Pesquisar este blog

domingo, 9 de outubro de 2011

Tolerância e Ética


No ultimo dia 7, compareci ao Seminário de Pesquisa, realizado no Centro Universitário Metodista – IPA, a convite do palestrante Prof. Clemildo Anacleto da Silva, apresentando resultados da pesquisa sobre “A contribuição da reflexão ética na educação para o exercício da tolerância”. O evento foi realizado pela turma de mestrandos do curso de Mestrado profissional em reabilitação e inclusão, que lhes parabenizo pela iniciativa.
A discussão rolou em torno dos resultados de pesquisas realizados pelo grupo comandados pelo Prof. Clemildo. As pesquisas foram realizadas junto a turmas do ensino fundamental (8ª série) em escolas particulares e publicas.
O objetivo foi levar para a escola a importância da discussão e reflexão ética, entendo que principalmente o fato do próprio questionamento, o ato de pensar e refletir para responder acerca de situações do cotidiano, como sua postura ética e tolerância com os ditos “diferentes”, já contribui como fator de aproximação e entendimento.
A palavra tolerância, não me é simpática, me parece grosseira, soa como obrigação de conviver, esta distante da aceitação do diferente, por compaixão, ou melhor, por iguais sendo diferentes.
A intolerância, penso que seja o estopim do terrorismo. Não é necessário ir muito longe no tempo, lembramos do atentado em 11 de setembro de 2001, quando aconteceu o maior atentado terrorista da história: o ataque as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Este ano completou 10 anos do acontecimento, parece que foi ontem, as imagens ainda estão presentes na retina.
No atentado de 11 de setembro, como ficou conhecido, o mundo ficou chocado, pelo caráter sanguinário do ato, que provocou a morte de cerca de três mil pessoas. 
O motivo como sabemos, é o fanatismo religioso, e em particular de algumas seitas islâmicas, que ainda, permanecem até hoje nos noticiários, por suas ações violentas.
Há muito tempo, o fanatismo religioso provoca, crimes e guerras.
O fanatismo é uma crença exagerada, uma adesão cega e arbitraria, a uma visão de mundo ou doutrina, de tal modo que o fanático identifica sua crença com a verdade absoluta, considerando como inimigo todos aqueles que não compartilhe de sua crenças.
Em contraponto a atitude do fanático, temos a filosofia, a ética, a política, que postulam a atitude e capacidade de admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes, ou até totalmente opostas.
Estamos no século XXI, e, ainda existem seitas terroristas, capazes de destruir a frágil estabilidade mundial, como com o que aconteceu nos EUA, considerada a maior potencial mundial.
Mas, é importante ressaltar que o fanatismo não é uma característica de todos, nem sequer da maioria dos países islâmicos, a religião islâmica é uma das mais belas, e prega a paz entre os homens, os homens com seu fanatismo e intolerância, são os responsáveis pela destruição da harmonia dos povos.
Há fanatismo religioso também no Brasil, existem abusos e atos de intolerância religiosos, a discriminação já é um ato de terrorismo, que excluem pessoas pela maneira diferente de pensar, ainda não chegamos as vias de fato, porem não estamos muito longe.
É importante esclarecer, que o fanatismo não ocorre somente no âmbito religioso.
No Brasil, frequentemente, presenciamos manifestações de fanatismo no futebol.
É comum, o confronto violento entre torcidas organizadas, travando verdadeiras batalhas campais, em especial nas ruas das grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Um breve levantamento histórico diz que a palavra tolerância foi "parida" nos conflitos religiosos, no séc. 16, na época das guerras religiosas entre católicos e protestantes. André Lalande (Vocabulário técnico e crítico de filosofia. SP: M. Fontes, 1993), conta  que "os católicos acabaram por tolerar os protestantes,  e reciprocamente. Depois foi reclamada a tolerância em face de todas as religiões e de todas às crenças". A partir do século 19, a tolerância estendeu-se ao livre pensamento e, no século 20, passou a ser acordo internacional com intenção de ser exercitada, através da Carta aos Direitos Humanos em 1948, também através de algumas ONGs e de governos não totalitários.
Há um importante questionamento: a tolerância deve ter limites ou não? Para o escritor e Nobel em Literatura, José Saramago, "a tolerância para no limiar do crime. Não se pode ser tolerante com o criminoso. Educa-se ou pune-se" (FSP, 27/01/95). Nesse sentido, não se pode ser tolerante para com a tortura, o estupro, a pedofilia, a escravidão, o narcotráfico, o terrorismo, a guerra.  Já o filósofo Vladimir Jankélévich, considera que, se levada a extremo, a tolerância "acabaria por negar a si mesma", Ou seja, "a tolerância só vale, pois, em certos limites, que são os de sua própria salvaguarda e da preservação de suas condições de possibilidade". O escritor e pacifista israelense Amós Oz, para quem a tolerância é a questão fundamental do séc. 21, nos deixa uma pergunta bem atual:  "A tolerância deve se tornar intolerante para se proteger da intolerância?"(FSP, 10/1/99).
De todas as virtudes, a tolerância revela um paradoxo chamado por Karl Popper de "paradoxo da tolerância": "Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância".
Após os ataques de 11 de setembro de 2001 e a invasão anglo-americana ao Iraque, o filósofo S. Zizek analisa o paradoxo da tolerância numa democracia. Ou seja, uma democracia deve ou não impor limites de tolerância tendo em vista a ânsia dos intolerantes pelo poder? “Seria possível ser tolerante para com um partido antidemocrático, vencedor das eleições livres, com a plataforma de abolição da democracia formal? (como já aconteceu na Argélia). Seria possível ser tolerante para com uma invasão militar, com a justificativa de derrubar um ditador sanguinário para impor a democracia? É possível confiar numa democracia imposta? Democracia é um regime que se impõe autoritariamente, ou acontece segundo determinantes específicos  e temporais da cultura?
Parabenizo, o IPA, prof, Clemildo, pela bela idéia de levar tema tão importante, para ser discutido junto a nossos jovens.
Precisamos cada vez mais, afastar atitudes intolerantes do convívio, iniciativas como esta, com viés cientifico e ético, fazem parte da humanização dos homens.
Acredito que o homem evolua sempre, se transforme num “novo homem”, no sentido físico, mental, econômico e cultural.
O “novo homem”, é um ser moral e ético.


Nenhum comentário:

Postar um comentário