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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Mudança de estação e ponto de equilíbrio – reflexões que levam ao utilitarismo

 

O Brasil está localizado no hemisfério sul, aqui a primavera começa às 10h31 da manhã desta terça-feira, 22 de setembro do ano de 2020. É quando acontece o Equinócio da Primavera aqui no Hemisfério Sul e de Outono no Hemisfério Norte. Dia e noite têm a mesma duração.

Estamos em outro grande ponto de virada na dança cósmica da Lua, Sol e Terra. Mudamos de marcha quando mudamos a estação. É o ponto no ano do equilíbrio absoluto entre a noite e o dia. O feminino e o masculino. O Yin e o Yang.

Mas o que marca, astronomicamente, o início da primavera?

A data de início da primavera possui relação com um fenômeno chamado equinócio, que nada mais é do que o período do ano em que os dois hemisférios são igualmente iluminados pelos raios solares, de forma que os dias e as noites possuem, basicamente, a mesma duração.

O dia 22 de setembro na natureza é o dia do equilíbrio!

Então, que sejamos tomados pelos bons ventos da primavera! Tomados pelos ventos do equilíbrio! Tomados por ventos da virtude ética! Tomados pela coragem, o autodomínio, a generosidade e a veracidade.

A sabedoria elementar reconhece que a virtude está no meio, num ponto de equilíbrio entre dois excessos incomunicáveis entre si. O ser humano vive na luta incessante entre o bem e o mal, saúde e doença. Não há neutralidade, pois, a força de repulsão e atração de todas as coisas é proporcional à diferença entre os seus extremos, a polarização exerce forças que movimentam o que as coisas são, assim como na primavera muitas sementes carregam a potência de uma arvore, a semente carrega a possibilidade de mudança na potência contida nela mesma.

Para Aristóteles todas as coisas são formas e matéria, podendo mudar de forma e permanecer na mesma matéria. Desta forma, o movimento constitui-se em ato e potência, isto é, aquilo que as coisas são, e a potência é a possibilidade que elas podem vir a ser.

O homem está destinado ao meio, mas não pode perder de vista os dois extremos. Diante deles, tudo é ínfimo, desnecessário, passageiro, assim como a primavera que enche a natureza de cores e vida, o inverno por sua natureza lança o desafio entre a vida e a morte. A base da virtude de todas as virtudes, é o “estado de luta”, a mudança de estação é o começo de um novo estado de luta, encontrar o ponto de equilíbrio é uma questão de vida ou morte.

Nietzsche dizia que a Vontade de Potência é a principal força motriz, que existe em cada Ser e elemento da Natureza. Segundo Nietzsche, nos seres humanos essa força quando empregada confere realização, ambição e esforço para a conquista dos desejos e expansão.

Nietzsche argumenta que o homem não pode e não quer apenas conservar-se ou adaptar-se para sobreviver, só um homem doente desejaria isso; ele quer expandir-se, dominar, criar valores, dar sentidos próprios. Isto significa ser ativo no mundo, criar suas próprias condições de potência. É um efetivar-se no encontro com outras forças.

A Ética a Nicômaco, de Aristóteles (cerca de 325 a.C.), as questões centrais dizem respeito ao caráter. Aristóteles começa por perguntar: “Em que consiste o bem para o homem? ”. E a sua resposta é: “Uma atividade da alma em conformidade com a virtude”.

Aristóteles afirmou que a virtude é um traço de caráter manifestado no agir habitual. O “habitual” é importante. A virtude da honestidade, por exemplo, não é possuída por alguém que diz a verdade apenas ocasionalmente ou quando isso lhe é vantajoso. A pessoa honesta é naturalmente veraz; as suas ações “brotam de um caráter firme e inabalável”.

Isto é um começo, mas não basta. Não distingue as virtudes dos vícios, pois os vícios são também traços de caráter manifestados nas ações habituais.

A ética de Aristóteles, identificou que devemos cultivar a virtude através da razão e do hábito; e que a virtude é a nossa escolha deliberada e autônoma do meio-termo entre dois vícios estremos. Viu que os vícios são ações morais marcadas pela falta ou pelo excesso. Também estudou que toda ação moral humana visa um bem, e que o maior bem a ser desejado e alcançado é a felicidade. Assim, para agirmos corretamente, devemos cultivar a virtude.

O londrino John Stuart Mill (1806-1873) defendeu uma ética utilitarista, principalmente através do seu livro Utilitarismo. É viável falar em uma ética utilitarista, pois há várias éticas utilitaristas produzidas, conforme as especificidades defendidas por alguns outros filósofos. Porém, em toda ética utilitarista a utilidade é o critério que deve orientar a escolha da ação moral.

Na ética de Mill, especificamente, defende-se que toda ação moral deve visar à utilidade em vista da realização da felicidade. A felicidade, por sua vez, é o maior bem que podemos almejar e está ligada fundamentalmente à ausência de dor e presença de prazer, mas não apenas isso, pois, para sermos felizes, também necessitamos cultivar a virtude e aprimorar o caráter.

A felicidade está ligada a nossos desejos? Por que desejamos algo? Certamente porque aquilo parece ser muito bom para nós, e a sua falta nos faz sofrer terrivelmente. E, não sem razão, o filósofo Spinoza (1632-1677) nascido em Amsterdam, um dos grandes nomes do racionalismo do século XVII, ao lado de Descartes e Leibnitz, na sua obra “ÉTICA”, nos diz que “Não é porque uma coisa é boa que a desejamos, mas, porque a desejamos ela parece ser boa”. O desejo, para ele, é a verdadeira essência do homem.

Para Kant desejo é tudo o que emerge do pensamento à ação sem que se possa controlar. Vontade é a ação regida pela razão, independentemente da corrente dos desejos; é o uso da razão para deliberar escolhas. A vontade percebe que, apesar do desejo, é possível viver na contramão dos instintos.

Por que são os bens desejados? Procurados? Um bem é procurado porque é útil. Por utilidade entende-se "a capacidade que tem um bem de satisfazer uma necessidade humana".

A doutrina utilitarista encontra-se condicionada por duas proposições antitéticas ou contraditórias entre si, proposições normativas e positivas. Vejamos:

Proposições Positivas

A economia positiva trata a realidade como ela é, uma posição positiva pode ser refutada ou aceita. Uma proposição positiva, diz que os homens devem ser considerados como indivíduos egoístas, calculadores e racionais, e que tudo deve ser pensado e elaborado a partir do seu ponto de vista.

A economia descritiva e a teoria econômica situam-se, preponderantemente, no campo da economia positiva.

Proposições Normativas

A economia normativa considera mudanças nessa mesma realidade, propondo como ela deve ser, já uma posição normativa depende de juízos de valor, pessoais e subjetivos.

A política econômica é, preponderantemente, normativa. E uma proposição normativa, que afirma que os interesses dos indivíduos, a começar pelo meu próprio, devem ser subordinados e mesmo sacrificados à felicidade geral ou do “maior número”.

Conforme Orlando Braga (Blog bordoada), todo o utilitarismo mistura, em proporções infinitamente variáveis e dependente apenas da discricionariedade política das elites da sociedade, uma axiomática do interesse e uma axiomática sacrificialista, que é simultaneamente um encantamento pelo egoísmo e uma apologia do altruísmo, e uma tentativa de reconciliar um ponto de vista ferozmente individualista e uma vertente globalizada e holista.

Exemplos:• Quais serão as taxas de juros do próximo ano? (Positiva)• Deve-se aprovar a lei de redução de juros? (normativa)• Qual é o valor do aumento de preços dos carros importados, se a cota de importação aumentar? (positiva)• Deve-se impor uma cota sobre a importação de carros? (normativa).

Se alguém descobre como assentar o Ovo de Colombo em uma mesa, toda a gente fica a saber como se assenta o ovo. Mas antes de se saber, ninguém sabia. E quem se esforçou para ter a ideia do assentamento do Ovo foi o Colombo. Portanto, o Colombo merece ser recompensado pela sua ideia. Mas essa recompensa tem os limites do razoável ou da Razão.

Uma das versões para “Ovo de Colombo” é uma expressão que teve sua origem, na Espanha, depois da descoberta da América, Colombo é homenageado em um banquete. Alguns presentes menosprezaram o feito e afirmaram que qualquer navegador poderia realizá-lo.

Colombo desafiou-os a colocar um ovo em pé. Como ninguém conseguiu, Colombo bateu o ovo sobre a mesa, amassando uma das extremidades, o que possibilitou o ovo ficar em pé, e acrescentou: "Qualquer um poderá fazê-lo, mas, antes é necessário que alguém tenha a ideia.

Após refletirmos a respeito de ponto de equilíbrio, potência, vontade, desejos, utilidade, podemos falar mais um pouco acerca do estado de lutas na realidade primaveril em que a raça humana encontra-se, ainda confinada na espera da prometida vacina libertadora.

Os laboratórios espalhados pelo mundo estão empenhados em pesquisas a respeito da COVID19, e na produção de vacinas, trata-se da vontade, desejo e felicidade geral, os laboratórios estão participando de uma corrida onde cada qual quer colocar em pé o “Ovo de Colombo” em primeiro lugar, aspirando bilhões de dólares, euros, etc.

Nos vimos diante de uma visão que nos remete aos utilitaristas, os adeptos aos utilitarismos inevitavelmente estão divididos, entre a proposição positiva, por um lado, e a proposição normativa, por outro lado. E tratando-se do capitalismo neoliberal, é sempre e invariavelmente a proposição positiva que vence: a vida humana, segundo os utilitaristas (por exemplo, Peter Singer) tem um preço qualquer.

Considerando o melhor seja aderir ao princípio da política normativa com regramentos voltados a maior felicidade e o bem geral, além deste deverá levar-se em conta outro princípio, o princípio de dano defendido por Mill diz que "o único propósito pelo qual o poder pode ser exercido com razão sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra sua vontade, é evitar danos a outros", espera-se que o poder na mão do estado seja firme e responsável, que equilibre a balança onde num lado pende os interesses de grupos econômicos que muitas vezes conflitam com o interesse e o bem de milhões de vidas.

Encontrar o “ponto de equilíbrio” entre lucro das empresas farmacêuticas e o bem e felicidade geral é o que está em jogo.

O ponto de equilíbrio me parece estar presente em ideias de Peter Drucker (19/11/1909 á 11/11/2005), como por exemplo:

1.      A finalidade da empresa não é ganhar dinheiro. Ganhar dinheiro é uma necessidade para a sobrevivência. A finalidade de uma empresa é criar um cliente e satisfazê-lo. Dentro da organização só existem custos. Seus resultados encontram-se fora da organização resultantes de clientes satisfeitos. É para isso que uma empresa é paga (essa abordagem está totalmente alinhada com a já comentada visão de Theodore Levitt a esse respeito). Drucker comentava que organizações bem-sucedidas não se preocupam em serem felizes; elas são obcecadas em fazer o cliente feliz (e assim cumprem o primeiro objetivo).

2.      Rompe com a visão tradicional, mecanicista cujas bases estavam fundamentadas na orientação em se extrair a maior valia para a companhia dos esforços de seus trabalhadores sem considerar seu bem-estar e os efeitos dessa ação sobre a sociedade nas mais diversas esferas: ambientais, trabalhistas, sua influência no núcleo familiar e assim por diante.

3.      A primeira responsabilidade social de uma empresa é gerar excedente adequado, seu lucro. Sem um excedente adequado, ela estará roubando da comunidade e privando a sociedade e a economia do capital necessário para gerar empregos para o futuro. O lucro é a consequência e justifica a existência da companhia. Não é um fim em si mesmo, porém sem ele nenhuma organização sobrevive.

Saint-Exupêry escreveu que “Apesar da vida humana não ter preço, agimos sempre como se certas coisas superassem o valor da vida humana”, que está estação afete nosso comportamento capitalista neoliberal, pois uma vida não tem preço, uma vida tem valor imensurável, uma vida é aquilo que tem valor do que não tem preço.

Que a primavera nos traga bons ventos, que possamos caminhar entre o verde e as coloridas flores não nos sentindo intrusos, nem apenas consumidores, mas sim, como partes importantes dentro deste mesmo universo.

Fontes:

sábado, 5 de setembro de 2020

SETEMBRO AMARELO – Suicídio um problema de saúde publica

 


Falar de morte já é muito difícil. Que dirá falar da morte, escolhida por algumas pessoas, como alternativa à vida, como a morte voluntária de alguém?. O assunto não deve ser evitado como muitos o tratam como tabu, a falta de informação pode ser um dos fatores do pouco caso que dão para o assunto, as estatísticas mostram que o suicídio tem crescido nas mais diferentes faixas etárias, e os índices entre jovens e idosos chamam a atenção.

Diante da importância do assunto são realizadas campanhas para combate as causas do suicídio, dentre as campanhas foi criada a do “Setembro Amarelo.“

O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

Durante o mês de setembro, costuma-se iluminar locais públicos com a cor amarela. A ideia é promover eventos que abram espaço para debates sobre suicídio e divulgar o tema alertando a população sobre a importância de sua discussão.

A Origem do “Setembro Amarelo” é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Segundo a Associação Catarinense de Psiquiatria, a cor da campanha foi adotada por causa da história que a inspirou:

“Em 1994, um jovem americano de apenas 17 anos, chamado Mike Emme, tirou a própria vida em seu mustang 1968 amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando o mesmo desespero de Mike, e a mensagem foi se espelhando mundo afora.

O carro era um Mustang 68 hardtop, completamente restaurado pelo próprio Mike e pintado na cor amarelo brilhante. Os pais de Mike, Dale Emme e Darlene Emme, iniciaram a campanha do programa de prevenção do suicídio "fita amarela", ou "yellow ribbon", em inglês.


Mustang 68 hardtop

No Brasil, o suicídio é considerado um problema de saúde pública e sua ocorrência tem aumentado muito entre jovens. De acordo com números oficiais, 32 brasileiros tiram a própria vida por dia em média, causando mais mortes que a AIDS e a maioria dos tipos de câncer. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2014, o Brasil está em oitavo dentre os países com maior número de suicídios, atrás de Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Paquistão.

O Rio Grande do Sul tem a maior taxa, com 10,2 suicídios por cem mil habitantes:



Suicídios no Brasil por 100 mil habitantes em 2013

Unidades federativas por taxa de suicídios (por 100 mil hab.) (dados de 2013)


Unidade federativa

Taxa

Rio Grande do Sul

10,18

Mato Grosso do Sul

8,66

Santa Catarina

8,58

Piauí

7,19

Roraima

6,76

Ceará

6,68

[...]

25º

Pará

2,79

26º

Bahia

2,78

27º

Rio de Janeiro

1,36

Fonte: deepask

 

No mundo, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a sétima causa de morte de crianças entre 10 e 14 anos de idade. A OMS também afirma que o suicídio tem prevenção em 90% dos casos

Alguns mitos sobre o suicídio

Segundo o psicólogo paulista Yuri Busin:[9]

  • As pessoas, que, ameaçam se matar, estão apenas querendo chamar a atenção”. Falso, pois a pessoa pode sim estar passando por um período difícil de sua vida e estar solicitando ajuda. Toda e qualquer ameaça a de suicídio deve ser levada a sério.
  • O suicídio acontece sem aviso”. Falso. Apesar de muitos pensarem ser um ato impulsivo, isso nem sempre é verdade. Muitas pessoas pensam em suicídio constantemente. Além disso, muitos suicidas comunicam seu sofrimento diariamente a outras pessoas.
  • O suicídio só acontece com os outros.Falso. O suicídio pode ocorrer com quaisquer pessoas que estejam em um alto grau de sofrimento. Aqui vale lembrar que o sofrimento independe de dinheiro, classe social, etc…
  • Uma pessoa que tentou cometer suicídio uma vez, não voltará a tentar.Falso. Na verdade, as tentativas de suicídio são um indicador de que o suicídio pode realmente ocorrer.

 


O suicídio é um fato social que ocorre, com maior ou menor intensidade, em todos os países e afeta indivíduos de todas as regiões, culturas, religiões, gerações, gêneros, raças, classes, etc. O sociólogo francês Émile Durkheim realizou um estudo sociológico sobre o assunto, escrevendo o livro clássico sobre o suicídio, em 1897, onde define 4 tipos de suicídio:

1) Egoísta: reflete um prolongado senso de não-pertencimento, de não estar socialmente integrado em uma comunidade. Resulta do senso que o suicida tem de total desconexão. Esta ausência pode levar à falta de sentido da vida, apatia, melancolia e depressão;

2) Altruísta: caracterizado por um senso de estar totalmente absorvido pelos objetivos e crenças de um grupo;

3) Anômico: reflete a confusão moral de um indivíduo, e a ausência de direção social, que são relacionados a distúrbios sociais e econômicos dramáticos;

4) Fatalista: ocorre quando uma pessoa é excessivamente regulada, quando seus futuros são impiedosamente bloqueados, e as paixões violentamente estranguladas por disciplina opressiva.

De fato, como mostra a tabela acima, as estatísticas indicam que as maiores taxas de suicídio do mundo ocorrem em países com condições sociais, econômicas e culturais incrivelmente diversos. Entre os países com as maiores taxas estão países de clima frio e que fizeram parte da antiga URSS, como Lituânia (31,9 por 100 mil), Rússia (31 por 100 mil) e Bielo Rússia (26,2 por 100 mil. Mas também aparecem dois países de clima quente da América do Sul: Guiana (29,2 por 100 mil) e Suriname (22,8 por 100 mil).

O Japão que é um país idoso e muito citado quando se fala em suicídio aparece em 14º lugar no ranking global, com taxa de 18,5 mortes por 100 mil habitantes.

O Chile é um outro país muito citado, pois segundo a “fábrica de Fake News da Internet”, possui uma taxa muito elevada suicídios anômicos que ocorrem devido às políticas neoliberais que fizeram uma reforma da previdência desfavorável aos idosos. Contudo, essa explicação simplista não resiste ao fato de que a taxa de suicídio do Chile é de 10,6 por 100 mil não está entre as mais altas do mundo e coloca o país sul-americano no 57º lugar no ranking global.

Por exemplo, a taxa do Chile é bem menor do que a de Cuba, pois o país que é considerado um pilar do antineoliberalismo e que, em tese, possui um amplo sistema de proteção social, apresentou uma taxa de suicídio de 13,9 mortes por 100 mil habitantes, ficando em 34º lugar no ranking global.

O Brasil com taxa de 6,5 suicídios por 100 mil habitantes ficou em 106º lugar no ranking global em 2016. No total, segundo o Datasus, o número de suicídios foi de 11.433 mortes em 2016, o que dá 31,3 suicídios por dia ou 1,3 suicídio por hora. Portanto, embora a taxa seja baixa o número absoluto é bastante significativo e tem aumentado nos últimos anos, pois houve “apenas” 6.780 no ano 2000. Entre 1996 e 2016 o número de suicídios acumulados no Brasil foi de 183.48 mortes.

Embora o Brasil esteja em 106º lugar no ranking de suicídios do mundo, há a preocupação com os níveis de depressão e a saúde mental da população, que tendem a transformar as lesões letais autoprovocadas em epidemia e grave problema de saúde pública.

Estamos cientes que se trata, sem dúvida, de um tema que ultrapassa os limites de um único campo do conhecimento, mas, do ponto de vista sociológico, o texto de 1897 de Durkheim é um exemplo de integração de teoria e dados, o estudo realizado por Durkheim ainda é de enorme relevância diante dos resultados obtidos e pelo pioneirismo.

Atualmente contamos com melhores estatísticas e com o desenvolvimento de análises quantitativas não existentes na época em que Durkheim realizou a sua pesquisa, podemos e devemos ter outros olhares oriundos de outros campos do conhecimento.

 

Fontes:

DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

https://revistapesquisa.fapesp.br/juventude-extraviada/

https://www.ecodebate.com.br/2019/02/01/as-taxas-de-suicidio-no-mundo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Setembro_Amarelo

https://www.scielosp.org/article/csp/1998.v14n1/7-34/