O Gato Filósofo, o Remo está doentinho, estamos lutando para que se recupere, está em quarentena e protegido até que retome suas energias, junto a todo este processo de recuperação com ele vivenciamos as dores da doença e o fantasma da perda que ronda nosso emocional, mas as dores fazem parte de todos os seres vivos, não podemos e nem devemos fugir ao enfrentamento, então o caso é enfrentar e seguir em frente. Este é mais um momento de profundas reflexões e oportunidade de aprendizado, a vida é assim, tá aí para ser vivida.
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Viver sem dor é uma ideia tentadora. Quem não gostaria de passar a vida sem sofrimento, navegando por mares calmos, sem enfrentar tempestades internas ou externas? Mas será que isso é realmente possível — ou até mesmo desejável? A dor, em suas diferentes formas, parece estar tão entrelaçada com a experiência humana que viver sem ela soa como uma fantasia. Filosoficamente, a dor não é apenas uma parte da vida, mas algo que molda quem somos.
O
filósofo Friedrich Nietzsche tem uma abordagem interessante sobre o tema. Ele
acreditava que a dor e o sofrimento são cruciais para o crescimento humano. Em
sua obra Assim Falou Zaratustra, Nietzsche fala da dor como algo que nos
desafia a nos superarmos, a encontrar forças que não sabíamos que tínhamos.
Para ele, evitar a dor é evitar a oportunidade de transcendência. O famoso
conceito de "amor fati" — o amor ao destino — propõe que devemos
abraçar não só os momentos felizes da vida, mas também os sofrimentos, pois são
eles que forjam nosso caráter e nos fazem mais fortes.
No
cotidiano, a dor pode vir de diferentes formas: uma perda, uma decepção, um
fracasso. Por exemplo, quem nunca teve o coração partido ou falhou em um
projeto que parecia promissor? Esses momentos, embora dolorosos, são também
oportunidades de aprendizado. Talvez, sem aquela decepção amorosa, não teríamos
aprendido a valorizar nossa própria companhia. Talvez, sem o fracasso
profissional, não teríamos descoberto uma nova habilidade ou caminho que nos
realiza de forma mais plena.
Nietzsche
acreditava que a dor é o motor da criação e da transformação. Quando pensamos
nisso em termos práticos, faz sentido. Grandes artistas, escritores, filósofos
— muitos dos que admiramos hoje — transformaram suas dores mais profundas em
arte e pensamento. É como se a dor fosse um catalisador para algo maior.
Agora, imagine um mundo sem dor. Em um primeiro momento, parece o paraíso. Mas, logo pensamos: se nunca houvesse desafios ou sofrimento, como cresceríamos? O filósofo grego Epicuro, que tinha uma visão bem diferente de Nietzsche, acreditava que o objetivo da vida era justamente evitar a dor e buscar o prazer. Mas para ele, o prazer verdadeiro não era o hedonismo desenfreado, e sim a ausência de perturbações. Uma vida simples e equilibrada, sem grandes dores nem grandes prazeres, era o caminho para a felicidade. Mas até Epicuro reconhecia que o medo da dor e o sofrimento mental podiam ser piores que a dor física.
Assim, o equilíbrio parece estar em aceitar que a dor é uma parte inevitável da existência, mas também uma professora. Viver sem dor, além de impossível, talvez resultasse em uma vida sem profundidade, sem as grandes lições que nos transformam. A cada dor enfrentada, abrimos espaço para algo novo em nós. Afinal, como dizia Nietzsche, "aquilo que não nos mata, nos fortalece."
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