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sábado, 8 de outubro de 2011

A VISÃO CRITICA DA TELEVISÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO DAS SOMBRAS

No domingo passado, a tarde resolvi sentar a frente da televisão, tentei entrar na caverna de Platão, confesso que desisti, me deparei na TV aberta, na Globo com Faustão, na Record com Gugu, na Band com futebol, pulei de canal em canal, e, desisti de tentar encontrar algo interessante, o que encontrei foi um amontoado de “abobrinhas”, me perdoem as abobrinhas. 
Durante a semana seguinte, e, dentro do possível, procurei observar um pouquinho do que se passa na programação, procurei os telejornais, dependendo do horário, por favor, desliguem o televisor, alguns não dão para querer, são contaminados por sensacionalismo grosseiro, com seus ancoras aos berros tentando convencer o publico surdo.  
Assistir programas como Cidade Alerta, Brasil Urgente, é uma fórmula que esta fazendo sucesso dentre as camadas mais pobres e distantes do dito letramento, o que transmitem é sensacionalismo barato. 
Do que adianta transmitir cenas do bandido fugindo trocando tiros com a policia, se não passa disto?, se pelo menos, saíssem da reclamação e partissem para uma discussão aprofundada.
A qualidade de alguns jornais, são fantásticos, nada devendo as televisões do exterior, porem quando a audiência determina a qualidade, e, não é a qualidade que determina a audiência, é, porque invertemos os valores, é evidencia de que a emissora esta apenas querendo transmitir o que o publico quer assistir. 
Pergunto, não esta na hora de refletir acerca deste querer?, fico pensando também, se as opções de escolha oferecidos pela emissoras, não é demasiadamente reduzido, e, assim, o publico tendo poucas opções para escolhas, e, dentre as poucas opções, a baixa qualidade da programação, não induz a população aos enlatados?
Falar em qualidade, é falar de técnica e ideologia, um programa pode fazer sucesso, tendo apenas uma das características? Qualidade pode ser apenas qualidade técnica, ou apenas qualidade ideológica?, acredito que se ambas estiverem presentes, apresentadas de forma inteligente e reflexiva, é bem possível que se chegue a programação de qualidade. 
Enfim, a discussão é longa, e não é minha pretensão discutir até o esgotamento, somente o suficiente, para pensar uma pouquinho mais.
Como todo curioso, dei uma olhada para trás, ou seja, fui na história, buscar alguma explicação do que acontece hoje na televisão brasileira.
Em 1950, mais precisamente em 18 de setembro de 1950, pela TV Tupi, em São Paulo, através do empreendedorismo de Assis Chateaubriand, a TV chega ao Brasil. De acordo com Daniel Filho (2001) o espetáculo inaugural chamou-se Show na Taba, e contou com música, humorismo, dança, quadro de dramaturgia e foi apresentado por Homero Silva. 
Este programa foi realizado com duas câmeras e transmitido com a maior dificuldade. Em meio a este “grandioso feito” uma pergunta pairava no ar: “onde isso vai dar?” Ao final do show, Cassiano Gabus Mendes, diretor do espetáculo voltou a respirar, devido ao seu grande nervosismo. 
Contam que aí perguntaram a ele: Mas o que a gente faz amanhã? Este pequeno detalhe esquecido por Cassiano Gabus Mendes é hoje uma das mais estratégicas ferramentas das emissoras de televisão: a grade de programação
Para preenchê-la é preciso que se tenha muita criatividade e bons produtos – pensando-se numa programação nacional – e, ainda, complementá-la com filmes, jornalismo e “enlatados”.
A televisão é um poderosíssimo meio de comunicação, que esta tomada por poderes econômicos ideológicos, os canais tomados de seitas religiosas evangélicas, a concessão publica de um estado dito “laico” se vende ao poder econômico e com isto acentua-se a lavagem cerebral, dos supostos conhecedores do livro sagrado, isto tudo é uma ilusão, pois sabemos que a realidade é outra, basta dar atenção as noticias, a respeito dos ditos pastores enriquecendo assustadoramente, e, com inúmeras ações por estelionato, porem, para ouvir, é necessário não estar refratário, nem contaminado pelo pensamento do “não é comigo”, que esta incorporado no “DNA” do brasileiro.
A televisão ao trabalhar com imagens, sons e com uma aproximação muito grande do cotidiano da vida, consegue ser o mais eficiente meio de comunicação conhecido.  
A televisão foi, e, é capaz de se inserir profundamente na vida coletiva e individual, transformando-se em um objeto social básico da atual fase da modernidade, ou para alguns, pós-modernidade. 
De acordo com pesquisas recentes do IBGE, a TV aberta, também chamada de generalista, gratuita e de sinal aberto, está presente em 97% dos domicílios do pais, isto é fato, é realidade, não é ilusão.
A TV, é uma janela para a ilusão, digo isto, porque a televisão seria uma janela para o que pretensamente ocorreria no interior do pais e no exterior. 
Falo pretensamente, devido ao fato de que a televisão, com suas imagens, sons de representações, é como se fosse um filme entre os gêneros do documentário e da ficção do mundo que nos envolve, a ilusão se confunde com a realidade concreta, e, não há como separá-los, é muito difícil duvidar daquilo que se viu na imagem da televisão.
Por exemplo, os telejornais com suas informações produzem constantemente visões equivocadas sobre problemas distantes dos olhos do que os assiste, por exemplo: quem mora no RS imagina que se viajar ao RJ pode ser vitima imediata de uma bala perdida, ou, até ser imediatamente assaltado.
A coisa se complica ainda mais quando, situações complexas do mundo econômico e político são noticiadas. Os relatos são tão breves, preconceituosos e superficiais que o resultado informativo poderá ter efeito bem diverso do que realmente esta acontecendo, até porque o publico não tem como confrontar a veracidade do que foi exposto. 
A influência da TV é imensa, consegue entrar de modo direto na conversação cotidiana de seu publico, e desta maneira, repito a televisão se tornou um objeto social básico da atual modernidade. 
Falo em ilusão, também porque, o grande publico, faz parte de muitas culturas que existem alem do que é visto na TV, e, as transmissões massivas não diminuíram as diferenças regionais, as características culturais de cada região continuam a existir em cada local, com seu vocabulário, gostos musicais e culinários, festas populares, gestos.
A TV pode ser entendida, quase como um objeto de culto, esse meio técnico de comunicação é um instrumento poderosíssimo, como já falei, esta presente na casa de 97% do povo brasileiro, sendo o objeto mais importante na casa do brasileiro comum, é importante frisar, que é um meio que esta a serviço do poder econômico e político de nosso tempo.
Faço um paralelo entre a representação da televisão e a alegoria da Caverna de Platão, o paralelo é uma tentativa de buscar na metáfora da alegoria o sentido pedagógico implícito, para quem não conhece segue inicialmente a alegoria da caverna, e em seguida prosseguiremos:
O
ALEGORIA DA CAVERNA de Platão
Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

Faço um pequeno esclarecimento acerca de uma das muitas interpretações pedagógicas da alegoria da caverna: 
O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos.
Que são as sombras projetadas no fundo? As coisas que percebemos.
Que são os grilhões e as correntes? Nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é a realidade.
Quem é o prisioneiro que sai da caverna? O filosofo.
O que é a luz do sol? A luz da verdade.
O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade? A realidade.
Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A filosofia.

Inicialmente tomamos conhecimento do sentido da alegoria da caverna, e, então agora substituímos a caverna pela televisão o que teremos?: 

Imagine pessoas que vivem muito tempo fixados na televisão com suas “informações”, novelas, programas de auditório, noticiários e etc. Imagine a televisão como uma Caverna. E para sair?, Para sair da caverna é preciso “abrir a mente”, pensar, refletir, questionar. Não podemos ver sem refletir, para romper com a hipnose da luz que contamina por sua radiação, será necessário, refletir acerca das imagens e mensagens, buscar significação daquilo que é transmitido, pois devido aos recursos visuais bem desenvolvidos, há sempre a tendência de tirar o telespectador do seu meio real e levá-lo para outra realidade.

Sabemos que mesmo a realidade fora da televisão também é cercada de sombras, no entanto a televisão geralmente, nos expõe a realidades estranhas a nossas realidades, fornecendo visões deturpadas de vida para a maioria, vendendo a ideologia do patrocinador, a televisão sendo meramente estética, sem conceitos ou cheia de significados, em qualquer um de seus desdobramentos, é a ferramenta mais bem sucedida do mundo das sombras, traduzindo regras de maneira geral para todos, implantando conceitos entre, bem e mal, belo e feio, de moderno e ultrapassado, e em nossa sociedade o que prima é o funcional e o inútil.

Se, na concepção original, a alegoria da caverna pode ser traduzida no dilema de muitos que não conhecem a verdade, a televisão pode, na mesma proporção, disseminar sombras eternas, ou, quem sabe, lançar luzes sobre as mesmas.

É preciso deixar claro que se trata “de um serviço público ou de utilidade pública por excelência, dado o seu papel na informação, na educação, no lazer e na formação cultural da sociedade.

A legislação brasileira garante vários privilégios aos “concessionários”., alerto sobre a importância de se utilizar sempre esse termo, haja vista que os canais de televisão não são propriedade privada de ninguém; apenas as empresas que as operam são propriedade privada. 

A população fica à mercê do poder dos “concessionários”, visto que, para reaver uma concessão, o Governo terá que apelar ao judiciário para reaver algo que, em tese, é do Governo. Desta forma, está-se permitindo que o emissor se beneficie de sua má conduta, inclusive para formar unilateralmente a opinião pública tanto contra a decisão do órgão público como para influenciar o Judiciário, sem mencionar o absurdo de conceder tal poder a uma pessoa, o juiz.


Olhem, longe de mim em falar em censura, apenas apelo para o senso critico de cada um, e com isto de vez em quando façam uso do controle remoto e deixem o silencio ocupar o espaço que é melhor que a maioria dos programas apresentados invadindo nossos lares.

O mito da Caverna em quadrinhos





Bom Final de Semana a TODOS.

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