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segunda-feira, 6 de março de 2023

Eremitas dos tempos modernos, Hikikomoris no século XXI

Recém saímos do confinamento causado pela pandemia de covid-19, aos poucos estamos retomando nossas atividades cotidianas, socializando-nos, trabalhando, estudando, vivendo entre as pessoas além das quatro paredes de nosso lar, recuperando-nos dos males causados pelo isolamento social, um mal que mexeu com nossa mente, no entanto, atualmente há milhões de jovens, adultos e idosos cada vez mais vivendo em extremo isolamento doméstico, a pandemia só agravou ainda mais uma tendência que atinge grande parte de nosso mundão afora.

 

"Hikikomori” é um termo de origem japonesa que designa este comportamento de extremo isolamento doméstico, em princípio tenha sido circunscrito à síndrome característica da população japonesa, porem estudos já mostram inúmeros casos semelhantes em vários países no mundo, inclusive no Brasil.

 

Não deveria ser algo comum entre os seres humanos, pois somos seres sociais por natureza, nossa personalidade é formada através do convívio social, sentimos muita falta das pessoas, portanto quando encontramos alguém que vá ao extremo do isolamento social doméstico é porque o problema atingiu um ponto dramático e sair deste casulo é coisa que levará muito tempo de analises e terapias.

 

Quando tomamos conhecimento da existência deste comportamento começamos a perceber quanta gente vive desta forma, seja jovem, adulto ou idoso, lembro de um caso que me marcou muito, um jovem de 22 anos, filho de um amigo, em nossas conversas este amigo me confidenciou, quase um desabafo, que estava enfrentando o problema com seu filho, que já tinha gasto muito verbo tentando convencer o filho a sair para o mundo, o filho sempre se negava a sair, não queria estudar, nem trabalhar, queria mesmo era ficar somente no quarto. O jovem tem diabetes tipo 1, toma regularmente insulina, as vezes exagera na dose, as vezes come o que não deve ou até fica muito tempo sem comer, tem momento em que quase entra em coma e todas as vezes a SAMU é chamada para prestar socorro. Seu pai observou que seu filho é ansioso, reservado, inseguro, insatisfeito com seu porte físico, em várias vezes que trabalhou acabou desistindo do trabalho e em seguida dos estudos, o contato social se dava somente através da internet, quando muito jogava on-line com os amigos virtuais, as namoradas também virtuais vão e vem sem interesse num contato pessoal, talvez por não ter nada há oferecer, sem trabalho e sem formação educacional, vive num círculo vicioso sem fim. Um dos motivos para o confinamento voluntário foi que seu filho acabou se sentindo frustrado por ter que seguir uma dieta rigorosa e por ter que praticar exercícios todos os dias. Ele começou a perder a motivação para se cuidar e a sentir-se triste por ter que seguir uma rotina tão rigorosa. Outro fator que veio para acrescentar maior preocupação foi a Covid-19, no entanto, o pai também confinado pode dar maior atenção para o filho, pois passava mais tempo em casa e conseguiu aos poucos penetrar no universo do filho. Atualmente ambos encontram-se lutando a cada dia para sair do confinamento e aos poucos procurando melhorar a autoestima, motivação para enfrentar os rigores do problema que agora é compartilhado com o pai que se esmera e se dedica ao máximo para ver o filho superando os desafios que são rigorosos. Esta história de vida é mais uma dentre as milhões que existem neste mundão, cheio de dores, tristezas, lutas e alegrias nos menores detalhes. O pai com muita insistência conseguiu levar o filho para consultar com psicólogo e atualmente vem se tratando com psiquiatra. Quando se tratam dos filhos o sofrimento dos pais é algo que só mesmo os pais para saberem que sentimento é este.

Lidar com a diabetes por si só é uma aventura, a cada minuto tudo pode mudar, principalmente quem tem diabetes do tipo 1 que é a mais severa, são tantos os cuidados a tomar que o stress é inevitável, é uma bolha dentro de outra bolha. Em se tratando de um jovem realmente pode ser uma grande aventura! É importante que o jovem se conscientize de suas responsabilidades, mantenha-se comprometido com sua saúde e divirta-se ao longo do caminho. É preciso ter estilo para ser diabético, é preciso manter um estilo de vida saudável, praticar exercícios regularmente, comer alimentos saudáveise monitorar os níveis de glicose no sangue são fundamentais para manter a saúde geral, em se tratando de jovens a rebeldia da idade dos hormônios a flor da pele os torna resistentes a tanta disciplina e cuidados, a juventude tem suas próprias peleias de egos, desejos e vontades, o stress nesta idade infla e esvazia rapidamente, tudo é muito dinâmico e veloz. Aprender a lidar com o stress é o que fará a diferença no rumo da própria vida, por isto é importante procurar aprender técnicas de relaxamento para lidar com o estresse da vida com diabetes, uma forma de se conectar com o mundo é encontrar um mentor, outra pessoa com diabetes para obter apoio e compartilhar suas experiências, alguém fora de casa as vezes é melhor ouvido e escutado do que os próprios pais, os eremitas desta bolha sofrem muito até se encontrarem, para se encontrar não pode ser resistente ao que faz bem, e o bem esta na ajuda que quem esta fora pode oferecer.

A pandemia de Covid-19, obrigou muita gente a se reinventar, muitos jovens não puderam sair de casa para conhecer novas pessoas, explorar novos lugares ou viver sua vida como adultos. Enquanto se sentiam confinados em sua casa, descobriram que existem muitas maneiras de se divertir enquanto se está isolado, como por exemplo aprender algo novo todos os dias, como a tocar um instrumento musical, ler um livro, assistir a filmes e séries, aprender a cozinhar e muito em voga fazer filminhos da vida pessoal como autoajuda, isto tudo acontece com a pessoas que estão bem psicologicamente.

 

Quando não se está bem psicologicamente as coisas tendem a ficar mais complicadas e o mundo complexo demais, até o convívio social tão necessário torna-se uma tarefa árdua e dolorida, estamos inseridos numa sociedade que cobra muito e espera dos jovens altos graus de perfeição, nem todos estão preparados para enfrentar esta selva de exigências e bullyngs na escola e no trabalho, segundo a Wikipédia, “esse tipo de comportamento é atualmente tido como problema de saúde pública no Japão, onde milhares de jovens se encontram nesta situação devido ao alto grau de perfeição exigido das pessoas em tarefas diárias e à pressão acarretada por tal exigência, o que acaba levando muitas pessoas a problemas psicológicos de baixa autoestima e em alguns casos extremos tendências psiquiátricas graves”.

 

A pandemia por um lado nos proporcionou um teste de sanidade ao ficarmos tanto tempo isolados, foi de fato um período muito difícil, a liberdade do ir e vir, confraternizar, visitar, esta proibido, a liberdade que é um de nossos bens mais preciosos estava proibido sob pena de ficarmos gravemente doentes ou levarmos alguém a ficar doente ou até vir a óbito, ficamos psicologicamente abalados, no entanto, para os nossos eremitas hikikomoris, não os abalou muito, o que mudou na vida deles foi a presença constante dos pais em confinamento perturbando sua rotina do quarto para a cozinha e o banheiro.

 

Muitos pais reagiram expulsando os filhos, colocando-os porta a fora, alguns tentaram retomar o passo de suas vidas, outros se tornaram moradores de rua, outros desapareceram, a solução deste problema social é muito sério abrangendo toda a sociedade, muito sofrimento poderia ser poupado se tivéssemos mais empatia.

 

O termo hikikomoris não surgiu a toa no Japão, as estatísticas apontam que sejam entre 500.000 a impressionantes 10 milhões de pessoas no Japão. Os números oficiais são muito baixos, porque esses indivíduos se escondem da sociedade, e fica complicado registrar sua real existência. Em geral são do sexo masculino, são reclusos que a partir de um determinado momento (ou um incidente) simplesmente deixam de sair de casa, obtendo tudo que precisam para viver pela internet ou telefone. Em muitos casos, os hikikomori passam vários anos sem se atrever a sair de casa.

 

Estudos apontam que como característica, também, que a maioria teve uma infância com pais super protetores que criaram adultos e crianças isolados por conta da pressão exercida por eles ao longo da vida, já existem jovens com 15 anos, homens com mais de 40 anos e até idosos que se negam a sair de casa, muitas vezes idosos morrem solitariamente vindo a ser descoberto seu falecimento por algum vizinho reclamando do mal cheiro devido ao corpo do falecido estar em decomposição. Realmente é algo horrível.

 

O isolamento algumas vezes é temporário e outras vezes torna-se definitivo, como se fossem escolhas de vida, outras são circunstancias que as obrigam a ficar em casa pela dificuldade de arrumar emprego fixo, outras veem a possibilidade de escolher fazer o que gostam, quase um tempo sabático, com pouco contato social, mas com a tranquilidade de viver bem e protegido.

 


 

O Jornal Tribuna apresentou um artigo interessante, informam dentre outras coisas que as pesquisas sobre o fenômeno são muito controversas, mas um tema parece recorrente: a influência das tecnologias modernas sobre o desejo de isolamento. As comunicações digitais estariam substituindo os contatos humanos reais, e o isolamento permitiria uma “bolha de segurança” para pessoas introvertidas e tímidas, que se sentem intimidadas pelas expectativas e cobranças das escolas e locais de trabalho.

 

A situação é vista com preocupação pelas famílias e autoridades japonesas. Em algumas cidades, foram criados centros de ajuda dedicados aos hikikomori, para estimular o contato dessas pessoas com o mundo externo e interessa-las em atividades do cotidiano, como fazer compras em lojas, frequentar escolas e trabalhar fora de casa.

 

A tecnologia também pode ajudar os eremitas a mudar sua condição. A crescente interconexão dos mundos online e off-line oferece algumas saídas: no Japão, o jogo para smartphone Pokemon Go estimulou alguns hikikomori a sair de casa para caçar os bichinhos virtuais do jogo.

 

Mesmo assim, é uma situação muito complexa, que não dá sinais de melhora. Segundo o especialista Saito Tamaki, a real população de hikikomori no Japão pode superar 10 milhões de pessoas. Saito também alerta que a condição não afeta apenas adolescentes e jovens adultos: seus estudos indicam que há muitos hikikomori com mais de 50 anos.

 

Saito diz que é difícil realizar uma contagem precisa dos reclusos, porque muitos deles vivem com seus pais e não precisam se preocupar questões de abrigo e alimentação. Por conta disso, os reclusos permanecem trancados em casa, até chegar à meia-idade ou mesmo a velhice. Saito diz que existe o “problema 80/50” relacionado aos hikikomori: pessoas na casa dos 50 anos que vivem com seus pais na casa dos 80 anos.

 

Saito observa que a sociedade japonesa dá muito valor ao envolvimento das pessoas em grupos, mas não valoriza os indivíduos. Pessoas que não se sentem à vontade para se envolver com atividades sociais se sentem inúteis, desprezadas pela sociedade.

 

Saito disse que em países com forte senso de individualismo como os EUA ou a Inglaterra, onde é incomum que os filhos adultos vivam com seus pais, o problema parece menor. Mas há muitos jovens sem-teto nesses países, que também vivem um tipo de isolamento social.

 

Saito aponta que a solução para esse problema deve partir das famílias dos reclusos. Uma atitude que estimule o hikikomori a buscar mais independência pode dar resultado, mesmo que isso signifique negar o conforto do lar para uma pessoa assustada com o mundo. Os grupos de ajuda também estão se multiplicando no Japão e outros países da região. Segundo Saito, se os pais forem firmes e decididos a ajudar, o hikikomori pode romper gradualmente seu isolamento e recuperar o contato com a sociedade exterior.

 

Como disse anteriormente, quando nossa atenção volta-se para alguém próximo damos maior importância para o fato, por pensar que o problema esteja longe nos dá a falsa impressão de que aqui não chegara, no entanto quando alguém que queremos bem sofre passamos a admitir a existência deste problema social, passamos a observar com mais atenção em nosso entorno, começamos a lembrar de passagens doloridas de nossos amigos, geralmente o que podemos fazer é não dar pitaco furado na dor do outro, a não ser orientar a buscar ajuda profissional de quem realmente entende e que o faça quanto antes, os quadros de isolamento levam a depressão e aos limites humanos que são trágicos, todo tempo perdido é um minuto a mais de dor e tristeza.

 

Precisamos ter mais empatia, menos números estatísticos e mais afeto.

 

Fontes:

Wikipédia

https://jornaltribuna.com.br/2022/09/os-eremitas-do-seculo-21/

 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Resenha: O Livro dos Mortos do Antigo Egito – E. A. Wallis Budge

 


 

Sinopse:

 

Misterioso, poderoso e comovente, O Livro dos Mortos do Antigo Egito é um dos textos mais antigos e mais influentes de toda a história. É composto de uma combinação de orações, feitiços e discursos que os antigos egípcios enterravam com seus mortos, com o objetivo de ajudar os falecidos em sua “jornada” para a vida após a morte. Esta edição contém imagens do requintado papiro de Ani – um antigo escriba egípcio – em sua totalidade. Meticulosamente inscrito com hieróglifos e ilustrações dos rituais da vida após a morte, o papiro é mostrado com tradução do aclamado egiptólogo E. A. Wallis Budge. O Livro dos Mortos do Antigo Egito é o livro da Vida. Fala, na verdade, sobre a vida agora, a vida no futuro e a vida eterna. As estradas, os caminhos, os portais, as horas, as leis e os guardiões da vida após a morte aqui são explicados em detalhes. Este é o único registro vivo de um mistério duplo: o mistério da vida e o mistério da morte.

 

O mundo é rico pelas diferenças culturais que povoam seus quatro cantos, as diferentes culturas lidam com a morte cada uma a sua maneira, alguns tratam a morte de maneira mais intensa como o antigo Egito, um livro fascinante que trata deste tema é O Livro dos Mortos do Antigo Egito traduzido por E. A. Wallis Budge, sua influência é impressionante, o mistério envolto em tudo que se refere ao antigo Egito é apaixonante, em nossa imaginação está presente o deslumbrante mundo africano, a morte em seu mito que envolveu a realidade de um povo e suas expectativas para o após morte ainda são tema de estudos e muita curiosidade.

 

A complexidade do tema foi levada muito a sério pelos antigos egípcios, além de uma pratica em procedimentos, formulas, rituais e orações, há mensagens profundas com valor simbólico e religioso daquela tradição, o livro é um texto funerário, uma coletânea de textos e rituais que eram realizados nos funerais com objetivo de proporcionar ao falecido encontrar o caminho certo para a vida eterna junto a seus deuses.

 

A mumificação no antigo Egito era uma técnica utilizada para preservar o corpo dos seres humanos e seus animais, eles acreditavam que se tratava de um processo essencial para assegurar a passagem do morto para a outra vida, acreditavam que não entraria na existência eterna sem que o espírito - o ka - pudesse voltar ao corpo, por esta razão o corpo e seus orgãos eram preservados. Era entendido que a pessoa era dividida em varias partes, como o corpo, sombra, coração, nome, personalidade e a energia vital, diferentemente dos cristãos que acreditam em corpo e alma.

 

Haviam varios rituais no processo funerário, um deles que penso seja o mais significativo é o ritual de abertura da boca, através do qual se acreditava poder devolver os sentidos a uma múmia ou fazer de uma estátua ou de um templo um objeto detentor de vida. Este ritual denominava-se uep-rá em egípcio. A múmia era colocada em pé, o ambiente purificado com incensos e aspergir de agua, a partir do Império Novo o ritual começou a ser realizado sobre os caixões das múmias.

 

O ritual era bastante elaborado, podendo durar vários dias caso se realizasse num defunto oriundo da classe abastada. Consistia basicamente em tocar com determinados objetos na boca e nos olhos da estátua ou do caixão com o objetivo de permitir com que o morto pudesse comer e beber, devolvendo a mumia suas funções vitais. Um desses objetos, que apresentava a forma de peixe numa das pontas, era denominado de pesechkef; outro era o setep, uma enxó de carpintaria.

 

Os sacerdotes começavam por purificar a múmia (que era colocada sobre um monte de terra), usando incenso ou natrão. As facas faziam um corte simbólico sobre os olhos e a boca do caixão ou estátua. Um boi era morto na ocasião e a pata anterior direita de um bezerro era oferecida à múmia.

 

O livro possui belas ilustrações dos textos originais, ao final do livro ele traz um glossário bastante instrutivo, é importante ler o glossário para melhor entender as mensagens dos 37 papiros constantes no livro, nos papiros estão as mensagens escritas e também talhadas nas urnas funerárias, até mesmo inscrições nas mortalhas das múmias, eram mensagens, orações, suplicas como forma de encaminhar o ingresso no reino de Osíris, a principal divindade cultuada pela civilização egípcia.

 

Os egípcios eram politeístas e acreditavam na imortalidade, O Livro dos Mortos significa a saída para a luz do dia, eram entendidos como formulas para retornar a vida, o livro era um guia para o mundo do além, no século XIX de nossa era, as expedições encontraram exemplares do Livro dos Mortos em papiros, obviamente que para os atuais pesquisadores o significado é diferente daquele dos antigos egípcios.

 

Em princípio, o Livro dos Mortos do Antigo Egito surgiu a partir do culto do deus Osíris por volta do século XXI a.C, no início do Império Médio, assim, a figura e Osíris o deus dos mortos, além de ser a divindade da vegetação, do julgamento e do além, era considerado o deus agrário que simboliza a força inesgotável da vegetação e a atividade do universo, inspirou os seguidores a buscar a imortalidade através de seu culto.

 

Havia o entendimento que era necessário fazer o encaminhamento ao mundo pós morte e os egípcios acreditavam que a vida após a morte era tão importante quanto a vida terrena, um novo costume surgiu entre as pessoas, desde os faraós, depois para as grandes personalidades e até mesmo os servos, basicamente, as cerimônias fúnebres envolviam leitura das passagens constantes em papiros e depois coletadas e com o passar do tempo inseridas no Livro dos Mortos, tudo era feito a fim de guiar o espírito no caminho até Osíris e a elevação espiritual.

 

Para os faraós e os mais abastados, alguns trechos do Livro dos Mortos eram esculpidos e talhados no interior e nas paredes do local onde eram depositados os sarcófagos, juntamente eram colocadas as múmias e seus órgãos depositados em jarros. Além disso, existem relatos de que alguns faraós colocavam ao lado de suas riquezas papiros contendo trechos inscritos do Livro dos Mortos, alguns dentro do ataúde de frente para seu rosto mumificado, desta forma, poderiam utilizar o escrito no além-vida para orientar sua caminhada e os próximos passos pós-morte.

 

Os egípcios acreditavam que havia um tribunal no pós-morte, o falecido era submetido ao julgamento no Tribunal de Osíris, suas ações em vida eram julgadas e verificado seu merecimento para integrar os reinos de luz do Deus Rá, no ápice do julgamento, Osíris pesava o coração do falecido em uma balança, para que a pessoa recebesse aprovação, seu coração deveria ser mais leve que uma pena, o coração seria sua consciência.

 

Através das inscrições remontam a chamada Confissão Negativa, um discurso reproduzido pelo falecido na qual ele nega ter cometido males contra os homens e esse discurso incluía a negação de pecados e tentações que fazem parte da vida terrena, a confissão eram em número de 42 ações que ele negava e 42 vezes seu coração era pesado.

Anúbis, conhecido como o deus dos mortos ou mensageiro da morte, era responsável por operar a balança do julgamento, cujo resultado final determinava o destino do falecido no além-vida e ele era quem levava as almas para o submundo.

 

A complexidade do julgamento era algo que procurava também apurar a verdade e a mentira, um contrapeso era a Verdade, registrada e mesurada pelo deus Toth. Nesse sentido, as almas verdadeiras eram recompensadas com um contrapeso positivo, enquanto as mentirosas eram punidas.

 

O Livro dos Mortos representa a cultura do politeísmo no Egito Antigo, sendo um importante documento histórico para conhecer a fundo os egípcios, através dele é demonstrada a crença na imortalidade, na vida após a morte e também na reencarnação.  Simbolizando a profundidade intelectual de uma das principais civilizações na história da humanidade, sendo o Egito um mundo à parte onde muitas outras culturas foram influenciadas graças ao intercâmbio comercial e cultural, ainda hoje o Egito é local de muito mistério, onde novas descobertas surgem contando um pouco mais de sua história milenar.