Atualmente há uma crescente
cobrança para que as pessoas sejam mais conscientes em diversos aspectos de
suas vidas. Essa cobrança vem de várias fontes, incluindo a sociedade, a mídia,
as organizações e até mesmo de nós mesmos.
Com a crescente preocupação com
as mudanças climáticas e o impacto humano no meio ambiente, há uma pressão
maior para que as pessoas sejam mais conscientes em suas escolhas e
comportamentos relacionados ao consumo, reciclagem, energia, transporte e
outros hábitos que afetam o planeta.
As pessoas estão sendo
incentivadas a serem mais conscientes das questões sociais e a contribuírem
para o bem-estar da comunidade. Isso inclui apoiar causas sociais, combater a
discriminação e a desigualdade, e promover uma sociedade mais justa e
inclusiva, portanto razões não faltam e há de estarmos focados nos seus vários vieses
que exigem nossa total atenção.
Há uma maior ênfase na
conscientização sobre a importância do autocuidado, do equilíbrio entre
trabalho e vida pessoal, e da atenção à saúde mental. As pessoas estão sendo
encorajadas a cuidar de si mesmas e a buscar ajuda quando necessário.
Existe uma tendência crescente
de incentivar o consumo consciente, ou seja, considerar o impacto ambiental,
social e ético dos produtos que compramos. Isso envolve escolher marcas e
empresas que adotam práticas sustentáveis e éticas.
A conscientização sobre as
emoções e perspectivas dos outros tem ganhado destaque, incentivando as pessoas
a serem mais empáticas e compassivas em suas interações e relações com os
demais.
Essa cobrança para ser mais
consciente é um reflexo do reconhecimento crescente dos desafios enfrentados em
nível global e individual. A conscientização é vista como um caminho para
enfrentar esses desafios, tomar decisões mais informadas e contribuir para um
mundo mais positivo e sustentável. No entanto, é importante notar que cada
pessoa tem suas próprias circunstâncias e limitações, e a jornada para se
tornar mais consciente pode variar de acordo com as experiências e
possibilidades individuais. E quando se trata de falar sobre consciência como
veremos a seguir o assunto é complexo e profundo.
Definindo a Consciência
A consciência é uma experiência
subjetiva e fundamental que nos permite ter conhecimento, percepção e sensação
do mundo ao nosso redor, bem como de nossos próprios pensamentos, emoções e
sensações internas. É a qualidade intangível da experiência de estar acordado e
ciente de si mesmo e do ambiente que nos cerca.
Através da consciência, somos
capazes de sentir e interpretar o mundo, ter autoconsciência de nossos
pensamentos e sentimentos, e tomar decisões conscientes com base em nossas
experiências e conhecimentos. É a consciência que nos possibilita experimentar
cores, sons, sabores e emoções, e também é a base de nossa capacidade de
raciocinar, aprender e refletir sobre nossa própria existência e a natureza do
universo.
Essa experiência subjetiva da
consciência, muitas vezes chamada de "qualia", é um aspecto
intrínseco da vida humana que permanece desafiador para ser completamente
compreendido. A relação entre a mente, o cérebro e a consciência é objeto de
intensos debates na filosofia e na ciência, e muitas questões sobre sua
natureza permanecem em aberto.
“Qualia” é uma dimensão central
da experiência subjetiva da consciência. Qualia refere-se às qualidades
subjetivas e individuais das nossas experiências sensoriais e mentais, aquilo
que torna cada experiência única para cada indivíduo. É a qualidade intangível
do "ser consciente" que nos permite sentir as cores, os sons, os
cheiros, os sabores e as emoções de maneira pessoal e íntima.
Quando ouvimos uma música que
nos emociona profundamente, observamos o pôr do sol em uma praia paradisíaca ou
provamos o sabor de um alimento que nos remete à infância, essas experiências
são permeadas por qualia. As qualidades subjetivas dessas experiências são
únicas para cada pessoa, e é por isso que as sensações e emoções associadas a
elas variam de indivíduo para indivíduo.
Uma característica intrigante
das qualia é sua inefabilidade - a dificuldade ou até impossibilidade de
descrever completamente essas experiências subjetivas através da linguagem ou
de qualquer outra forma objetiva. Por mais que tentemos expressar a beleza de uma
obra de arte, a dor intensa de uma perda ou o prazer de uma experiência
sensorial, as palavras muitas vezes falham em capturar completamente a riqueza
das qualidades subjetivas envolvidas.
As qualia têm sido um tema central
nos debates filosóficos sobre a natureza da consciência. O problema dos qualia,
também conhecido como o "problema difícil da consciência", questiona
como e por que essas experiências subjetivas surgem a partir de atividades
cerebrais e físicas. Filósofos, cientistas e teóricos da mente têm tentado
abordar esse enigma complexo, mas a natureza das qualia continua a desafiar
explicações simples.
A presença das qualia em nossas
experiências conscientes nos leva a questionar como elas se encaixam no
panorama mais amplo da realidade. Será que as qualia são exclusivas das
experiências humanas, ou outras formas de vida também possuem qualia em suas
vivências? Essas questões levam a reflexões mais profundas sobre a natureza da
mente e da consciência em um contexto cósmico.
Ao explorar o conceito de
"qualia", mergulhamos na essência da experiência subjetiva da
consciência. As qualidades subjetivas únicas de nossas experiências sensoriais
e mentais são intrincadamente ligadas à nossa compreensão de nós mesmos e do
mundo à nossa volta. No entanto, a inefabilidade das qualia e o desafio de
explicar sua origem continuam a nos provocar, à medida que prosseguimos em
nossa busca para desvendar os mistérios mais profundos da consciência.
A consciência é o núcleo da
experiência humana, permitindo-nos perceber, compreender e interagir com o
mundo de maneira única e individual. Sua complexidade e mistério continuam a
inspirar a busca por respostas e a compreensão mais profunda de nossa própria
existência, até chegarmos nesta ideia de “qualia” um filósofo começou a extensa
jornada, este filósofo foi Sócrates.
E Sócrates com isso?
Um filósofo que tratou
extensamente do tema de uma vida consciente foi o filósofo grego Sócrates (470
a.C. - 399 a.C.). Embora não tenha deixado registros escritos de suas ideias,
suas contribuições filosóficas foram registradas por seus discípulos,
especialmente por Platão, seu aluno mais famoso.
Sócrates dedicou grande parte de
sua vida à busca do conhecimento e à reflexão sobre questões morais e éticas.
Ele acreditava que o autoconhecimento era a chave para uma vida significativa e
consciente. O lema "Conhece-te a ti mesmo", inscrito no Templo de
Apolo em Delfos, tornou-se uma das ideias centrais de seus ensinamentos.
Sócrates destacou a importância
da filosofia como uma forma de vida e não apenas como um exercício intelectual.
Ele acreditava que a verdadeira sabedoria não se encontrava em livros ou na
mera aquisição de informações, mas sim em questionar-se constantemente,
examinar suas crenças e ser honesto consigo mesmo sobre suas próprias
limitações e ignorâncias.
Uma das principais contribuições
de Sócrates foi seu método de investigação conhecido como "maiêutica"
ou "parto socrático". Em vez de transmitir conhecimento diretamente,
ele fazia perguntas aos seus interlocutores para levá-los a reconhecer suas
próprias contradições e inconsistências, levando-os a um nível mais profundo de
entendimento e consciência.
Sócrates também se preocupava
muito com a virtude e o comportamento ético. Ele acreditava que a busca pela
excelência moral era essencial para viver bem e que uma vida virtuosa era o
caminho para a felicidade e a autorrealização.
Infelizmente, sua abordagem
incisiva e questionadora irritou muitas pessoas em posições de poder, e ele foi
condenado à morte por corromper a juventude e desrespeitar os deuses
tradicionais de Atenas. Mesmo diante da pena de morte, Sócrates manteve sua
integridade e recusou-se a renunciar às suas crenças.
As ideias e métodos filosóficos
de Sócrates influenciaram profundamente a história do pensamento ocidental e
continuam a ser estudados e debatidos até hoje. Sua ênfase na busca do
autoconhecimento, na reflexão ética e na importância da sabedoria prática
continuam relevantes para aqueles que procuram uma vida consciente e
significativa.
Uma Exploração Histórica
A história tem muito a nos
contar, a jornada pede que façamos uma exploração histórica, em busca de uma
compreensão mais profunda da consciência. Ao longo dos séculos, filósofos e
pensadores de diferentes culturas e épocas têm abordado esse tema fascinante de
maneiras diversas, moldando a forma como entendemos essa experiência humana
essencial.
Ninguém parte do zero, herdamos
conhecimento e costumes, não somos uma tabula rasa, portanto a historicidade é
fundamental para compreendermos o mundo que nos rodeia, entende-lo evita que
inventemos a roda cada vez que queremos seguir em frente, porque inventar algo
que já foi inventado? A história tem muito a nos contar, precisamos aprender
com ela.
Sócrates deu o chute inicial e
seu discípulo, Platão, seguiu seu próprio curso nesta jornada, na Filosofia
Antiga encontraremos os registros de Platão e a sua ideia de Dualidade da Alma.
Na Grécia Antiga, Platão foi um dos primeiros filósofos a explorar a natureza
da consciência. Em sua teoria da dualidade da alma, ele acreditava que a mente
e o corpo eram entidades distintas. A alma, para Platão, era a fonte da razão e
da inteligência, enquanto o corpo era apenas uma prisão temporária para a alma.
Essa visão dualista estabeleceu as bases para debates futuros sobre a relação
entre a mente e o corpo.
Dentro da Filosofia Medieval
encontraremos Santo Agostinho e a Interioridade da Consciência. Na Idade
Média, Santo Agostinho desenvolveu a ideia de uma interioridade da consciência.
Ele argumentou que a consciência é uma experiência interna e pessoal que se
manifesta através do conhecimento e do autoconhecimento. Para Agostinho, a
consciência era a conexão da alma com Deus, e a busca pela verdadeira sabedoria
estava intrinsecamente ligada à compreensão de si mesmo.
Na Filosofia Moderna
encontraremos Descartes e a Dualidade Mente-Corpo. Com o Renascimento, o
filósofo francês René Descartes introduziu uma perspectiva dualista influente.
Ele acreditava que a mente (ou alma) e o corpo eram entidades separadas e
distintas. Essa dualidade levou à famosa frase "Cogito, ergo sum"
("Penso, logo existo"), enfatizando a importância da consciência como
prova de existência.
Na Filosofia Iluminista
encontraremos Kant e a Reflexividade da Consciência Immanuel Kant, um
filósofo alemão da era iluminista, abordou a consciência de uma maneira
reflexiva. Ele argumentava que a consciência é uma atividade mental ativa,
através da qual moldamos nossa experiência do mundo. Kant destacou a
importância da razão e da reflexão na construção do conhecimento e da
compreensão de nós mesmos e da realidade.
Kant é conhecido por suas
contribuições significativas na filosofia moral e ética, e suas ideias têm sido
uma influência importante na filosofia contemporânea.
Kant desenvolveu uma abordagem
ética conhecida como "ética do dever" ou "ética
deontológica". Em sua obra mais famosa, a "Crítica da Razão
Prática", ele argumenta que a moralidade deve ser baseada em princípios
racionais universais e imutáveis, independentemente das consequências.
Para Kant, uma vida consciente
envolve agir de acordo com o "imperativo categórico", que é a regra
moral fundamental que ele formulou. O imperativo categórico pode ser expresso
de várias maneiras, mas a formulação mais conhecida é a seguinte: "Age
apenas de acordo com uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que se
torne uma lei universal."
Em outras palavras, para uma
ação ser moralmente correta, ela deve ser universalizável, ou seja, todos
deveriam poder agir da mesma maneira em circunstâncias semelhantes, sem gerar
contradições ou conflitos.
Além disso, Kant também
enfatizou a importância da dignidade humana e do respeito mútuo. Ele argumentou
que todas as pessoas têm uma dignidade intrínseca e devem ser tratadas como
fins em si mesmas, nunca apenas como meios para atingir nossos próprios
objetivos.
Viver uma vida consciente, de
acordo com Kant, é agir de acordo com nossos deveres morais, ser guiado por
princípios racionais e tratar os outros com respeito e dignidade. Ele
acreditava que, ao seguir o imperativo categórico, poderíamos alcançar uma
forma de felicidade derivada do senso de dever cumprido e da harmonia com a
moralidade universal.
As ideias de Kant sobre
moralidade e ética continuam sendo discutidas e estudadas na filosofia
contemporânea, e sua abordagem à vida consciente oferece uma perspectiva
valiosa sobre como agir com responsabilidade e consideração em nossas ações e
relações com os outros.
Na Filosofia Contemporânea Encontraremos
Diversas Abordagens. Na filosofia contemporânea, abordagens diversas têm
sido adotadas para compreender a consciência. Desde perspectivas materialistas,
que veem a consciência como um epifenômeno do cérebro, até concepções mais
holísticas, que enfatizam a unidade mente-corpo e a consciência como parte
intrínseca do universo, há uma riqueza de ideias e debates em curso.
A exploração histórica da
consciência nos fornece um contexto rico e variado para entender as
perspectivas passadas e presentes sobre esse fenômeno essencial. Essas visões
filosóficas servem como uma plataforma sólida para continuarmos nossa jornada
rumo a uma compreensão mais abrangente e profunda da consciência, explorando
seu papel na natureza humana e na nossa conexão com o mundo à nossa volta.
Atualmente existem muitos
filósofos e pensadores que ainda abordam o tema de uma vida consciente. A
filosofia é uma disciplina em constante evolução, e diferentes filósofos
contemporâneos têm explorado a ideia de uma vida consciente em várias
perspectivas. Aqui estão alguns exemplos de filósofos contemporâneos que
trataram desse tema:
Martha Nussbaum: Filósofa moral
e política, Martha Nussbaum enfatiza a importância da capacidade humana de
empatia e imaginação moral. Ela defende uma abordagem baseada na justiça social
e na compaixão em relação aos outros, buscando promover uma vida boa e uma
sociedade mais justa.
Peter Singer: Filósofo ético,
Peter Singer, tem se concentrado na ética prática e nas questões de altruísmo
eficaz. Ele argumenta que temos a responsabilidade de ajudar os outros e
reduzir o sofrimento no mundo, especialmente para aqueles que estão em
situações de grande necessidade.
Alain de Botton: Embora não seja
estritamente um filósofo acadêmico, Alain de Botton é um autor e pensador
contemporâneo que escreve extensivamente sobre a busca da sabedoria e do
significado na vida cotidiana. Ele explora questões como amor, trabalho,
status, e como viver uma vida mais plena e satisfatória.
Charles Taylor: Filósofo
canadense, Charles Taylor, investiga questões de identidade pessoal,
autenticidade e busca por sentido na era moderna. Seu trabalho se concentra em
como os indivíduos constroem suas identidades em meio a complexas influências
culturais e sociais.
Kwame Anthony Appiah: Filósofo
moral e político, Kwame Anthony Appiah, aborda questões de ética global e
cosmopolitismo. Ele explora a ética da identidade e defende a importância do
diálogo intercultural e da compreensão mútua para enfrentar os desafios
globais.
Esses são apenas alguns
exemplos, e há muitos outros filósofos contemporâneos que contribuem para a
discussão sobre uma vida consciente, ética e significativa. Cada filósofo pode
ter abordagens diferentes, mas todos buscam compreender como viver uma vida
mais ética, reflexiva e em harmonia com os outros e o mundo ao nosso redor.
Com tanta gente pensando é
lógico que ao longo dos anos diferentes teorias foram desenvolvidas, sejam
perspectivas materialistas e funcionalistas, os nossos pensadores também exploraram
a natureza da consciência em relação à mente e ao cérebro, o enigma é complexo
e exige muitas mentes pensando a respeito, estas são alguma teorias...
O enigma mente-cérebro é uma das
questões mais complexas e desafiadoras quando se trata de compreender a
natureza da consciência. Foram exploradas diferentes teorias, incluindo as
perspectivas materialistas e funcionalistas, que têm sido debatidas para
entender como a consciência emerge a partir da atividade cerebral e como a
mente está relacionada ao cérebro.
A perspectiva materialista
sugere que a consciência é um epifenômeno do funcionamento físico do cérebro e
do sistema nervoso. De acordo com essa visão, as qualidades subjetivas das
experiências são resultado da atividade neuronal e das interações entre as
redes cerebrais. O reducionismo materialista argumenta que a consciência pode
ser completamente explicada em termos de processos neurais e físicos,
desconsiderando qualquer explicação metafísica ou não material.
Por outro lado, o funcionalismo enfatiza a importância dos
processos e funções mentais na compreensão da consciência. Essa perspectiva
considera que a consciência surge a partir da organização e dos padrões de
atividade neural, e não apenas das características físicas do cérebro. O
funcionalismo sugere que a consciência é uma propriedade emergente do cérebro
que surge da interação complexa e integrada dos estados mentais.
Uma terceira teoria relevante é
o dualismo interativo, que tenta reconciliar a perspectiva materialista e a
perspectiva da mente separada. Essa abordagem propõe que a mente e o cérebro
são entidades distintas, mas interagem de forma complexa. O dualismo interativo
sustenta que a mente influencia o cérebro e vice-versa, resultando na
experiência consciente.
Além dessas teorias, o conceito
de emergência tem sido discutido no contexto da consciência. A emergência
sugere que novas propriedades, como a consciência, podem surgir quando os
sistemas se tornam suficientemente complexos. A consciência emergente seria uma
propriedade resultante da organização e da complexidade do cérebro, mas que não
pode ser reduzida apenas a suas partes físicas.
Apesar dos avanços nas
neurociências e das teorias propostas, a questão da relação mente-cérebro e da
natureza da consciência permanece amplamente sem respostas definitivas. As
limitações em nossa compreensão do cérebro e a inefabilidade das qualia são
desafios significativos na busca por uma explicação completa.
Conforme exploramos diferentes
teorias, incluindo as perspectivas materialistas, funcionalistas e outras,
percebemos que a consciência é um fenômeno complexo e multifacetado, cuja
natureza intrincada continua a nos intrigar. A busca por uma explicação
definitiva sobre como a mente e o cérebro estão interconectados e como a consciência
surge a partir dessas interações permanece como um dos maiores enigmas da
ciência e da filosofia da mente. Enquanto avançamos em nossas investigações,
estamos conscientes de que a exploração da consciência é uma jornada contínua e
fascinante, desafiando-nos a explorar as fronteiras de nossa compreensão sobre
o eu e o mundo que nos cerca.
Como disse a jornada é longa e
ainda há muito a explorar, perguntas surgem e precisam de respostas, como por
exemplo, como nossa consciência individual está intrinsecamente vinculada a uma
rede complexa de interações sociais e ecológicas, e como a conscientização de
nossa interconexão pode moldar nossa abordagem aos problemas globais.
A consciência individual não
existe isoladamente; está intrinsecamente vinculada a uma rede complexa de interações
sociais e ecológicas, portanto esta questão exigiu fosse explorado como nossa
consciência é influenciada pelas relações sociais e como nossa interconexão com
o ambiente molda nossa abordagem aos problemas globais.
Desde o nascimento, somos seres
sociais, imersos em uma teia de relações com familiares, amigos, colegas e
sociedade em geral. Nossa consciência é moldada por essas interações,
assimilando normas culturais, valores, crenças e expectativas sociais. Ao nos
identificarmos como parte de um grupo, desenvolvemos uma consciência coletiva
que influencia nossa visão de mundo e nosso sentido de identidade.
A consciência social também está
intimamente ligada à nossa capacidade de empatia - a habilidade de compreender
e compartilhar os sentimentos e perspectivas de outras pessoas. A empatia nos conecta
emocionalmente com os outros, permitindo-nos reconhecer nossa interdependência
e a importância de cuidarmos uns dos outros. Essa consciência empática pode ser
estendida além de fronteiras nacionais e culturais, levando-nos a uma
consciência global das questões humanitárias e ambientais.
Assim como nossa consciência
social, nossa consciência também é entrelaçada com o meio ambiente que nos
cerca. Nossa conexão com a natureza e os ecossistemas influencia nossa
compreensão da interdependência entre todas as formas de vida. A consciência
ecológica nos leva a reconhecer a importância de proteger e preservar o meio
ambiente, conscientes de que nossas ações afetam diretamente a saúde do planeta
e o bem-estar de todas as espécies.
A consciência coletiva pode ser
um poderoso catalisador para o engajamento social e o ativismo. Quando
indivíduos conscientes se unem em torno de causas comuns, tornam-se agentes de
mudança capazes de enfrentar desafios globais, como a pobreza, a desigualdade
social, a degradação ambiental e as mudanças climáticas. A conscientização de
nossa interconexão fortalece o sentimento de responsabilidade compartilhada e a
vontade de trabalhar em prol do bem comum.
A conscientização de nossa
interconexão social e ecológica nos lembra que somos parte de um todo maior -
uma comunidade global e um ecossistema interdependente. Essa percepção pode
moldar nossa abordagem aos problemas globais, incentivando-nos a tomar decisões
mais conscientes e sustentáveis em nossas vidas cotidianas e em níveis
políticos e econômicos mais amplos.
Ao explorarmos a interconexão de
nossa consciência individual com a rede social e ecológica, percebemos que
nossas ações e escolhas têm um impacto significativo em nosso mundo. A
conscientização de nossa interdependência nos convida a abraçar uma abordagem
mais responsável e compassiva em relação aos outros seres humanos e à natureza,
buscando soluções colaborativas para os desafios globais que enfrentamos. A
consciência coletiva e ação consciente são chaves essenciais para a construção
de um futuro mais harmonioso e sustentável para toda a humanidade e o planeta
Terra.
Com tantos pensadores
debruçando-se sobre o tema, ao longo do tempo o ser humano desenvolveu crenças e
filosofias em torno do tema, o debate ao longo dos anos produziu algumas
orientações gerais para uma vida consciente e que são amplamente aceitas e
valorizadas em várias tradições filosóficas e espirituais. Cada pessoa é única,
e o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, as regras como
disse são orientações gerais então cabe a cada um, por si mesmo descobrir o que
lhe cabe, me ocorrem algumas orientações gerais fruto dos trabalhos de nossos
amigos que seriam...
Prática da atenção plena
(mindfulness): A atenção plena envolve estar consciente do momento presente sem
julgamentos. Isso inclui prestar atenção aos pensamentos, emoções, sensações
físicas e ao ambiente ao seu redor. A prática da meditação mindfulness pode ser
benéfica para desenvolver essa habilidade.
Autoconhecimento: Tire tempo
para se conhecer melhor. Reflita sobre suas motivações, valores, forças e
fraquezas. Isso pode ajudá-lo a tomar decisões mais alinhadas com seus
objetivos e valores pessoais.
Gratidão: Cultive a gratidão,
reconhecendo as coisas boas em sua vida. Isso pode ajudar a mudar o foco das
coisas negativas e melhorar sua perspectiva.
Aceitação: Aprenda a aceitar as
coisas que não podem ser mudadas. Isso não significa que você deva se resignar,
mas sim que você deve reconhecer a realidade e encontrar maneiras construtivas
de lidar com ela.
Empatia: Pratique a empatia,
buscando entender os sentimentos e perspectivas dos outros. Isso pode melhorar
seus relacionamentos e ajudá-lo a se conectar melhor com as pessoas ao seu
redor.
Equilíbrio: Busque um equilíbrio
saudável entre trabalho, lazer, relacionamentos e autocuidado. O excesso em
qualquer área pode levar a desequilíbrios e estresse.
Propósito e significado:
Descubra e cultive seu senso de propósito e significado na vida. Ter objetivos
claros e significativos pode proporcionar um senso mais profundo de realização.
Autenticidade: Seja verdadeiro
consigo mesmo e com os outros. Não tenha medo de expressar suas opiniões e
emoções de forma honesta e respeitosa.
Desapego: Pratique o desapego
material e emocional. Entenda que a verdadeira felicidade não vem das coisas
externas, mas da maneira como você lida com elas internamente.
Compaixão: Seja gentil consigo
mesmo e com os outros. Trate-se com a mesma compaixão que você ofereceria a um
amigo querido.
Essas são apenas algumas sugestões
de orientações para uma vida mais consciente. Cada pessoa pode desenvolver seu
próprio guia adaptado às suas necessidades e valores individuais. O importante
é estar aberto ao crescimento pessoal e à busca contínua por uma vida mais
significativa e consciente, nesta lista poderão ser acrescentados outros pontos
que conforme cabe a visão de cada um.
E a jornada continua, agora
mesmo deve haver algum pensador trabalhando sobre este tema que ainda tem muito
a ser descoberto, nosso conhecimento avança e nossas duvidas também, como vimos
a jornada é longa e estamos longe de esgotarmos o tema e de chegarmos a um
conhecimento definitivo. Portanto, independente de conhecermos tantas teorias,
precisamos ter atitudes conscientes neste complexo emaranhado, uma simples
decisão poderá ter consequências e repercutir no macrocosmo no qual somos parte
importante.
Fonte:
Doidge Norman. O
cérebro que se transforma. Trad. Ryta Vinagre. 9ª ed.- Rio de Janeiro:
Record. 2017
Henriques Mendo e Barros Nazaré.
Olá,
Consciência! Uma Viagem pela Filosofia. Ed. É Realizações. São Paulo,
Agosto de 2013
Marcondes Danilo. Iniciação
à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar., 1997