Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador #Educação Ambiental Escolar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #Educação Ambiental Escolar. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de dezembro de 2011

Educação Ambiental Escolar


Entendo que para o aprendizado o mais importante seja a pergunta, e em se tratando de educação, a questão se torna mais séria, e para aprender e ensinar, a ferramenta mais importante seja o ato de perguntar.

O ato de perguntar é aprendido desde a idade prematura, na medida que o individuo cresce, a qualidade das perguntas vão ganhando maior valor de acordo com o amadurecimento, e ainda assim quando maduro não cessa de perguntar: ERRADO, o dito amadurecimento também bloqueia o adulto, muitas vezes gerando uma ilusão de auto suficiência, tendo a impressão de saber tudo, olhando o mundo com desdém, neste caso há uma confusão entre envelhecimento imaturo e envelhecimento maduro.
Ainda que pareça contraditório, penso também que para haver crescimento intelectual há necessidade de imaturidade, e aqui não referido a imaturidade com ausência de aptidões, tenho ela (imaturidade) em sua essência a condição de crescimento, há espaço para o exercício da dinâmica do perguntar.
O ser humano nasce com habilidades naturais que podem ser ampliadas a partir da educação, considerando condições metodo1ógicas presentes nas posturas pedagógicas dos educadores e não simplesmente a condições físico-estruturais das escolas, as quais também têm sua importância.

Há muitos anos atrás me perguntei se seria possível a educação ambiental escolar como promotora da qualidade de vida. Fiz-me esta pergunta, quando meu filho mais novo estava na 5ª série do ensino fundamental, e naquela época ele era monitor ecológico.
Uma das respostas que me ocorreu era que ele exercitava o que havia aprendido na educação ambiental escolar, ou seja, ele e os demais colegas, iam de casa em casa, no bairro onde se localizava a escola, fazendo visitações quando procuravam transmitir aos moradores tudo aquilo que haviam aprendido, isto sem falar que os alunos em seus lares praticavam e educavam seus pais. Decorridos mais de 4 anos este espírito esta presente e bastante atuante.

 

Tenho presente que, a educação ambiental escolar seja um dos fatores que propiciam o entendimento do que seja qualidade de vida podendo ser bem trabalhada na fase escolar.

Um povo civilizado, pensa e trabalha muito para qualidade de vida, sendo a qualidade de vida de uma população uma construção coletiva, na qual todos têm uma participação para melhorar ou piorar as condições de vida de um ambiente, ou seja, seu meio ambiente no qual esta inserido. Desta forma, pode-se também relacionar a qualidade devida à noção de cidadania, de participação no contexto social e, principalmente, à participação política, que diga-se é um nó tão apertado, que diante de tanta corrupção termina por prejudicar a participação política da população.

A dimensão política toma relevância neste âmbito devido a importância do acesso aos bens de serviço, principalmente da saúde, na manutenção de uma boa qualidade de vida. No Brasil, principalmente nos últimos 10 anos a qualidade de vida obteve uma sensível melhora.
Sabendo que a política conseguiu realizar projetos importantes na área da saúde, e dada á importância da questão é cabível, oportunizar os indivíduos e as comunidades de conhecer e controlar os fatores determinantes da sua saúde, para que estes possam reivindicar e participar da discussão e construção das políticas públicas que os interessem.

Para que a população seja agente de sua qualidade de vida é necessário que todos percebam seu lugar no contexto da comunidade, bem como suas interações com outros membros deste conjunto. A sensibilização e a percepção da influencia de cada um nas condições de vida de uma comunidade são estágios prévios que podem levar estes indivíduos a ações que promovam a melhoria das condições de vida.

Neste contexto a educação ambiental escolar pode ter papel fundamental, pois se trata de uma prática educativa que prima por gerar sensibilização, ampliar a percepção e, o mais importante, gerar ações que visem minimizar os problemas ambientais e sociais. Seguindo o conceito proposto pelo CONAMA, em 1996, fica claro o papel da educação ambiental escolar para estimular a participação da comunidade em seu próprio contexto, pois é a comunidade que vivencia seus problemas. Sabemos também se insere no processo de constituição de uma mentalidade cidadã em que cada um tem conhecimento de sua parcela no desenvolvimento sustentável de uma região.
Loureiro reforça esta idéia quando afirma que:

A Educação Ambiental promove a conscientização e esta se dá na relação entre “eu” e o “outro”, pela prática social reflexiva e fundamentada teoricamente. A ação conscientizadora é mútua, envolve capacidade crítica, diálogo, a assimilação de diferentes saberes e a transformação ativa da realidade e das condições de vida
(LOUREIRO, 2004, p.29).

Fica claro que a Educação Ambiental Escolar pode representar uma forte ferramenta na promoção da melhoria da qualidade de vida. A EAE não possui um local ou agente específico para sua promoção, porém, em nossa sociedade a instituição que tem a função de lidar com a educação como prioridade é a escola. Não quer dizer que as outras instituições sociais não tenham esta função, mas nas práticas que necessitam de saberes mais diretamente relacionados com a produção cientifica, a escola aparece como o lugar social privilegiado. Na prática da EAE o conhecimento cientifico é fundamental e, por esse motivo, a escola torna-se um espaço especial para essa prática.

Embora as condições materiais não sejam definidoras do conceito de qualidade de vida as sociedades atuais não podem prescindir de avaliar a sustentabilidade dos componentes materiais presentes numa perspectiva de qualidade de vida almejada por uma sociedade em cada tempo e lugar. Isto ocorre porque o esgotamento de alguns recursos, a exaustão de outros ou a irreversibilidade do uso inadequado na interação sociedade/natureza não pode continuar sendo creditada ao acaso ou aos desígnios divinos.

A ciência já produziu parte dos conhecimentos que possibilitam uma maior antecipação das conseqüências da interação sociedade/natureza. Esses conhecimentos precisam ser considerados, assim como a possibilidade da existência de erros em seu uso e a inexistência de conhecimentos ainda necessários para equacionar a questão ambiental em sua totalidade.

Desta forma, pensar em qualidade de vida relacionada com a EAE pressupõe, por um lado, considerar, criteriosamente, as contribuições já construídas pela ciência, evitando a todo custo, uma postura “leviana” que dispensa essa produção, patrimônio da humanidade. Por outro lado, apropriando-se das formulações de Morin (2001), torna-se necessário que a educação e práticas sociais incorporem as possibilidades de erro e ilusão próprios da “cegueira do conhecimento” e considere as incertezas para pensar a relação entre QV e EAE. Nessa relação deve-se perspectivar a construção de uma cidadania planetária que leve em conta a condição humana e a ética na relação sociedade/natureza.

A pesquisa realizada pela UNESCO (2006) revela que há pouca interação entre Universidades e ONGs com as escolas. A constituição de parcerias entre estas entidades pode ser fundamental para resolução de parte dos problemas apontados. Essas parcerias podem garantir recursos e formação para os integrantes da escola, em especial para uma formação docente que dê conta de uma abordagem que ultrapasse, sem esvaziamento científico, as abordagens disciplinares da EAE.

Desta forma, é necessária a construção de redes de apoio a favor da EAE. As Universidades e ONGs podem representar importantes fontes de conhecimento, de apoio material e capacitação, minimizando os impasses, pois a escola básica é um terreno fértil para a construção da EA necessária aos dias atuais. As parceiras serão importantes para superar os entraves, sobretudo os relacionados com a efetivação das práticas interdisciplinares e com a formação dos profissionais envolvidos com a educação. Transpor as barreiras que ainda existem entre universidade/escola e ONG/escola é um dos passos fundamentais para a construção de uma EA voltada à formação de atores sociais que possam contribuir para e edificação de uma maior qualidade de vida para o conjunto da sociedade.

Essa interação e construção de redes deverão resultar numa retroalimentação que oferecerá contribuições importantes para a formação de todos os atores sociais envolvidos, incluindo, naturalmente, as práticas e produções das próprias universidades e ONGs.
Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient. ISSN 1517-1256, v. 24, janeiro a julho de 2010.