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domingo, 28 de agosto de 2011

Freud e a Filosofia

              Ontem, sábado, 27 de agosto, eu e minha linda (Márcia para quem não conhece é minha esposa que chamo carinhosamente de linda) passamos uma tarde memorável, aceitamos o convite do Claiton Pinzo, do Café Filosófico promovido pelos alunos de Filosofia do IPA e Livraria Roma, ouvimos a palestra do ilustre Professor Dr. Julio Bernardes acerca do tema “Linguagem em Freud”. É claro não posso deixar de registrar a presença do ilustríssimo e querido professor Dr. José Luiz Novaes. De nossa parte (Linda e eu) ficamos bastante satisfeitos com a preleção competente do Professor Julio, sabem quando há satisfação? É quando saímos com gosto de quero mais, e a discussão acerca do tema permanece, seguimos pensando e falando. Lá foram citados filósofos como Platão, Aristóteles, Sto Agostinho, Hegel, Hobbes, Kant, Heidegger, Wittgenstein, e Lacan como um pé na Filosofia e outro na Psicanálise. Enfim, foi uma bela oportunidade para circular dentre os pensamentos de tantas personalidades, isto com foco no tema proposto sobre a linguagem em Freud.
             Filosofia, Psicologia e Psicanálise cruzam-se, todos os homens possuem uma filosofia, embora ignorem e se perguntados são incapazes de dizer acerca dos problemas da vida, é mais ou menos quando perguntamos a alguém o que é o tempo, entretanto sempre há um fundo filosófico na maneira de viver de cada um, pois as pessoas estabelecem relações com outras pessoas, a maneira como tratam dos problemas, e como resolvem de acordo com seus interesses e valores. Sabemos que a filosofia discute também e principalmente busca sempre investigar a verdade, a origem de tudo, problemas por exemplo como educação, com prazeres diários, são problemas reais de todos nós, e desempenham enorme importância, pois exerce muita influência tudo quanto o homem faz.
            Quando não é dada a devida importância a tais problemas, educação ineficiente e prazeres por prazeres, os problemas vão avolumando-se no consciente e subconsciente, é quando o filósofo não pode deixar de ser psicólogo e o psicólogo não pode deixar de ser filósofo, porque dentro da psicologia, surgem constantemente inúmeras questões que são definitivamente filosóficas, não pode a psicologia fugir a filosofia, pois ao fugir a negação per si já é filosofia, e muitas vezes implica uma metafísica mais ousada do que qualquer outra inventada por muitos filósofos desprezados. Freud sabemos não tinha nenhuma simpatia pela filosofia e nunca tentou apresentar a sua filosofia, mas é evidente que alguma professava.
            A Psicanálise que é outra escola também, entendo que seja mais uma tentativa para construir uma ciência do espírito e da vida do homem, é claro não esta isenta e permeada por princípios filosóficos, com sua utilidade no processo de cura de doenças mentais, como um processo para evitar transtornos da personalidade e da conduta social sem aparente lesão física do sistema nervoso, para dirigir a educação e para explorar as leis que governam o comportamento humano, trabalha com muitos conceitos oriundos de pensadores filósofos ocidentais e orientais.

sábado, 27 de agosto de 2011

Sábado

O sábado é muito aguardado por boa parte das pessoas, por razões religiosas, por que é simplesmente o inicio do fim de semana, estranho falar inicio do fim, mas enfim saímos da rotina do acordar e ir fazer quase sempre as mesmas coisas, no sábado acordamos relaxados, descompromissados.  Conheço um camarada que não esta nem ai para o sábado, para ele é um dia como outro, até como a segunda-feira mesmo, não tem nada a ver com religião, nem por isto é niilista, mas pensa só em trabalho, há isto sim é legal para ele. Conversando com outros amigos, numa rodinha, ao ouvir este nosso amigo, ficaram surpresos, alguns até o criticaram, e ele com sua convicção, apresentou seus argumentos, o qual declino em dizer aqui, não há problema em dizer, mas o que penso é em falar sobre a reação dos colegas, em sua maneira própria de cada um, apresentaram seus argumentos, nisto após ouvi-los lembrei de uma estória que havia lido num livro de Rubem Alves chamado “Entre a Ciência e a Sapiência”, corri para o livro e resolvi então compartilhar com todos e assim a boa e velha similaridade entrou mais uma vez em ação, vou contar a estória porque quanto mais se explica mais confuso fica, então La vai...
"Era uma vez uma aldeia às margens de um rio, rio imenso cujo lado de lá não se via, as águas passavam sem parar, ora mansas, ora furiosas, rio que fascinava e dava medo, muitos haviam morrido em suas águas misteriosas, e por medo e fascínio os aldeões haviam construído altares a suas margens, neles o fogo estava sempre aceso, e ao redor deles se ouviam as canções e os poemas que artistas haviam composto sob o encan­tamento do rio sem fim.
O rio era morada de muitos seres misteriosos. Al­guns repentinamente saltavam de suas águas, para logo depois mergulhar e desaparecer. Outros, deles só se viam os dorsos que se mostravam na superfície das águas. E havia as sombras que podiam ser vistas deslizando das profundezas, sem nunca subir à superfície. Contava-se, nas conversas à roda do fogo, que havia monstros, dra­gões, sereias e iaras naquelas águas, sendo que alguns suspeitavam mesmo que o rio fosse morada de deuses. E todos se perguntavam sobre os outros seres, nunca vistos, de número indefinido, de formas impensadas, de movimentos desconhecidos, que morariam nas profun­dezas escuras do rio.
Mas tudo eram suposições. Os moradores da aldeia viam de longe e suspeitavam — mas nunca haviam conseguido capturar uma única criatura das que habita­vam o rio: todas as suas magias, encantações, filosofias e religiões haviam sido inúteis: haviam produzido mui­tos livros mas não haviam conseguido capturar nenhu­ma das criaturas do rio.
Assim foi, por gerações sem conta. Até que um dos aldeões pensou um objeto jamais pensado. (O pensa­mento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real. A mente é útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: pensamento. Aí ele nasce...) Ele imaginou um objeto para pegar as criaturas do rio. Pensou e fez. Objeto estranho: uma porção de buracos amarrados por barbantes. Os buracos eram para deixar passar o que não se desejava pegar: a água. Os barban­tes eram necessários para se pegar o que se deseja pegar: os peixes. Ele teceu uma rede.
Todos se riram quando ele caminhou na direção do rio com a rede que tecera. Riram-se dos buracos dela. Ele nem ligou. Armou a rede como pôde e foi dormir. No dia seguinte, ao puxar a rede, viu que nela se encontrava, presa, enrascada, uma criatura do rio: um peixe dourado.
Foi aquele alvoroço. Uns ficaram com raiva. Tinham estado tentando pegar as criaturas do rio com fórmulas sagradas, sem sucesso. Disseram que a rede era objeto de feitiçaria. Quando o homem lhes mostrou o peixe dourado que sua rede apanhara, eles fecharam os olhos e o ameaçaram com a fogueira.
Outros ficaram alegres e trataram de aprender a arte de fazer redes. Os tipos mais variados de redes foram inventados. Redondas, compridas, de malhas grandes, de malhas pequenas, umas para ser lançadas, outras para ficar à espera, outras para ser arrastadas. Cada rede pe­gava um tipo diferente de peixe.
Os pescadores-fabricantes de redes ficaram muito importantes. Porque os peixes que eles pescavam tinham poderes maravilhosos para diminuir o sofrimento e au­mentar o prazer. Havia peixes que se prestavam para ser comidos, para curar doenças, para tirar a dor, para fazer voar, para fertilizar os campos e até mesmo para matar. Sua arte de pescar lhes deu grande poder e prestígio, e eles passaram a ser muito respeitados e invejados.
Os pescadores-fabricantes de redes se organizaram numa confraria. Para pertencer à confraria, era necessá­rio que o postulante soubesse tecer redes e que apresen­tasse, como prova de sua competência, um peixe pesca­do com as redes que ele mesmo tecera.
Mas uma coisa estranha aconteceu. De tanto tecer redes, pescar peixes e falar sobre redes e peixes, os mem­bros da confraria acabaram por esquecer a linguagem que os habitantes da aldeia haviam falado sempre e ain­da falavam. Puseram, em seu lugar, uma linguagem apro­priada a suas redes e a seus peixes, que tinha de ser falada por todos os seus membros, sob pena de expulsão. A nova linguagem recebeu o nome de ictiolalês (do grego ichthys = "peixe" + lalia = "fala"). Mas, como bem disse Wittgenstein alguns séculos depois, "os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo". Meu mundo é aquilo sobre o que posso falar. A linguagem estabelece uma ontologia. Os membros da confraria, por força de seus hábitos de linguagem, passaram a pensar que só era real aquilo sobre que eles sabiam falar, isto é, aquilo que era pescado com redes e falado em ictiolalês. Qualquer coisa que não fosse peixe, que não fosse apanhado com suas redes, que não pudesse ser falado em ictiolalês, eles recusavam e diziam: "Não é real".
Quando as pessoas lhes falavam de nuvens, eles diziam: "Com que rede esse peixe foi pescado?" A pes­soa respondia: "Não foi pescado, não é peixe". Eles punham logo fim à conversa: "Não é real". O mesmo acontecia se as pessoas lhes falavam de cores, cheiros, sentimentos, música, poesia, amor, felicidade. Essas coisas, não há redes de barbante que as peguem. A fala era rejeitada com o julgamento final: "Se não foi pesca­do no rio com rede aprovada não é real".
As redes usadas pelos membros da confraria eram boas? Muito boas.
Os peixes pescados pelos membros da confraria eram bons? Muito bons.
As redes usadas pelos membros da confraria se pres­tavam para pescar tudo o que existia no mundo? Não. Há muita coisa no mundo, muita coisa mesmo, que as redes dos membros da confraria não conseguem pegar. São criaturas mais leves, que exigem redes de outro tipo, mais sutis, mais delicadas. E, no entanto, são absoluta­mente reais. Só que não nadam no rio.

Penso que cada um tem seu ponto, de vista, sua verdade, sua realidade, quando conversamos percebemos como somos diferentes, e quanto precisamos ser compreensivos com os outros, e agradecer quando e sempre que são conosco. As diferenças aproximam e ao mesmo tempo afastam se a compreensão não fizer a liga, mais ou menos quando fazemos um bolo e precisamos colocar ovos. Os amigos de quem falo são pessoas que gostam de ler, não pela quantidade de livros lidos, mas pelo prazer obtido na infância, tiveram sorte de terem, assim como eu uma contadora de estórias infantis. Acredito que uma boa estória, se tiver de preferência alguma similaridade com nossas realidades, tenhamos sempre o prazer de ruminar a maneira dos bovinos a arte de ler, a arte de compreender, não é preciso entender as razões do outro apenas compreender que há muitas verdades, muitas realidades, muitas diferenças.
Ótimo Sábado a todos.


domingo, 21 de agosto de 2011

Arte de Habitar

              Hoje, 21 de agosto é comemorado o dia da habitação, neste dia as pessoas que possuem habitação comemoram. Habitação quer dizer o lugar onde moramos, porém, nem todos possuem um lugar para morar, são as pessoas chamadas sem-teto. Muitos improvisam lugares em vias públicas, ou até mesmo em construções, barracas, trailers e carroças, para terem ao menos um lugar para dormir. Heidegger em seu ensaio Construir, Habitar, Pensar, publicado em 1954, inicia o ensaio com duas perguntas: “Que é Habitar”; “Em que medida o construir pertence ao habitar?” (M. Heidegger, E, p. 127). Inicialmente afirma que, a primeira vista, só chegamos ao habitar pelo meio de construir, já que o habitar é a meta do construir.    Contudo nem todas as construções são moradas, existem rodovias, pontes, usinas, aeroportos, viadutos. Porem todas elas pertencem ao habitar, por exemplo: um caminhoneiro mora na estrada, um operário na fabrica, na construção, no escritório. E essas construções abrigam o homem e, embora o home não more nelas, esses abrigos servem ao habitar; a maioria dos caminhoneiros sentem-se em casa na estrada; o operários sentem-se em casa na industria, na obra, no escritório. Essas construções oferecem abrigo ao homem, e nelas de certo modo o homem habita e não habita, pois se por habitar entende-se que por habitar simplesmente possuir uma residência. Considerando-se a atual crise habitacional, possuir uma habitação é sem duvida tranqüilizador, a tranqüilidade é maior quando quem financiou conseguiu quitar. Aqueles que não possuem renda suficiente para financiar, ou moram de aluguel, ou moram sob condições sub-humanas, aqui há uma diferença radical, que não é pela citação que existe a similaridade, existe sim, a  radicalidade (há quem prefira um carro zero na garagem do que uma parcela da casa própria, isto é, para alguns, mas há muitos, tudo uma questão de valores).
            Tenho em casa alguns cactos, dentre eles o vulgarmente chamado fantasmagórico, que plantei há mais ou menos 3 anos, e lá sucessivamente, entre ele, há dois anos um pequeno pássaro constrói um ninho de boca para baixo (entrada) onde cria seus filhotes em numero de três, após a cria os filhotes vão ao mundo, seu habitat e sua morada, independente de qualquer de nossas convenções, constrói e ali habitam até o limite de sua vida útil, depois descartam sem receio aos desprendimento, vivem felizes.
           Há harmonia naquilo que mais precisam, necessitam, não há comprometimento alem do necessário conforme a sua natureza, podemos a partir destas premissas ajuizar o que para nós o que pode ser mais importante, sem tanta esnobação, perdemo-nos na falta de noção, pois é nos extremos que nos perdemos.
            Falamos bastante em conforto e nisto comprometemos valores, valores que são outros, alienígenas a nossa verdadeira mas contemporaneamente irreal maneira de viver e ver a vida. Não é preciso falar, escrever, desenhar para entender que estamos longe das origens, e óbviamente distantes do caminho acertado da melhor maneira de viver, tudo isto derivado de nossa angustia e insatisfação, vale o acentuado e continuo consumo como forma de compensar o vazio que nos assola, esta necessidade de correr  a moda do adolescente que corre sem destino a procura de razão de experimentar emoções sabem o quê, mesmo e principalmente os de classe média pensam encontrar na adrenalina a razão da existência, pois a satisfação pelo consumo são combustíveis para o corpo funcionar, corpo e só corpo, e encontram a morte física prematuramente.
           Morada, habitat, romântico para alguns ou não é o local onde estou vivendo com harmonia, plenitude, completude, com ou sem luxo, o fim e o meio compactos em toda extensão, do principio ao fim, coesos, unidos, próximos dos valores que importam, o que importa para nós humanos nesse tempo rápido de viver, a maioria infelizes, alienados, precisam aqui retornar muitas vezes até perder o torpor das ilusões terrenas.
           Morada terrana passageira como nós, a moda de Platão que entendo em sua sabedoria foi assistido por amigos no mundo ideal e real, disse e sou plenamente aliado, estamos vivendo na cópia do melhor, aqui mundo terra em sua concretude, é apenas uma cópia do mundo real e ideal, estamos morando e habitando temporariamente, precisamos aproveitar o aprendizado no aqui e agora para prepararmos para o depois, na linha do tempo, que não é uma linha reta, há uma circularidade divina, carregando nosso fardo ao longo da eternidade.
           Viver seja onde for, que seja vivido com consciência, a consciência é a sabedoria do que se passa imediatamente dentro e fora do sujeito, onde a filosofia mais sofre na busca da certeza do que se passa dentro ou fora do sujeito, do que é real e irreal.

sábado, 20 de agosto de 2011

A ARTE DE VIVER





A blogada de hoje vai dedicada ao meu filho mais jovem, que em uma de nossas conversas em que me faz muitas perguntas, ele é bastante perguntador, espero que nunca perca esta característica, pois quando perdemos este habito parece que a vida nada mais esconde. Mas afinal o que é a pergunta, ora isto fica para próxima conversa, vou focar no tema da pergunta dele.

Arthur
             Pensei acerca da pergunta que tu me fez se arte é parte da realidade, ou se a arte nasce a partir da realidade, ou ainda se a arte precisa da realidade? Ora, refletindo:

              O que é a arte? A arte é uma forma do ser humano expressar suas emoções, sua história, sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio, e pode ser representada através de várias formas, em especial na musica, na escultura, na pintura, no cinema, na dança e muitas outras formas.



             Te faço algumas perguntas: Tu aprecia a arte? Que forma de arte tu pratica? Esta forma de arte que tu pratica te da prazer? Que emoção tu sente quanto aprecia tua forma de arte? Tua forma de arte esta presente na tua realidade? Esta presente na realidade dos outros?
            Te digo mais, a musica por exemplo é uma forma de arte, porem para que esta forma de arte se emancipe da realidade, é necessário que a técnica que é do mundo real de condições para que a musica passe a existir, precisa da técnica e habilidades para tocar qualquer instrumento musical, sem falar no próprio instrumento musical que precisa de técnica para ser construído. A arte produzida não é um bem destinado puramente ao uso que por sua autonomia ela vai se afastando cada vez mais deste sentido, embora se venda CDs, o produto musica é arte que trabalha nossas emoções, para cada pessoa há um sentido diferente, é quando o ser humano se apropria e a partir daí estabelece um sentido só seu. Outro exemplo: Vamos imaginar que tu tenha comprado uma pintura abstrata, e tu chega em casa e pendura o quadro na parede, porem alguns dias depois o pintor que é teu amigo vai te visitar e fala que o quadro esta de cabeça para baixo. E ai?, ora ai é que entra o aspecto de que a arte tem um sentido diferente para cada um, o pintor (artista) deixou de ter domínio acerca do sentido daquela obra, e para ti passou a ter um sentido próprio, por isto tu não vai desvirar o quadro, o que é diferente se a forma é precisa, como por exemplo a pintura de uma paisagem que seria a cópia de uma realidade, neste caso tu não penduraria o quadro de cabeça para baixo. Não é?
           

             Arte é emoção, Arte é realidade, Arte é parte da realidade de cada um, Arte é ilusão e é verdade, Arte é autônoma, mas precisa do presente para existir, Arte precisa do ser humano para admirar e reconhecer que é arte, Muitas artes também precisam de técnicas e habilidades para existirem.
             Sabe o que penso a respeito de um critico de arte?, ele vê apenas a técnica, pois quando mensura ele estabelece valores quantitativos a partir de quesitos percebidos por ele e o grupo que aparentemente pensam da mesma maneira, é quando estão estabelecidos os pré-conceitos, o valor da arte esta onde?
As questões acerca do valor da arte, ou de determinadas obras de arte, surgem quando procuramos fundamentar o que dizemos aos outros ou a nós próprios sobre as obras de arte. E a grande maioria das nossas considerações sobre as obras de arte, são, de uma forma ou de outra, juízos de valor. Quando afirmamos que vale a pena ver um filme ou que o trabalho de um escritor específico deveria ser mais divulgado, estamos a mostrar aos outros que atribuímos valor às referidas obras. Supostamente, como estas são obras de arte, estamos a atribuir-lhe valor estético, ainda que possamos acreditar que estas possuem também valor moral, religioso ou até económico.



Segue abaixo um texto que irá colaborar com o que te falei.

Arte e Realidade Durante muitos séculos, a arte procurou imitar a realidade, principalmente as artes visuais como a pintura, o desenho e a escultura. O valor do artista estava, então, na sua capacidade de imitar a natureza com fidelidade e perfeição. As obras desse período em que prevalece a arte figurativa transmitem pequenas narrativas e informações preciosas, tais como os traços da personalidade da pessoa, detalhes do nível social e da forma de vida, referências às circunstâncias históricas e aos costumes, etc. Essa exigência de copiar a realidade vem dos gregos e romanos, ou seja, da antigüidade clássica.
Entretanto, as manifestações artísticas se modificaram e se libertaram dessa necessidade de retratar fielmente o real, passando a expressar as idéias de forma abstrata. Talvez este caminho para a abstração- para a imagem que não é realista- tenha sido apressada pela invenção da fotografia, do cinema e da televisão. Esses meios conseguem uma fidelidade muito grande em relação a realidade. As descobertas científicas também levam o artista a procurar novas formas de expressão, já que novos conhecimentos trazem novos questionamentos e inquietações.
Quando você observa um quadro abstrato, onde as figuras não são facilmente identificáveis, tem de olhar com outros olhos, com outros critérios, com outras expectativas. Nesse caso, as sensações que o quadro provoca são mais importantes que as informações que pode fornecer.

Arte e Ciência A arte é uma forma de interpretação do mundo. Quando um artista produz uma obra, ele está colocando nela sua própria visão do que é o ser humano e de qual é o significado da nossa existência. Sua percepção da realidade passa por um filtro da emoção e da sensibilidade.
Podemos dizer que a arte é uma forma de conhecimento que tem semelhanças e diferenças em relação à ciência. Ambas são formas de compreensão do mundo, sendo que, na ciência, predominam a análise, a pesquisa e o raciocínio lógico, além de exigir um pouco da imaginação, pois o cientista procura o que ninguém ainda sabe. Para isto ele usa uma boa dose de criatividade ao estabelecer suas hipóteses.
As duas formas de conhecimento transformam o mundo, antecipam o futuro, pois são inovadoras e descortinam uma nova maneira de ver.
As manifestações artísticas e o modo como compreendemos e representamos a vida, sofrem influência das descobertas e invenções científicas. Tudo transforma a arte, desde a invenção de novas tintas, de novas técnicas (fotografia, cinema, televisão, vídeo, computador...) até a de novas formas de fabricação de materiais. Tosas as formas de acontecimento influenciam as pessoas e a sua maneira de ver o mundo e, portanto, interferem na expressão artística.

A Arte é necessária A arte tem várias funções na sociedade e na cultura: interpretar o mundo; provocar emoção e reflexão; expressar o pensamento e a visão do mundo do artista; explicar e refletir a história da humanidade; questionar a realidade; representar crenças e homenagear deuses, pessoas, fatos, idéias entre muitas coisas.
A experiência estética que a arte proporciona é uma forma de felicidade muito especial porque é transformadora. Ela nos modifica pela emoção. Para interagir e apreciar a arte usamos nossas experiências anteriores; a percepção; habilidades comunicativas, visuais e espaciais; informações; sensibilidade; imaginação. Assim, quanto mais desenvolvermos estas capacidades, competências e habilidades, mais nos aproximaremos do mundo da arte.

PS: Texto transcrito do livro "Explicando a Arte" - páginas 16 a 20. Próximo capítulo: "Treinando habilidades para apreciar a arte".



 Viver com equilíbrio, harmonia, deixar neste mundo nosso registro de ter vivido bem isto é arte, a principal arte que é a arte de viver.