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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Inaugurando um mate filosófico: Vivendo Além da Vida com Um Olhar Descontraído sobre o Tempo e o Legado com Nietzsche e Foucault


Ah, o tempo - esse misterioso e incontrolável fluxo que define nossas vidas e, de alguma forma, nos faz sentir como se estivéssemos em um eterno jogo de esconde-esconde com ele. Às vezes, nos deparamos com conceitos que desafiam nossa noção habitual de tempo e idade, nos fazendo arquear as sobrancelhas e questionar a lógica da vida. Um desses momentos é quando nos damos conta de que, de alguma maneira, estamos "mais velhos" que nosso pai. Mas espera aí, não é esse o tipo de coisa que contradiz a ordem natural das coisas?

Num momento descontraído apreciando o sorver do mate amargo, resolvi jogar uma luz descontraída sobre esse paradoxo peculiar. Mentalmente resolvi desvendar a teia de percepções e ideias que nos fazem sentir que, de certa forma, estamos vivendo além do tempo do meu pai, mesmo após sua partida. Pensei em explorar como a influência eterna deles nos afeta e como o legado que deixam continua a envelhecer conosco. Afinal, talvez, em algum lugar entre as linhas do tempo e as lições aprendidas, possamos encontrar um entendimento inusitado sobre o que significa viver, mesmo depois da última respiração. Cruzei o portal do tempo e embarquei nessa jornada filosófica e paradoxal, e quem sabe, poderia encontrar um novo olhar sobre minha/nossa própria existência.

A vida é uma jornada marcada por paradoxos intrincados e questões sem resposta definitiva. Um desses paradoxos se apresentou quando refleti sobre a ideia de ser mais velho que meu progenitor já falecido, o que a princípio parecia uma contradição lógica, revelou-se uma oportunidade de explorar os limites do tempo e da continuidade da existência, hoje tenho os cabelos brancos que meu pai não teve tempo de branquear os seus, coisa que o tempo em seu jogo de transformações joga sobre todos nós as marcas de quem viveu bastante e caminhou de mãos dadas com ele.

Convidei Nietzsche para tomar o mate comigo e refletirmos a respeito do tema, o convidei por ser um dos pensadores mais "fora da caixa" da filosofia. Esse cara tinha uma visão sobre o tempo e a existência que era uma verdadeira montanha-russa intelectual. Nietzsche nos convida a repensar a vida além das regras convencionais e a abraçar a complexidade do nosso ser. Agora, pensemos nesse paradoxo de ser "mais velho" que o pai. Nietzsche nos diria para questionar tudo, inclusive nossa noção tradicional de tempo. Ele nos encorajaria a olhar para a influência duradoura que nossos pais têm em nós, mesmo após sua passagem, e ver isso como uma continuação de sua existência. É como se estivéssemos dançando ao ritmo da música que nossos pais começaram a tocar, e a festa continua mesmo depois que eles saíram da sala. Vamos explorar como Nietzsche pode nos ajudar a desconstruir as ideias convencionais de tempo, envelhecimento e legado, e quem sabe, descobrir uma nova maneira de abraçar o eterno movimento da vida, mesmo quando parece que a música parou. Afinal, se há alguém que sabia como fazer uma revolução filosófica, era esse cara de bigode peculiar! Então, vamos entrar na dança e ver onde ela nos leva.

Entre um mate e outro, numa pausa Nietzsche sugeriu trazer a metáfora do "martelo" para adicionar uma camada interessante à nossa reflexão sobre o paradoxo da longevidade póstuma, falou sobre a necessidade de sermos como um "martelo" em relação às nossas crenças e ideias. Ele nos convidava a questionar e desafiar as noções estabelecidas, a fim de criar novos entendimentos e perspectivas. Assim como um martelo que quebra algo em pedaços para possibilitar a construção de algo novo, nós, como indivíduos, devemos questionar as noções tradicionais de tempo e existência.

Nesse contexto, concordei com Nietzsche, podemos aplicar a metáfora do martelo para quebrar a rigidez da percepção linear do tempo, ao questionar a noção convencional de "ser mais velho que o pai", estamos, de certa forma, empunhando o martelo de Nietzsche para quebrar as limitações que essa ideia aparente impõe. Ao quebrar essa rigidez, podemos ver a longevidade póstuma não como uma contradição, mas como uma expansão do conceito de tempo e existência. A influência contínua dos pais e o legado cultural se tornam os fragmentos que nos permitem construir uma compreensão mais rica e nuanceada do que significa envelhecer além das fronteiras convencionais, as vezes é preciso empunhar o "martelo" filosófico de Nietzsche e, com determinação, quebrar as barreiras que nos limitam a uma visão unilateral do tempo e da existência e ver que, às vezes, a chave para a sabedoria está em desafiar nossas ideias preconcebidas e abraçar o desconhecido com coragem.

O Tempo e Sua Complexidade: O tempo, entidade abstrata que estrutura nossa realidade, é fonte de inúmeras indagações filosóficas, em nossa compreensão cotidiana, o tempo flui em uma direção única, da juventude para a velhice, da concepção à morte. Entretanto, ao considerar a morte de uma figura paterna, somos compelidos a reavaliar essa perspectiva linear, é uma sensação estranha que nos retira desta linha até então aparentemente segura.

O Paradoxo da Longevidade Póstuma: Ao morrer, um pai deixa um legado duradouro. Se considerarmos a influência contínua desse legado sobre o filho, é possível argumentar que, em certo sentido, a presença do pai persiste mesmo após sua morte. A sabedoria transmitida, os ensinamentos e as lembranças permanecem vivos na mente e no coração do filho, aprendemos através de nossa vivência a ver como fazer ou não fazer da vida uma experiência boa ou ruim.

Nessa análise, pude vivenciar um tempo pós-morte do pai, em que a influência e as lições continuam a moldar minha jornada. Portanto, o filho se torna "mais velho" na experiência acumulada após a morte do pai, mesmo que isso contradiga a interpretação linear convencional da passagem do tempo, a memória afetiva é algo impressionante, o esquecimento também é um remédio providencial que ameniza algumas vivencias desagradáveis que não gostaríamos de recordar, mas também são exemplos a serem ou não seguidos, afinal nem tudo que vivemos em nossa juventude gostaríamos de ter vivido daquele jeito, pensamos que talvez pudesse ter sido diferente, será? Penso que nascemos e vivemos da maneira como Deus decidiu, nada é por acaso!

O Enigma da Herança Cultural: Além da influência individual, a sociedade e a cultura também exercem influência sobre o indivíduo. A herança cultural é uma extensão da influência póstuma, onde as tradições, os valores e a história perduram mesmo após a morte dos antecessores. Assim, o indivíduo continua a envelhecer, não apenas em anos de vida, mas em termos de conhecimento e sabedoria cultural transmitidos, não na forma de acumulado de experiências, mas da reforma constante tamanha a plasticidade que a vida nos proporciona em oportunidades e escolhas podemos construir, cada um de nós, nossas próprias vidas à nossa maneira.

Enquanto pensava sobre esta necessária vivência, lembrei que da história mítica de Adão e Eva, a infância não é parte de sua narrativa mítica, ou seja, eles não tiveram infância, um foi criado do barro e ela de uma costela dele, surgiram por vontade de Deus que os criou adultos. A infância é considerada fundamental para o desenvolvimento e aprendizado dos seres humanos na realidade, as experiências são necessárias para moldar nosso caráter e personalidade, a infância é a maçã que precisa ser comida todos os dias para adquirirmos conhecimento de como viver neste mundão, ninguém escapa disto, assim seguimos nesta caminhada da infância a velhice.

Vejamos quanto aprendemos com esta narrativa mítica, a maçã representa o ato de desobediência de Eva ao comer o fruto proibido, desencadeando a queda da humanidade do estado de inocência para um estado de consciência do bem e do mal. É um símbolo da desobediência, transgressão e da quebra de regras divinas. Ao comer a maçã, Eva ganhou o conhecimento do bem e do mal, levando-a a uma consciência moral. Representa o desejo humano inato de adquirir conhecimento e compreensão. É vista como um símbolo da maturidade e crescimento, já que comer o fruto proibido resultou em uma compreensão mais profunda da existência e das escolhas morais. É frequentemente associada à tentação, com a serpente persuadindo Eva a desobedecer a Deus e comer o fruto proibido, o que levou à introdução do pecado original na humanidade. Vivemos num mundo paradoxal, nossa sobrevivência depende de nosso aprendizado sobre bem e o mal, precisamos viver coisas boas e ruins, tudo faz parte de um grande processo paradoxal da vida.

O paradoxo de ser mais velho após a morte de meu pai me ofereceu uma oportunidade para repensar minha compreensão do tempo e da existência. A vida e a morte, longevidade e envelhecimento, são conceitos interconectados que desafiam nossas percepções lineares tradicionais. Ao abraçar as complexidades desse paradoxo, somos levados a refletir sobre a natureza fluida da existência e a infinita extensão do impacto humano. Afinal, em um universo de dualidades, o paradoxo é a expressão mais autêntica da nossa busca incessante pela verdade e pelo entendimento, nada é por acaso, precisamos ter apetite para comer uma maçã por dia, filosófica e literalmente, não se trata de desobediência, mas de sobrevivência.

Um mate sempre atrai os amigos, Foucault que ainda não havia experimentado um mate experimentou e em principio estranhou, na segunda vez que sorveu já tinha sua opinião a respeito bebida, pediu mais um, assim se aprochegou, tendo ouvido minha conversa com Nietzsche tomou a palavra complementando o que havíamos falado até ali expondo suas ideias sobre o tema, Foucault conhecido por suas análises sobre poder, conhecimento e história, ofereceu uma perspectiva crítica sobre como a sociedade molda nossa compreensão de conceitos como tempo, vida e morte. 

Sua abordagem arrojada nos convidou a questionar as normas estabelecidas e a olhar para além das percepções convencionais. Ao incorporar a visão de Foucault, pudemos refletir como as influências e legados deixados pelos nossos pais continuam a nos moldar, transcendendo a própria existência deles. Isso nos permite analisar o paradoxo da longevidade póstuma através da lente da influência cultural e social, ampliando nosso entendimento sobre a complexidade do tempo e da herança. Enfim, foi uma ótima conversa hipotética, mas muito elucidadora, terminou a agua quente da térmica, terminou o mate, ficaram apenas as ideias fervilhando na cabeça, os amigos foram embora retornando a seu tempo e aos livros que ficarão aguardando uma próxima conversa numa sessão de mate amargo.

 

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