabalho é curto, e conforme onde more, há necessidade de deslocamentos que tomam horas entre o trabalho residência, ao incluir a escola, haverá necessidade de mais tempo para deslocamentos, aumenta o nível de dificuldade, a escolha por não estudar é praticamente a única opção como resultado natural.
As pessoas em sua maioria sentem a necessidade de retomar os estudos, pois percebem que o crescimento profissional depende muito disto, o mercado de trabalho é muito exigente quanto ao grau de escolaridade e especializações, com o avanço tecnológico foi estabelecida uma linha evolutiva que não permite a ninguém ficar estagnado.
Em resposta as exigências do mercado de trabalho, intensificaram-se os estudos a distância, nunca na história houveram tantas ofertas de cursos, abrangendo desde o ensino fundamental até o ensino superior.
Atualmente é possivel fazer cursos junto a universidades no exterior, o que elevou o nível de ofertas dos cursos em EAD, o que também possibilitou a troca de conhecimento em larga escala, com isto foram reduzidos gastos com viagens, tempo de deslocamento, vistos, passaportes, a EAD esta consolidando-se como uma forma alternativa de ampliar horizontes e encurtar distancias.
A legislação brasileira está preocupada com a normalização da oferta de cursos no Brasil, procurou garantir direitos através da legislação como por exemplo as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica em sua apresentação, declara que a Educação Básica de qualidade é um direito assegurado pela Constituição Federal e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, tal discurso encontramos no ECA. Continuamente, encontramos a premissa e, um dos fundamentos do projeto de Nação que estamos construindo, a formação escolar é o alicerce indispensável e condição primeira para o exercício pleno da cidadania e o acesso aos direitos sociais, econômicos, civis e políticos.
A expectativa de que uma educação deva proporcionar o desenvolvimento humano na sua plenitude, em condições de liberdade e dignidade, respeitando e valorizando as diferenças, o ensino através da EAD representa uma forma de aproximação das pessoas, possibilitando o contato entre as pessoas livre das diferenças sociais que afasta pela discriminação, logo pressupõe-se que a exploração desta modalidade de ensino poderá proporcionar maior integração entre todos e, também uma forma de resgatar as pessoas que abandonaram os estudos.
Conforme afirma Moore and Kearsley (1996, p.1), o “[...] conceito de Ensino a Distância é simples: alunos e professores estão separados pela distância e algumas vezes também pelo tempo”. Neste viés, o Ensino a Distância permitiu que o ensino ingressasse nos lares e em todos os lugares alem das salas de aula, tal facilidade agregou mais opções de levar o ensino em tempo real a todos os lugares, isto ocorre graças também ao desenvolvimento tecnológico que criou tais possibilidades e com inimaginável tempo de resposta, isto tudo está tão impregnado que viabilizam uma cultura de ensino e informação instantâneos e disponíveis 24 horas.
Conforme Moore e Kearsley (1996), a evolução da EAD, identifica a existência de três (3) gerações:
Tabela 1: As gerações de ensino a distância
Geração
Início
Características
1a.
até 1970
Estudo por correspondência, no qual o principal meio de comunicação eram materiais impressos, geralmente um guia de estudo, com tarefas ou outros exercícios enviados pelo correio.
2a.
1970
Surgem as primeiras Universidades Abertas, com design e implementação sistematizadas de cursos a distância, utilizando, além do material impresso, transmissões por televisão aberta, rádio e fitas de áudio e vídeo, com interação por telefone, satélite e TV a cabo.
3a.
1990
Esta geração é baseada em redes de conferência por computador e estações de trabalho multimídia.

A partir de 1990, que é a terceira geração de cursos a distância esta geração está ligada ao uso do computador pessoal e da Internet, que viabilizam através de ferramentas e mecanismos e maneiras dos estudantes se comunicarem de forma síncrona (salas de chat, telefone) e assíncrona (grupos de discussão por e-mail, vídeos, sites, blogs), outro avanço obtido no avanço tecnológico é a interação social entre alunos e professores que superam a "distância social" e a "distância geográfica".
Moore e Kearsley (1996) referem-se modalidade de Ensino a Distância não como educação, mas sim como ensino, dizendo que:
O ensino a distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira que a comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas.

As pessoas acreditam que a educação se constitui na forma de resolver todos os problemas enfrentados pela sociedade, no entanto conforme pensamento de Luckesi (1989):
a educação, nas suas mais diversas modalidades, não
tem condições de sanear nossos múltiplos problemas nem satisfazer nossas mais variadas necessidades. Ela não salva a sociedade, porém ao lado de outras instâncias sociais, ela tem um papel fundamental no processo de distanciamento da incultura, da acriticidade e na construção de um processo civilizatório mais digno do que esse que vivemos. (LUCKESI, 1989, p. 95).

Como se pode observar estamos diante de dilemas, conceitos e interpretações que apontam para muitas direções, com a evolução do comportamento humano, atualmente a sociedade busca respostas para novas necessidades, as pessoas em geral estão muito ocupadas trabalhando e deixaram para os professores a missão de educar, ensinar e transmitir conhecimento a seus filhos.
A formação educacional requer tempo, dedicação e recursos, afinal para se manter no mercado de trabalho há um custo que o trabalhador deverá pagar e tentar amenizar os reflexos de sua escolha no passado quando deixou de lado os estudos.
O professor Armindo Moreira, autor do livro Professor não é Educador, vai alem de tais afirmações quando declara que, a partir do século XX, houve uma inversão de papéis: o professor passou a ser um educador e isso gerou um grande problema para a qualidade de ensino. “Essa teoria de misturar ensino com educação reproduziu crises em todas as partes do mundo, pois não é papel do professor educar uma criança, assim a educação é papel dos pais”.
Pressupõe-se que está inversão de papéis ocorreu como resposta a ausência e escasso tempo que os pais tem para se dedicar a educação dos filhos pelo fato dos pais trabalharem fora, as crianças são mandadas para escolinhas de turno integral, cabendo aos “educadores” a tarefa de ensinar valores éticos e morais e transmitir conhecimento.
Para o professor Armindo Moreira, o professor quando assumiu o papel de educador, o professor deixa de cumprir o seu papel que é o de ensinar matérias básicas, como Português, Matemática, História e Geografia.
Percebe-se que há diferença entre o termo ensino e educação, conforme o professor Armindo Moreira, o significado de ensino é a transmissão/repasse de conhecimento e a educação é a transmissão/repasse de um conjunto de hábitos e valores, pois “Um analfabeto pode ser muito bem educado”, em nosso cotidiano encontramos “pessoas pouco instruídas, mas muito bem educadas; e entre pessoas muito instruídas, encontramos pessoas mal educadas.”
Observa-se que há diversos conceitos acerca de Ensino e Educação, logo surge uma questão acerca do que seria EAD conforme a forma de pensar a educação semelhante ao pensar do professor Moreira, a filosofia da educação conseguiria transmitir alem de conhecimento, também valores morais, éticos e hábitos? Também, perguntamo-nos se a educação que é direito de todos, não estaria sendo negado este direito aqueles que não conseguem concluir sequer o ensino fundamental ou que não aprendem o esperado?
Nas séries iniciais e no ensino fundamental onde quem frequenta são “pessoas” de tenra idade, estas não possuem maturidade para educação a distância, pois o ser humano necessita de apoio, atenção e contato direto para aprender, logo a raça humana é muito dependente do olhar e atenção do outro, na maioria das vezes necessitamos dos cuidados de alguém que nunca tínhamos tido qualquer contato.
 Superada esta fase inicial e tenhamos amadurecido, somos levados a fazer escolhas, ingressamos no mundo das necessidades determinadas pelo consumo, precisamos de capital para atender nossos desejos, o trabalho é a opção para a conquista da liberdade de poder comprar, adquirir para satisfazer nossos desejos, os prazeres e necessidades nos levam a trabalhar cada vez mais, o ensino que já não é mais a prioridade é deixado de lado, porem com o avanço da vida profissional, é exigido do trabalhador que este possua formação educacional.
Quantas vezes ficamos sem resposta ou sequer tivemos oportunidade de perguntar e ser ouvidos em aula presencial, onde é um único professor para dar atenção a quarenta alunos num espaço de tempo de 50 minutos de aula, este é o paradigma presencial da educação para a massa, no entanto podemos notar a diferença no ensino do EAD, quando estamos on line com o professor ou o tutor, estes nos proporcionam a exclusividade que tanto precisamos, a comunicação entre professor e aluno é uma das vantagens nesta modalidade de ensino, afinal professor e aluno aprender um com o outro mutuamente.
A comunicação escrita precisa ser pensada, analisada, colocamo-nos no lugar do outro que fara a leitura e queremos que este entenda o que se quer comunicar, logo o registro de nossas expressões são inegáveis, a reorganização de nossa forma de pensar é necessária e isto por si só já é uma diferença, este movimento se estende a leitura que fazemos da realidade que nos leva a dedicar maior atenção aos detalhes, o estudo do conteúdo toma uma maior importância, precisamos ser mais do expectadores e ouvintes de uma aula expositiva, despertamos nosso interesse e com isto desenvolvemos nossa habilidade autodidata, estamos mais ávidos na busca por mais conhecimento.
A educação com toda sua pedagogia esta adaptando-se a esta realidade imposta pelo EAD, as tecnologias impõem a esta modalidade uma pedagogia de ensino e aprendizado mais ágeis, são muitos exigindo atenção e são muitos que participam deste processo de ensinar.
O EAD não pode ser pensado como a salvação dos problemas de ensino, os estudos acerca do EAD, demonstram que esta modalidade veio a dar resposta para alguns problemas, mas não para todos os problemas, a aula presencial é e percebe-se que não poderá ser simplesmente substituído, o professor em sala de aula precisará adaptar-se a realidade da informação instantânea, saber transformar informação em conhecimento, abandonando a premissa que o professor “sabia tudo”.
Naturalmente as pessoas utilizam a internet para responder a muitas questões, sob este aspecto poderiam ser melhores preparadas para utilizar esta ferramenta em aulas presenciais e na modalidade do EAD, aprender a ser crítico ao analisar os sites que oferecem informações, se possuem este sites tem credibilidade, afinal a internet está ai para ficar, um dos aprendizados a distância nos ensina a ser autodidatas, pois estejamos vinculados ou não a alguma instituição de ensino a distância, uma vez que tenhamos aprendido a utilizar nossa habilidade de estudo, nossa curiosidade seja por necessidade profissional ou não, estará sendo praticada ao longo de nossas vidas, independente de nossa idade, classe social, gênero, ideologia, religião.
As instituições de ensino mais tradicionais já estão se adaptando a modalidade de EAD, aderiram a esta modalidade a níveis nacional e internacional, com cursos de graduação, extensão e especialização, a globalização permite a integração de conhecimento e feedback entre nações, abriu-se um mercado de trabalho amplo, dando oportunidade para professores e outros profissionais que atuem nesta área, com o apoio e fiscalização de instituições e orgãos tais como Ministério da Educação, Ministério das Cidades.
O ensino por EAD ainda tem muitas falhas, porem vem trilhando um caminho vitorioso, evoluindo com o crescimento de mais cursos autorizados pelo MEC, exigindo ao sistema educacional adequar-se a esta ferramenta de ensino pós-moderna.


1.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - LUCKESI, Cipriano Carlos, Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez Editora, 1996. ... Introdução à avaliação educacional, São Paulo, 1989.

2 - MOORE, M. & KEARSLEY, G. Distance Education: a system view. Belmont (USA):Wadsworth Publishing Company, 1996.

3 – MOREIRA, Armindo: Professor não é educador. 4ª. Edição. Profeduc. Cascavel/PR. 2012.

4 - http://brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao-no-brasil.htm.  Visitado em 03/09/2016 as 7:58hs

5-  http://www.estudopratico.com.br/pos-modernismo/. Visitado em 25/10/2016 as 21:35hs.