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segunda-feira, 21 de março de 2022

Resenha do Livro + Esperto Que o Diabo de Napoleon Hill


EPÍLOGO


Uma noite, um velho índio cherokee contou ao seu neto sobre uma luta que estava a acontecer dentro dele. Ele disse: “Meu filho, esta luta é entre dois lobos. Um é mau: raiva, inveja, ganância, medo, arrogância, desespero, autopiedade, mentira, sentimento de inferioridade, culpa, orgulho e ego. O outro é bom: alegria, coragem, paz, autodeterminação, serenidade, humildade, bondade, empatia, verdade, compaixão e fé”. O neto, ouvindo tudo atentamente, então perguntou ao avô:

“Qual dos lobos vence?”. O velho cherokee respondeu simplesmente: “Aquele que eu alimento”.

 

Muito já se escreveu sobre a batalha entre o bem e o mal. Mas, mesmo com toda a tecnologia que hoje nos rodeia, permanecemos basicamente com os mesmos questionamentos do passado: quem somos? De onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Para onde vamos? Perguntas simples, mas que, mesmo se colocássemos todos os maiores computadores do mundo lado a lado, não conseguiríamos decifrá-las. Procuramos incessantemente, quase que diariamente, por respostas. Na verdade, internamente somos peritos em grandes questionamentos, e na maior parte das vezes buscamos as soluções externamente, seja nas religiões, nas filosofias de vida, ou nos cultos dos mais variados tipos.

Napoleon Hill decidiu buscar respostas com ninguém menos do que o próprio Diabo. Figura mitológica para alguns, fonte de medo e desespero para outros. O fato é que o Sr. Hill conseguiu colocar em forma de entrevista aquilo que muitos de nós questionamos há muito tempo. Independente da religião, culto ou filosofia de que possamos fazer parte, o Diabo mexe com nossa imaginação e nos faz parar e refletir sobre a sua real natureza. O Diabo efetivamente existe? Quem o alimenta? Não seria, por acaso, nosso Ego, que busca incessantemente pela nossa valorização momentânea em detrimento do verdadeiro ganho da virtude? 

Conforme aprendemos com o Dr. Hill, a alienação hoje ocorre não somente com os meios que foram descritos no livro, que por sua vez data de 1938, mas também com novos e poderosos instrumentos que o Diabo utiliza para alcançar os seus objetivos: as drogas, a internet, os videogames, os aplicativos de celulares e tudo o que a tecnologia trouxe de informação e comodidade ao alcance fácil de nossos dedos. Outrossim, nunca estivemos tão afastados de nós mesmos digerindo nossa mais nova ingestão tecnológica. Com relação às pessoas, então, conhecemos profundamente o perfil dos nossos principais amigos nas redes sociais, mas participamos cada vez menos do que se passa de verdade no coração e na mente desses amigos e amigas. 

Pode existir maior alienação do que esta? Nos afogamos em meio à modernização e parece que o bote salva-vidas está longe, cada vez mais longe de nosso alcance.

Caminhamos hoje com muita pressa e utilizamos a mais alta tecnologia para saber de coisas que, no passado, saberíamos meses depois, quem sabe anos. Mas ainda temos junto de nós o mapa que pode nos colocar no verdadeiro caminho da autorrealização, e esse mapa encontra-se no lugar menos procurado hoje em dia: nossa mente e nosso coração.
Qual foi a maior armadilha que o Diabo criou para o homem? Foi, sem dúvida, plantar na sua mente a incerteza de sua existência. Assim como o fracasso e o sucesso devem ser considerados armadilhas mentais, pois ambos provêm dos pensamentos dominantes que acabam se tornando aquilo que mais desejamos.

Analisando-se a Lei do Ritmo Hipnótico, que também pode ser considerada como Lei da Inércia da Vida, temos que os nossos pensamentos dominantes acabam por se tornar equivalentes físicos no nosso cotidiano. Ou seja, se cultivarmos a mente encoberta pelo medo, pela culpa e pela dúvida, acabamos tendo atitudes relacionadas a esses sentimentos, e não precisamos ser experts para saber que tipo de resultados alcançaremos. Ao passo que, se cultivarmos a mente preenchida com pensamentos de fé, coragem, gratidão e alegria, com certeza chegaremos aos resultados a que aspiramos.

O desafio é como conseguir isso... Parece fácil manter a mente positiva, mas o dia a dia nos mostra o quanto de nossa atenção permanece focada em coisas que na verdade não correspondem à estratégia principal do nosso sonho.   

Os problemas que aparecem em nossas vidas tomam boa parte de nosso tempo, e acabam por fazer com que desviemos nossa atenção para aquém de nossa meta principal. Aprendemos que devemos planejar, planejar e, quando estiver tudo planejado, devemos planejar mais ainda. Entretanto, isso nos leva à concretização de nossas metas? Ou seria mais inteligente estabelecermos um objetivo principal e aproveitarmos todas as oportunidades que aparecem em nosso caminho? Já dizia Zoroastro: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás a Deus e a todo o universo”. O verdadeiro sentido da vida, que vem sendo buscado pelos maçons, rosa-cruzes, illuminati e demais ordens e religiões de todo o universo, certamente não está impresso em nenhum livro, mas aqueles que tiverem a coragem de vencer os seus medos e se arriscarem na aventura da busca pessoal provavelmente encontrarão a verdade. E ela, por certo, estará mais perto do que jamais imaginaram. Seja qual for o mapa utilizado para encontrar o caminho, a Bíblia, a Torá, o  Alcorão, os Vedas, ou todos os demais livros sagrados das religiões, não podemos esquecer nunca que eles são somente o mapa e não o território, e que a mensagem é muito mais importante que o fato histórico. A mensagem contém em si mesma a sua própria verdade. Entretanto, ela somente passa a ter real existência se for praticada e se servir para fazer com que todos os homens e mulheres deste mundo possam viver o pleno sucesso. Que, por sua vez, não se trata de acumulação de riquezas materiais, mas sim do tributo à alegria, à simplicidade e à tão desejada paz de espírito. Este livro foi um presente deixado pelo Dr. Napoleon Hill ao mundo. Ficou 73 anos escondido, por motivos não tão bem esclarecidos, mas o fato é que a mensagem é viva e cabe a cada um de nós interpretar baseado em nossas próprias experiências de vida. Quando perguntaram a Napoleon Hill se a entrevista havia sido efetivamente feita com a presença do Diabo, ele respondeu: “Após a leitura do livro, cabe a cada um tirar as suas próprias conclusões. Mais ouro já foi extraído dos pensamentos dos homens e mulheres deste mundo do que em todas as minas existentes em todos os tempos no planeta Terra”.

Faça a sua parte! Faça deste livro seu livro de cabeceira e dê um exemplar
de presente àquela pessoa que você mais estima.

Que assim seja!

Sincera e fraternalmente,

M. Conte Jr.

 

 

NH pesquisou em torno de 16000 pessoas dentre elas 500 pessoas bem-sucedidas e outros milhares de pessoas fracassadas, o resultado de sua pesquisa de 20 anos foi a origem de alguns de seus livros.

O livro + Esperto que o Diabo é uma entrevista que NH fez com o diabo, é um livro intrigante e espetacular desde o nome, é um livro escrito em 1938, como ele conseguiu a entrevista, neste caso não importa se foi imaginação ou não, tem que ler para tentar descobrir. O livro foi publicado em 2011, ou seja após seu falecimento que ocorreu em 1970.

O livro é uma entrevista cheia de perguntas e respostas e reflexões, abordando temas relacionados a nossa vida e o cotidiano, a influência de nossos medos em nossas decisões, a influência de nosso pensamento negativo quanto ao exagero de nossos medos por algo que não aconteceu, o medo causado pela pré-ocupação, proporcionando o sabor e efeitos negativos de algo que não aconteceu e provavelmente nem venha a acontecer, o medo paralisante que nos retira a força e energia, o diabo se utiliza de medos de coisas que não existem, a majestade denominação que NH deu ao dito cujo foi para evitar citar o nome que devemos evitar de mencionar o tempo todo, até a menção do nome já pode influenciar nosso pensamento.

A maioria das pessoas é dominada pela majestade que nada mais é que o nosso pensamento negativo, ou seja o problema está na mente das pessoas, um dos medos das pessoas é a pobreza, a pobreza joga qualquer um ao chão, a pobreza desencoraja o homem a controlar seus pensamentos, a influência deste pensamento te desarma para qualquer outro pensamento positivo, a pobreza é material e psicológica, a pobreza leva ao fracasso de qualquer empreendimento, então o que fazer para sair desta forma pensamento? NH revela os métodos para evitarmos e vencermos o diabo, como vencer esta figura em forma de pensamento negativo que ocupa um imenso espaço em nossa mente que aparece em forma de medo. Os medos são muitos, pobreza, critica, perda do amor, velhice, morte, todos são medos imaginários, alguns são inevitáveis como a velhice, outros são bobagens que tomam espaço em nossa mente.

NH nos diz que há alguns responsáveis por nossos medos que seriam a igreja, as escolas, os vícios como cigarro, álcool, drogas, alimentação errada, a igreja porque planta em nossa mente a ideia a ter medo do diabo, através de castigos de seus pecados, tirando a coragem de enfrentar as situações difíceis que em caso de errando seremos castigos e levados ao inferno.

 

P – Qual a relação, se há alguma, entre a sua oposição e os lares, as escolas e as igrejas? A sua resposta a essa questão deve ser interessante.

 

R – É aqui que eu faço uso de alguns dos meus mais sábios truques. Faço com que tudo que é feito pelos pais, pelos professores e pelos instrutores religiosos pareça ter sido feito pela minha oposição. Isso tira o foco de mim enquanto manipulo as mentes dos jovens. Quando os instrutores religiosos tentam ensinar às crianças as virtudes da minha oposição, geralmente o fazem assustando-os com meu nome. Isso é tudo que peço deles. Fomento a chama do medo de tal forma que o poder de pensar de forma apurada da criança fica comprometido. Nas escolas, os professores aprofundam a minha causa mantendo as crianças tão ocupadas decorando informações não essenciais em suas mentes que eles não têm a oportunidade de pensar ordenadamente ou de analisar corretamente as coisas que lhes são ensinadas.

A escola não incentiva a criatividade, apenas ensinam a decorar para passar nas provas, enfim é uma sucessão de erros que alimentam maus hábitos, a pessoa aos poucos vão se tornando alienadas, os hábitos se equivocados levam as pessoas a vagar pela vida, vivem sem foco, no embalo da vida sem que tenham a mão no leme, e mente sem foco fica perdida, é mão sem rumo como pandorga sem rabo é tudo o que o diabo quer, quer alguém que ele possa controlar.

Importantes lições que podemos tirar deste livro:

- Tenha um propósito de vida direcionando sua energia, pode ser estudo, trabalho, amor e etc.

- Ter disciplina para chegar aos seus objetivos.

- Analisar os hábitos e qualquer outra atitude repetitiva, a começar pelo pensamento que antecede uma decisão, os maus hábitos ou vícios são os dominadores de nossa mente.

- Aprenda a aceitar os erros, enfrente os fracassos o use como uma etapa de aprendizado no caminho do sucesso.

- Cerque-se de pessoas de boas influencias, pessoas positivas, pessoas que não suguem suas energias.

- Respeite o tempo verdadeiro, as coisas boas levam tempo, as coisas mais fáceis geralmente não são grande coisa.

- Equilíbrio entre mente, espirito e corpo, não deixe o desanimo tomar conta de nenhum destes pontos, sua vida depende deste equilíbrio.

- Pensar antes de agir, planeje bem e lute contra os pensamentos ruins que tiram perspectivas.

- Se está vendo que a coisa vai dar errado, não espere dar errado para agir, iniciativa e pró-atividade.

- Pensamento positivo o tempo todo, um sorriso é a melhor resposta, mesmo que o copo quebre, lembre-se que é apenas um copo, quebrou por algum descuido, compre outro e pronto.

- Mantenha-se sempre na vanguarda do seu autoconhecimento, evite a superficialidade da vida vivida aos olhos e pelos olhos dos outros, preserve sua privacidade.


- Tenha fé e confiança em Deus e em si mesmo!

O diabo fica longe de você se respeitar estes princípios, o pensamento positivo não dará chance aos pensamentos negativos, esta é a chave do sucesso de viver bem, não precisa ficar milionário, é preciso sim viver bem sem medos desnecessários, medo só é bom quando nos alerta para alguma ameaça e com ele tomarmos ações preventivas para se evitar um mal ou um acidente.

Fonte:

Hill, Napoleon. + Esperto que o Diabo. Tradução e epilogo M. Conte Jr. FRC, M.M. 4ª. Ed. Citadel. Porto alegre, 2017.

 

sábado, 19 de março de 2022

As Flores do Mal de Charles Baudelaire

Charles Baudelaire (1821-1867) foi um dos mais influentes poetas franceses do século XIX, é considerado um dos precursores do movimento simbolista, ele inaugurou a modernidade da poesia que só foi reconhecida depois de sua morte.

Em 1857, ao lançar uma coletânea com os seus mais belos poemas, intitulada “As Flores do Mal”, foi acusado pela lei francesa de atentar contra a moral, a censura era moldada por padrões éticos e culturais pertinentes à época, o que torna a obra pelo menos curiosa, no entanto os poemas surpreendem pela beleza.

Ele utilizava temas análogos em busca da beleza, a expressão da melancolia, muitas vezes movido por um sentimento de destruição, como sendo um ato de revolta, estava constantemente presente a dualidade paradoxal do ser humano, o homem duplo, o homem projetado sobre o mundo como senhor e ao mesmo tempo um pequeno grão de areia.

O simbolismo foi uma tendência literária que nasceu na França, com as teorias estéticas de Charles Baudelaire, e floresceu principalmente na poesia, em diversas partes do mundo ocidental, no final do século XIX. É o último movimento antes do surgimento do modernismo na literatura, por isso é também considerado pré-moderno.

Como o nome aponta, a poesia simbolista propunha um resgate dos símbolos, isto é, de uma linguagem que compreendesse uma universalidade. O poeta é, aqui, um decifrador dos símbolos que compõem a natureza ao seu redor. Contra a superficialidade material do corpo, a objetividade do realismo e as descrições animalescas do naturalismo, o simbolismo quer mergulhar no espírito, que se relaciona a algo maior, a uma instância coletiva universal, a uma transcendência.

Em seu arcabouço Baudelaire navega pelos mares do idealismo romântico, ele também explora o lado mundano e humano destes seres que a todo o dia dão um passo em direção a humanização, ele trabalha e explora temas sombrios e eróticos, como sexo, a sensualidade, a morte, a melancolia, a tristeza, o tédio, o diabo, as doenças, solidão, a dualidade do ser e não ser.

Baudelaire destacou-se como tradutor das obras do estadunidense Edgar Allan Poe, entre elas, “Histórias Extraordinárias, 1873” e “O Princípio Poético, 1876”, Poe e Baudelaire tem muitos pontos de contato no que tange a poesia e forma de pensamentos, Poe foi inspiração para Baudelaire, muito porque Baudelaire já tinha em mente e teoria o que Poe produzia.


 

Alguns poemas trazidos do livro As Flores do Mal:

 

O Homem e o Mar

Homem livre, hás de ser sempre amigo do mar,

O mar é teu espelho e contemplas a mágoa

Da alma no desdobrar infindo de sua água,

E nem ela abismo é menos de amargurar.

 

Apraz-te mergulhar em tua própria imagem;

O olhar o beija e o braço o abraça, e o coração

No seu próprio rumor e contra distração,

Ao ruído desta queixa indômita e selvagem.

 

Mas ambos sempre soias tenebrosos e quedos:

Homem, ninguém sondou teu fundo sorvedouro,

Mar, ninguém viu jamais teu intimo tesouro,

Porque muito sabeis guardar vossos segredos!

 

Porém passados são evos inumeráveis

Sem que remorso ou pena a vossa luta corte,

De tal modo quereis a carnagem e a morte,

Ó eternos rivais, ó irmãos implacáveis!

 

O Albatroz

 Às vezes no alto mar, distrai-se a marinhagem 
Na caça do albatroz, ave enorme e voraz, 
Que segue pelo azul a embarcação em viagem, 
Num vôo triunfal, numa carreira audaz.

Mas quando o albatroz se vê preso, estendido 
Nas tábuas do convés, — pobre rei destronado! 
Que pena que ele faz, humilde e constrangido, 
As asas imperiais caídas para o lado!

Dominador do espaço, eis perdido o seu nimbo! 
Era grande e gentil, ei-lo o grotesco verme!… 
Chega-lhe um ao bico o fogo do cachimbo, 
Mutila um outro a pata ao voador inerme.

O Poeta é semelhante a essa águia marinha 
Que desdenha da seta, e afronta os vendavais; 
Exilado na terra, entre a plebe escarninha, 
Não o deixam andar as asas colossais!

 

A Musa Venal

musa de minha alma, amante dos palácios,
Terás, quando janeiro desatar seus ventos,
No tédio negro dos crepúsculos nevoentos,
Uma brasa que esquente os teus dois pés violáceos?

Aquecerás teus níveos ombros sonolentos
Na luz noturna que os postigos deixam coar?
Sem um níquel na bolsa e seco o paladar,
Colherás o ouro dos cerúleos firmamentos?

Tens que, para ganhar o pão de cada dia,
Esse turíbulo agitar na sacristia,
Entoar esses Te Deum que nada têm de novo,

Ou, bufão em jejum, exibir teus encantos
E teu riso molhado de invisíveis prantos
Para desopilar o fígado do povo.

 

Vídeos de A Dança das Ondas por Ava Inferi:

https://www.youtube.com/watch?v=I8auLKJkuN4

https://www.youtube.com/watch?v=mExYLyNYJ1c

 

Fonte:

Baudelaire Charles. As Flores do Mal. Tradução de Jamil Almansur Haddad. 2ª. Ed. 1964 Difusão Europeia do Livro São Paulo/SP