Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador Capital Social. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Capital Social. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Bourdieu e os Conceitos Campo, Capital Social e Habitus




 
Bourdieu percebe nas sociedades a existência de um sujeito social histórico e dinâmico que esta envolvido diariamente na luta constante entre outros sujeitos sociais, tal luta objetiva a ocupação dos espaços nos diversos campos sociais, a partir desta ideia Bourdieu desenvolveu estudos de como ocorre a reprodução de classes assim como ocorre a transferência das heranças que distinguem as sociedades atuais, tais estudos o levou a desenvolver conceitos importantíssimos que permitirão o entendimento de sua perspectiva.
Os conceitos principais do estudo elaborado por Bourdieu formam a base pela qual busca explicar as relações de afinidade entre o comportamento dos agentes sociais e as estruturas sociais condicionantes.
De forma simplificada, segundo Bourdieu, o mundo social é dividido em campos onde os atores sociais estão inseridos espacialmente de posse de grandezas de certos capitais tal como capital social, cultural, acadêmico, político, artístico e etc., cada um destes campos se expressam por formas de comunicação dinâmicas tal como uma matriz de percepção, que ele denominou de habitus, este por sua vez é o condicionante do posicionamento espacial de cada ator social que na luta social o mesmo identifica-se com sua classe social, sendo ele plástico e flexível.
Conceitualmente campos consistem no espaço onde ocorrem as relações sociais entre os atores, cada campo é dinâmico obedecendo a regras próprias, alimentadas pelas disputas ocorridas em seu próprio espaço, onde todos os atores têm interesse em ter sucesso nas relações estabelecidas com os outros, representa um espaço simbólico, com leis próprias.
Conforme Bourdier Campo: “É um universo social particular constituído de agentes ocupando posições específicas dependentes do volume e da estrutura do capital eficiente dentro do campo considerado. É um sistema de posições que podem ser alteradas e contestadas.”
Como exemplo de um campo, vou puxar a brasa para meu assado, temos o campo profissional, especificamente no campo administrativo onde os atores possuindo capitais exigidos para que cada ator atue conforme as regras do campo administrativo e espacialmente onde este ator estiver localizado, como por exemplo, dentro do campo administrativo, existem outros campos, que podemos chamar de subcampos como subcampo de recursos humanos, subcampo comercial, subcampo contábil, subcampo técnico, subcampo financeiro, onde todos os subcampos específicos relacionam-se entre si, compondo a estrutura administrativa.
Dentro de cada subcampo especifico existem atores que são profissionais que carregam capitais específicos a cada função e cada ator é obrigado a conhecer as regras do jogo dentro de cada campo social e subcampo social, para permanecer deve estar disposto a lutar e seguir as regras, como no futebol os jogadores seguem regras do futebol, no campo acadêmico seguem suas regras e no campo administrativo seguem regras da administração.
Para Bourdieu capital tem outro sentido alem do sentido econômico que compreende a riqueza material, como dinheiro ações e etc., o outro sentido equivale ao capital cultural, que compreende conhecimento, habilidades, informações, enfim corresponde a um conjunto de qualificações intelectuais, transmitidas inicialmente pela família, em seguida pelas instituições escolares e quando ingressa no campo profissional adquire conhecimentos através de treinamentos, valendo inclusive a forma e postura em publico do ator social.
É importante firmar o entendimento acerca do conceito de capital, porque é com a conquista do mesmo que serão permitidos os “acessos sociais”, compreendidos pelos relacionamentos com os outros atores sociais formando sua rede de contatos e aproximações, o reconhecimento do ator social também é simbólico estando em jogo o prestigio e sua imagem moral e ética, neste caso podemos verificar que as sociedades estigmatizam os atores conforme os valores e virtudes que lhe são atribuídos.
A permanência dos atores ocupando os espaços é propiciada pelo acumulo de capitais, que seriam conhecimentos específicos e gerais, o habitus seria o conhecimento acumulado gerando internalizações de disposições que seriam espaços ocupados por um ou outro ator, como por exemplo, o homem ocupa determinada função que uma mulher não ocupa, tal tendência tende a mudar pela dinâmica social, alterando este status quo, tais tendências são também reproduções sociais, vistas em muitas das atividades profissionais que são propriamente reservadas para homens e outras para mulheres.
A diversificação do capital possibilita ao ator sua integração a outros campos, desde que possua capital especifico ao campo onde queira atuar e respeite as regras especificas daquele campo.
Ficam muito claro que o habitus é sistemas com posições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, tendo o habitus à característica de uma segunda natureza, histórica e presa ao campo, trata-se de um conhecimento adquirido ou transferido de forma explicita ou implícita através de treinamentos que proporcionarão aprendizagem, estrategicamente apreendidos pelo interesse do ator em se manter na posição de maneira intencional ou não.
Em geral no interior de cada campo, como no exemplo do campo administrativo em seu interior, em seus sub-campos a dinâmica da concorrência, dominação e manutenção de privilégios, são oriundos de estratégias de conservação das próprias estruturas sociais, como o capital social é desigual, inflado pela concorrência, implica em conflitos constantes, seja um campo em relação com outro, seja entre os atores sociais, a luta objetiva a conservação, reprodução, acumulação, dominação, o passe de entrada de um ator social em outro sub-campo que não o dele serão as suas habilidades comprovadas e evidenciadas por formação acadêmica, treinamentos certificados, experiências comprovadas, mesmo assim as relações são submetidas a analises e experimentações que permitirão o ingresso ou não do ator.
O pensamento de Bourdier é significativo e representa a forma de entender como ocorrem as relações sociais, discutir e refletir sobre este tema proporciona um olhar não coisificado deslocando da coisa em si para o sujeito social, entendo que em sala de aula ou fora dela, a construção de uma teoria pratica permite melhor entendimento geral, tal pensamento materializado através do uso de técnicas convencionais como pesquisas qualitativas e quantitativas o construiu empiricamente a partir de seus conceitos lógicos um programa de analise das relações com caráter estatistico probalistico.

BIBLIOGRAFIA
ALGUMAS REFLEXÕES EM TORNO DOS CONCEITOS DE CAMPO E DE HABITUS NA OBRA DE PIERRE BOURDIEU Reflections about concepts of field and habitus of Pierre Bourdier’s works. Por ARAÚJO F.M.de B*., ALVES**, E.M. & CRUZ, M.P**, artigo disponibilizado por UAB FURG.